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  • ATENÇÃO POETAS E ESCRITORES DO BRASIL: inscrições abertas para o Prêmios Literários Cidade de Manaus

    ATENÇÃO POETAS E ESCRITORES DO BRASIL: inscrições abertas para o Prêmios Literários Cidade de Manaus

    Os Prêmios Literários Cidade de Manaus estão com as inscrições abertas até 28 de fevereiro.

    Há premiação nacional de R$5 mil e local de R$3 mil.

    Haverá premiações para os gêneros: romance, novela, contos, poesia, crônicas, texto teatral, ensaios, jornalismo literário, entre outros.

    As fichas de inscrição podem ser obtidas na sede do Conselho Municipal de Cultura, localizada na Avenida André Araújo, 2.767, Aleixo (Térreo do prédio da Manauscult), ou ainda pelo site do Concultura.
    O resultado está previsto para 1º de junho.

    Mais informações:
    http://concultura.manaus.am.gov.br/premio-literario-cidade-de-manaus

  • “2 toques” é o novo livro do Heraldo HB em parceria com Ricardo Rodrigues

    “2 toques” é o novo livro do Heraldo HB em parceria com Ricardo Rodrigues

    Nossos amigos, amigos de todos, os famosos Heraldo HB e Ricardo Rodrigues, acabaram de lançar o livro de bolso “2 toques”, com poesias e minicontos, cujo o próprio autor classifica como “bunitinho”.

    Heraldo HB avisa que enquanto os seus livros de “frases” e o de “contos” não são publicados, esse está na rua pra degustação e é uma ótima opção para presentear as pessoas queridas.

    O livro custa R$20,00 (vinte reais) e quem estiver interessado em adquirir um exemplar poderá fazê-lo pela internet através do velho e bom esquema depósito-em-conta-envio-pelo-correio.

    SERVIÇO

    heraldo hb /.
    www.relinkare.org
    [21] 976.016.700 claro
    [21] 979.196.580 tim

    Heraldo Bezerra Carvalho

    CPF 995.613.797-91
    Caixa Econômica Federal
    Agência 2538
    Conta Poupança 00047612-1
    operação 013 (em alguns casos precisa)

  • A estória de um jovem periférico num longínquo verão

    A estória de um jovem periférico num longínquo verão

    Goiaba estava na praia. Era 1988 e o litoral do Rio de Janeiro arretado de felicidade com o que havia acontecido no ano anterior se agitava cada vez que a possibilidade de um novo “carregamento” pudesse chegar á nossa costa litorânea, espraiando o sorriso na massa ensandecida pelo ocorrido.

    A história do nosso herói se passa nesse pedaço sagrado do carioca. “Goiaba” era um nome ligado à geografia fluminense. Eu explico. Pelo menos a metade explico. Quem nasce do lado de lá da Poça D’água recebe dos cariocas o singelo apelido de “Papa goiaba”. A etimologia da palavra eu não sei explicar, até porque a única página do wikipédia que tem o termo foi sacaneada por algum intelectual de plantão que certamente odeia aquele lado de lá. Ou foi traído pela mulher mesmo!

    O sonho de Goiaba era morar em Niterói. Continuaria a ser Papa Goiaba, mas em Nikiti City teria um “status” perante aos goiabas gonçalenses, considerados os primos pobres da história. Naquele verão de 1988 pegou 3 ônibus, todos lotados, sendo o terceiro o antigo 996, porque sabia que este o deixaria “perto” da praia.

    Ao passar em Botafogo perguntou se ali era Copa. O trocador disse que não, Copa ficava distante. O fez ir até a Gávea e explicou: O senhor desce aqui, cruza a Lagoa e vai estar próximo à Ipanema ou Leblon, não sei ao certo, mas lá você pergunta como rumar pra Copa. Copa, segundo havia escutado no noticiário, ficava numa posição privilegiada pelo swell para que a desejada “carga” aportasse.

    E lá foi Goiaba, de mochila, esperando encontrar o seu ouro tão sonhado! Andou pra cacete. Chegou à praia por volta das 15 horas. Havia deixado à casa 6 da matina! Houve um pouco de felicidade com a expectativa.

    Houve felicidade também quando ao chegar a areia viu a enorme quantidade de gente bonita e feliz que estava ao seu redor. Certamente não tinha ninguém de mau humor, ninguém que precisasse pegar engarrafamento na ponte às cinco da tarde, um sucesso.

