Categoria: Coluna

  • Buzo publica entrevista que fez com Bezerra da Silva há dez anos

    Buzo publica entrevista que fez com Bezerra da Silva há dez anos

    Sábado, 22 de Maio de 2004, Alessandro Buzo entrevistou com exclusividade um dos maiores nomes da música popular brasileira.

    Um cara que há anos canta em músicas, reivindicações só vistas em letras de rap, não é a toa que ele se apresentou com Racionais Mcs, Marcelo D2, entre outros nomes importantes da cena. Estamos falando do inigualável Bezerra da Silva, o bom e velho Bezerra, vamos à entrevista…

    Alessandro Buzo: Fale do seu proximo trabalho ?
    Bezerra da Silva: O negocio é o seguinte, aliás ja esta definido, eu sou eveangélico como foi divulgado na imprensa, o mundo ja sabe e eles pensaram que eu não cantaria mais samba, mas eu ja preparei um repertório gospel, por sinal as musicas são muito bem feitas, não tem essa de copiar a Biblia é só se inspirar nela, mas eu continuo gravando o normal também. Agora nós estamos estudando umas propostas porque não quero mais me filiar a gravadora nenhuma.

    Buzo: Quantos anos você tem de carreira ?
    Bezerra: Olha, a minha carreira artistica se divide em duas partes, primeiro eu sou musico e trabalhei 8 anos na TV Globo como percussionista, tocando varios instrumentos de percussão, inclusive bateria, não era só samba, tinha berimbal, zabumba, jango, A go go, taborim, pandeiro, surdo.
    Surdo eu toco sozinho três de uma vez, o falecido Gilberto D’Avilla era o rei do surdo e eu aprendi com ele, depois dessa fase eu fui estudar musica, ai estudei na escola do professor Antonio Joaquim Noglis, a escola dele era no Meier em 1973 , então eu comecei estudar violão, mas acontece que eu estudei 8 anos e mais 2 anos de teoria naquele livro de Maria Luiza de Matos Prioli, ai fiz 3 metodos, o primeiro foi Mateus Carcassi, depois eu fiz 25 estudios melódicos e progressivos e o terceiro método foi escola de targas, para ter a postura do violão, a maneira de se posicionar é o classico, então nessas alturas foram8 anos de escola, depois eu fui estudar harmonia, mas o governo não colaborou com a escola que havia na Lapa (RJ ) e até hoje não finalizei, nesse meio tempo fui aos EUA e comprei um trompete e comecei a estudar, ja estou adiantado, estudei também piano, minha casa parece uma loja de instrumentos, toco de tudo.
    Ai no ano de 1977, quando eu fiz meu primeiro LP que foi “PARTIDO ALTO NOTA 10 -VOL I “, com Genario e Bezerra da Silva, nesse ano me empreguei na TV Globo, eu me achava no Canecão fazedo samba com a falecida Elisete Cardoso, ai então a Globo resolveu fazer uma orquestra de percussão, com a exigenciaque soubessem ler musica, eucomo estava no tereceiro ano ja sabia contar compasso, ai eu trabalhei 8 anos nessa orquestra de 1977 à 1985, quando eu tive que sair pois não dava para conciliar as duas coisas que eram minha carreira na RCA que hoje é BMG e lá gravei 14 discos em 14 anos.

    Buzo: Fale desse periodo ?
    Bezerra: Durante esses 14 anos eu ganhei 10 discos de ouro, 2 de platina e 1 de platina duplo, fora as coletaneas, enfim, são muitos discos, foi quando sai da BMG, fui viajar nos EUA, fiz shows da Florida até Washington, foi uma serie de shows, fui para Angola e fiquei 20 dias fazendo shows por lá, estou de volta ao Brasil e continuo na luta.
    Vou para o independente porque se eu vender 10 é 10, 20 é 20, agora o meu empresário é a minha esposa, Dona Regina do Bezerra a PRIMEIRA DAMA DO SAMBA, ela que toma conta de tudo, inclusive minhas calças, paletos, não precisa nem bolso, ela cuida até do dinheiro e assim eu vivo bem melhor.

