Artistas, produtores e moradores do bairro de Morro Agudo se reunirão na próxima segunda-feira (13), às 19 horas, no Espaço Enraizados, para mais uma conversa sobre o futuro cultural do bairro.
O foco desta reunião é desenvolver um documento coletivo propondo ao poder público municipal a transformação da única praça do bairro em um equipamento cultural capaz atender as necessidades, tanto dos artistas quanto da população; um local de troca e convivência, espaço de diálogo, local acolhedor para o passeio e lazer dos moradores, uma opção de lazer urbano.
Já ocorreram outros três encontros. No primeiro encontro, o atual secretário de cultura Juarez Barroso Ferreira participou com sua equipe e se comprometeu com a reforma do local, e a partir daí iniciou-se um movimento de mobilização dos artistas, produtores e moradores, afim de ter uma maior representatividade na composição das propostas.
Nas últimas reuniões as ideias fluíram e os participantes sugeriram uma transformação do ponto de vista estético – cor, forma e textura – realocando o quiosque, criando obstáculos para skatistas, sugerindo um tipo específico de chão, uma cesta de basquete, jardim, iluminação, etc… porém tudo de forma harmônica, sem comprometer o espaço útil da praça. Será necessário a colaboração de um profissional, como um arquiteto, para fazer com que as propostas ganhem forma.
Antônio Feitoza, poeta de Morro Agudo
Esse será o último encontro de massa, onde será formado um grupo de trabalho que sintetizará as propostas, encaminhará ao poder público e fará o acompanhamento, comunicando frequentemente ao restante do grupo.
“Eu acredito que há boa vontade do poder público em somar nessa luta, mas tenho certeza do empenho dos artistas da comunidade, há uma grande força política aqui e precisamos realizar este feito juntos”, afirma Antônio Feitoza, uma das lideranças que estão organizando o encontro, que acredita que cerca de 50 pessoas participarão desta próxima reunião.
SERVIÇO
Reunião da Cultura de Morro Agudo
Local: Espaço Enraizados
Rua Presidente Kennedy, 41, Morro Agudo, Nova Iguaçu
Horário: 19 horas
Na noite do dia 11 de janeiro, Juarez Barroso Ferreira, o novo secretário de cultura da cidade de Nova Iguaçu, se reuniu com artistas do bairro Morro Agudo.
Edu Miranda, sambista, foi o responsável pela mobilização dos artistas para o encontro, que tinha como principal objetivo conhecer o novo secretário e suas propostas para a cultura da região, além de expor as demandas culturais dos artistas do bairro.
O secretário chegou na praça, local marcado para o encontro, por volta das 18:20, junto com sua equipe, formada por Geraldo Bastos, Jean e Janaina Tavares. Aos poucos os artistas foram chegando, dentre eles Décio do Cavaco, Paulô, Clarisse Morales, Chico Reys, Arcanjo, Dudu de Morro Agudo, Geraldo Magela, Luisinho do Som e Enéas Gomes.
Em uma apresentação de cerca de 25 minutos Juarez Barroso Ferreira contou sua trajetória política e cultural e sua relação com a cidade, logo após os artistas tiveram entre 05 e 10 minutos para se apresentarem, assim como suas demandas.
Chico Reys, Décio do Cavaco e Enéas Gomes defenderam a criação de uma Orquestra Sinfônica Municipal, enquanto Dudu de Morro Agudo propôs uma reforma na praça de Morro Agudo, a partir de uma conversa com a população local, afim de torná-la um equipamento cultural que possa ser utilizado pelas diversas manifestações culturais.
Reunião com o novo secretário de cultura em Morro Agudo
O secretário de cultura se comprometeu em ajudar na criação da Orquestra Sinfônica Municipal e inclusive cedeu uma sala da nova secretaria de cultura – que fica no prédio onde era o gabinete do ex-prefeito, local que ele pretende utilizar como mais um equipamento cultural da cidade – para que a Orquestra possa ensaiar. Também se comprometeu com a reforma da Praça de Morro Agudo.
Contudo o secretário e sua equipe deixaram claro que a secretaria não dispõe de recursos financeiros, e pediram apoio para ocupação e reforma da Praça Santos Dumontt, no Centro de Nova Iguaçu, no dia 05 de fevereiro, e garantiu que a próxima atividade será na Praça de Morro Agudo. Segundo sua equipe, a intenção do secretário é circular em todos os bairros da cidade, conhecendo e potencializando as manifestações que já existem, pois não há cultura melhor que outra, todas merecem a mesma atenção.
