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  • A revolução sonora da Rocinha: A história da equipe Status Disco Dance e os bailes que transformaram uma geração

    A revolução sonora da Rocinha: A história da equipe Status Disco Dance e os bailes que transformaram uma geração

    Introdução

    Na vastidão da Rocinha, maior favela da América Latina, uma revolução cultural e musical teve início em 1978, impulsionada pelo som que ecoava das caixas de som da Status Disco Dance.

    Fundada por Ricardo Pereira e seu parceiro Paulo Roberto, conhecido como Beto, a Status Disco Dance não só embalou a vida de milhares de jovens da comunidade, mas também deixou uma marca permanente na história dos bailes populares cariocas. Essa matéria busca resgatar a memória de uma época em que a música, os encontros e a comunidade se uniram para criar um legado que perdura até hoje.

    Rocinha em 1979

    O Início da Jornada

    A história da Status Disco Dance começa com a visão de Ricardo Pereira, que aos 20 anos decidiu criar uma equipe de som que pudesse trazer para a Rocinha o mesmo tipo de som que fazia sucesso nos bailes do Rio de Janeiro. “A Status Disco Dance foi criada em 1978,
    para ser mais exato. Começamos devagar, fazendo as coisas bonitinho. Inicialmente, chamava-se Status Discoteque, mas depois trocamos para Status Disco Dance”, relembra Ricardo.

    O objetivo era claro: levar para a favela o que de melhor havia na música, criando uma alternativa de lazer para os jovens que enfrentavam a dura realidade de viver em uma das áreas mais carentes do Rio de Janeiro.

    Status disco dance 3 Junho de 1984

    Status disco dance – Paulo Roberto (O Beto) em maio de 1981. Salão de Festas no Alto da Boa Vista

    A Criação da Equipe

    O contexto em que a Status Disco Dance nasceu não poderia ser mais desafiador. A Rocinha, conhecida por sua densidade populacional e pela falta de infraestrutura, era também um caldeirão de cultura e resistência.

    “A ideia de criar uma equipe partiu de mim e de um amigo que tenho até hoje, o Paulo Roberto, que a gente chama de Beto. Ele sugeriu: ‘Vamos fazer a nossa equipe, porque o som que está tocando aqui não é o som que toca nos bailes lá fora’. Foi aí que começou a mudança”, explica Ricardo.

    A partir dessa decisão, a dupla começou a construir o que se tornaria uma das mais icônicas equipes de som da história da favela.

    24 de junho de 1986 no antigo barracão do Império da Gávea

    Julho de 1986 – Colégio Paula Brito

    Julho de 1986

    Os Primeiros Passos e os Desafios

    Construir uma equipe de som de sucesso não era uma tarefa fácil. Ricardo e Beto enfrentaram inúmeros desafios, desde a compra de equipamentos até a criação de uma identidade sonora que se destacasse. “Meu único parceiro no desenvolvimento da equipe foi o Beto. Fizemos tudo sozinhos: criamos, compramos materiais, e organizamos os bailes”, conta Ricardo.

    Para garantir que os bailes da Status se diferenciassem, a dupla frequentava regularmente o malódromo, um ponto de encontro icônico no centro do Rio de Janeiro, conhecido por ser o lugar onde os maiores DJs e donos de equipes de som do país adquiriam seus discos importados.

    O Malódromo: O Coração da Música Importada

    Nos anos 80, o malódromo, localizado nas proximidades do Largo da Carioca, no Rio de Janeiro, era o epicentro do comércio de discos importados no Rio de Janeiro. Ali, vendedores como Machado, mais conhecido como DJ Nazz, operavam verdadeiras lojas a céu aberto, vendendo discos diretamente do chão para quem chegasse primeiro.

    Ricardo relembra a intensidade dessas visitas: “Eu corria muito atrás dos discos. Trabalhava numa empresa e, no meu horário de almoço, ia para as lojas pesquisar”, destaca. Esses discos, que vinham de lugares como Miami e Nova Iorque, eram essenciais para manter a qualidade e a inovação musical dos bailes da Status.

    Esquema de auto-falantes e carimbos da Status Disco Dance.

    O Impacto dos Bailes na Comunidade

    Os bailes da Status Disco Dance rapidamente se tornaram o ponto de encontro preferido dos jovens da Rocinha. Naquela época, a violência e a falta de opções de lazer faziam dos bailes uma válvula de escape crucial. “Naquela época, a Rocinha passava por muita violência e não havia muito o que fazer. A única opção era ir ao baile.