    Buzo: Como é ser considerado por sambistas, rappers, roqueiros ?
    Bezerra: Isso é uma dadiva de Deus, porque eu sempre tive na minha concepção que ninguem nasce sabendo nada, começamos aprender com o pai e a mãe, depois a escola e eu tenho comigo que esse negócio de auto didata, não acredito nisso, tudo tem um professor na vida, o unico que sabe sozinho é Deus que eu conheça, eu tenho publico de um a cem anos e de todos os ritmos e a maioria é de pessoal do rock, do rap, toda essa juventude que gosta de mim.

    Buzo: Em que ano você gravou “Assombração de barraco”, pois parece tão atual quando fala de salario defasado, obrigação de votar e politico com conta na Suiça ?
    Bezerra: Esse disco eu gravei em 1992 e se chama PRESIDENTE CAO CAO.

    Buzo: Como esta o governo Lula ?
    Bezerra: O negócio é o seguinte, não sei se vc concorda, porque o negócio é muito bem feito entre eles, porque inventaram essa Historia de democracia para enganar bobo, dentro das regras normais acontece o seguinte, na sua casa sempre tem aquilo de um ser o dono da casa, ou seja, o homem é o responsavel da familia, tudo vem em cima dele que é o dono da casa, o cabeça da familia, mas dentro do sitema democratico vc até deixa sua mulher administrar a casa, mas a ultima palavra é a sua, ai vem aquele provérbio que diz: – Panela que todo mundo mexe, casa que não tem comando, comê que fica ? Todo mundo manda, um vem e põe açucar, outro manda por sal, outro pedra.
    A mesma coisa é na politica, o presidente não pode mandar, é subordinado a congresso, camera dos deputados, senado e a autoridade dele é limitada, ele fica ali só para assinar, eu acredito que aquele jogo é um cao cao, para acabar de atrapalhar vem a imunidade parlamentar, uma porta aberta a corrupção, o cara rouba, rouba e fica com a liberdade e o dinheiro, ai parece aquele negocio de cada um fica com um bocadinho e o povo paga a conta, eu se roubar uma banana vou direto para Bangu 1.

    Buzo: Como vc vê a violencia nos morros do Rio, na musica ëu sou favela” vc diz que a favela é um problema social, é isso ?
    Bezerra: Essa musica é do Noca da Portela e o Mosca eu só interpreto, a favela nunca foi reduto de marginal, só tem povo humilde, marginalizado e essa verdade não sai no jornal, a favela é um problema social e posso falar de cadeira, minha gente é trabalhadeira e nunca teve assitencia social, só vive lá porque para o pobre não tem outro jeito, apenas só tem o direito a um salário de fome e uma vida anormal, e a favela é um problema social.

    Buzo: Quem é malandro e quem é Manê no Brasil ?
    Bezerra: Essa musica é do Neguinho da Beija Flor, então ele disse isso, malandro é malandro, manê é manê e eu digo, o autor é que sabe o que quer dizer, qual é a idéia certa a essa pergunta, então perguntei pra ele, ele lhou para minha cara e começou a rir e eu : – Ai rapaz, tá rindo de quê ?
    E o Neguinho: – Você malandro que é não sabe a resposta ? Então ele falou: – Mas Bezerra, analiza com calma, manê é o povo e malandro são os poderosos, a gente que trabalha e eles que levam o dinheiro, nós somos os manês, ai eu bati palma para o Neguinho da Beija Flor, meus discos são sempre atuais por isso.

    Buzo: Eu tenho 31 anos e sou admirador do seu trabalho desde criança, o seu samba atravessa gerações, o que pensa disso ?
    Bezerra: O que penso é o seguinte, eu não sou compositor, sou interprete e musico, inclusive disse que Deus sabe o que faz, a inteligencia de Deus é infinita, então o que acontece, eu sou musico, cantor, toco todos os instrumentos de percussão, violão, piano, trompete, bateria, zabumba,berimbal, surdo, pandeiro, a go go e vou tocando de tudo, ai vem aquela historia de Deus, se ele me desse o dom de compor, fazer musica bem como eu toco e canto o que ia acontecer, não ia ter pra ninguém, então a vida é uma corrente, um depende do outro, você depende dos outros para tudo que não sabe fazer.
    Eu estou me referindo aos compositores de verdade, ai vc pergunta: – E existe de mentira ?
    Tem, existe compositor, ladrãositor que é que rouba a musica dos outros e tem o que diz: – Só gravo se entrar na perceria, isso é uma quadrilha também e eu não entro nesse jogo sujo, é um regime de coação.
    Compositor no duro, de dez vc tira um o resto desse pessoal tem que falar com Deus, aceite Jesus como salvador.

