Tag: Rap

  • Reflexões que ainda me tiram o sono [Dudu de Morro Agudo]

    Reflexões que ainda me tiram o sono [Dudu de Morro Agudo]

    Toda vez que eu deito a mente voa
    Sempre na hora de dormir que os pensamentos vêm
    Nem sempre eu tô pensando em coisa boa
    Às vezes eu só quero é querer bem

    Tô no rap, mas eu podia estar no canto
    Assobiando ou quem sabe encantando alguém
    Alguém que passa a vida inteira pelos cantos
    Achando que não pode contar com ninguém

    Só. Somente às vezes eu me basto,
    Me acho em todos os incômodos de mim
    Às vezes paro, pois só assim não gasto
    Essas frases que há tempos vão afastando do fim

    Eu fabrico lágrimas, saliva e suor,
    Pois páginas molhadas não apagaram a nossa história
    E acredito que o que há de melhor
    ainda está no ponto escuro dessa nossa trajetória

    Eu sei que o estigma machuca
    Assombra os nossos sonhos e interferem em nossas lutas
    Mas também sei, não importa o que façam
    O meu caminho é vasto, olhares não me ameaçam

    A caixa do presente está surrada
    Na sociedade da imagem eu já não valho nada
    A nota zero na planilha do avaliador
    Me fez entender qual era a próxima jogada

    Inacessível eu fico superficial
    Super constrangido dentro desse elevador
    Sou previsível com minha marca social
    Onde a pele grita mais que meu diploma de doutor

    A referência não se apaga como a vela finda
    Pequenos pontos pretos já orbitam o meu mundo
    Esperançar é promessa de coisa linda
    Me arrastando pro futuro e movendo cada segundo

    Como a dor de uma partida e a certeza de um profeta
    Nossa mente se enche como uma mão calejada da lida
    Se o tempo passa e essa ferida não fecha
    É sinal que a nossa luta ainda não foi vencida

    Eu sei que o estigma machuca
    Assombra os nossos sonhos e interferem em nossas lutas
    Mas também sei, não importa o que façam
    O meu caminho é vasto, olhares não me ameaçam

    SAIBA MAIS:

    http://www.linktr.ee/reflexoes.enraizados

     

  • Chico Batera e a rapper carioca Lisa Castro conectam Madureira, Cuba e Estados Unidos em nova música “Atrevida”

    Chico Batera e a rapper carioca Lisa Castro conectam Madureira, Cuba e Estados Unidos em nova música “Atrevida”

    Chico Batera, renomado baterista de Chico Buarque e favorito de grandes nomes como Ella Fitzgerald, Frank Sinatra, Quincy Jones e Cat Stevens, se sente renovado ao lançar sua nova música, “Atrevida”, em parceria com a rapper carioca Lisa Castro. “Essa postura de ‘eu já vi de tudo’ é horrível!”, diz o artista.

    Aos 81 anos, Chico Batera, um dos músicos brasileiros mais respeitados internacionalmente, une em “Atrevida” a harmonia da música cubana, a batucada do samba e a poesia do rap. Inspirada na canção “Eu quero essa mulher assim mesmo”, de Monsueto, a música é uma ode à mulher, com uma visão contemporânea e politizada. “Minha vontade de fazer algo novo era tão grande que essa oportunidade com o rap não apareceu por acaso. A arte nunca chega de graça”, reflete o músico, que lançou em 2023 o livro Chico Batera: Memórias de um músico brasileiro e o show “Chico Batera – 80 anos”.

    Chico destaca o namoro do samba com a música negra norte-americana, que começou com artistas como Tim Maia, Cassiano e Banda Black Rio, e seguiu com nomes contemporâneos como Marcelo D2, Seu Jorge e Emicida. Em “Atrevida”, essas influências se encontram e atravessam a América Latina rumo aos Estados Unidos. “Todo baterista gosta de música cubana. A cegonha quando me trouxe passou de raspão por Havana e foi parar em Madureira, que até parece Cuba”, brinca Chico, que tem uma longa afinidade com a música cubana.