Paulô, que mediou a reunião, propôs um evento multicultural na Praça de Morro Agudo, que servirá como um “marco zero” para a nova fase cultural do bairro.
Toda a reunião contou com a cobertura do Canal TV Rio.
Na última semana o rapper DMA (Dudu de Morro Agudo), coordenador exectivo do Instituto Enraizados esteve na ocupação da UFRRJ – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, campus de Nova Iguaçu e conversou com a Paloma e a Cátia, da Unidade Negra, grupo formado por diversos coletivos pretos da universidade.
Elas explicaram que além das reivindicações por melhorarias e contra a PEC 241/55, também existem pautas específicas do povo preto, que se encontra lutando para se manter na universidade, e é de suma importância que os pretos e pretas, pricipalmente os jovens, independentes de estarem dentro da universidade, participem dessa discussão e dessa luta.
Uma das maneiras que encontraram de aproximar a comunidade da universidade são as atividades culturais, por isso pensaram em um grande encontro no dia 01 de dezembro, envolvendo música, pintura, dança, poesia, cinema, rap, etc…
Dudu então convocou o Núcleo Preto do Enraizados, que decidiu então somar na luta dos universitários da UFRRJ, levando o Cineclube Tela Preta, onde exibirão o documentário Mães do Hip Hop e farão uma roda de conversa com alguns dos protagonistas do filme.
Segundo DMA, “A vitória de nossos irmãos e irmãs é a nossa vitória, assim como a luta de nossos irmãos é a nossa luta”.
Sobre a Ocupação
Desde o mês de outubro, a UFRRJ decidiu em Assembleia geral ocupar a reitoria e todo o prédio administrativo da Universidade nos Campus de Seropédica, Três Rios e Nova Iguaçu, contra a PEC 241 e a MP 746, além de reivindicar também mais direitos e melhoras locais para os estudantes da Rural.
Os alunos estão compondo 24 horas a ocupação, dividida em comissões.
A programação da ocupação conta com mesas, rodas de conversas, atividades culturais, palestras, produzidas pelos próprios alunos.
SERVIÇO
Cineclube Tela Preta
Dia: 01 de dezembro às 18 horas
Onde: UFRRJ de Nova Iguaçu fica na Av. Governador Roberto Silveira S/N – CEP: 26020-740 – Centro – Nova Iguaçu-RJ
Entrada: Gratuita
Fórum Hip Hop MSP e Sindicato do Jornalistas SP realizarão na sexta-feira, 29 de julho de 2016, no endereço Rua Rego Freitas, 530, cidade de São Paulo, horário de 19 horas, o debate Genocídio da Juventude Preta, Pobre e Periférica. Haverá também apresentações do movimento Hip Hop no local, entrada franca.
Os convidados Rapper Pirata, jornalista e mc do Fórum Hip Hop MSP, Chico Bezerra militante do Grupo Tortura Nunca Mais, Fernando Ferrari do Movimento Cultural da Periferia analisarão a situação do racismo institucional no Brasileiro, os efeitos das políticas públicas de segurança contra a população pobre, preta e periférica, principalmente a do estado de São Paulo que dura já vinte anos. Refletiram juntos com o público os planos municipais como Juventude Viva e secretarias, quais as suas ações não surtem impacto nos dados estáticos do mapa da violência.
O estado de São Paulo com suas instituições de polícias somente aumentam os homicídios contra população, segundo os dados produzidos por sua Secretaria de Segurança Pública, as balas compradas pelo governo matam 2 pessoas por dia, resultando mais de 720 mortes ano. Os homicídios da violência do país, segundo o mapa da violência está com picos de quase 60 mil mortes.
Já as famílias que tiveram um ente atingido injustamente, hoje vivem sem amparo assistencial, apoio psico-social e justiça, em razão da impunidade dada pelos tribunais paulista a policiais envolvidos em chacinas de grupos milicianos.
Os movimentos partidários e ONGs internacionais fragmentam a luta em prol de visibilidade política, não agindo contra o governo do estado paulista, qual deveria ter impeachment em razão de crimes de racismo institucional.
O governador Geraldo Alckmin se julga o xerife do estilo estadunidense, ele é o promotor de mais violência contra a população pobre para publicidade política, seu discurso tem uma tal intolerância ao crime, mais o inimigo direto de seu discurso é a adolescência e a juventude periférica, de 10 a 29 anos. Ele decreta a criminalização de atos políticos com aprisionamento em massa, e busca pagar seu financiamento eleitoral com dinheiro público, ofertando a indústria de segurança e a bélica com a compra de armamentos internacionais.
