Categoria: Coluna

  • BASED IN BXD: Um bailar de sensações agradáveis

    BASED IN BXD: Um bailar de sensações agradáveis

    O ano de 2023 nem começou direito e já fomos “arrebatados” do chão com um ruído ensurdecedor, com um bater de pés que mais soam como o bater dos tambores ritmados diretamente de África.

    O grupo BASED IN BXD acaba de nos presentear com um novo vídeo e nele podemos ver, sentir, nos emocionar com a potência, leveza,  grandiosidade, força e delicadeza das dançarines de tap, um estilo do sapateado.

    O grupo que se apresentou no Sarau Poetas Compulsivos, no mês de junho de 2022, brindou a plateia com um espetáculo que deixou todes boquiabertos, principalmente quando sua diretora, a professora Rebeca Pereira, disse ser a primeira apresentação deles.

    Gregory Hines
    Gregory Hines

    Esse estilo de dança me chamou a atenção há muitos anos atrás, através do filme O SOL DA MEIA NOITE (Gregory Hines). Eu já havia visto outras pessoas dançando, mas nunca um homem negro.

    OBS: O ator Gregory Hines também atua em um filme de mesmo nome: Tap – A Dança de Duas Vidas, do ano de 1989.

    Vendo o grupo BASED IN BXD, revivo memórias boas, memórias afetivas, em que vi na TV, nos anos 90, pessoas pretas fazendo arte, em condições de protagonismo, de destaque, de forma positiva, talentosas.

    Somos pessoas descendentes de um povo de raiz forte e potente como um baobá.

    Uma das definições que encontrei no google sobre sapateado foi: intransitivo, bater repetida e vivamente com os pés no chão; enfurecer-se. “s. de ódio”.

    Me emocionei ao som do, outrora renegado, mas hoje tão popular funk, no pisar de pés firmes, no requebrar do swingado, em cada sorriso debochado. Ainda soam em meus ouvidos o som dos sapatos nos tablados.

    E cada vez que meus sentidos se encontram, audição, visão e as batidas do coração, meu corpo se arrepia, meus olhos se marejam. Que sentimento bom.

    Que os pés desses jovens continuem batendo repetida e vivamente enfurecidos contra toda e qualquer discriminação e desigualdade.

    E muito obrigada por fazer de nosso início de ano um bailar de sensações agradáveis.

     

     

    https://www.instagram.com/reel/CnM0ji4qBPA/

    BASED BXD
    BASED BXD no Quilombom Enraizados
    Equipe que produziu o video junto com os integrantes do BASED BXD.
    Equipe que produziu o video junto com os integrantes do BASED BXD.
    BASED BXD no Quilombom Enraizados
    BASED BXD no Quilombom Enraizados

    SERVIÇO:

    Fotografias: Imperatriz (https://www.instagram.com/akaimperatriz)

    BASED IN BXD: (https://www.instagram.com/basedinbxd)

    Lisa Castro (https://www.instagram.com/lisacastromc)

  • Artista indePEDINTE

    Artista indePEDINTE

    Artistas independentes são os indivíduos mais miseráveis que existem, antes fôssemos carentes de pão e não de atenção, pois é mais fácil conseguir trocados que ouvidos. Mendigamos um minuto de silêncio, alguns segundos de barulho, views, curtidas, mas o público só quer o que é midiático.
    Mas a dolorosa verdade é que, nós artistas independentes somos a cópia hipócrita desse público, nunca nos valorizamos.
    Se cada agrupamento de artistas tivesse uma rede fiel para a difusão dos seus trabalhos, talvez ao menos nós mesmo acreditaríamos no nosso discurso que exalta a nobreza, e o poder da arte independente, mas….
    É cada um por si, até que eu, você ou outro “si” caia nas graças do grande público do qual fazemos parte, e tenha todos por nós.
  • O papel do rap na sociedade brasileira

    O papel do rap na sociedade brasileira

    Desde a década de 80 no Brasil, o Hip-Hop, em especial o rap, vem tocando na tecla sobre violência policial e ausência de saneamento básico e segue sendo uma ferramenta importantíssima na organização da população que vive nas mais precarizadas situações de Norte ao Sul do país. Artistas e grupos como Racionais MC’s, Facção Central, MV Bill, Dina Di entre outros deram voz e politizaram a juventude que se encontrava onde durante muito tempo, e ainda atualmente, os movimentos sociais não conseguiam chegar.