    Chico Batera

    Durante sua estadia em Los Angeles, Chico conviveu com muitos músicos latinos e percebeu as semelhanças culturais entre o Brasil e Cuba. “Não tem povo mais parecido com o brasileiro do que o cubano. A etnia é a mesma: África, Península Ibérica, Portugal, indígenas. O brasileiro demora a se conscientizar que é latino”, acredita o baterista. Essa conexão entre as Américas, África e Europa também está presente na arte da capa do single, assinada pelo artista gráfico Gustavo Deslandes.

    O encontro com a poetisa, MC e slammer da Baixada Fluminense Lisa Castro aconteceu por meio do produtor artístico Geraldinho Magalhães, do selo Diversão e Arte, que lança o novo trabalho em parceria com a Virgin Music Group. Ao conhecer Lisa, a admiração mútua foi imediata, e a rapper escreveu os versos que celebram a presença e potência feminina. “Considero ‘atrevida’ um adjetivo de qualidade. Para mulheres pretas da Baixada Fluminense, como eu, ser atrevida, insolente, petulante é muito bom”, afirma Lisa, que se inspira em artistas como Nina Simone, Lauryn Hill, Conceição Evaristo, Elis Regina e Carolina Maria de Jesus.

    Lisa Castro

    Chico Batera ficou encantado com a colaboração com Lisa Castro. “Ela é uma mulher representativa, bem resolvida. Era o recado que eu queria dar. Nos EUA, o rap é mais politizado, de protesto. No Brasil, o funk, que se popularizou nas periferias, acabou indo para o lado da banalização, da pornografia. Não tenho nada contra bunda, mas acho que a mulher pode ser muito mais dona de si quando seu atrevimento é pessoal e social, para além do rebolado”, reflete o baterista.

    Lisa, por sua vez, agradece pela oportunidade que a tirou de sua zona de conforto. “Me senti honrada com o convite. É a primeira vez que participo em um estilo musical diferente do meu, ainda mais com um ícone como ele. Fiquei muito feliz”, diz a artista, que já lançou os álbuns O Sorriso da Manalisa e Em Negrito, e prepara seu próximo EP para este ano, enquanto cursa Pedagogia.

    A ousadia de Chico Batera também se manifesta em sua nova parceria musical com o ritmista, percussionista e co-produtor musical da faixa, Felipe Tauil. A gravação de “Atrevida” contou com outros talentos da MPB contemporânea, como Mariana Braga (cavaquinho e vocal), os metais de Dudu Oliveira (flauta), Wanderson (trombone) e Wharson Cardoso (sax barítono), além da presença marcante de Arthur Maia no baixo, em sua última gravação antes de falecer.

    Chico Batera foi responsável pelo arranjo, vibrafone, vocal e percussão da canção. “A linha de sopro veio das minhas memórias musicais dos bailes com músicos cubanos. São lindas”, relembra. A mixagem e masterização de “Atrevida” ficaram a cargo do engenheiro de som e produtor Rodrigo Campello.

    Sempre atento ao que acontece ao seu redor, Chico Batera segue desafiando a si mesmo. “Essa postura de ‘eu já vi de tudo’ é horrível! Sempre está acontecendo muita coisa”, filosofa. E, pelo visto, ele ainda tem muitas viradas surpreendentes para fazer. “Pra mim, a hora é agora. Se eu não fizer hoje, vou fazer quando?”.

    ATREVIDA
    (Chico Batera e Lisa Castro)

    Atrevia, Atrevida, Atrevida
    Eu quero essa mulher pra mim…

    Mulher da vida, da lida
    Independência define
    Ré confessa atrevida
    Liberdade é meu crime
    Sou do tempo
    Jovelina, Elis Regina
    Muito além de seu tempo
    Com pitadas de Clementina
    O sal que dá gosto
    O tempo que faltava
    O lado oposto do errado
    Aquela que não trava
    Fora da média, fora da curva
    Vinho boa safra, feito da melhor uva
    Então degusta a vulva!

