Eu acredito em tudo, acredito que existem vidas fora da terra, acredito que existe vida que nem imaginamos na terra, acredito que vivemos em uma simulação, ou que somos máquinas como relatado em West World. Enfim acredito em tanta coisa que me sinto perdido as vezes, porém, tudo é possível, toda teoria que tenha um bom fundamento tem que ser analisada.
Acredito que Deus existe, que Ele tem grande poder e influência na natureza e consequentemente em nossas vidas, mas não acho que Ele tenha controle sobre tudo, que decide o destino de tudo e todos, afinal, cada um faz o seu caminho e toma suas próprias decisões. Acredito que todos têm um Deus dentro de si e esses Deuses servem a um Deus maior, que pode ser o criador de tudo, ou uma energia e/ou espécie evoluída ao ponto de criar uma realidade e se nomear o Deus de sua própria.
Durante muito tempo fui cristão. Cresci dentro da igreja católica, mas aos poucos fui questionando muita coisa e pesquisando, vendo divergências dentro da igreja e na palavra, além de alguns acontecimentos que abalaram muito minha fé. Hoje em dia posso dizer que não tenho religião, pois religião só existe para nos separar. Podem existir religiões com boas ideologias e que são importantes para muitas pessoas, mas ainda vejo religião como uma segregação.
Mas como eu tenho dito desde o início do texto, isso é o que eu acredito e não o que eu sei. Na real não sabemos nada relacionado à nossa existência, assim como não sei nada em relação a Deus.
Isso tudo pode ser uma simulação, Deus pode ser o programador, ou o Big Bang pode ter sido o Big Boot e nós fazemos parte da programação assim como os agentes em Matrix, como uma parte completamente virtual dessa simulação, que nem precisa ser tão realista. O universo simulado pode parecer bem simples pra quem vive dentro dele e só parecer complicado pra quem olha de perto.
Então rapaziada, esse texto é mais uma viagem minha, mas realmente acredito em tudo isso e muito mais que preferi não me aprofundar pra não transformar em um texto gigante bem mais viajado.
Espero que tenha ficado claro que essas são minhas crenças e respeito a crença de todos, menos se você acredita que não houve golpe.
Neste ano a música “Sacolinha”, do rapper Dudu de Morro Agudo, completa 25 anos e o videoclipe 05, e para comemorar resolvemos relembrar do processo criativo e da polêmica em que ela resultou.
“Eu escrevi a música com 13 anos, gravei com 28, produzi o videoclipe com 32 e hoje, com 38 anos, ela continua atual”, afirma Dudu.
É uma música atemporal que critica a conduta de algumas igrejas e suas lideranças, gerando questionamento e reflexão a partir do humor, de forma descontraída. A animação 2D, elabora pelo cineasta Bruno Thomassim, ajudou para que um assunto relativamente sério fosse absorvido pelo público com mais leveza, fazendo com que o primeiro clipe do rapper fosse um grande sucesso.
A frase mais famosa da música é a pergunta: -“Vamos recolher a sacolinha?“, você sabe o porquê disso?
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Dudu de Morro Agudo
Portal Enraizados: Você é ateu?
Dudu: Não. Eu acredito numas paradas aí.
Quais paradas, qual a sua religião?
Eu não tenho religião. Vou em tudo e não fico em nada. Acredito nas energias, nas árvores, nos gnomos, em Deus, nos santos. Em tudo, tá ligado? Acredito em tudo que não posso provar que não existe. Se tu me falar que uma parada existe, já era, respeito e bola pra frente. O problema todo é que eu não concordo quando usam essas coisas para fins lucrativos.
Quando você lançou o clipe, alguma pessoa, algum líder religioso veio te criticar, falar que você estava fazendo errado, que ia pro inferno ou alguma coisa do tipo?