Jovens do hip hop de Nova Iguaçu querem um representante no conselho municipal da cidade, por isso estão se organizando através das redes sociais. MCs, grafiteiros, DJs e BBoys, de diversos bairros da cidade, estão confirmando presença. Alguns participam pela primeira vez de uma conferência de cultura, por isso estão sendo orientados por uma galera mais experiente.
O fato de o evento acontecer durante a semana e logo após o ano novo, causou algumas críticas, porque pode esvaziar a conferência.
O objetivo desta Conferência será eleger os representantes da Sociedade Civil para o Conselho Municipal de Política Cultural de Nova Iguaçu.
Flyer da Conferência Municipal de Cultura
INSCRIÇÕES:
Para participar do processo eleitoral os representantes da sociedade civil organizada e das categorias profissionais da área cultural, deverão apresentar no ato da inscrição os seguintes documentos comprobatórios:
I – das entidades:
a) Manifestação formal do representante legal da instituição, através de ofício endereçado a Subsecretaria dos Conselhos Municipais;
b) Ficha de inscrição devidamente preenchida;
c) Cópia do CNPJ atualizado;
d) Cópia do estatuto devidamente registrado em cartório;
e) Cópia da ata de legitimidade da diretoria em exercício.
II – das categorias profissionais da área cultural:
a) Cópia dos documentos pessoais (RG e CPF), comprovante de residência (morador de Nova Iguaçu).
b) Documentos que comprovem atuação nas áreas da cultura, tais como: músico, atores, pintores, artistas plásticos, escultores, profissionais do cinema, profissionais da dança, produtores, representantes da cultura étnica, agentes culturais, historiadores, arqueólogos, museólogos, escritores, bibliotecários e demais representantes da área cultural.
III – A inscrição será realizada…
…no período das 17h às 20h, no Teatro Sylvio Monteiro
Complexo Cultural Nova Iguaçu
Rua Getúlio Vargas, 51, Centro – Nova Iguaçu.
Nesta última quinta-feira (29), a Fundação Cultural Palmares realizou uma roda de conversa sobre cultura afro-brasileira na sala Cândido Portinari, do edifício Gustavo Capanema (Rua da Imprensa, 16 – Centro), no Rio de Janeiro.
O encontro contou com a presença e participação do Ministro da Cultura, Juca Ferreira; da presidenta da Fundação Palmares, Cida Abreu; do chefe do Ministério da Cultura | Representação Regional RJ ES, Adair Rocha; do secretário de cultura da cidade do Rio de Janeiro, Marcelo Calero; da secretária de cultura do estado do Rio de Janeiro, Eva Doris; do secretário de cultura de Niterói, Arthur Maia; e do presidente da Funarte, Francisco Bosco.
Centenas de pessoas ligadas a cultura afro-brasileira estiveram presentes no encontro, cada um dos 40 inscritos tiveram em média 03 minutos para explanar suas demandas individuais e coletivas para o Ministro – e a mesa – que ouviu a todos e todas atentamente e depois fez uma fala motivadora, propondo alguns caminhos para integrar definitivamente toda a região metropolitana do Rio de Janeiro, expandindo as possibilidades exclusivas da cidade do Rio para que os pretos e pretas fazedores de cultura possam transitar por todo o território do estado, assim como captar parte do recurso que pára no Centro.
Quem mediou o debate foi o rapper Dudu de Morro Agudo, fundador do Movimento Enraizados.
Essa certamente foi uma das minhas maiores responsabilidades até hoje. (Dudu de Morro Agudo)
A mediação do debate ficou por conta do rapper e um dos fundadores do Movimento Enraizados, Dudu de Morro Agudo.
GALERIA
Com os “Diálogos Palmares com a cultura afro-brasileira”, a Fundação pretende construir um amplo debate que possibilite formular diretrizes e criar o Fórum Nacional de Culturas Afro-brasileiras.
Ainda este ano, serão visitadas outras 12 cidades de todas as regiões do Brasil.
Fazendo parte do projeto “Caravana da Cultura”, o dia 05 de agosto de 2015 foi marcado por um diálogo com o Ministro da Cultura Juca Ferreira.