    MAIS INFORMAÇÕES:

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  • T-Remotto lança novo single “Click, Clack, Boom” e se prepara para o EP “Post Chaos”

    T-Remotto lança novo single “Click, Clack, Boom” e se prepara para o EP “Post Chaos”

    A banda iguaçuana T-Remotto acaba de lançar seu novo single, intitulado “Click, Clack, Boom”, em todas as plataformas digitais. Este lançamento é um aperitivo do que está por vir em seu próximo EP, Post Chaos, previsto para ser lançado ainda em 2024. Conhecida por sua mistura envolvente de Rap, Reggae e Rock and Roll, a banda está gerando grandes expectativas com essa nova fase.

    O vocalista Rogério Sylp revela que a faixa “Click, Clack, Boom” traz uma reflexão profunda sobre a violência. “A canção explora os efeitos devastadores de um tiro, simbolizando como a pólvora é cultuada como entretenimento e acaba gerando lucros para os ‘senhores da guerra’. É uma crítica ao ciclo de violência que parece nunca terminar”, comenta. Essa abordagem crítica não é nova para a T-Remotto, que tem suas raízes fincadas em questões sociais e políticas, sempre abordadas de forma visceral em suas composições.

    O novo EP, Post Chaos, segue uma temática densa, marcada pelos desafios do período pós-pandêmico, mas também carrega uma mensagem de esperança. “A continuidade é a melhor resposta para tudo aquilo que ainda nos assombra. Esse trabalho é um passo em direção ao futuro”, acrescenta Sylp, dando pistas sobre a proposta do novo projeto.

    Além de “Click, Clack, Boom”, o EP já conta com outra faixa disponível nas plataformas de streaming: a impactante “Heróis do Gueto”. Essa música também reflete a identidade única da banda, que sempre mescla sons urbanos e poderosos com letras que ecoam as realidades da vida nas periferias.

    A T-Remotto tem se consolidado como uma das principais bandas da cena independente de Nova Iguaçu, trazendo uma sonoridade autêntica e um discurso contundente. Com o lançamento de Post Chaos, a banda promete continuar quebrando barreiras e oferecendo ao público uma experiência musical única.

    Ouça “Click, Clack, Boom” na Plataforma de Streaming que preferir:
    https://onerpm.link/507397047840

  • Marginal Groove: Uma nova musicalidade e uma voz de resistência

    Marginal Groove: Uma nova musicalidade e uma voz de resistência

    Formada em 2019, a Marginal Groove surgiu com o propósito de acompanhar o rapper Dudu de Morro Agudo em sua apresentação no Rock In Rio. A banda, que inicialmente recriou roupagens para as músicas de Dudu, evoluiu para criar novas canções e uma sonoridade própria. Composta por Dudu de Morro Agudo, Rogério Sylp e Gustavo Baltar nos vocais, Ghille e Fábio Spycker nas guitarras, Dom Ramon no baixo, Rob na bateria e Dorgo como DJ, a banda é um coletivo de músicos talentosos e engajados.

    A sonoridade da Marginal Groove é uma fusão de influências diversas, refletindo as experiências musicais de seus integrantes. O resultado é uma mistura de rock, rap, funk, reggae e samba, com uma pegada que lembra bandas como Planet Hemp e Rage Against the Machine, mas vai além. Essa diversidade musical se manifesta em uma proposta única, marcada por letras politizadas e ácidas, abordando temas sociais e políticos com intensidade e autenticidade.

    O auge da trajetória da banda até o momento foi sua apresentação no Rock In Rio 2019, um marco para qualquer artista. Além disso, a Marginal Groove já se apresentou em locais icônicos como o Teatro Popular Oscar Niemeyer, em Niterói; o SESC Tijuca; a Praça de Morro Agudo; e o Quilombo Enraizados. Cada show reforça sua presença no cenário musical e seu compromisso com a arte e a sociedade.

    Apesar de ainda não terem lançado um álbum completo, a banda possui um vasto material disponível na internet, com registros ao vivo de suas apresentações. Os próximos passos incluem o lançamento de singles e videoclipes, , expandindo sua discografia e sua presença na cena musical, além da produção de um espetáculo especial para apresentar suas novas músicas, que promete ser uma experiência inesquecível para o público.

