quinta-feira, 28 março, 2024

Por que o Rap está cada vez mais distante do Hip Hop?

A intenção dessa coluna não é polemizar, mas sim causar a reflexão coletiva. Bem, vamos aos fatos:

Desde o início, a cultura Hip Hop, que possui 4 elementos (DJ, MC, Break e Grafite), teve como um dos seus pilares o respeito; é muito comum ouvir bastante sobre isso nas músicas da velha escola, precisamente nos anos 90 era uma temática muito forte. Durante o passar do tempo, o Hip Hop, mesmo sendo uma subcultura, foi ganhando mais espaço, inclusive os midiáticos. Com uma leva muito grande de grupos e MCs e um mercado favorável para o gênero, o Hip Hop foi sofrendo mutações (não digo que tenha sido uma evolução).

Sim, já frequentamos meios de comunicação mantendo um discurso “mais conservador”, mas com a crescente exponencial do movimento, é muito comum vermos fãs de artistas e não da cultura e com isso fica cada vez mais comum presenciarmos cenas lamentáveis, como dois negros se digladiando com rimas racistas e a platéia indo a loucura, machismo, homofobia nos versos; tudo isso acaba sendo fruto do distanciamento da origem. Hoje quando um artista bomba, boa parte do público acompanha o trabalho/gênero do mesmo dali pra frente, quando talvez o certo seria olhar pra trás, pelo menos, particularmente, eu busco saber tudo sobre, conhecer os arquitetos, para então formar uma opinião sobre o tal.

O grande problema está na falta de interesse por conhecimento, a real é que até numa batalha de sangue é necessário conhecimento, ou no mínimo bom senso. Confesso que eu ouço de tudo e gosto muito da variedade rítmica e temática, acredito que podem ser feitas letras sobre tudo, afinal rap é música, rap é poesia e ambas são livres, o rap tem que estar em todos os cantos e também é preciso que continue o rap de mensagem, afinal antes de tudo também é um movimento.

Enfim, temos liberdade pra compor, sempre vai ter quem goste e quem não goste, mas é bom se lembrar: vamos nos polir antes de soltar uma frase que talvez nos arrependamos.

Sobre Inbute

Rapper do coletivo Rxsa Gang, poeta e colunista nas horas vagas.

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01 comentário

  1. José Walter Pires

    Tive o prazer de produzir um cordel “O encontro do cordel com o Hip Hop”, em 32 sextillhas onde os dois dialogam sem se ofenderem, mas respeitando-se , mutuamente, nas suas histórias e princípios básicos. Acho que vale a pena a leitura, que poderei envia-la pelo correio. Mande-o no email que vai a seguir. Valerá a pena a leitura.

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