O evento teve presença significante, constituída de uma variedade imensa de representantes do movimento cultural, que na realidade atuam como movimento social na Baixada Fluminense. Constata-se esse fato pelas falas dos presentes quando colocaram na pauta estigmas sociais da região; Igor Barradas do Mate com Angu, expressou essa situação muito bem contando que: “Quando eu era moleque as pessoas tinham vergonha de dizer que eram de Caxias… eu lembro que quando a gente falou que ia fazer um cineclube em Caxias na época, há 14 anos atrás, as pessoas falavam: ‘fazer cineclube em Caxias?! Isso não vai dá certo, isso não vai rolar’”.
Depois Barradas fez uma provocação ao falar da falta de fé na cidade. Provocou ainda mais o debate quando reivindicou editais para patrocínio de ficção e documentários de médio e grande porte. E afirmou: “A gente pode fazer”.
Outro momento emblemático na retratação do estigma social da Baixada foi quando Padre Bruno, responsável pela Paróquia São Simão em Belford Roxo, apresenta-se afirmando estar ali representando um município famoso pela violência. O Padre acredita que pela cultura é possível resgatar a juventude e complementa suas ideias no seguinte discurso: “Eu sou padre para defender e valorizar a vida”, diante dessa narrativa há aplausos do público.
Padre Bruno conclui falando da importância de valorização da cultura produzida pelas crianças e adolescentes, que ela pode ser um mecanismo de expressão dos bons sentimentos; segundo ele, a Paróquia São Simão, situada no bairro Lote XV, junto à outras pessoas de boa fé, está criando um movimento em Belford Roxo pela Paz através da cultura.
Engrossando o caldo dentro desse contexto, o músico Marcelo Peregrino, da Pirão Discos, canta a pedra: “esse estigma de quem mora na Baixada não mora, se esconde. Aqui ninguém te vê”. E acrescenta falando que cultura é uma maneira eficaz de combater a violência. São vidas humanas que estão em jogo e sendo tratadas.
O espaço estava ocupado literalmente pelo movimento cultural desse grande Território Baixada. Porém, é importante não esquecer que em julho, o Terreiro das Ideias encerrou um de seus projetos, o Território Baixada.
Rogério Haesbaert, professor do Departamento de Geografia da Universidade Federal Fluminense, afirma que o território nasce sob duas conotações, material e simbólica, pois etimologicamente está associada as palavras “terra e terror”, e sendo assim está estritamente ligado ao conceito de poder. Haesbaert (2005, p. 6774) descreve: “Ele diz respeito tanto ao poder no sentido mais concreto, de dominação, quanto ao poder no sentido mais simbólico, de apropriação”.
No dia 15 de julho, a Secretária de Cidadania e Diversidade, Ivana Bentes, esteve na Biblioteca Governador Leonel de Moura Brizola, na culminância de um projeto que vem acontecendo anualmente, o Território Baixada. A secretária possibilitou o desdobramento da vinda de Juca Ferreira e uma equipe de profissionais da área cultural.
A equipe que o Ministro Juca Ferreira trouxe para o Ponto de Cultura Lira de Ouro foi composta por secretários da ArticulaMinc; Vinícius Wu, da Cidadania e Diversidade; Ivana Bentes, de Fomento e Incentivo à Cultura; Carlos Paiva, da Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura; Pola Ribeiro, a presidenta da Fundação Cultural Palmares; Cida Abreu e a diretora substituta da Diretoria de Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas, Suzete Nunes.
Com a presença do Minc (Ministério da Cultura), de artista, produtores e gestores da Baixada Fluminense, Região Metropolitana do Rio de Janeiro, teve início, pontualmente às 14h, a Roda de Conversa.
Dentro dessa perspectiva acredita-se que o poder público possa incrementar políticas públicas para esse imenso território precário de equipamentos culturais públicos, mas, sobretudo, de políticas públicas que gerem maior incentivo para a fomentação das atividades artístico-culturais, com implementação de um Plano de Cultura e financiamento que possibilite contemplar a todos que promovem cultura na Baixada Fluminense. Segundo a Lei nº13.018, em seu Art. 2º, inciso I, o objetivo da Política Nacional de Cultura Viva é: “garantir o pleno exercício dos direitos culturais aos cidadãos brasileiros, dispondo os meios e insumos necessários para produzir, registrar, gerir e difundir iniciativas culturais”.