    A responsa hoje não mudou, nas periferias a juventude continua morrendo por violência policial, vivencia as guerras entre facções e seguem vivendo nos barracos de madeira porém apesar disso o rap conseguiu se ampliar. Hoje é comum ver assuntos como auto estima, romance e machismo sendo retratados nas letras.

    Mas o quê mudou? O que explica de fato o rap ter salvo tantas vidas?

    Não é de se espantar que existem jovens que muitas das vezes não escutam os próprios pais mas levam aquilo que seu rapper favorito fala a risca, e isso se dá pela linguagem que esse estilo musical apresenta e assim se identifica com a favela.

    No princípio as letras que eram puro protesto chocavam a classe média pois relatam a realidade do cotidiano periférico, não à toa o grupo Facção Central e o rapper MV Bill tiveram voz de prisão por suas respectivas faixas “Isso aqui é uma Guerra” e “Soldado do Morro”, que segundo a justiça continha apologia ao crime.

    Com o passar dos anos foram surgindo novos nomes como Emicida, Flora Matos, Projota, Rashid influenciados pelas gerações anteriores que levaram adiante os temas e incorporaram outros assuntos para além do crime e violência, a partir daqui o rap se tornou fonte de empoderamento da mulher, do negro, representatividade entre outros…

    Verdade também é que os tempos mudaram, o rap acompanhou isso, agora é possível se dizer que todos consomem esse estilo musical, seja lá qual vertente for, inclusive a classe média que antes achava aquele conteúdo cantado tão ofensivo.

    Mas será que esse crescimento tão quantitativo também é qualitativo?

    Ao mesmo tempo em que vemos de um lado Drik Barbosa falando sobre a importância da mulher no rap, Rincon Sapiência fazendo músicas como “Ponta de lança” que aumentam a auto estima do povo negro, vemos também em contraponto grupos e artistas tendo posições reacionárias e preconceituosas em pleno século XXI.

    Isso se deu pela entrada de pessoas que não consomem a cultura, mas querem usar seu dinheiro para se apossar e lucrar com ela, já que o estilo musical só tende crescer (e nos Estados Unidos já se tornou o mais ouvido) e também pela desinformação de muitos dos novos rapper’s. Apesar disso o número de pessoas se movimentando e fazendo trabalhos positivos cresce cada vez mais e faz com que o rap, o Hip-Hop continue sendo uma ferramenta crucial na organização da população que vive nas favelas e subúrbios.

  • Revolta dum largado

    Revolta dum largado

    Intervenção militar é o caralho. O jovem preto de periferia já sofre intervenção da polícia na favela todo dia.
    É bico na porta. É tapa na orelha. É ameaça de droga na mochila e o moleque na cadeia.
    Mas é claro que isso pra você pra não passa de mimimi, sua cabeça deita tranquila no travesseiro sabendo que sua cor da pele te reserva o direito de ir e vir.
    Bota foto da Síria no facebook, mas não se compadece dos ‘menor’ assassinado indiscriminadamente na favela do Acari

    A-CA-RI CULTURAL: É doideira ver meus primos sem acesso na favela e a playboyzada gritando “maior idade penal”
    Maior idade penal é o grito da ‘elite mordomia’, mas é pra esses menor que eles desembolsam arrego pra salvar a maconha do dia
    Porque não sair do condomínio luxuoso é um privilégio. E por falar em privilégio essa é uma palavra que tá fora do vocabulário de quem, pra comer, tem que caçar rã pra vender lá no brejo
    É. To vendo! Cê me parece um pouco assustado, isso é porque você não convive com a realidade dos menor que faz do tráfico seu estágio.

    Mas na sua cabeça, EU SEI, é importante que não haja redenção. Até porque tu tá ligado que a violência é um instrumento de dominação
    Quer ver? Mais um sangue inocente foi derramado, mais um na estatística deixado e largado
    Até quando doutor? Até quando prefeito mandado?!
    Fazer o que, se os teus não taí? Fazer o que, se os teus eu não vi?

    Cala e consente o falar dessa gente dita inocente.