Sim, antes de eu lançar o disco, um amigo meu que é evangélico veio me questionar, brigar comigo mesmo, me dar esporro, dizendo que eu ia pro inferno, que não podia ter feito isso, que eu estava denegrindo a igreja e, consequentemente, Deus.
Eu fiquei perplexo por ser um cara tão próximo da gente e ter uma visão tão antiquada, quadrada. A minha reação foi chamar outro camarada e realizar um debate. Então eu fiquei meio neutro na história e deixei os dois debatendo, pois os dois eram evangélicos, e cada um colocou seu argumento.
O que estava a meu favor, falou que achava que não tinha nada demais na música e que se eu cheguei àquela conclusão foi porquê eu fiz uma análise, passei por uma experiência e relatei em forma de música, poderia ser uma tese, um quadro ou qualquer outra coisa. E que qualquer revista que se comprasse, ou até mesmo quando se ligasse a TV, viria que tudo era realidade.
Bea: Vi uma tirinha na internet que mostra que é muito bizarro quando você mexe com a igreja católica ou evangélica. Não pode fazer sátira falando disso por que é pecado, mas as pessoas fazem isso diariamente com o candomblé, a “macumba” é pejorativa e as religiões de matrizes africanas são usadas o tempo inteiro em filme, mas não podem fazer o mesmo com as religiões protestantes.
As pessoas me questionavam: – “Porque você não faz isso com os muçulmanos? Eles vão te explodir.”
Mas ninguém lembra que há um tempo a igreja católica tava queimando gente. Eu não teria problema em mexer com a ideia dos homens bomba, eu mexeria com os caras e não com a religião em si, por que o islã não tem nada a ver com o que os homens bombas fazem, é só você ter um entendimento um pouco maior da religião pra entender isso. Da mesma forma que o cristianismo não tem nada haver com o que os pastores fazem, são pessoas sem escrúpulos que se utilizam de MÁ FÉ para enganar pessoas. Negociam a fé.
Você só cai nisso quando tá no fundo do poço, muito fodido, ou você tá muito doente, sua família muito doente, eles se aproveitam disso, ou seja, quando você tá vulnerável o cara vai lá e acaba de te foder.
Dudu de Morro Agudo
Essa história do clipe, da sua mãe te levar pra igreja, ela realmente aconteceu?
Não, essa história não é real. Minha mãe só me levou pra igreja no meu batizado, quando eu era bebê, depois ela nunca mais quis me influenciar em nada, nem primeira comunhão eu fiz.
O que aconteceu foi o seguinte. Na minha pré-adolescência eu e uns amigos íamos pra uma festa, mas uma das meninas que saía com a gente não podia ir porque tinha que ir pra igreja com a tia, aí decidimos comprar a causa da menina e ir junto pra igreja. A igreja era a catedral da Universal, na Suburbana. Eu nunca tinha visto nada como aquilo, parecia um mundo. Fiquei perplexo com a quantidade de dinheiro que circulava ali dentro, o pastor perguntava “quem pode dar R$100.000,00 (cem mil reais)?” e um monte de pessoas levantavam as mãos, saíam e recebiam uma oração especial, depois os pastores pediam R$50.000,00, e assim por diante.
Mas quando chegava R$1.000,00 já era uma oração genérica, pra todo mundo. Pessoas esclarecidas caiam nessa onda e doavam coisas que não tinham, deixavam faltar coisas em casa pra poder colaborar mais com a igreja. E depois aconteceu na minha família, casos com a minha vó, minha tia.
A partir daí eu fui fazendo a primeira parte da música, comecei a escrever com 13 anos e terminei com 19, quando a Bea tinha nascido, eu tinha um tempinho sobrando e então escrevi o final da música. Cinco anos depois tudo continuava exatamente do mesmo jeito e cada vez mais coisas vinham à tona.