O Ministro Juca, iniciando sua fala, trouxe ao conhecimento de todos uma polêmica que muitos criaram, a presença dele no Ponto de Cultura Lira de Ouro e não em um espaço maior como, por exemplo, um teatro. Afirmou estar ali por ter sido convidado, não por sua escolha e que ele vai onde é convidado, pois isso faz parte de um processo de diálogo. Pontuou a importância de ter estado pela manhã na câmara de São João do Meriti com os prefeitos e secretários de cultura e à tarde com os produtores culturais. Foi no mínimo interessante ouvir o ministro dizer que quando morou no Rio, na época que esteve clandestino devido a Ditadura Militar, vinha para a Baixada.
Segundo ele: “era meu lugar de segurança”. Poderíamos dizer que esse é o paradoxo dos paradoxos.
Ele lembrou a importância desse território que outrora recebeu gente de todo o Brasil, trabalhadores do campo por causa da seca, por falta de Reforma Agrária migraram, e disse que aqui “é um pouco o retrato do Brasil”, sendo assim expôs uma verdade ao dizer que “essas pessoas trouxeram suas raízes culturais”. Seu discurso em relação ao seu conhecimento da Baixada estava repleto de memória, como ele mesmo afirmou. Comparou a Baixada Fluminense ao Uruguai para falar de sua relevância no que diz respeito ao contingente populacional, do qual a região abriga um número maior do que o país hermano. Em seguida mencionou a desigualdade em comparação a cidade do Rio de Janeiro.
Falou que na época da abertura do processo democrático, a Baixada Fluminense estava dando uma aula de cidadania: “Foi aqui na Baixada que começou um movimento de reconhecimento dos direitos da infância e juventude no Brasil” e lembrou dois nomes importante nesse debate, Volnei e João Carlos. Dentro desse quadro, enfatizou que a Baixada não é lugar só de precariedade, mas, e sobretudo, uma região de construção de cidadania.
Afirma que é obrigação do poder público nas três esferas (municipal, estadual e federal) apoiar os processos culturais para que todos tenham acesso pleno à cultura. Sendo o Estado responsável pela precariedade cultural do país, pela desigualdade, portanto, de acesso à cultura.
O Ministro Juca Ferreira finaliza sua intervenção na Roda de Conversa trazendo uma proposta pós-encontro, uma reunião com Ministério da Cultura, Secretária Estadual de Cultura, Secretarias Municipais de Cultura da Baixada Fluminense e o Fórum de Cultura dos produtores culturais da Baixada para a elaboração de um programa, retomar um programa da época que ele foi Ministro, e diz: “vamos desdobrar essas possibilidades”.
Seguindo a conversa, Heraldo HB, vice-presidente do Ponto de Cultura Lira de Ouro, conta um pouco da história do ponto de cultura que foi fundado pelo sr. Acácio de Araújo em 1957, passando depois por um período de ocupação de milicianos e nos anos 2000, através da movimentação de pessoas engajadas na cultura, retorna à sua função original. Segundo Santos (2001, p. 69): “… função está diretamente relacionado com sua forma; portanto, a função é a atividade elementar de que a forma se reveste”.
Heraldo apresenta uma lista grande da presença de instituições que passa pela educação e cultura, religião, patrimônio histórico e arquitetônico e muito bem representado pela galera que está na ponta produzindo cultura na/da Baixada Fluminense. A lista estava imensa.
A ativista e produtora cultural do Terreiro das Ideias, que abriu os trabalhos do diálogo com o Minc foi Dani Francisco que apresenta de forma quantitativa a Baixada e diz: “Dentro de uma região com 13 municípios e 4 milhões de habitantes, todo equipamento é pouco, o que existe hoje é muito pouco”. Buscando se aprofundar no assunto, faz um questionamento sobre as políticas públicas existentes nos espaços culturais institucionalizados da região e cita como exemplo o teatro Raul Cortez. Acrescenta dizendo que é necessário pensar as políticas de ocupação desses espaços que já existem. Ao finalizar sua fala, pergunta quais são os incentivos para a produção cultural que é crescente e que incrementa a economia da região.
Seguindo no diálogo da Roda de Conversa esteve presente o cineclubista Diego Bion do Buraco do Getúlio, cineclube com atuação em Nova Iguaçu. Em seguida foi a vez do grupo de teatro Cosmo de Japeri, município que tem o pior IDH da região. Houve também a representação de gestores e artista que estão lutando pelo projeto “Minha Sede Minha Vida” como, por exemplo, na intervenção do artista plástico Dida Nascimento do Centro Cultural Donana de Belford Roxo.