     

    A Marginal Groove é uma banda com uma forte inclinação política. Suas letras abordam temas como antirracismo, direitos das minorias e críticas à desigualdade social. A banda utiliza sua plataforma para expressar ideias e provocar reflexões, sempre com uma mensagem de resistência e empoderamento.
    Os shows da Marginal Groove são conhecidos por sua energia e interatividade. A banda não apenas toca suas músicas, mas também envolve o público em suas performances, criando uma atmosfera de diálogo e participação.

    Cada apresentação é uma experiência única, que vai além da música e se torna um ato de resistência e conexão.

    A recepção do público tem sido extremamente positiva. A participação ativa e o entusiasmo do público, mesmo com músicas ainda pouco conhecidas, demonstram o impacto que a banda tem nas pessoas. A Marginal Groove foi destaque no podcast “Ao Ponto”, do O Globo, onde o jornalista Bernardo Araújo a mencionou como uma das melhores apresentações do Espaço Favela, no Rock In Rio.

    A Marginal Groove mantém uma forte conexão com a comunidade de Morro Agudo e tem uma relação próxima com o Instituto Enraizados, uma organização de hip hop com 25 anos de atuação na região. Essa ligação com a comunidade se reflete na música da banda e em sua atuação social, reforçando seu compromisso com as causas sociais e culturais.

    Com uma proposta inovadora e uma voz potente, a Marginal Groove é mais do que uma banda; é um movimento que utiliza a música como ferramenta de transformação e resistência.

    SAIBA MAIS

    http://linktr.ee/marginalgroove

  • Do microfone à militância: Hip Hop contra o PL dos estupradores

    Do microfone à militância: Hip Hop contra o PL dos estupradores

    Como a cultura Hip Hop se posiciona contra a criminalização do aborto e defende os direitos das mulheres em um contexto de crescente conservadorismo no legislativo.

    A aprovação relâmpago da urgência do Projeto de Lei 1904/2024, que equipara o aborto em certas circunstâncias ao homicídio, provocou um intenso debate no Brasil.

    Esse projeto, se aprovado, aumentará drasticamente as penas para médicos e mulheres envolvidas em abortos que não sejam em casos de anencefalia, tratando essas ações com a mesma severidade de homicídios. A votação foi marcada por controvérsias, com acusações de irregularidades no processo legislativo e protestos de parlamentares da oposição.

    O deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), autor do projeto, contou com o apoio da bancada evangélica para impulsionar a proposta. Caso aprovado, ele vai alterar quatro artigos do Código Penal, transformando atos que atualmente não são crimes ou têm penas menores em crimes com punições severas, de seis a 20 anos de prisão.

    O presidente Lula criticou duramente o projeto, chamando-o de “insanidade”. Ele ressaltou a incoerência de punir uma mulher estuprada que realiza um aborto com uma pena maior do que a aplicada ao estuprador. “Eu sou contra o aborto. Entretanto, como o aborto é a realidade, a gente precisa tratar o aborto como questão de saúde pública. Eu acho que é insanidade alguém querer punir uma mulher numa pena maior do que o criminoso que fez o estupro. É no mínimo uma insanidade isso”, disse Lula.

    O deputado Max Maciel, do PSOL de Brasília, criticou duramente o “PL dos Estupradores”, destacando que a proposta não contribui para o combate à violência contra a mulher, mas sim para a sua criminalização. “O Brasil sempre inova e traz coisas que às vezes nem imaginaríamos”, disse.

    Maciel argumentou que o projeto de lei, ao invés de focar na identificação e punição dos agressores, acaba por punir as vítimas, destacando que muitas mulheres já enfrentam dificuldades em acessar o aborto legal e sofrem hostilidade. “Essa pauta moral conservadora não traz benefício nenhum para a sociedade. Esse não é um Brasil em que podemos acreditar“, concluiu.

    Este posicionamento reforça a necessidade de tratar o aborto como uma questão de saúde pública, refletindo a opinião de 87% dos brasileiros que acreditam que mulheres vítimas de estupro devem ter a opção de abortar, segundo pesquisa do Instituto Patrícia Galvão e Locomotiva.

    O papel do Hip Hop

    O Hip Hop brasileiro tem um histórico de se engajar em questões sociais e políticas, e a questão do aborto não é exceção. Em 2005, o projeto “Hip Hop Mandando Fechado em Saúde e Sexualidade” reuniu diversas lideranças do movimento para discutir os direitos reprodutivos das mulheres. Por meio do RAP, o projeto buscou introduzir reflexões sobre aborto, interferência religiosa, gravidez na adolescência e violência de gênero e sexual.