     

  • Para um mundo menos desigual, pessoas diferentes

    Para um mundo menos desigual, pessoas diferentes

    No início de tudo, quando entrei pela primeira vez no site da UFF, para me informar sobre o Mestrado em Educação, não tinha certeza de nada. Inclusive tinha bastante dúvida, mas o que importava pra mim naquele momento era o percurso, a viagem, então somente viajei.

    As etapas foram experiências incríveis, desde a elaboração da proposta de pesquisa, a atualização do meu curriculum vitae na plataforma Lattes, do CNPQ, da estratégia de estudo para a minha preparação para a prova, depois para a prova de inglês, até a tão esperada entrevista. O relógio era meu amigo em todos os momentos, o controlador do tempo.

    Cada degrau que eu subia me colocava mais perto do chão, até que veio a “inesperada” notícia, eu estava dentro, eu era o mais novo mestrando da UFF, e então meus pés se fincaram de uma vez por todas no chão da realidade.

    Eu tinha uma prazo muito curto para organizar minha vida para enfim receber o desafio do mestrado. A missão de escolher uma creche para o meu pequeno filho de apenas um ano talvez tenha sido a parte mais dolorosa, mas foi apenas uma delas.
    Era tudo muito novo, uma nova realidade que me causava calafrios e angústias.

    O mundo às vezes ficava em câmera lenta e derrepente acelerava, o relógio já não era uma aliado como antes.

    E então chegou o grande dia. A primeira aula. Acordei às 04:30 da manhã, pois não queria me atrasar. Minhas mãos suavam cada vez mais a cada um dos cinquenta quilômetros que separavam a minha casa da universidade Federal Fluminense.

    Minha barriga doía, eu sentia um forte aperto no peito como se estivesse engolido uma bola de tênis. Um peso sobre os ombros que eu não conseguia explicar e nem mesmo entender o motivo. Talvez fosse a tal ansiedade.

    Quando pisei na sala de aula, olhei para cada um dos meus cinco novos colegas e imediatamente reparei o quanto éramos diferentes fisicamente. A professora, com toda sua experiência, conduzia com maestria a aula, tentando – e conseguindo – nos deixar mais à vontade, as suas palavras eram como uma massagem que me trazia tranquilidade e deixava o meu corpo e minha alma mais leves.

    Em uma dinâmica de apresentação pude perceber que eu e meus colegas não éramos diferentes só fisicamente, pois cada um de nós tinha um histórico de vida totalmente diferente do outro, contudo ao mesmo tempo sentia que cada um deles era uma parte de mim, principalmente em suas angústias.

    Enfim fiquei bem. Minha respiração aos poucos voltava ao normal, meu coração já não estava tão acelerado e as dores foram desaparecendo.

    Neste momento eu procurava me dedicar em apenas prestar a atenção em cada uma das histórias contadas por meus colegas. Quando necessário a professora intervia com comentários que nos orientava a respeito dos nossos próximos dois anos juntos, principalmente no controle do nosso ego. Afinal, somos mestrandos da UFF.

    Nós somos diferentes sim, nossas histórias de vida são bem diferentes uma das outras, mas nossas vontades e objetivos são os mesmos.

    Desejamos transformar o mundo em um lugar melhor, menos desigual, e cada um de nós acredita que o caminho para o sucesso dessa empreitada é a educação, e é isso que nos move, foi essa certeza que colocou cada um de nós sentados ali.

    Esta é a utopia que nos move e faz com que nossas diferenças sejam habilidades individuais para uma luta coletiva.
    Somente pessoas diferentes são capazes de construir um mundo mais igualitário.

    Espero, sinceramente, que a história acima te motive a lutar pelo que acredita, que te mostre que “é possível”, talvez não seja fácil, ou melhor, não será fácil, mas é possível.

    E se eu puder ajudar de alguma forma, por favor, entre em contato comigo. dududemorroagudo@gmail.com

  • O rap está brigando ao invés de lutar

    O rap está brigando ao invés de lutar

    Olá leitores e leitoras da minha coluna no Portal Enraizados, hoje vou tratar de um assunto que já venho falando há algum tempo: “o rumo que o rap tá tomando”.