    Os bailes da Rocinha eram tão bons que até hoje encontro pessoas que dizem estar casadas graças ao baile da Status Disco Dance”, diz Ricardo com orgulho.

    Status disco dance

    “Sabe quando uma criança conhece um parque de diversões pela primeira vez? Era assim que eu me sentia na Status Disco Dance”. Ricardo Pereira

    Ricardo Pereira de camisa verde e o DJ Piu, na época o melhor DJ da Rocinha

    Artistas e DJs: A Alma dos Bailes

    O sucesso dos bailes também se deve aos artistas e DJs que passaram pela Status Disco Dance. Além de Ricardo, que comandava as pick-ups, a equipe contava com o talento de DJs como Piu, que era considerado um dos melhores do Rio na época.

    “Além de mim, tinha o DJ Piu, que era praticamente o número 3 dos DJs do Rio de Janeiro na época. Convidamos também o Corello DJ, que fez um show maravilhoso para a gente, além de William DJ (Willian de Oliveira) e DJ Marcão”, lembra Ricardo.

    Os bailes também foram palco para apresentações de artistas consagrados como Paralamas do Sucesso, Silvinho Bláu Bláu, Biquini Cavadão, João Penca e Seus Miquinhos Amestrados, entre outros que ajudaram a consolidar a Status como um dos principais centros culturais da Rocinha.

    Dj Piu e seu irmão Kinkas da Rua 2 e DJ Wiliam

    DJ Marcão

    Dj Piu

     

     DJ Willian com a camisa da Status

    Quem conhece Willian de Oliveira, conhece também o Willian DJ. Aos sábados e domingos, ao anoitecer, ele se transformava em carregador de caixas e equipamentos de som da equipe Status Disco Dance. Foi essa dedicação que o permitiu entrar para a equipe e, se
    tornar um DJ, passando a comandar os eventos com maestria. Hoje, Willian é uma grande liderança na Rocinha, respeitado por sua trajetória e contribuição à comunidade.

    A Transição Musical

    Ao longo dos anos, a música nos bailes da Status Disco Dance também evoluiu, acompanhando as mudanças na cena musical internacional. “A transição foi muito boa. Começamos com o som do James Brown nos anos 70, passamos pela discoteque, depois para o funk soul, e finalmente, nos anos 80, para o miami bass”, explica Ricardo.

    Essa transição foi importante para manter a relevância da Status e atrair novos públicos, mostrando a capacidade da equipe de se adaptar às novas tendências e manter a animação dos bailes.

    Rádio Imprensa: O Pulso da Cultura Funk

    A expansão da influência da Status Disco Dance não se limitou aos bailes. A partir de 1984, a equipe conquistou as ondas do rádio com dois programas na Rádio Imprensa, uma das emissoras pioneiras no Brasil a dar espaço ao funk carioca. A Rádio Imprensa, que operava na frequência 102,1 MHz, era uma das FMs mais influentes da época, conhecida por ter sido a primeira emissora em frequência modulada instalada na América Latina.

    “Tínhamos dois programas na Rádio Imprensa, de 1984 a 1988. Um era dedicado às músicas dos bailes da Status, das 22h às 23h, e o outro era um programa de flashback, que ia até meia-noite”, conta Ricardo.

    A Rádio Imprensa, fundada em 1955, desempenhou um papel crucial na popularização do funk e de outras vertentes musicais na cidade, abrindo suas portas para locatários como a Status Disco Dance e a própria Furacão 2000.

    O impacto desses programas foi significativo, atraindo patrocínios e consolidando ainda mais a reputação da equipe na Rocinha. “Esses
    programas ajudaram a divulgar os bailes e a fortalecer a marca da Status Disco Dance. Comerciantes locais até queriam que a gente fizesse propaganda para eles”, relembra Ricardo.

    O Fim de uma Era

    Em 1992, Ricardo tomou a difícil decisão de vender a Status Disco Dance, marcando o fim de uma era na Rocinha. “Decidi vender a equipe em 1992. Tinha família e nunca dependi da Status para sustentar meus filhos. Fazia o som como hobby, mas estava vendo meus filhos
    crescerem sem a figura do pai. Por isso, decidi vender tudo”, explica.