    Começou então a vigiar o mar. Sim, dali poderia surgir sua carta de alforria. Goiaba levou binóculos para a praia, a observação era fundamental. Como olheiro na favela tinha uma certa prática, e o sonho de ter seu negócio próprio começou quando no ano anterior àquele “carregamento” divino quebrou as vendas na favela, desempregando o pobre sortudo Goiaba, que não teve tempo de virar estatística, que sonhava sim, ser um homem de negócios bem sucedido. Duro, sem expectativa, mas com informação, ele pegou a merreca da passagem com a avó e migrou, prometendo à velha retornar com vitória, com novas perspectivas. Partiu para a missão.

    A hora passava, ficou desmotivado. O sol já se escondia quando a sorte grande bateu a sua porta. Com os córneos pegando fogo de tanto estar no sol observando, numa hora em que a praia já estava vazia, Goiaba percebeu no mar um brilho. E esse era chamativo, dava esperança. O cara entrou na água, que naquele momento estava revolta pelo swell que chegava aos poucos, perdeu o calção na arrebentação mas continuou firme no propósito! Nadou e nadou, sem concorrentes, apenas com o perigo do afogamento, mas absoluto. Sua surpresa maior ao se aproximar do objeto foi notar que não havia apenas uma lata do carregamento, mas cinco! Isso mesmo meus amigos, o cara tinha acertado na loteria! Faltou braço pra levar aquilo até a praia. Foi tocando o seu lote até sair do mar e acomodar tudo na mochila que havia deixado na areia. Quase faltou mochila também, mas o nosso herói deu um jeito de acomodar tudo, sem causar suspeitas em ninguém, pois a praia já estava vazia as dez da noite.

    Migrou novamente em direção ás terras de Sir Ararigbóia! Sem engarrafamento! Pensava no “status” adquirido! O mundo estava aos seus pés!!! Mulheres, farra, noitadas, morar em Niterói! Era o ápice! Sonhou, dormiu bem pra caramba, beijou o travesseiro pensando serem modelos internacionais! As mais lindas. O cara tinha certeza que elas iriam até Niterói, seu novo lar! Mas na manhã seguinte o sonho de Goiabada desmoronou. Ao abrir as latas, constatou que era pó!

    Um japonês pescador tinha ficado puto porque a tripulação de sua traineira não dormia a dias e ele que era o único com mulher a bordo, pois era o capitão, não conseguia chegar junto da patroa que não aceitava fazer amor com ele se houvesse alguém acordado no convés. Mesmo com pinto pequeno o japonês fodeu o Goiaba e seus sonhos! E eu acho que a mulher dele também! Ao invés do “Solana star” o Goiaba encontrou o “Harakiri”. Sacanagem! Sonho de pobre é fogo!

    Goiaba com café decepcionou-se!!!! Não bebe a iguaria até hoje!

  • Vladislauro, o Peregrino

    Vladislauro, o Peregrino

    Numa cinza tarde de outono o caramujo Vladislauro, ou simplesmente Vlad, fartou-se de sua vazia existência e decidiu deixar o brejo onde habitava.

    Encheu sua concha de dúvidas, sobretudo de esperanças, e aguardou sua amiga Aza Léia, uma marreca que de vez em quando o visitava. Vlad foi seduzido pelas magníficas histórias que essa ave migratória lhe contava a respeito de pessoas e lugares que conheceu, mas interessou-se principalmente por certo fenômeno chamado amor, que segundo Aza Léia, era a única coisa que podia encher o vazio existencial. E lá se foi agarrado no dorso de Aza Léia em busca daquilo que poderia torná-lo pleno.

    […] interessou-se principalmente por certo fenômeno chamado amor […]

    Ao sobrevoarem a cidade ele ouviu ao longe alguém cantando: “Eu te amo, meu amor, eu te amo, meu amoooooor…”. Vladislauro então pediu a Aza Léia que fizesse uma escala num imenso pé de Jerivá que ficava bem em frente a janela do apartamento onde um papagaio com o tornozelo preso a uma corrente fazia estripulias vocais. Vlad exultante falou: – Poxa… Foi mais fácil que imaginei alcançar meu objetivo, pois com certeza o “loro” sabe do assunto!