    Sem querer bancar o paizão ou o dono da verdade, mas sinceramente acho que minha opinião tem que valer alguma coisa, pois já são 20 anos da minha vida que me dedico a essa cultura e fico triste em presenciar algumas coisas que vão contra o que aprendi no hip hop, principalmente os valores dessa cultura.

    Hoje, dando um rolé pelo feed do twitter vi uma postagem de um mano da antiga falando sobre uma briga entre rappers numa festa do Rio de Janeiro. Depois de um tempo ví o vídeo da tal briga no facebook, onde um rapaz narrava euforicamente que o BK estava colocando o Costa Gold pra ralar. Depois ele gritava: – Rala São Paulo, rala São Paulo.

    Logo depois li que o BK e o cara do Costa Gold disseram que nem estavam na tal festa ou na tal briga, contudo a briga rolou e o nome deles estava sendo citado, o que indica que já rola alguma treta.
    Na minha época de pista, se rolasse esse tipo de treta, metade tava morto e metade tava preso. O rap é pra ter respeito pelo outro, é coisa de “sujeito homem” ou “sujeita mulher”, ou seja, lugar de quem tem compromisso.

    Outro dia um louco falou merda do Dexter e ele foi atras pra cobrar, pra tirar satisfação.

    Outro dia meu nome tava rolando em grupinho de WhatsApp e fui atrás pra cobrar também, mas como sempre não passava de recalque. E é sempre a mesma história, quem fala merda pela internet, quando chega no cara a cara amarela.

    Mas a imaturidade desse tipo de atitude pode gerar um mal-estar muito grande dentro do movimento, além de prejudicar o trabalho de quem realmente tá levando o negócio a sério.

    Enquanto isso o Brasil tá vivendo um caos e parece que parte do hip hop tá vivendo na Matrix, no “Fantástico mundo de Bob”.

    Mano Brown disse em uma entrevista que ele não é pessimista, e sim realista. Ele se posiciona e toma porrada o tempo todo. O Emicida se mantém longe das tretas e sempre se posiciona por aquilo que realmente é relevante, o coletivo, e toma porrada o tempo todo.

    A gente tinha que estar mais unido, respeitando e fortalecendo os nosso irmãos, principalmente os que estão trabalhando em prol da cultura.

    Mas a maioria tá buscando cliques e views, e às vezes coloca os pés pelas mãos, querem ser descolados(as) e se mostram racistas. Atos racistas dentro do hip hop!!! Inimaginável há tempos atrás.

    Nesse caos gravo meu novo disco, cujo o nome provisório é “O Dever Me Chama”, previsto pra ser lançado no dia 06 de março, onde defendendo meu ponto de vista, e mostro que estou pronto pra lutar pelo que acredito.

    Principalmente porque o parte do rap está brigando ao invés de lutar.

    Siga-me:

    www.twitter.com/dudumorroagudo

    www.facebook.com/fanpageDMA

    www.hullebrasil.com/DMA

  • Autodestruição

    Autodestruição

    De um lado, cento e trinta e seis policiais mortos em 2017. Do outro, é cada vez maior o número de autos de resistência, foram 102 em 2016, em 2017, antes mesmo do meado do ano esse número já ultrapassava 200.

    O que quero dizer com isso?

    Os policiais são do povo, pobres, que escolheram essa ocupação como meio de subexistência sua e de seus familiares, semelhantemente aos bandidos, que também são do povo, pobres, e escolheram o lado oposto, entre eles estamos nós, os civis, que igualmente morrem cada vez mais.

    Acima de nós estão os governantes, intocáveis, com cordas de marionetes em mãos.

    E ainda nos culpamos!!!

  • Nada acontece por acaso e não existe um destino traçado para nós.

    Nada acontece por acaso e não existe um destino traçado para nós.

    Odeio pensar na ideia de não termos controle sobre a vida, a ideia de que existe um destino nos esperando, é de certa forma assustadora.
    Nossas vidas são baseadas em escolhas, cada um tem o controle sobre sua própria vida e as escolhas nos levam a determinados destinos.
    O que é chamado de acaso é na verdade, as escolhas de outras pessoas te levando a outro destino, isso por que vivemos em sociedades capitalistas e sempre um pequeno grupo de afortunados fazem escolhas que vão afetar vidas de milhares de pessoas.

     

    As minhas escolhas podem não garantir o meu próprio destino.