    Buzo: Suas considerações finais ?
    Bezerra: Eu quero dizer ao mundo e a onde chegar essa entrevista que a humanidade de um modogeral, inclusive meus fãs e as pessoas que gostam de mim que parem um pouco pra pensar e e olhem para natureza e o que acontece no globo terrestre, a desigualdade social.
    O que digo a eles é o seguinte, não é negocio de religião não, aceite Jesus como salvador, sem fanatismo, procura ver o testemunhos, só existe um caminho e Jesus é a porta e quem não aceitar que viva com o Diabo ào tem outro jeito.
    Eu sou evengelico e sou sambista, se soubesse que era tão bom ja tinha aceitado Jesus antes, PAZ AO MUNDO E AO BRASIL QUE ESTA PRECISANDO.

  • Encontrando e ocupando o espaço

    Encontrando e ocupando o espaço

    Na última terça-feira, colei na Casa do Saber Rio na Lagoa, para mais uma edição do Rio de Encontros, onde o tema central foi “Ocupação do Espaço Público, Cultura e Política na Cidade” e para compor a mesa, foram convidados Vitor Pordeus, Pedro Rivera e Beatriz Jaguaribe.

    Existe uma crise no modelo de cidade moderna? Essa foi uma das perguntas de provocação para a mesa; e a Beatriz citou que hoje, o Rio passa por uma crise material e um crise sobre o imaginário. Pedro Rivera usou o termo “domesticidade” e concluiu: “As cidades não estão sendo espaços dométiscos, estão sendo domesticadas”.
    Existe uma tentativa de homogeneização do espaço que acaba gerando a crise devido às mais diferentes necessidades de cada território. E isso nos leva à expressão “cidade partida” que mostra o quanto a infraestrutura do Rio precisa melhorar em pontos que vão desde o transporte público às condições das nossas estradas, vias expressas e linhas férreas. Além das barreiras físicas enfrentamos também as barreiras mentais, como o medo da violência e a falta da sensação de pertencimento.

    Vitor Pordeus reforçou que o espaço público é o inconsciente coletivo e Beatriz complementa que há a necessidade física de estar na multidão. A retomada das ruas, praças e outros espaços pelos movimentos sociais e culturais nos ajuda a pensar em como funciona esse “ritual”, expressão usada constantemente por Vitor para se referir às práticas de ocupação. Ritual esse que ele divide em 3 momentos: Catarse, dialética e êxtase. E defende a “cultura pela cura”: “O espaço público não é pra ser ocupado pela milícia, ou pela polícia ou pelo exército, é pra ser ocupado pela cura”.

    Fica claro que o papel da cultura para ocupação do espaço nos leva a enxergar a cidade de outra forma. O fato de nos apropriarmos dos espaços reforça a sensação de pertencimento e nos mostra novos horizontes.

    Essa nova fase do Movimento Enraizados, em que nos mudamos para um escritório e nossas ações voltaram a acontecer nas ruas resume bem essa experiência de repensar o espaço, enxergar com outros olhos o bairro de Morro Agudo. O Sarau Poetas Compulsivos ocupando praças e bares deixa bem claro que todo lugar é lugar de cultura, e arte e que podemos construir novos imaginários urbanos.

  • Quem ganha quando o rap não está na TV?

    Quem ganha quando o rap não está na TV?

    No dia 22 de outubro minha time line do facebook ficou movimentada por conta do programa Profissão Repórter que foi veiculado no  último dia 21 de outubro, na Rede Globo, onde o tema era o sempre polêmico Rap.

    Muitas mensagens de protesto foram postadas contra o programa, porém também foram postadas muitas outras mensagens de apoio ao rap, que está cada vez mais presente nas telinhas.

    Mas uma pergunta não quer calar:

    – Será que o povo do rap dá o devido valor às conquistas que o movimento tem nos grandes meios de comunicação?

