Tag: ética

  • Quase perdi a mulher por causa de uma maminha

    Quase perdi a mulher por causa de uma maminha

    Olá leitores e leitoras da minha coluna semanal. Apesar de o título ter um certo duplo sentido, vou direto ao assunto: – Quem nunca sofreu por falta de profissionalismo alheio?

    Dizem por aí que existe mal profissional em todas as áreas. Desde o mecânico de fundo de quintal até o astronauta da Nasa. Desde o pedreiro pé de chinelo até os engenheiros civis.

    Eu fui vítima de um mal profissional hoje, dia 18 de agosto de 2014.

    Quem é casado ou tem um relacionamento estável sabe o quanto é complicado quando nossas digníssimas esposas – ou namoradas – nos mandam ir à rua comprar algo, por mais simples que seja a gente sempre compra errado, o que dá início a uma discussão sem fim. Mesmo que você se esforce, você vai comprar errado. Se você compra um sabonete, pode acertar a marca, mas erra o cheirinho e por aí vai.

    A solução é encontrar um local com profissionais em quem você confia. Daí chega no local, pede o que quer, o profissional faz o trabalho e você leva a mercadoria pra casa.

    Foi assim durante cinco anos nas Casas Prendas, em Morro Agudo.

    Eu deixava de ir aos Hipermercados mais chiques para comprar ali, no mercadinho próximo de casa, porque ali haviam profissionais que me auxiliaram durante esses cinco longos anos.

    Porém hoje, quando minha digníssima pediu pra eu comprar 01 kg de alcatra para nós almoçarmos, fui vítima do mais cruel dos profissionais, “o açougueiro”.

    Como de costume, entrei no mercado e fui direto ao açougue, mas havia um senhor que eu nunca tinha visto. Um senhor de baixa estatura e com aparência ranzinza. Pedi um quilo de alcatra e ele prontamente passou a faca em uma carne que já estava em cima do balcão, lascando bifes e mais bifes e jogando em um saco plástico.

    Eu, como não sou conhecedor de carne, só observava o mau humor daquele homem, até quando ele foi pesar a carne e deu 1,5 kg. Como eu só tinha dinheiro para comprar 01 kg, pedi “educadamente” para ele me vender um quilo, pois eu não tinha dinheiro o suficiente para pagar 1,5 kg.

    Parecia que eu havia xingado a mãe dele. Ele metia a mão no saco plástico e puxava as carnes e jogava no balcão novamente, até que o peso ficou em 800 gramas. Ele apertou os botões da balança até sair a notinha adesiva, colou no saco plástico, olhou no fundo dos meus olhos e perguntou: – Tá bom 800 gramas?

    Eu, em resposta ao mau humor do profissional, lancei um sorriso e disse: – Apesar de eu ter pedido 01kg, vou levar esses 800 gramas.

    Peguei minha carne, passei no sacolão para comprar uns legumes e verduras e depois parti para casa, ciente que tinha feito um bom trabalho.

    Porém, para meu espanto, assim que eu cheguei em casa e abri o saco da carne, minha digníssima ao bater os olhos na carne, fez aquela cara, como quem diz: – Você fez merda novamente.

    Eu, que já conheço a feição, perguntei se aquela carne não era alcatra. Ela disse que não. Inclusive disse que aquela era a maminha da alcatra, que para churrasco ela até serve, porém para frigideira a carne fica um pouco dura. Cirurgicamente me explicou a diferença entre a Alcatra e a Maminha da Alcatra, fazendo movimentos no ar com as mãos.

    Ela olhou nos meus olhos e eu entendi o recado. Deveria voltar ao mercado para tirar uma satisfação com o açougueiro. Sim, aquele profissional mau humorado.

    Peguei o carro e fui ao mercadinho. Parei o carro na calçada para que todos no mercado vissem eu chegando. Fui direto ao gerente e disse: – Sr, por favor me responda que carne é essa?

    Gerente: – Infelizmente eu não sou conhecedor de carne.

    Eu: Pelo jeito, nem o seu açougueiro.

    Gerente: – Vamos até o açougue para resolvermos isso. O açougueiro pode ter se enganado. Errar é humano.

    Fomos eu e o gerente até o açougue. Antes de chegarmos, o açougueiro já havia nos avistado. Viu o saco de carne nas mãos do gerente e conseguiu fazer uma cara mais feia do que a de costume. Eu, por minha vez, já não estava tão sociável como antes. O embate era inevitável.