    Esse projeto, dirigido por mim, resultou em um álbum com 10 músicas, assinado por importantes produtores musicais da cena. Duas composições deste álbum merecem destaque pela forma como abordam o tema do aborto.

    Quem paga por isso?

    A canção “Quem Paga Por Isso?” de Cacau Amaral, Negra Rô, Mad e Paulinho Shock, critica as desigualdades sociais e raciais no acesso ao aborto seguro e legal.

    A letra destaca a realidade enfrentada por mulheres negras e pobres, enfatizando a necessidade urgente de mudanças nas políticas públicas.
    A narrativa contrasta as experiências de duas mulheres, Maria e Mariana, ilustrando a desigualdade social. Enquanto Mariana, de classe média, tem acesso a métodos seguros, Maria enfrenta condições precárias e perigosas. A música critica os governantes e o sistema de saúde pela falta de apoio institucional para essas mulheres.

    Relato

    A composição “Relato” de Rúbia Fraga (RPW) e Tyeli Santos narra o sofrimento de uma mulher que enfrenta as consequências de um aborto clandestino. A letra critica o sistema de saúde e a sociedade por sua falta de empatia e suporte às mulheres em situações vulneráveis, além de questionar o papel da igreja e do Estado na garantia dos direitos das mulheres.

    A música aborda a influência da religião e a culpa religiosa, destacando a pressão moral imposta pelas doutrinas religiosas. “Relato” levanta questões críticas sobre julgamento, culpa, direitos das mulheres e a responsabilidade do Estado e da religião em assegurar o bem-estar e a dignidade das pessoas.

    Desafio do Hip Hop em um cenário conservador

    Embora o Hip Hop historicamente tenha sido uma voz poderosa de resistência e conscientização, parte do movimento atual tem se mostrado conservadora e inerte diante dessas questões. No entanto, figuras influentes continuam a usar suas plataformas para se posicionar contra o PL dos Estupradores, defendendo a liberdade e os direitos das mulheres. Filipe Ret usou suas redes para se posicionar contra o PL dos Estupradores, defendendo a liberdade e os direitos das mulheres.

    Flávia Souza, atriz, diretora e rapper do Rio de Janeiro, critica duramente a hipocrisia em torno do debate sobre o aborto.

    “Esses caras aí que se dizem contra o aborto, quando é com as suas filhas, eles vão lá, fazem aborto num bom hospital, seguro e fica tudo bem. Quem mais sofre são as meninas e as mulheres negras, a população pobre, que é a maioria, a população negra, a gente não tem como negar isso. E mais, a gente sabe que é a mulher negra que é assediada até por ter um corpo mais volumoso. A gente já é assediada desde os cinco, sete anos, até por uma questão de uma estrutura de um país racista, que vê o corpo da mulher negra como um objeto de desejo. Então eu acho um absurdo essa PL. Quem acaba sendo criminalizada é a menina, que pode acabar sendo presa no lugar do estuprador e tendo que conviver com uma situação (de gravidez) que não cabe pela questão da idade. Então eu acho muito absurdo e bato na tecla que quem paga é a gente: a mulher.”

    Elza Cohen, fotógrafa, artista visual e ativista na cultura Hip Hop, também se posiciona contra o projeto de lei, destacando seu impacto desproporcional nas populações vulneráveis.

    “Nós mulheres não podemos aceitar esse passo atrás dessa PL do absurdo! Essa PL é criminosa e representa mais uma violência contra as mulheres e meninas. E o alvo maior já sabemos que são as meninas pobres, negras e indígenas. É um projeto que criminaliza meninas menores de idade, enquanto protege o estuprador, isso é repugnante! Quando nós mulheres, deveríamos estar lutando por mais direitos na sociedade, agora temos que lutar para parar esse retrocesso? Criança não é mãe, estuprador não é pai. Liberdade para as mulheres e meninas.”

    Claudia Maciel, da Construção Nacional do Hip-Hop, enfatiza a necessidade de acolhimento e não-criminalização das vítimas.