E assim as pautas e questionamentos foram sendo colocadas no microfone aberto. O Voz da Baixada foi representada pelo jovem Jerffeson Barbosa; Segundo ele: “A cultura na Baixada Fluminense é a salvação para a nossa juventude”. E cita dois exemplos de coletivos culturais nesse processo, o cineclube Mate com Angu, em Caxias e o Movimento Enraizados, de Hip Hop, em Nova Iguaçu. Pôs para reflexão a existência de uma grande dicotomia: “quem são os secretários de cultura na Baixada Fluminense? Eles moram na Baixada Fluminense? Eles conhecem de verdade a Baixada Fluminense? A fala desse jovem vai além e coloca na pauta um conceito, a Baixada Fluminense é uma macro favela”.
Se analisarmos o conceito de favela, seu processo histórico, densidade populacional, ocupação desordenada, falta de saneamento, problema de infraestrutura urbana, IDH, renda, índices de violência, entre outros aspectos, e compararmos esses dados na Baixada, respeitando proporção e escala, talvez poderemos chegar à conclusão que a formação do espaço geográfico da Baixada Fluminense pode ter como conceito o que Jerffeson aponta como uma hipótese na sua fala: “a Baixada Fluminense é uma macro favela”.
Ministro da Cultura Juca Ferreira
De fato, se formos buscar o conceito de favela na sua história, podemos observar que este tem sido na verdade ‘escondido’ ou ‘escamoteado’ por uma série de representações, imagens e estigmas. Estes, na maioria das vezes impedem a visão do desenvolvimento das áreas faveladas como parte da urbanização brasileira. Ou melhor, da urbanização dos grandes centros urbanos brasileiros. (Silva, 2009, p.30)
Giordana Moreira, do Roque Pense, contou uma história de Nova Iguaçu que não está nos livros didáticos; A vanguarda da cidade dentro de um contexto do Rock n’ Roll, mais precisamente de uma atividade que roqueiros gostam de praticar. Revelou que a primeira pista de skate na América Latina foi construída em Nova Iguaçu. “Em 76 os surfistas da Zona Sul vieram aprender andar de skate aqui na Baixada, em Nova Iguaçu”, afirma Giordana. Ao final, lembra que o Festival Roque Pense é construído por mulheres e é um dos mais importantes festivais do país que circula pela Baixada Fluminense. Endossa sua fala dizendo que a galera do rock é marginalizada, principalmente porque é constituída, em sua maioria, por jovens que não são levados a sério quando o assunto é política pública.
A srª Silvia de Mendonça, representante dos Movimentos Afrodescendentes, da classe de Mulheres artistas, “nascida e criada nessa Terra”, que atuou como subsecretária de cultura da cidade de Caxias em 2004, já chega saudando os mais velhos que fazem parte da sua ancestralidade. Comunica ao srº Ministro que há, no Parque Fluminense, um Terreiro de Candomblé em processo de tombamento. E apresenta sua família, presente na Roda de Conversa.
Antônio Carlos, diretor da Biblioteca Municipal Leonel de Mora Brizola, dirige-se ao ministro dizendo:
“Duque de Caxias é uma das cidades com maior força das Bibliotecas Comunitárias da Baixada Fluminense e do Rio de Janeiro. Eu sou fundador da Biblioteca Comunitária Solano Trindade, e venho te cobrar, Juca, desde 2008 quando houve o ano do centenário, a gente te cobrou lá em Mesquita. Você falou: ‘o centenário passou em branco do Solano e a gente tem uma dívida’. Então a dívida continua. Caxias luta através do seu legado, da sua história. Com a própria história do Solano, tentar resgatar um pouco dessa dívida. A Biblioteca Comunitária Solano Trindade junto com outras bibliotecas comunitárias vem batalhando pra tentar levar a literatura cada vez mais à espaços onde o acervo não chega, onde a elite não consegue entender que se faz literatura. A gente tem trabalhado aqui para abrir espaços informais, não convencionais que se faz literatura”.
Antônio Carlos reivindica que as bibliotecas sejam reconhecidas, não só as públicas, mas as comunitárias que vêm trabalhando para levar literatura, leitura e fomento à lugares que nunca chegou esse tipo de trabalho. Após sua reivindicação, deixa registrado que o Ministério da Cultura foi a primeira entidade a reconhecer a Biblioteca Comunitária Solano Trindade no Cangulo. Finaliza sua participação lembrando do protagonismo da Baixada Fluminense nesse processo. Para complementar a polêmica dentro das políticas públicas do livro, leitura e literatura, foi fundamental a narrativa emocionada de dona Maria Chocolate, de Saracuruna.