    Já vi e ouvi críticas ferrenhas ao Programa Esquenta, da Regina Casé, que abriu as portas não só para o rap, mas para toda uma estética totalmente diferente do perfil da emissora. Lembro que no programa já se apresentaram Edi Rock – o que causou um mau estar no fãs do Racionais – e o Emicida algumas vezes.

    Em São Paulo tem o Manos e Minas, na TV Cultura, no ar desde 2008, apresentado atualmente pelo MC Max BO, mas que já teve os rappers Rappin Hood e Thaíde no comando. Centenas de MCs já passaram pelo programa, que teve seu fim decretado em 2010, mas devido a muitos protestos nas redes sociais o programa retornou e continua firme até hoje, acompanhando a produção atual da música urbana em suas várias vertentes (rap, funk, soul, reggae, samba, MPB), além de mostrar iniciativas e realizações da cultura de periferia e hip-hop em seus diversos segmentos.

    Pioneiro do hip hop no Brasil,Thaíde, que hoje faz sucesso no programa A Liga, da Band, já é um veterano das telinhas, começando na MTV, apresentando o programa “Yo! MTV Raps” e propagando o videoclipe de milhares de grupos do país.

    Não posso deixar de citar o MV Bill e a Nega Gizza, com o importante programa Aglomerado, na TV Brasil.

    Lembro-me que o Emicida também atuou como repórter do programa Manos e Minas, e o escritor Alessandro Buzo iniciou o seu quadro Buzão Circular Periférico dentro do mesmo programa e por lá ficou durante 03 anos até ser contratado pela Rede Globo, para apresentar um quadro sobre cultura de periferia, o SP Cultura.

    Durante os últimos 03 anos, todos os sábados, foi ao ar no SP Cultura alguma iniciativa cultural da periferia de São Paulo e o rap e o hip hop quase sempre estiveram presentes, com seus artistas e toda a sua complexidade. Alessandro Buzo comandava essas visitas com maestria e bom senso, gerando oportunidades e atendendo a todos, na maioria “anônimos”, o que sempre o diferenciou, por exemplo, de programas como o Esquenta, onde o valor maior está entre os já consagrados e famosos.

    Há cerca de um mês o quadro saiu do ar. Ninguém sabe se volta ou não. Mas o que realmente me impressionou é que NÃO VI NAS REDES SOCIAIS UM MOVIMENTO #FicaSPCultura, como aconteceu no Manos e Minas.

    Algumas pessoas dizem que são contra a Rede Globo e contra o rap na TV, acredito que temos que respeitar os que tem essa opinião.

    Mas e os que não são contra? E os que se beneficiaram com os quase 150 quadros que foram ao ar? E as centenas de artistas, de iniciativas, de projetos e de comunidades que ganharam visibilidade justamente porque o quadro era em uma emissora do porte da Rede Globo? Porque esses não iniciaram esse movimento #FicaSPCultura?

    Eu, apesar de não morar em São Paulo, assim como muitas outras pessoas pelo Brasil, assisti pela internet cada um dos 147 quadros que foram ao ar e por causa deles aprendi muito sobre a cultura da periferia de São Paulo e seus fazedores. Fico orgulhoso por um cara da periferia e com representatividade dentro do movimento ser o apresentador. Seria um sonho ter um programa parecido aqui no Rio de Janeiro, seria um avanço para periferia, uma grande oportunidade para o hip hop.

    Mas e aí, vamos deixar escorrer por nosso dedos um dos canais mais importantes para o hip hop paulista e brasileiro?
    Já pararam pra pensar quem realmente ganha quando o rap não está na TV?

    SAIBA MAIS:

    [yframe url=’https://www.youtube.com/watch?v=-7qIo_aGxWQ’]
    Veja aqui alguns quadros do SP Cultura com Alessandro Buzo

     

  • “Thupeque Xacur x Notórious Biaigi”

    “Thupeque Xacur x Notórious Biaigi”

    A falta de identidade do Rap tupiniquim abrange todas as áreas, sem mencionar a óbvia influência norte-americana na parte musical e estética, também copiamos o comportamento idiota de alguns rappers de lá.