    ”Em um contexto em que se pretende equiparar o aborto a um crime de homicídio punindo meninas, adolescentes e mulheres que em sua maioria são negras, e que, a pena pela interrupção da gravidez é maior que a do estuprador, o Mulherismo AfriKana, as mulheres negras do Hip Hop compreendem que essas vítimas precisam ser acolhidas, escutadas e não-criminalizadas.”

    Gil Souza, editor do site Hip-Hop Bocada Forte, também expressa sua indignação.

    “Sou totalmente contra a PL, ela é um absurdo. É mais uma violência que se baseia no fundamentalismo religioso de pessoas que se dizem ‘cristãs’.”

    Enquanto a luta pela descriminalização do aborto e pela proteção dos direitos reprodutivos das mulheres continua, a cultura Hip Hop tem o potencial de ser uma poderosa ferramenta de resistência e conscientização, capaz de influenciar mudanças significativas na sociedade. Esta é uma causa que merece o apoio contínuo e a voz forte da cultura Hip Hop.

    Referências Bibliográficas:
    1. Projeto Hip Hop Mandando Fechado em Saúde e Sexualidade (CEMINA, REDEH e Secretária Especial de Políticas para as Mulheres – SPM).
    https://open.spotify.com/intl-pt/album/6grLeAELpt482Chl2Cizq9?si=k5x_z3gvSMCydEaOrE Geyg
    2. Percepções sobre direito ao aborto em caso de estupro (Locomotiva / Instituto Patrícia Galvão, março de 2022).
    https://assets-institucional-ipg.sfo2.digitaloceanspaces.com/2022/03/IPatriciGalvao_Locomot ivaPesquisaDireitoobortoemCasodeEstuproMarco2022.pdf
    3. PL 1904/2024 – Projeto que equipara aborto de gestação acima de 22 semanas a homicídio.
    https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=2425262&filenam e=PL%201904/2024

  • “O Dever Me Chama”: Show de Dudu de Morro Agudo & Marginal Groove no Quilombo Enraizados

    “O Dever Me Chama”: Show de Dudu de Morro Agudo & Marginal Groove no Quilombo Enraizados

    No próximo dia 15 de junho, a partir das 19 horas, o Quilombo Enraizados em Morro Agudo será o palco de um evento ímpar: o show “O Dever Me Chama” do rapper Dudu de Morro Agudo, acompanhado pela banda Marginal Groove.

    Este evento, apresentado pelo Governo Federal, pelo Ministério da Cultura, pelo Estado do Rio de Janeiro e pela Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa, através da Lei Paulo Gustavo promete uma noite de rap reflexivo, que une música e consciência política. O espetáculo visa proporcionar uma experiência única, onde o entretenimento se mescla com uma forte mensagem de mudança social e união comunitária.

    O repertório do show será baseado no álbum “O Dever Me Chama” e incluirá novas faixas como “Reflexões que ainda me tiram o sono” e “Quanto vale?”. A cenografia, cuidadosamente elaborada para representar a Baixada Fluminense, e a iluminação envolvente garantem uma experiência visual única, intensificando a mensagem das músicas.

    A banda Marginal Groove é composta por DJ Dorgo, Rogério Sylp, Dom Ramon, Fábio Spycker, Gustavo Baltar, Rob, Ghille, além do próprio Dudu de Morro Agudo. Os músicos se reuniram em 2019 para acompanhar Dudu de Morro Agudo no Rock In Rio, numa fusão entre a equipe do rapper e a banda T-Remotto, também de Nova Iguaçu.

    No seu último disco, intitulado “O Dever Me Chama”, Dudu de Morro Agudo mesclou o boombap com o funk carioca e o trap, sempre com letras ácidas e o sarcasmo que é sua marca registrada. Agora, com o Marginal Groove, ele traz uma sonoridade ainda mais diversificada, misturando o rap com estilos como rock, reggae, samba rock e samba.

    O show é gratuito e acessível a todos, com o objetivo de democratizar o acesso à cultura e fortalecer os laços comunitários. É uma oportunidade imperdível para fãs de rap, ativistas sociais e a comunidade local se reunirem e refletirem sobre questões relevantes da nossa sociedade.