Hoje em dia tu escreve uma música, como por exemplo eu escrevi a música “Legado”, que é sobre a Copa do Mundo, e ela tem um prazo de validade, passou a Copa do Mundo e aquilo já não funciona mais, mas Sacolinha é uma música atemporal, é um problema que é recorrente, não só no Brasil, mas em vários lugares do mundo, e nos lugares mais pobres são onde eles mais se agravam.
Dudu de Morro Agudo
Victor: Essa música é para as pessoas despertarem?
Eu acho que a música tem um papel social, o meu rap tem isso, pra fazer as pessoas pararem para analisar. Eu não quero que ninguém concorde comigo, quero que as pessoas acordem pra vida e tirem suas próprias conclusões, vejam se aquilo realmente acontece. Mesmo que não seja na profundidade que eu narro, desejo que cada um seja capaz de analisar em que profundidade é.
Bea: Mas também tem isso, se não chocar, as pessoas não se interessam e não param pra ver, tem que ter aquele choque.
Se for muito melódico as pessoas não ouvem a letra. Eu cantarolo algumas músicas que eu nunca parei pra analisar a letra.
De onde surgiu a frase “Vamos recolher a sacolinha?”
A inspiração veio do Tim Tones, personagem do Chico Anysio. Eu assistia muito na minha infância, sempre fui muito fã, mas certo dia aquilo tudo o que ele protestava começou a fazer muito sentido pra mim, ao ponto de eu ter que fazer uma música.
Hoje, 25 anos depois, a sua ideia sobre a igreja continua a mesma ?
Piorou bastante, surgiram novos personagens que são bem piores dos que tinham a 25 anos atrás, tem uma legião do mal agora, tem Valdomiro, Silas Malafaia, RR Soares, Bispo Macedo, tem Agenor Duque e a mulher dele que eu nem conheço, tem os outros da Renascer que foram pegos no aeroporto cheios de dólares.
Teve uma parada que aconteceu que eu quase voltei pra igreja, não me converti nem nada, mas quase voltei a frequentar, foi no batismo da Bea, porque o pastor era meu parceiro, ele me chamava de “Dudu Cabeção” eu chamava ele de “Pastor Bilão” e era maneiro e você via que aquilo ali era de verdade, não tinha nada de valor na igreja, você via o pessoal passando necessidade ali pra pagar uma conta.
Mas a partir do momento em que o cara começa a querer construir prédio, botar tudo de blindex, estacionamento gigante e depois cobrar pelo estacionamento, pastor chegar com carro importado na igreja e dizer que o pastor tem que dar exemplo. Eu já ouvi isso. O cara na rádio disse: – “Você acha que Jesus andava num burrico velho ou num burrico 0km?”
Na minha vida, o socialismo foi um arquétipo do Evangelho de Cristo.
Quando Ele (o Evangelho) tomou o seu lugar na minha consciência, Che virou a arca da aliança e Marx o véu que foi rasgado ao meio. Ou seja, meu envolvimento ideológico com o socialismo, na verdade, foi um apontamento para aquilo que estava por vir – a crença absoluta no Reino de Deus, onde todas as demandas das causas dos pobres e injustiçados são atendidas.
Onde a justiça prevalece. Não há vingança.
Estar no jogo do debate político desde 1996 (iniciado pelo rap) me deu uma mente suficientemente arejada para dialogar com todos e, empiricamente convicta para não arregar para a retórica da nova ou velha escola socialista, esse fenômeno que percebemos nas redes sociais. (não pensem que virei à direita, boyzinhos. Eca!).
Mas pra mim, “revolts” que não se sustenta não tem minha atenção e meu respeito.
A esses digo:Vão fumar sua maconhazinha e curtir seus quinze minutos de sexo livre endossado por seus discursos decorados, previsíveis e pirracentos, típico dos revolucionários que fazem severas afirmações sobre a vida, enquanto ainda tomam o Nescau capitalista na casa dos pais.
Assim como vingança não é justiça, desconstrução pura e simples não é liberdade nem evolução.