    Vou me usar como exemplo, eu escolhi ser Dj, trabalhar com isso, viver disso, mas sou obrigado a trabalhar em coisas completamente diferente, para pagar as contas e por comida dentro casa, fazendo com que, muitas vezes eu não consiga exercer minha função como Dj mesmo dando o máximo do máximo, mas eu não abaixo a cabeça, as minhas escolhas coincidiram com as de outras pessoas e me trouxeram aqui, basta eu saber disso pra focar em priorizar minhas escolhas e deixar bem claro que, eu vou viver como Dj, vou ser um dos mais brabos e ter meu trampo valorizado.
    Essas são minhas escolhas e esse será meu destino.

    Faça suas escolhas, pense antes de tomar decisões.

    Antes de votar em qualquer político por ter colocado asfalto ou por ter lhe dado 50 reais, pense em quanto isso pode mudar a sua vida, pense em tudo que você já abriu mão por um misero salário mínimo e principalmente estude as propostas antes de se decidir.

     

     

    #MudarDeOpiniãoéLegal !!

    #ForaTemer

  • Em aniversário de 2 anos RapFree Jazz presenteia a Baixada Fluminese

    Em aniversário de 2 anos RapFree Jazz presenteia a Baixada Fluminese

    O RapFree Jazz é um evento realizado pelo Coletivo FALA a dois anos, com o intuito de ser itinerante e levar os acontecimentos da Baixada Fluminense para a própria Baixada através das artes.
    Quando eu digo artes é porque o RapFree Jazz faz uma junção de todas as artes, se tem alguma expressão artística que ainda não rolou no evento é porque ainda não passou na cabeça deles, mas quando passar…
    Em seus dois anos de vida o RapFree Jazz já teve diversas intervenções artísticas como:
    Rap com dj e mc, break, graffiti, exposições de fotos, artesanato, projeções, poesia, bandas de diversos gêneros e até mesmo esporte já rolou no Free Jazz.

    O RapFree Jazz é a troca de conhecimento, de afeto, de curiosidade e de música, é um evento que engloba muitos âmbitos, é voltado pra cultura do Hip Hop mas ao mesmo tempo ele abraça outros públicos, pois além do Rap, rola Funk, Reggae, samba, entre outros.

    A principal propostas do evento é a Jam Sessions onde os Mc’s rimam em cima, fazendo improvisos ou mandando um som, muitas vezes rola até a final da Batalha em cima da Jam, como já presenciei e foi simplesmente mágico.

    A próxima edição do RapFree Jazz será no próximo sábado dia 16 de Setembro a partir das 18:00 horas na Praça do Galo, Duque de Caxias, será a edição de aniversário com direito a uma Batalha de Mc’s temática com Dj Jeff Jay, batalha all style com Dj Tecnykko no comando das pick-ups, exposições, dança com grupo MOVIMENTE-SE, apresentação Acústico do Mc Silva KS e pra fechar com chave de ouro, intervenção do Literatura das ruas, com direito a uma biblioteca comunitária, distribuição de poesias ou letras de rap dos artistas locais e shows de Dorgo Dj e Einstein Mc.

    Se você já conhece o Coletivo Fala ou o RapFree Jazz não precisou nem ler essa coluna pra decidir ir ao evento, mas caso você ainda não conheça presencialmente, não deixe de ir, porque depois vai ficar chorando arrependido.

     

    Baixada Fluminense no bagulho!!!

  • A estória de um jovem periférico num longínquo verão

    A estória de um jovem periférico num longínquo verão

    Goiaba estava na praia. Era 1988 e o litoral do Rio de Janeiro arretado de felicidade com o que havia acontecido no ano anterior se agitava cada vez que a possibilidade de um novo “carregamento” pudesse chegar á nossa costa litorânea, espraiando o sorriso na massa ensandecida pelo ocorrido.

    A história do nosso herói se passa nesse pedaço sagrado do carioca. “Goiaba” era um nome ligado à geografia fluminense. Eu explico. Pelo menos a metade explico. Quem nasce do lado de lá da Poça D’água recebe dos cariocas o singelo apelido de “Papa goiaba”. A etimologia da palavra eu não sei explicar, até porque a única página do wikipédia que tem o termo foi sacaneada por algum intelectual de plantão que certamente odeia aquele lado de lá. Ou foi traído pela mulher mesmo!