    Os ingressos são gratuitos, mas limitados, para garantir uma experiência de qualidade ao público. Interessados devem retirar seus ingressos na plataforma Sympla através do link: Sympla – Show “O Dever Me Chama”. Os cinquenta primeiros inscritos receberão um presente especial da produção do evento.

    Serviço:
    Data: 15 de junho de 2024
    Horário: A partir das 19h
    Local: Quilombo Enraizados, Rua Presidente Kennedy, 41, Morro Agudo, Nova Iguaçu, RJ
    Entrada: Gratuita

    Para mais informações e agendamento de entrevistas, entre em contato com Fernanda Rocha, produtora responsável pela logística e organização do evento no número (211)9.6566-8219.

  • De Jay-Z a Palmares: As histórias por trás do “Galo de Luta”

    De Jay-Z a Palmares: As histórias por trás do “Galo de Luta”

    No dia 14 de setembro de 2023, o ativista Paulo Roberto da Silva Lima, conhecido como Paulo Galo ou Galo de Luta, compartilhou parte de sua inspiradora jornada de vida e engajamento social com os jovens membros do Instituto Enraizados, reunidos no Quilombo Enraizados, em Morro Agudo, Nova Iguaçu, RJ. Sua presença marcou um momento de profundo aprendizado e reflexão para todos os presentes.

    O conteúdo desta palestra, que será compartilhado em partes, não apenas nos inspira, mas também desafia os jovens a se tornarem agentes de mudança em suas comunidades e sociedade como um todo.

    Fique atento às próximas partes deste relato fascinante, que prometem revelar ainda mais insights e lições valiosas extraídas da vida extraordinária de Galo de Luta.

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  • “BeatBoxe”: Enraizados promove projeto inovador de exercícios ao ritmo do rap

    “BeatBoxe”: Enraizados promove projeto inovador de exercícios ao ritmo do rap

    Átomo e Dudu de Morro Agudo, dois talentosos artistas do Instituto Enraizados, estão quebrando paradigmas ao unir música e esporte no surpreendente projeto “BeatBoxe”.

    A iniciativa visa incentivar os membros do instituto a adotarem práticas esportivas, não necessariamente o boxe tradicional, mas sim exercícios aeróbicos inspirados no treinamento dessa modalidade.

    O diferencial do “BeatBoxe” está na fusão do universo musical com a prática esportiva. Durante aproximadamente uma hora e meia, os participantes são envolvidos pelo ritmo pulsante do rap, proveniente de uma playlist especial criada exclusivamente para o projeto. Essa playlist, intitulada “BeatBoxe”, é alimentada de forma colaborativa pelos próprios participantes, tornando-se uma trilha sonora autêntica e estimulante para os treinos.

    O encontro proporciona uma experiência única, na qual os participantes realizam atividades físicas como pular corda, abdominais, agachamentos, entre outros, enquanto são embalados por batidas envolventes. Átomo, um dos idealizadores do projeto, destaca: “A nossa ideia desde o início é que fosse algo divertido e inclusivo”.

    O embrião do “BeatBoxe” surgiu em 2019, quando Dudu de Morro Agudo buscava aprimorar seu condicionamento para uma apresentação no Rock In Rio. O envolvimento com o boxe surpreendeu o artista, que não só atingiu seus objetivos de condicionamento, mas também encontrou na prática uma paixão que persistiu mesmo durante a pandemia, quando as atividades foram temporariamente interrompidas.

    Para aqueles interessados em participar dessa experiência única, basta comparecer ao Enraizados e realizar a inscrição. O acesso é gratuito, mas é importante ressaltar que as vagas são limitadas. Não perca a oportunidade de unir rap, esporte e diversão no “BeatBoxe”, uma iniciativa que vai além dos limites convencionais, promovendo bem-estar físico e social no Instituto Enraizados.