Mano Kadu foi um dos primeiros caras que vi rimando em um evento de rap na Baixada Fluminense. É um cara que sempre tá na correria. Cria do bairro Cerâmica, em Nova Iguaçu, conheceu o Movimento Enraizados e passou a frequentar reuniões da organização. Também participou do projeto “Iguaçu Mesnil”, intercâmbio musical entre o Movimento Enraizados com a Talent et Developement, organização da cidade de Blanc-Mesnil, na França. Kadu se converteu ao cristianismo e, recentemente, lançou um EP chamado “Santificação”.
Confira a entrevista com o MC:
Conte como foi seu envolvimento com o rap…
Tinha muitos problemas em casa com meu pai e, pra tentar aliviar o peso que ficava em minha mente, eu fazia poesias falando de coisas que eu não tinha coragem de falar pra ele, até o dia em que passando as estações de rádio, eu ouvi uma voz familiar, era a do Léo da XIII, meu amigo de infância, em um programa que o Enraizados tinha, daí ele falou sobre umas reuniões que existiam, fui numa reunião dessas, levei minhas poesias, o pessoal gostou, me ensinou a usar esta minha arma e entrei no mundo do rap e nunca mais consegui sair. [Risos]
Você participou de um intercâmbio com artistas da França através do projeto Iguaçu-Mesnil, né? Como é ter uma música com outro MC cantando em outro idioma?
Sim, sim. Mano, foi da hora demais essa parada, porque até a base foi nossa e os caras se amarraram; e outra, comecei a descobrir, através da ideia dos caras, que não é só no país de terceiro mundo que existem problemas, em país de primeiro mundo também tem.
Kadu no momento da gravação
Depende muito da denominação, na minha, que é a Assembléia de Deus, generalizando, existe sim um preconceito pelo pessoal mais antigo, eu até entendo, porque foi o que foi passado pra eles quando eram jovens, não podiam nem bater palmas, imagina fazer rap; [Risos]
Mas isso vem sendo mudado, graças a Deus; e dança, cara, tambem sofre um certo preconceito mas acho que é menor que o Rap, mas em algumas outras denominações é tudo muito bem aceito o pessoal apoia bastante.
Rap gospel? Rap “do mundo”? Você acha que existe essa separação?
Acho que não, porque música é sentimento, e o sentimento é universal, mas hoje é inevitável que próprio público rotule a parada.
O EP “Santificação” é o seu trabalho mais recente, como ele foi concebido?
Assim, passei um tempo desviado dos caminhos de Deus, fazendo música “secular”, só que em abril de 2012, eu voltei e tinha que fazer uma parada pra marcar essa minha volta, daí surgiu o EP, que se você perceber, é literalmente um conversa com Deus, pedindo perdão pelas mancadas que dei, e pedindo que ele me use de exemplo pra outras pessoas.
Fazer Rap está se tornando popular na Baixada Fluminense; os cristãos estão envolvidos na consolidação dessa cena de rap na região? Você é convidado pra tocar nos eventos “de rua”?
Não estamos envolvidos em tudo, mas em certa parte estamos sim, depois que voltei pra igreja, não fui chamado pra nenhum evento “secular de rua”.
Já tem algum projeto futuro em mente? Parcerias? Músicas novas?
Sim, se Deus quiser, em Janeiro/Fevereiro, vou lançar a mixtape “Querido Deus”. Ainda estou fechando parcerias mas já cito nomes: Crente Crew e MC Loco-Motiva; parcerias nas produções, tambem, tipo, Laudz, Mr Break, NeguimBeats e Boonie Mayfield. As paradas estão evoluindo!
Kadu, valeu por esse bate-papo. Gostaria que deixasse uma mensagem aos leitores do Portal Enraizados.
Que Deus abençoe, antes, queria agradecer a Equipe do Enraizados pela oportunidade, espero que tenham gostado do bate-papo; vamos viver em unidade galera; e Jesus está voltando, volte pra Ele antes!