sexta-feira, 29 março, 2024

A morte do Orkut e suas condolências

Google anuncia a morte programada do Orkut e causa reboliço nas redes sociais.

 

É, meu Brasil… Está na hora de preparar o velório. No dia 30 de setembro deste ano o Orkut estará oficialmente morto, segundo anúncio que o Google fez na última segunda-feira (30/06). A notícia gerou um reboliço danado no próprio Orkut – que ainda possui comunidades de nichos muito movimentadas, acredite – e nas outras redes sociais, como Facebook e Twitter.

Sinceramente, eu nem lembrava mais do Orkut. Não por ingratidão a ele ou por desprezo aos seus áureos tempos no Brasil, mas sim pelo simples fato de que as coisas estão se transformando tão de pressa, que uma revolução – digital – ofusca a outra. E foi isso mesmo que aconteceu, quando o Orkut foi desbancado pelo Facebook, em 2011, perdendo o posto de mais popular rede social no Brasil.

Eu lembro de ter feito o meu cadastro em 2004 a convite de uma amiga. Achei bacana e convidei dois ou três amigos. Quem é da época lembra: só era possível participar quem fosse convidado por outro membro. E cada membro possuía um número de convites limitados. Então, era um privilégio enorme participar do Orkut. Eu arrisco dizer que ser convidado a participar da rede era um jogo político de muita articulação.

O grande diferencial – que nenhuma outra rede social superou até hoje – é a forma como os tópicos se organizam nas inúmeras comunidades, que vão dos assuntos mais fúteis até tópicos de importância e interesse público, por exemplo:  Vai toma no c*… seu otario!!! e Dicas de Saúde Natural.

A boa notícia aos fãs de comunidades é que elas ainda podem se visualizadas publicamente, mesmo após a “aposentadoria” do Orkut. A comunidade do Flamengo, por exemplo, possui mais de 2 milhões de membros e atividade diária em seus milhares de tópicos. Acho incrível isso acontecer em plena era do Facebook e das redes sociais segmentadas.

Ainda sobre o tal reboliço: uma galera indignada com a decisão do Google, criou uma petição online na rede Avaaz, pedindo que a gigante do Vale do Silício volte atrás. Um trecho do documento – assinado por 68.444 pessoas até a publicação desta coluna – diz:
“Solicitamos ao Google que não encerre o Orkut e se isso não for possível solicitamos à empresa que ao menos preserve a principal característica que mantém essa rede social viva até hoje: o modelo de organização de fóruns em comunidades. Algo que não existe no Google Plus, cujas as comunidades que existem se assemelham aos grupos do Facebook. Se o Orkut ainda teve algum movimento foi graças ao atual modelo de comunidades.”

E por falar em Google Plus… “Gúgâu” diz que o sucesso da rede é um dos motivos pelo qual o Orkut está sendo descontinuado. No entanto, há controvérsias. E como há! Eu mesmo estou lá só para dizer que estou e, além do mais, quem tem um canal no YouTube, um Blogger, entre outros serviços “Googlianos”, possui automaticamente um perfil no G+ – mesmo que não saiba. O que não significa dizer que a maioria dos usuários esteja ativa na plataforma. Pelo menos eu e a minha rede de contatos não é ativa. Você é ativo(a) no G+?

Sinceramente, eu acredito que a maioria das pessoas que prestam condolências ao Orkut, nem lembravam dele até a semana passada. Não me refiro aos usuários realmente ativos na plataforma. Estou dizendo que tudo não passa de um oba oba em que as pessoas resolvem encher a timeline do Facebook com fotografias antigas, tiradas com suas então sensacionais câmeras de 4MP de resolução.

E digo mais: a maioria pode estar sendo inconscientemente usada para uma boa e obscura campanha de marketing. Se os dados não serão apagados, se as comunidades públicas continuaram com seus conteúdos no ar (sem edição, claro), se os perfis continuaram salvos nos servidores do Google, podendo ser acessados e “backupeados” a qualquer momento, eu não chamaria isso de morte, nem de aposentadoria. Fique ligado, “parcêro”.

 

Olha o que algumas pessoas da minha rede acham do assunto:  

Isso prova q tudo passa ou q vivemos em função da modinha!!!”, FML Graffiti (via Facebook)

Eu tinha desfeito meu perfil semana passada!!! Já está na hora de desativarem!!!!”, Vivian Oliveira (via Facebook)

O que falar sobre essa morte que eu mal conheço e já considero pakas?”, Rafael Caliari (via Facebook)

Uma pena,mas infelizmente a vida e a tecnologia são assim…”, Leonardo de Oliveira (via Facebook)

natural né; as coisas vão mudando com o tempo… Já era, acho que ninguém usa mais e não é algo útil, que esteja servindo pra algo”, @doischamps (via Twitter)

Confesso que eu gostava bastante, fico feliz em saber que algumas pessoas ainda usam, eu mesmo as vezes abro o meu. Lá havia mais afinidade e proximidade do que a forma “sugerida” pelo Fêicibug que seleciona por conta própria as coisas”, @raullsantiago (via Twitter)

 

Para finalizar, divirta-se com este álbum de pérolas do Orkut :

 

Sobre @PetterMC

Rapper, jornalista, pesquisador e videomaker. Head na Agência #TudoNosso e tutor de projetos de comunicação na Agência de Redes para Juventude. Escreve sua coluna no #PortalEnraizados todas as quartas.

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A criação é do ator e diretor Luiz Carlos Dumont, que produzirá os episódios em parceria com a Agência #TudoNosso.

3 comentários

  1. Eu nem me lembrava mais do Orkut, estou me sentindo um, tiozinho lebrando dos velhos tempos. Parabéns pela coluna, mano.

    • Pode crer, mano!! Eu também já não lembrava. E não é que estamos ficando velhos. As coisas é que estão muito passageiras. Obrigado pelo comentário!

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