    Tem os passa fome que tentam pagar de milionário fazendo clipes em carrões, mansões etc.

    Tem os que alimentam rivalidade bairrista como fossem legítimos membros da Costa Oeste e Leste. Essa semana me deparei mais uma vez com briga de “rappers”, aquela história de um fazer música para afrontar o outro.

    Fico pensando que se alguém quiser fazer um Rap para me atacar eu ficaria lisonjeado, pois levando em conta o trabalho que dá para fazer um, seria um elogio.

    Elogio esse que na maioria das vezes não encontro tempo nem para fazer a minha mulher. Na verdade acho que eles fazem isso para aparecer, pois isso rende. Inclusive eu, que os abomino, caí na armadilha e escrevi um texto a respeito.

    Influência maldita!

  • Marcos Lamoreux: morando numa mochila e procurando confusão boa

    Marcos Lamoreux: morando numa mochila e procurando confusão boa

    Tenho estado ausente com as minhas colunas de sexta-feira, é um compromisso que assumi aqui e com o qual falhei nas últimas semanas; e o texto que era pra eu entregar ontem, tô entregando hoje, mas acredito que valeu a demora e torço pra que vocês gostem.

    Entrevistei um dos caras mais “rua” que eu conheço. Cria de São João de Meriti, vegano, figura fácil nos shows de Hardcore do Rio, do Brasil e quiçá, do mundo. Marcos Lamoreux, um verdadeiro Itinerante, que vaga por aí em busca de boa confusão. Lembro da primeira vez que o vi pessoalmente, foi em 2011, quando uma amiga estava de passagem no Rio e fui encontrá-la em uma loja de doces perto da Praça do Skate de São João, a loja era do pai de Marcos e ele trabalhava lá na época.

    Alguns meses se passaram e o reencontrei numa apresentação do BNegão junto com o Digitaldubs no SESC de Meriti e meses depois estávamos no mesmo SESC no show da banda Confronto, no meio de uma roda de pogo (roda punk, bate-cabeça). Nunca tinha dado um mosh na minha vida, e tava super afim de me jogar do palco aquele dia, só que super grilado da galera ver um gordo em cima do palco e abrir espaço pra eu me ferrar de cara no chão. Ele, um rato dos moshs do Rio me explicou: “É simples cara, não se joga de cara, deixa seu corpo leve, para que as pessoas possam te segurar com facilidade”.

    Conclusão: Foram 2 moshs, um de cima do palco, e outro da própria platéia, onde me levantaram e eu fui de um lado pro outro do Teatro do SESC. Dia histórico, memorável.