    O sonho de Goiaba era morar em Niterói. Continuaria a ser Papa Goiaba, mas em Nikiti City teria um “status” perante aos goiabas gonçalenses, considerados os primos pobres da história. Naquele verão de 1988 pegou 3 ônibus, todos lotados, sendo o terceiro o antigo 996, porque sabia que este o deixaria “perto” da praia.

    Ao passar em Botafogo perguntou se ali era Copa. O trocador disse que não, Copa ficava distante. O fez ir até a Gávea e explicou: O senhor desce aqui, cruza a Lagoa e vai estar próximo à Ipanema ou Leblon, não sei ao certo, mas lá você pergunta como rumar pra Copa. Copa, segundo havia escutado no noticiário, ficava numa posição privilegiada pelo swell para que a desejada “carga” aportasse.

    E lá foi Goiaba, de mochila, esperando encontrar o seu ouro tão sonhado! Andou pra cacete. Chegou à praia por volta das 15 horas. Havia deixado à casa 6 da matina! Houve um pouco de felicidade com a expectativa.

    Houve felicidade também quando ao chegar a areia viu a enorme quantidade de gente bonita e feliz que estava ao seu redor. Certamente não tinha ninguém de mau humor, ninguém que precisasse pegar engarrafamento na ponte às cinco da tarde, um sucesso.

    Começou então a vigiar o mar. Sim, dali poderia surgir sua carta de alforria. Goiaba levou binóculos para a praia, a observação era fundamental. Como olheiro na favela tinha uma certa prática, e o sonho de ter seu negócio próprio começou quando no ano anterior àquele “carregamento” divino quebrou as vendas na favela, desempregando o pobre sortudo Goiaba, que não teve tempo de virar estatística, que sonhava sim, ser um homem de negócios bem sucedido. Duro, sem expectativa, mas com informação, ele pegou a merreca da passagem com a avó e migrou, prometendo à velha retornar com vitória, com novas perspectivas. Partiu para a missão.

    A hora passava, ficou desmotivado. O sol já se escondia quando a sorte grande bateu a sua porta. Com os córneos pegando fogo de tanto estar no sol observando, numa hora em que a praia já estava vazia, Goiaba percebeu no mar um brilho. E esse era chamativo, dava esperança. O cara entrou na água, que naquele momento estava revolta pelo swell que chegava aos poucos, perdeu o calção na arrebentação mas continuou firme no propósito! Nadou e nadou, sem concorrentes, apenas com o perigo do afogamento, mas absoluto. Sua surpresa maior ao se aproximar do objeto foi notar que não havia apenas uma lata do carregamento, mas cinco! Isso mesmo meus amigos, o cara tinha acertado na loteria! Faltou braço pra levar aquilo até a praia. Foi tocando o seu lote até sair do mar e acomodar tudo na mochila que havia deixado na areia. Quase faltou mochila também, mas o nosso herói deu um jeito de acomodar tudo, sem causar suspeitas em ninguém, pois a praia já estava vazia as dez da noite.

    Migrou novamente em direção ás terras de Sir Ararigbóia! Sem engarrafamento! Pensava no “status” adquirido! O mundo estava aos seus pés!!! Mulheres, farra, noitadas, morar em Niterói! Era o ápice! Sonhou, dormiu bem pra caramba, beijou o travesseiro pensando serem modelos internacionais! As mais lindas. O cara tinha certeza que elas iriam até Niterói, seu novo lar! Mas na manhã seguinte o sonho de Goiabada desmoronou. Ao abrir as latas, constatou que era pó!

    Um japonês pescador tinha ficado puto porque a tripulação de sua traineira não dormia a dias e ele que era o único com mulher a bordo, pois era o capitão, não conseguia chegar junto da patroa que não aceitava fazer amor com ele se houvesse alguém acordado no convés. Mesmo com pinto pequeno o japonês fodeu o Goiaba e seus sonhos! E eu acho que a mulher dele também! Ao invés do “Solana star” o Goiaba encontrou o “Harakiri”. Sacanagem! Sonho de pobre é fogo!

    Goiaba com café decepcionou-se!!!! Não bebe a iguaria até hoje!