    O diálogo triangular que se deu a partir daí foi:

    Gerente: – Que carne é essa?

    Açougueiro: – Alcatra.

    Eu: – Realmente o seu açougueiro não conhece carne.

    Açougueiro: – Sr, você é o cliente, mas eu sou o profissional.

    Eu: – Então quem tem razão?

    Gerente: – Calma gente.

    Eu: – Se você é profissional mesmo, então me diz que carne é essa?

    Açougueiro: – Maminha da Alcatra.

    Eu: – Ahhhhhhhhhhhhhhh!!! E o que eu te pedi?

    Açougueiro: – Alcatra. Mas a maminha vem junto, por isso a gente sempre serve esta parte primeiro. O que o senhor quer que eu faça com a maminha?

    Eu: – Eu não acredito que o Sr está me fazendo essa pergunta no meio de uma discussão. Mas se o Sr insistir eu vou lhe dizer onde o Sr poderá enfiar a maminha.

    Gerente: – Calma gente.

    Eu: – Vocês acabam de perder um cliente fiel à cinco anos, simplesmente por querer me enfiar uma maminha goela abaixo.

    Gerente lança um olhar para o açougueiro, que faz cara de… sei lá o que.

    Eu continuo: – Se eu pedi Alcatra, me venda Alcatra e me cobre Alcatra. Se sobrar a Maminha de Alcatra, venda Maminha e cobre pela Maminha.

    Gerente: – Atenda esse senhor, sirva-lhe Alcatra.

    Açougueiro: (Resmungou coisas sem sentido, ou com sentido, mas eu não ouvi).

    Açougueiro 02: – Deixa eu que sirvo cliente.

    Eu: – Vocês quase acabaram com o meu relacionamento. Espero que me sirvam uma carne de qualidade dessa vez, para eu poder me desculpar com minha digníssima.

    Levei pra casa 01 kg, redondo, da mais bela Alcatra que havia nas Casas Prendas. Fiz o meu papel de “macho” e resolvi o problema. Cheguei em casa e ouvi minha digníssima me elogiar, dizendo que enfim eu havia feito um bom trabalho.


     

    CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

    INSTITUTO BRASILEIRO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

  • A ocasião faz o ladrão

    A ocasião faz o ladrão

    Faça um comparativo entre nossa postura e a postura reprovável dos nossos políticos, e veja que temos muito em comum. Fazemos exatamente igual ao que criticamos neles: Roubamos, fraudamos, subornamos, ludibriamos etc.

    Pegamos no colo a criança que já anda, para termos o direito de utilizar os caixas preferenciais, furamos fila, etc.

    Estacionamos em local proibido, andamos pelo acostamento, fazemos bandalhas, avançamos sinais, subornamos o guarda, etc.

    Pegamos emprestado e não pagamos, fazemos gato, não devolvemos o troco quando recebemos a mais, etc.

    A justificativa é que todo mundo faz, de fato, todo mundo faz, inclusive os políticos.

    Quantos entre nós não faria o mesmo nessa posição? Como diz o ditado popular: “A ocasião faz o ladrão!”.

  • Sobre a Polícia Adúltera

    Sobre a Polícia Adúltera

    Eu estou enganado ou só agora que a imprensa descobriu que a polícia adultera, forja provas, ou melhor, comete estes e outros crimes?

    Me lembro bem de quando eu era criança e via um helicóptero da polícia, todas as crianças da minha época se escondiam, quando víamos um carro de polícia ou um policial, todos calávam-se e se sentiam ameaçados. Nunca ninguém me explicou porque todos os meus vizinhos faziam assim, principalmente os garotos, mas confesso que até hoje eu não me sinto a vontade perto da polícia.

    Eu só fui conhecer policiais bons depois que eu comecei a trabalhar com o Enraizados e me relacionar com algumas pessoas e instituições que são referências nas áreas de segurança pública e direitos humanos, mas são tão poucos que eu poderia até citar os nomes.

    A polícia que eu conheci desde criança, SEMPRE matava os meus vizinhos, SEMPRE humilhava os meus amigos, SEMPRE se comportava de forma arrogante, SEMPRE desobedecia as Leis [porque as Leis só serviam para o cidadão comum, eles eram excessão], SEMPRE maltratava as pessoas. E eu não nascí bandido e nem os meus vizinhos o eram ou se tornaram, ao contrário, eram trabalhadores que passavam a maior parte do seu tempo longe dos filhos porque tinham que sair muito cedo de casa para o trabalho e chegavam muito tarde.