    Em seguida descobri que o “Marquinho” também fazia beats, e outras inúmeras coisas típicas de um itinerante. E 2 anos depois, ele se prepara pra lançar seu 1° livro que não poderia ter outro nome que resumisse a vida dele: “Minha Casa é Minha Mochila”. Saiba mais sobre isso e um penca de outras coisas que esse rapaz faz, porque parado ele não fica.
    Primeiro de tudo… Quem é o Marcos Lamoreux?
    Marcos Lamoreux é um cara bem complicado, oficialmente ele é documentarista, guia de turismo e metido nas artes visuais, mas ele quer mais, eu quero mais. Eu quero ser tudo o que eu posso ser. Eu tô sempre em shows de hardcore, faço uns lanches veganos pra vender e tô sempre com um freelancer ou assunto da faculdade pra resolver. Não gosto muito de me definir mas acabo sempre o fazendo, eu sei quem eu sou porque todos os dias eu me descubro, todos os dias eu (r)existo.
    Como a sua criação em vivência em São João de Meriti contribui pra sua formação?
    Falar de São João é falar de exclusão, pobreza. Sempre foi mesmo que indiretamente. Aqui eu aprendi muito do que sei e meus amigos e família estão aqui, eu adoro esse lugar.
    Tive a oportunidade de conhecer a Europa, Angola,  o Brasil inteiro e viajar por toda a América do sul, nessas viagens eu coloquei em prática tudo aquilo que aprendi aqui, a sobreviver e a superar.
    Como é o esquema de ser vegano? Você tem amigos que comem carne? Interage bem com eles? Eles curtem as comidas que tu faz?
    O veganismo é amor, praticar esse amor a vida e a dignidade, não consumir nenhum tipo de produto de origem animal;
    leite, ovos e seus derivados, carnes, mel, couro e algumas costuras coisas que as pessoas não fazem ideia de que veio de algum animal como por exemplo glicerina que basicamente é gordura.
    É também ir contra a sociedade de consumo, eu tenho vários amigos que insistem fazer brincadeiras, eu não ligo muito algumas são engraçadas outras são ridículas, mas eu me dou bem sim, porque como disse veganismo é amor.
    Como é seu envolvimento com a arte? Quando foi que tu parou e pensou: “Vou lançar um livro” e qual o porquê do título “Minha Casa é Minha Mochila”?
    Como disse antes superação, sempre me superar. O título é parte de uma música do rapper Funkero (Um Drink No Inferno); e quando ouvi aquilo me identifiquei na hora porque eu me sinto em casa em qualquer lugar, não é preciso muito pra eu me sentir bem.
    A ideia do livro veio porque muita gente ouvia minhas história de viagem e sempre diziam que um dia eu iria lançar um livro, achei que a hora tinha chego e to batalhando muito pra que isso aconteça.
    Eu já fiz graffiti, pinto telas e já fiz algumas batidas de Rap e já tive banda de rock, já produzi alguns documentários pra fora do Brasil e tento o tempo todo me renovar, alguma coisa nova mas semelhante esquecer as antigas.
    Publicar um livro, lançar uma música, um vídeo, enfim… Tudo isso envolvem processos burocráticos…
    Quais estão sendo as dificuldades pra botar esse livro na pista? E quais os meios que você está utilizando para fazer isso acontecer.
    Editoras funcionam como  gravadoras, a primeira editora que entrei em contato tinham uma esquema muito bom, eu não iria tirar um centavo do bolso e as vendas seriam online, concordei em quase não receber direitos autorias com a  promessa de o valor final do livro ser acessível, o que não aconteceu. Agora estou em um formato de financiamento coletivo, onde as pessoas doam valores estabelecidos e recebem o livro em casa e uma recompensa que vária de acordo com a quantidade doada. No site tem tudo explicado direitinho.
    Assista o vídeo onde o Marcos explica sobre o livro e divulga a campanha no catar.se. Aqui ele mostra o seu talento como ator:
    [yframe url=’http://www.youtube.com/watch?v=ZeNwWzk1uvE’]
    Quem é que fecha contigo no teu dia-a-dia nessas viagens, shows e correrias doidas?
    Qualquer um que venha pra agregar, todos são bem-vindos assim como eu fui bem vindo em muitos lugares, conheci pessoas incríveis em lugares bem comuns ou situações completamente doida.
    Eu tô sempre por aí, com a mochila nas costas procurando uma confusão boa.
    E por último, gostaria que você deixasse um salve pra galera que acompanha o Portal Enraizados…
    Pra todo mundo que ta ligado no Portal enraizados, um grande abraço, um beijo e um salve. Eu convido vocês a conhecerem mais sobre algumas coisas que eu falei aqui, veganismo principalmente. Se você não puder ajudar financeiramente, entre nos links, compartilhe os vídeos e fique por dentro que ainda terão varias novidades e um evento pra lançar o livro.
    Saiba mais
    Campanha para lançamento do livro no catarse: catarse.me/pt/minhacasaminhamochila
    Tumblr do Marcos: destruirotumbler.tumblr.com/
    Evento no Facebook sobre o lançamento e a campanha: facebook.com/events/344097522426611/
  • “Bitch, You’re Dead!”

    “Bitch, You’re Dead!”

    No dia 03 de Setembro desse ano, acordei, tomei um banho e liguei o computador.

    Como de costume, abrir os emails e o Soundcloud pra ouvir algumas novidades enquanto me arrumava pra sair. Uma das novidades do dia era o single que o excelentíssimo Flying Lottus lançou com os vocais Kendrick Lamar (que recentemente virou um dos meus Mcs gringos favoritos).

    O nome da track é “Never Catch Me” e se iniciava com uma melodia suave ao piano, o que me fez logo pensar que seria mais uma piração de Jazz que ele faz normalmente. Em seguida entrar o vocal de Lamar que canta toda a letra num take só! “I can see the darkness in me an it’s quite amazing” (algo como “posso ver a escuridão em mim e é mó legal!).