    No entanto, foi interrompido por um esquilo que estava num galho acima: Balela, balela, ele só está repetindo um hit que toca diariamente no rádio, na realidade ele é um ingrato que belisca o dedo de quem vem lhe alimentar!

    Frustrado, Vlad perguntou ao tal esquilo se ele conhecia alguém que pudesse lhe ajudar, ele respondeu que seu primo de terceiro grau vivia falando que no Sul havia um coelho chamado Formoso, e que ele era expert na arte do amor. Vladislauro animou-se novamente e pediu a Aza Léia que continuassem a viagem, no entanto ela desculpou-se e disse que não poderia levá-lo, pois naquela época não havia comida por lá, e que ele teria de fazer uma conexão. Nesse exato momento veio um macaco pulando de galho em galho cantando: – “Vou pra Porto Alegre, tchau…”.
    Sem que o símio percebesse Vlad enrolou-se em sua cauda e seguiu sua jornada.

    […] o Sul havia um coelho chamado Formoso, e que ele era expert na arte do amor […]

    Chegando lá, foi logo ter com Formoso, um coelho que fazia grande sucesso entre as fêmeas de sua espécie, antes que Vladislauro dissesse algo ele foi logo falando: Já sei, és mais um que veio aprender a arte do amor, certo? Tome nota: – O amor se manifesta sempre na minha toca quando copulo, He, he! Já fiz mais de oitenta filhotes, haja amor, não é mesmo?

    Vlad discordou, não acreditou que um fenômeno tão especial se resumia somente em sexo.

    Irritadíssimo, Formoso esbravejou: – Quem és tu caramujo para discutires comigo? Tá parecendo aquele gambá metido… É, aquele pândego chamado Quincas, que pensa que entende mais da matéria do que eu, dá licença, voltarei para minha toca para continuar amando!

    Desapontado Vlad sentou-se num canto, até que surgiu uma cobra e perguntou-lhe o motivo da tristeza, depois de Vlad explicar toda a história o réptil em questão compadeceu-se e disse-lhe que conhecia alguém que poderia ajudá-lo e faria essa conexão. E sobre aquele áspero couro, Vladislauro deu sequência a sua peregrinação.

    Chegando ao tal logradouro, Vladislauro ouviu música alta e risadas, de cara veio em sua direção um gambá cambaleante, após a cobra lhes apresentar, Vlad foi direto ao ponto: – Podes explicar-me o que é o amor?

    […] – Podes explicar-me o que é o amor? […]

     

    Com a língua meio enrolada Quincas respondeu: – Olhe ao seu redor e veja quanto amor, quantos amigos, sempre que faço festas eles estão comigo… Antes de completar sua “elucidação” Quincas caiu de tão bêbado, seus “amigos” caíram na gargalhada e não lhe prestaram socorro, novamente Vlad não conseguiu associar o tal fenômeno esplêndido aquela situação.

    A menos embriagada da festa era uma porca que estava de canto e o abordou: – Oh caramujo, estás procurando o mesmo que eu, parei aqui só para beber algo, mas já estou de saída, que tal irmos juntos? Conheci alguém, que conheceu alguém, que conheceu um cão lá das bandas do Leste, seu nome é Amadeu, e esse sim entende de amor.

    Com o animo renovado o obstinado Vlad fez outra conexão, agora a bordo da tal porca.

    Ao chegarem ao destino, Vladislauro viu um cão sendo surrado por seu dono, acertadamente, deduziu ser o tal Amadeu. Quando o agressor retirou-se, aproximaram-se do cão e Vlad perguntou: Quem é este desalmado? Com os olhos ainda úmidos e a voz embargada Amadeu respondeu-lhe: Ele é o meu amigo!

    Amigo? Indagou Vlad. Continuou Amadeu: – Amar apenas quem lhe faz bem é fácil, até o pior dos seres é capaz de fazer isso. O amor não é baseado em sentimentos, sim em práticas. Quando eu estava apanhando intentei mordê-lo, mas jamais farei isso, pois sou o melhor amigo do homem!

    Vladislauro então abriu um sorriso de contentamento e teve a certeza de ter achado a resposta que tanto procurou, e entendeu que havia chegado a metade da sua peregrinação, metade? Sim!

    Pois ele retornaria ao seu habitat refazendo todas as conexões que lhe levaram até ali, para explicar a cada um deles o real significado desse fenômeno chamado amor.

    Átomo – 03.05.15 – Tema “Conexão”