    SAIBA MAIS:

    Quando: Terças e Quintas, das 19 às 20:30
    Onde: Quilombo Enraizados, Rua Presidente Kennedy, 41, Morro Agudo, Nova Iguaçu, RJ
    Quanto: 0800

  • “Nuvem ent.” revela “Senhorita”: Uma Jornada Cósmica de Autodescoberta e Identidade

    “Nuvem ent.” revela “Senhorita”: Uma Jornada Cósmica de Autodescoberta e Identidade

    Nova Iguaçu, 23 de outubro de 2023 – A “Nuvem ent.” anuncia o lançamento oficial de “Senhorita” do talentoso artista “I,go”. Esta peça musical inovadora mergulha os ouvintes em uma trama única, onde a imaginação floresce, dando vida a personagens envolventes que protagonizam um diálogo enigmático.

    “Senhorita” é mais do que apenas uma música; é um convite para questionar, resistir ao comum e dançar nos limites da nossa compreensão. A faixa narra uma história de autodescoberta, rebelião e aceitação, desvendando as camadas profundas da existência humana e nos guiando por um labirinto de identidade.

    Nesta jornada cósmica, “I,go” nos leva por um caminho onde personagens misteriosos se encontram em um diálogo profundo. As palavras sussurram sobre um ser supremo, enquanto exploram a desconexão de seus próprios seres, perdendo suas asas divinas e se tornando humanos.

    Em “Senhorita,” cada acorde é uma pergunta e cada melodia é uma resposta, revelando a desconexão onde antes havia asas, agora há humanidade. É uma história evolutiva, uma jornada na qual o desconhecido se torna o eu verdadeiro, o lugar e o propósito.

    Para a experiência visual que complementa essa narrativa musical intrigante, convidamos você a assistir ao vídeo clipe de “Senhorita.” O vídeo já está disponível no canal Estúdio Nuvem no YouTube, transportando os espectadores para o universo fascinante criado por “I,go”.

     

    A composição da música foi inteiramente feita pelo talentoso artista “I,go”, enquanto a produção musical foi uma colaboração entre “I,go e Ninja”, que também cuidou da mixagem e masterização. O visual envolvente do clipe foi criado pela MASMORA.INC, composta por Higordão & Josy Antunes, com performances notáveis de Ocibar, Aclor e do próprio I,go.

    Durante todo o processo, Rafael Ribeiro e Marianna Batista foram os responsáveis pela comunicação e mídias sociais, sendo membros essenciais da equipe da Nuvem ent.

    “Senhorita” não é apenas uma música; é uma experiência, uma jornada pela alma humana, uma exploração do desconhecido. A Nuvem ent. convida você a se perder nesta fascinante narrativa musical e visual, descobrindo o significado de ser verdadeiramente humano.

    Sobre a Nuvem ent.:
    A Nuvem ent. é uma gravadora dedicada a descobrir e promover artistas inovadores, oferecendo uma plataforma para a expressão criativa e musical. Com um compromisso com a originalidade e a autenticidade, a Nuvem ent. continua a trazer experiências musicais únicas para o público em todo o mundo.

    Youtube:
    https://www.youtube.com/watch?v=YNh2c9q5K7I&pp=ygUNZXN0dWRpbyBudXZlbQ%3D%3D


    Spotify:
    https://open.spotify.com/intl-pt/album/6SISny6ItOhuDLFV73bBkI?si=qN_Lm1DpSFqoPdz_7vCs0g

     

  • Rap e educação: quando aprender faz sentido [Dudu de Morro Agudo]

    Rap e educação: quando aprender faz sentido [Dudu de Morro Agudo]

    O presente artigo é composto pela narrativa de uma série de encontros que aconteceram dentro de um CIEP, em Morro Agudo, Nova Iguaçu, onde percebemos o educando como produtor do conhecimento por oposição ao papel de repositório que por vezes lhe é imposto. Nesse sentido buscamos compreender os motivos que fizeram com que estudantes, que supostamente tinham defasagem na aprendizagem, se desenvolvessem e mudassem seu comportamento após a participação em atividades culturais dentro da escola, sendo mais específico, experienciando a prática do #RapLAB, um laboratório de rap que mescla rodas de conversa, composição e gravação de música.

     

    CITAÇÃO
    Dudu de Morro Agudo & Reist, Stephanie. (2019). O rap e a educação: quando aprender faz sentido. Políticas Culturais em Revista. 11. 58. 10.9771/pcr.v11i2.28684.

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