    O restante você pode ver clicando aqui , mas vai precisar ser sagaz no inglês. Algumas semanas sai o disco “You’re Dead!” com toda uma temática de vida e morte se mostrando uma verdadeira obra prima.

  • Ei eleitor, quem te representa?

    Ei eleitor, quem te representa?

    Um novo quadro da atual administração está para se formar em todo o Brasil contendo o que há de melhor e o de pior, vamos no próximo Domingo (26) escolher nossos representantes ou simplesmente pegar o famigerado comprovante de votação?

    Já ouvi muita gente dizer: – ” Vou votar só porque posso precisar do comprovante”.

    Parece piada, mas é o que muita gente ainda exclama.

    O que essas pessoas não sabem – e olha que não são poucas, é que o reflexo do que está lá no “poder” é justamente o resultado de uma escolha não consciente, e para piorar, essa bomba que você ajudou a eleger, terá o poder de decisão sobre a vida da cidade e até do país.

    Então, aproveitando esse momento cidadão X, que tal saber o que este candidato realmente já fez? Investigue por sua área por exemplo, se você trabalha com cultura, veja quais os projetos ele apoia, se ele conhece os mecanismos da área de atuação, se sua cidade/estado possui um plano de cultura, se seguem o plano nacional, são várias as opções de pesquisa.

    Muitos que fizeram o tal voto de protesto, votando em alguém que não tinha chance alguma de vitória, desperdiçou uma chance real de contribuir para sua cidade, estado e país.

    “Aqueles que não se interessam pela política, serão governados por aqueles que se interessam”.

    Vote consciente, analise com frieza seu candidato e assim, quem sabe, daqui à alguns anos estaremos discutindo outras coisas e não as mesmices de sempre.

    Pois a vida é dura para quem é mole! Lei da física.

  • Nectar Gang abre a boca do boeiro e dropa o videoclipe “Pedra”

    Nectar Gang abre a boca do boeiro e dropa o videoclipe “Pedra”

    Os manos da Nectar Gang seguem na sombra à milhão! Diretamente do Catete, a Glória e a Lapa do Rio de Janeiro a.k.a. KGL, o grupo acaba de lançar seu terceiro videoclipe da carreira que foi dirigido por EL LIF e B.K. O bonde já deixa avisado que sua 1ª mixtape em breve vai estar na pista.

    #fede

  • Governar pra quem?

    Governar pra quem?

    No próximo domingo, dia 26/10/2014 haverá o maior acontecimento da história do planeta, é verdade, também haverá eleição, mas nesse caso eu falo do meu aniversário.

    E nada mais extraordinário do que comemorar um aniversário exercendo o meu papel de cidadão votando em alguém que vai MANDAR no meu bairro, na minha rua com e sem buracos, na minha cidade, no meu bolso, nos hospitais que eu usarei, na escola que o meu filho vai frequentar, na universidade que eu estudo, na polícia que me achaca na rua, no controle da bandidagem que invadiu o meu bairro, no poste que fica em frente a minha casa sem iluminação pública enquanto eu pago 14 reais por mês pra ter direito a essa iluminação, na minha conta de água, de luz, de internet, no gás de cozinha, no combustível do meu carro, em fim, em tudo que se relaciona com a minha vida, porque na minha vida mesmo, quem governa é Deus.

    Eu fiz essa pequena explanação para que as pessoas que votam em qualquer um tentem imaginar o quanto é importante o voto. E para finalizar essa sacodidela, ainda me resta dizer que nas eleições é um dos 2 momentos em que o pobre e o rico se equiparam em valor, todos os dois valem a mesma coisa (um voto), a outra forma do pobre se equiparar ao rico é quando estamos no banheiro e escutamos alguém bater na porta, ambos falamos: “Tem gente!”. Fora isso, somos bem diferentes e é por isso que precisamos prestar muita atenção em quem votamos, porque podemos estar votando justamente na pessoa que vai governar para o outro lado e desfavorecer o nosso, ou melhor, puxar a brasa pra outra sardinha e deixar a gente na mão.