Como citado anteriormente, a lista é enorme dos representantes que estavam presentes. O encontro foi uma verdadeira aula de cidadania novamente para os representantes do Governo Federal, mas também para o Governo Estadual e Municipal que estiveram presentes na Roda de Conversa, construída pela sociedade civil organizada, onde houve uma participação expressiva de alguns municípios, mas infelizmente, de acordo com a presença confirmada aos organizadores, não havia representantes dos 13 municípios.
Para que esse texto não fique deveras cansativo ao leitor, acredito ser melhor conclui-lo. Porém, é possível que os relatos aqui expostos possibilitem no imaginário do leitor a magnitude dessa Roda de Conversa na Baixada Fluminense. Esse é um trabalho que muitos ativistas culturais da região já vêm realizando há muito tempo na prática, com ações nos pontos de cultura, centros culturais, terreiros, escolas de samba ou nas Ruas. Mesmo assim, ao que tudo indica, o processo de diálogo está apenas reiniciando.
Para finalizar lembro que a construção para recepcionar os representantes do Minc foi colaborativa, feita através de reuniões abertas no Ponto de Cultura Lira de Ouro e o evento teve transmissão ao vivo, via internet, pela equipe do Dunas Filmes.
Referências Bibliográfica:
BRASIL, Lei nº 13.018, 22 de julho de 2014. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13018.htm>. Acesso em: 06 de agosto de 2015.
HAESBAERT, Rogério. Da Desterritorialização à Multiterritorialização. In: Encontro de Geógrafos da América Latina, 10., 2005, São Paulo. Anais… São Paulo: USP, 2005.
SANTOS, Milton. Espaço e Método. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2012.
SILVA, Maria Lais Pereira da. O QUE É FAVELA, AFINAL? Org. Jailson de Souza e Silva – Rio de janeiro: Observatório de Favelas, 2009.
Na manhã do dia 31 de julho, o rapper Dudu de Morro Agudo recebeu a visita do secretário de cultura de Queimados, Marcelo Lessa, em seu escritório.
O motivo da visita foi entender o trabalho que o Movimento Enraizados já vem desenvolvendo, através do hip hop, com a juventude da Baixada Fluminense. DMA apresentou o projeto #RapLAB, cujo a metodologia é uma prática de educação não-formal, que utiliza o rap como ferramenta para discutir questões ligadas ao dia a dia dos jovens, desenvolvendo habilidades de apurar a compreensão do mundo à sua volta e ler criticamente a informação que recebem.
Marcelo Lessa falou sobre as dificuldades de se captar recurso para e região e de apoiar a cultura de base, mas que está empolgado com 1ª Feira de Artesanato, Cultura e Gastronomia de Queimados, que vai acontecer nos dias 18, 19 e 20 de setembro, no Ginásio Público Municipal.
Conversaram sobre a visita do Ministro da Cultura, Juca Ferreira, à Baixada Fluminense, na proxima quarta-feira, dia 05 de agosto, e sobre futuras parcerias.
O Secretário levou cópia do projeto #RapLAB para analisar, enquanto DMA espera poder realizar o projeto em parceria com as escolas municipais de Queimados.
Hoje, terça-feira (13 de janeiro), um dia após a cerimônia de sua posse, o então Ministro da Cultura Juca Ferreira, recebeu uma caravana do Rio de Janeiro formada por aproximadamente 40 pessoas, para um papo que certamente enche de esperança todos os fazedores de cultura do Estado.
Através da fotografia publicada e compartilhada por boa parte dos presentes na reunião, pode-se notar a diversidade de regiões que estiveram por lá, como Jovem Cerebral (Pavuna/Zona Norte), Leandro Santana (Queimados/Baixada Fluminense), Fábio Ema (São Gonçalo) e Binho Cultura (Bangu/Zona Oeste), além de Junior Perim, Marcus Faustini, Jailson de Souza, Joana Henning, Ivana Bentes (atual Secretária de Cidadania e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura), entre outros importantes artistas, produtores e fazedores de cultura do Estado.