    Já ví e ouví casos absurdos de pessoas serem roubadas diante da polícia e o policial ver a cena, virar as costas e ir embora, de policiais humilharem usuários de drogas, de exigirem dinheiro pra liberar um flagrante de trânsito [já aconteceu comigo, inclusive].

    Uma vez eu trabalhava em uma lanchonete no centro de Nova Iguaçu / RJ; Essa lanchote era visitada periodicamente por policiais que comiam o que queriam e simplesmente não pagavam, viravam as costas e iam embora. Aconteceu que eu assumi a gerência da casa e o meu patrão me passou a inculbência de aumentar os lucros, foi então que eu percebi que o prejuízo da casa em sua maioria era dada pela má administração dos recursos e pela atuação da polícia. Praticamente todos os policiais de atuavam ou passavam em Nova Iguaçu comiam de graça na loja.

    Então eu tive que parar de dar lanche de graça aos policiais. Como eles não me davam chance de cobrá-los [comiam, viravam as costas e iam embora] eu simplesmente cobrava antes de dar a mercadoria, falava o preço e esperava eles pagarem; Primeiro houve o estranhamento, eles achavam que era piada, e eu permanecia imóvel esperando o dinheiro, e então a ficha deles caiam e eles tentavam usar a sua dita “autoridade” sobre mim, diziam que era pra eu seví-los que eles eram policiais e que eles me mantinham em segurança, que graças a eles eu não era roubado e que não era nada demais eu os favorecer com lanches de graça. Então eu simplesmente falava o preço de novo e dizia que eles deveriam pagar primeiro. Eles então se ofendiam e perguntavam porque só eles teriam que pagar primeiro se os outros clientes só pagavam depois que comiam. Então eu diziam que os outros clientes não eram policiais. Aí a chapa esquentava de verdade, porque eles se sentiam ofendidos por mim, me chamavam de folgado e me diziam que sabiam a hora que eu chega e saia da loja, que eu não era de ferro e que poderia acontecer alguma coisa comigo. Era nessa hora que eu pegava a caneta, um pedaço de guardanapo de papel, escrevia o nome do policial e completava com: “me ameaçou em… data e hora. Depois aparentando uma calma [que era pura encenação] eu voltava ao caixa, pendurava o papel e de lá mesmo eu falava alto para que todos ouvissem, a hora que eu abria e fechava a loja e perguntava se eles desejavam mais alguma coisa.

    Hoje eu não faria isso dessa maneira, de certa forma eu concordo com os policias que diziam que eu era muito folgado e confesso que Deus foi muito bom comigo porque logo [uns 3 meses depois de começar a agir assim]  começaram a aparecer policiais que faziam o seu pedido com a carteira na mão. Eu sempre atendia os policias pessoalmente e quando terminava de atender a esses que estavam com a carteira na mão e eles iam tiram o dinheiro da carteira eu falava: Senhor, se preferir, pode comer primeiro e pagar depois – Muito obrigado pela sua compreenção e auxílio. Com o passar do tempo eu não tive mais problemas com os maus policiais e fiquei ainda mais orgulhoso de mim e da minha coragem em enfrentá-los. Eu morria de medo, mas isso não me impedia de fazer a minha parte e exigir um posicionamento deles.

    De vez enquando eu passo em algum estabelecimento e vejo o camburão parado e alguns policiais “fazendo compras”, tenho ânsia de vômito quando vejo esses ditos “policiais” que mais parecem abutres carniceiros em cima do cidadão como se fossem suculentas carniças. Mas sei que esses cidadão deixam esses sanguessugas sugarem o seu sangue, o seu lucro, o seu dinheiro e a sua dignidade.

    Concluindo:
    Aprendi, com a vida, que só teremos uma polícia decente, quando agirmos com decência, só teremos uma polícia digna de respeito, quando agirmos com dignidade, só teremos uma polícia honesta, quando aprendermos e praticar a honestidade, mesmo quando estivermos no erro.

    A polícia que nós convivemos, não veio do espaço sideral e dominou a nossa sociedade. Ao contrário, são pessoas de nossa sociedade como eu e você, com os mesmos valores, moral e padrões de honestidade que temos, se a nossa polícia rouba, mata, humilha, é arrogante e preconceituosa, é porque, faríamos o mesmo se estivéssemos lá.

    Pense nisso!

    Trabalhe por um mundo melhor melhorando a sí mesmo primeiro!

    Fica a dica.

    Paz, sempre.