quinta-feira, 28 março, 2024

O rap está brigando ao invés de lutar

Olá leitores e leitoras da minha coluna no Portal Enraizados, hoje vou tratar de um assunto que já venho falando há algum tempo: “o rumo que o rap tá tomando”.

Sem querer bancar o paizão ou o dono da verdade, mas sinceramente acho que minha opinião tem que valer alguma coisa, pois já são 20 anos da minha vida que me dedico a essa cultura e fico triste em presenciar algumas coisas que vão contra o que aprendi no hip hop, principalmente os valores dessa cultura.

Hoje, dando um rolé pelo feed do twitter vi uma postagem de um mano da antiga falando sobre uma briga entre rappers numa festa do Rio de Janeiro. Depois de um tempo ví o vídeo da tal briga no facebook, onde um rapaz narrava euforicamente que o BK estava colocando o Costa Gold pra ralar. Depois ele gritava: – Rala São Paulo, rala São Paulo.

Logo depois li que o BK e o cara do Costa Gold disseram que nem estavam na tal festa ou na tal briga, contudo a briga rolou e o nome deles estava sendo citado, o que indica que já rola alguma treta.
Na minha época de pista, se rolasse esse tipo de treta, metade tava morto e metade tava preso. O rap é pra ter respeito pelo outro, é coisa de “sujeito homem” ou “sujeita mulher”, ou seja, lugar de quem tem compromisso.

Outro dia um louco falou merda do Dexter e ele foi atras pra cobrar, pra tirar satisfação.

Outro dia meu nome tava rolando em grupinho de WhatsApp e fui atrás pra cobrar também, mas como sempre não passava de recalque. E é sempre a mesma história, quem fala merda pela internet, quando chega no cara a cara amarela.

Mas a imaturidade desse tipo de atitude pode gerar um mal-estar muito grande dentro do movimento, além de prejudicar o trabalho de quem realmente tá levando o negócio a sério.

Enquanto isso o Brasil tá vivendo um caos e parece que parte do hip hop tá vivendo na Matrix, no “Fantástico mundo de Bob”.

Mano Brown disse em uma entrevista que ele não é pessimista, e sim realista. Ele se posiciona e toma porrada o tempo todo. O Emicida se mantém longe das tretas e sempre se posiciona por aquilo que realmente é relevante, o coletivo, e toma porrada o tempo todo.

A gente tinha que estar mais unido, respeitando e fortalecendo os nosso irmãos, principalmente os que estão trabalhando em prol da cultura.

Mas a maioria tá buscando cliques e views, e às vezes coloca os pés pelas mãos, querem ser descolados(as) e se mostram racistas. Atos racistas dentro do hip hop!!! Inimaginável há tempos atrás.

Nesse caos gravo meu novo disco, cujo o nome provisório é “O Dever Me Chama”, previsto pra ser lançado no dia 06 de março, onde defendendo meu ponto de vista, e mostro que estou pronto pra lutar pelo que acredito.

Principalmente porque o parte do rap está brigando ao invés de lutar.

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Sobre Dudu de Morro Agudo

Rapper, educador popular, produtor cultural, escritor, mestre e doutorando em Educação (UFF). Dudu de Morro Agudo lançou os discos "Rolo Compressor" (2010) e "O Dever Me Chama" (2018); é autor do livro "Enraizados: Os Híbridos Glocais"; Diretor dos documentários "Mães do Hip Hop" (2010) e "O Custo da Oportunidade" (2017). Atualmente atua como diretor geral do Instituto Enraizados; CEO da Hulle Brasil; coordenador do Curso Popular Enraizados.

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3 comentários

  1. O ego tá afogando os meninos. Ótima matéria!

  2. Na moral comandante, esta faltando madeirada, é isso. Sempre fui (e ainda sou) muito pacvifico e primo pelo dialogo, mas estamos passando por um momento que o respeito não existe mais, e temos que colocar essa brancaida racista em choque. Eles e elas devem temer falar ou se comportar de algumas formas.

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