    Eu já escolhi os meus candidatos e usei os seguintes critérios:

    – Não votarei em candidato barulhento que me tiram a paz e sossego do meu silêncio, principalmente se eu estiver na minha casa, o que significa dizer que pode ser o melhor candidato do mundo se passou o seu carrinho de som na porta da minha casa ligado, perde o meu voto.

    – Não votarei em candidato que tornou a minha vida mais perigosa, o que significa dizer que aquele candidato do governo que implantou as UPPs na capital e que por isso os bandidos armados até os dentes, alguns com armas que são maiores que eles, vieram pro meu bairro ou proximo a ele, perdeu o meu voto.

    – Não votarei em candidato que trabalha para uma pequena parcela da sociedade e deixa os pobres morrendo a mingua e fingem com o maior descaramento que trabalha para a “integração nacional”.

    – Não voto em candidato que não respeita a autoridade, porque se ele não respeita a autoridade agora que ele é apenas candidato, quem ele vai respeitar quando estiver no poder?

    – E por último, mas não menos importante, não votarei em candidato que não respeita as mulheres, eu fui criado por minha avó que me ensinou a respeitar as mulheres simplesmente pelo que elas são, criaturas mais frágeis fisicamente que os homens, mas com grande força moral, intelectual e sensibilidade, além de ter o dom divino da maternidade que é o veículo pelo qual todos nós, bons ou ruins, baixos e altos, ricos e pobres, independentemente de credo, raça ou costume, viemos ao mundo. Isso inclui, agressão verbal, moral e física, e no caso da física, o meu asco é particularmente maior.

    Desta forma acho que me sobraram raríssimas opções. Mas, mesmo assim eu consegui escolher as minhas opções e só não vou falar aqui nessa coluna porque não é o veículo apropriado para isso.

    Grande abraço.

    Boas eleições.

    E não se esqueça do meu presente… 😮

  • Morro Agudo está no radar do Ministério da Cultura

    Morro Agudo está no radar do Ministério da Cultura

    Morro Agudo está alta. Foi escolhido como primeiro bairro a receber o piloto do projeto AQUI TEM PALCO da Ambev. Projeto este que foi lançado no dia 11 de setembro de 2014 no Vidigal, com a presença da Ministra da Cultura Marta Suplicy, do presidente da Funarte, Guti Fraga e diretores da Ambev.

    Aqui-Tem-Palco-02O projeto AQUI TEM PALCO é uma parceria entre o Ministério da Cultura (Funarte) e a Ambev, cujo objetivo é alcançar sete milhões de brasileiros com a realização de 70 mil micro-eventos culturais até 2015.

    A ideia é dar visibilidade a diversas expressões artísticas, a partir do mapeamento de novos talentos em comunidades de todo o País.

    Se você é morador da Baixada deve estar se perguntando PORQUE MORRO AGUDO?

    Sinceramente eu também não sei porque fomos escolhidos, já que normalmente, enquanto artistas e produtores da região, somos esquecidos. Mas já que tá rolando, o que nos resta é aproveitar e surfar nessa onda.

    Este ano, o projeto-piloto vai se concentrar no Rio de Janeiro, nas comunidades do Vidigal, onde acontecerão 07 micro-eventos, e em Morro Agudo, Nova Iguaçu, onde acontecerão 18 micro-eventos.

    Eu, Dudu de Morro Agudo, sou o agente cultural responsável em produzir uma cartografia de talentos culturais na região.

    Os artistas inscritos serão selecionados por um grupo de curadores da Funarte e receberão um cachê para se apresentarem, durante os finais de semana do mês de novembro, nas vans da Antartica, que são equipadas com palco, som e telão e serão estacionadas em bares parceiros. Os eventos começarão por volta de 19:30 e terminarão no máximo às 22:00.

    Podem se inscrever artistas de todos os seguimentos, isto é músicos (rap, mpb, pagode, funk, rock, reggae, etc…), poetas, dançarinos, cordelistas, contadores de história, atores, VJs, DJs, grafiteiros, comediantes (inclusive de Stand Up Comedy), etc…

     

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    SERVIÇO

    Inscreva-se: http://bit.ly/AquiTemPalco
    Informações: (21)9.6563-0554