Durante todo o dia pudemos acompanhar postagens animadoras dos participantes, como estas:
Nós – o Rio de Janeiro, com Juca Ferreira, no Ministério da Cultura. Excelente papo!!! O próximo papo é um encontro na Cidade para juntar mais gente. Junior Perim
Produtores, artistas e agentes culturais do Rio em reunião com Juca Ferreira. Marcus Faustini
Encontro do Ministro Juca Ferreira com o Coletivo de Gestores Culturais, Produtores e Artistas do RJ, muita energia Positiva e conexões de idéias! #VemCoisaBoaPorai#JucaMeRepresenta! Jovem Cerebral
Pelo menos 40 artistas, produtores e fazedores de cultura do Rio de Janeiro, reunidos agora com o Ministro da Cultura, Juca Ferreira. Sua primeira agenda pós o dia da posse. Junior Perim
Vem pra Baixada Fluminense pois sua antecessora furou 3x e vamos tirar do papel “Minha Sede Minha Vida” #ProntoFalei Leandro Santana
Com certeza, a posse de Juca Ferreira é uma ponta de esperança para a descentralização dos recursos da cultura e quem sabe as instituições e atores da Baixada Fluminense poderão sonhar com dias melhores para suas realizações.
Hoje, segunda (12/01) é o dia da posse de Juca Ferreira no Ministério da Cultura. Diversos representantes da cultura carioca – e nacional – foram para Brasília participar do ato. Porém, uma outra notícia – tão boa quanto – pegou muitos de surpresa.
Ivana Bentes publicou no seu perfil no facebook que recebeu um convite do próprio Ministro para assumir a Secretaria de Cidadania e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura.
Veja abaixo o post de Ivana, na íntegra:
Amigos é com grande prazer que recebi e aceitei o convite do Ministro Juca Ferreira para assumir a Secretaria de Cidadania e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura. Trata-se de um desafio e uma honra encabeçar a Secretaria que elabora e executa o Programa Cultura Viva uma das maiores inovações em políticas culturais do Brasil e que criou os Pontos de Cultura.
Não poderia haver circunstância mais feliz para aceitar esse convite do que a volta do Ministro Juca Ferreira, que toma posse hoje aqui em Brasilia. Acompanhei as políticas do MinC como elaboradora no campo de Comunicação, como participante da rede dos Pontos, com a implantação do Pontão de Cultura Digital da ECO/UFRJ, desde 2009, como Diretora da Escola de Comunicação (de 2006 a 2013) quando implementamos o Laboratório Cultura Viva e o Laboratório de Polícas Públicas da Cultura entre tantas ações, seminários, encontros, mobilizações.
Muito me orgulha ter aberto uma instituição pública, a Escola de Comunicação da UFRJ, para o ativismo cultural e os novos movimentos: as redes de midialivre, os coletivos e redes das periferias, a cultura digital.
O que mais me entusiasma, é poder contribuir, mesmo em um cenário político hostil, para uma virada de imaginário, a partir da cultura.
A cultura não é “luxo” nem “exceção”, é o modelo de mutação do trabalho precário em potência e vida. Nesse sentido, a cultura hoje é um processo transversal que impacta nas formas de produção de valor em todos os demais campos.
Não tem como pensar cultura separado de Comunicação e Midia também. A cultura, no seu viés antropológico, precisa de narrativas para circular, de linguagens.
O MinC de Juca Ferreira traz esse novo entendimento: que podemos, partindo da cultura, repensar questões decisivas como a valorização, apoio, sustentabilidade e ampliação da política dos Pontos de Cultura, dos Pontos de Cultura Indígenas, ações de formação dos movimentos urbanos, novas redes de produção audiovisual, de mídia, dos povos tradicionais, cultura digital, as linguagens urbanas e das artes.
Nem folclore engessado (o típico, o turístico e exótico), nem indústria cultural, simplesmente. O MinC pode e precisa se reconectar com o Ministério da Cultura com a a Educação, Comunicação, com os novos processos das redes e ruas, em que as cidades são os novos laboratórios de políticas públicas. . Não será fácil, a luta dos movimentos da cultura está no cerne de uma dura disputa, de um embate vital, de interesses que conspiram contra a vida e contra a imaginação, mas é daqui mesmo, do Plano Piloto e do Eixão Imaginário, que vamos encarar esse embate. Da Diversidade e “Da adversidade vivemos!” (Hélio Oiticica).
Estamos no front, acredito que é possível lutar de qualquer lugar, de dentro e fora da Universidade, de dentro e fora dos Estados, de dentro e fora dos movimentos.
Conto com todos vocês nessa nova etapa de uma construção coletiva!