    Apesar disso, o legado da Status Disco Dance na Rocinha, continuou a viver através das memórias de quem participou dos bailes. “Até hoje, quando eu vou na Rocinha, encontro pessoas que dizem que conheceram suas esposas nos nossos bailes e estão casadas até hoje”, comenta Ricardo.

    Reflexões Finais

    Olhando para trás, Ricardo Pereira se emociona ao relembrar os momentos vividos com a Status Disco Dance. “Sabe quando uma criança conhece um parque de diversões pela primeira vez? Era assim que eu me sentia na Status Disco Dance”, diz ele.

    A história da Status é um testemunho do poder transformador da música e da cultura popular, especialmente em comunidades como a Rocinha, onde o acesso a espaços de lazer e cultura sempre foi limitado. Hoje, ao revisitar essa trajetória, é possível entender a importância desses movimentos culturais para a formação da identidade de gerações inteiras.

    A história da Status Disco Dance é, acima de tudo, uma história de resistência, criatividade e amor pela música. Ricardo Pereira e Paulo Roberto, com sua visão e determinação, criaram mais do que uma equipe de som; eles criaram um movimento que ressoou por toda a Rocinha e deixou uma marca profunda na cultura popular carioca.

    Para os jovens de hoje, especialmente aqueles que fazem parte da cena do funk e do hip hop, essa é uma história que merece ser conhecida e celebrada, pois é parte fundamental das raízes culturais que ainda sustentam a música nas periferias do Brasil.

    O legado da Status Disco Dance continua vivo, não apenas nas lembranças dos que viveram aquela época, mas também na inspiração que oferece às novas gerações que buscam, através da música, um caminho para transformar suas realidades.

  • Racional e Enraizado: Caminhos para a Libertação através do Hip Hop Brasileiro

    Racional e Enraizado: Caminhos para a Libertação através do Hip Hop Brasileiro

    Nova Iguaçu, 2 de novembro de 2023 – O Hip Hop brasileiro tem desempenhado um papel crucial na promoção da liberdade e na amplificação das vozes das comunidades marginalizadas ao longo das últimas décadas. Para explorar esse fenômeno transformador, um painel especial intitulado Racional e Enraizado: Caminhos para a Libertação através do Hip Hop Brasileiro será realizado no Edifício da Sala de Aula 135, no Campus Leste da Universidade de Duke, nos Estados Unidos, no dia 13 de novembro de 2023, das 11h45 às 13h.

    Organizado pela equipe de estudantes de pós-graduação e graduação da Bass Connections, este evento extraordinário destacará duas influentes entidades do cenário hip-hop brasileiro: os Racionais MCs, de São Paulo, e o Instituto Enraizados, uma organização comunitária na periferia urbana do Rio de Janeiro. Os Racionais MCs, recentemente apresentados em um documentário da Netflix, são pioneiros do movimento hip-hop no Brasil, enquanto o Instituto Enraizados tem sido um farol de esperança e conscientização para os jovens que enfrentam desafios como pobreza, racismo e estigmatização.

    O Instituto Enraizados, localizado na periferia do Rio de Janeiro, promove a conscientização racial, social e política em uma região de quatro milhões de habitantes, a maioria afrodescendentes e de classe baixa ou trabalhadora. Por meio de eventos regulares de slam poetry, teatro, uma biblioteca de leitura, instalações de produção de mídia e um curso preparatório para a faculdade, o instituto oferece suporte e educação, servindo como um exemplo inspirador de resistência e superação.

    Este evento é patrocinado pelo projeto “Hip Hop Pedagogies: Educação para a Cidadania no Brasil e nos Estados Unidos”, uma iniciativa da Bass Connections co-patrocinada pela Universidade de Duke e pela North Carolina Central University.

    Para mais informações sobre o projeto, visite o site oficial: https://bassconnections.duke.edu/project-teams/hip-hop-pedagogies-education-citizenship-brazil-and-united-states-2023-2024

    Para consultas adicionais ou entrevistas, entre em contato com:

    John Doe
    Email: jdfrench@duke.edu
    Telefone: (123) 456-7890

    Courtney Crumpler
    Email: courtney.crumpler@duke.edu
    Telefone: (123) 789-0123

    Gladys Martinez
    Email: gladysm@uchicago.edu
    Telefone: (321) 654-9876

    Junte-se a nós para uma exploração envolvente e inspiradora do poder do Hip Hop como veículo para a liberdade e a mudança social. Juntos, podemos continuar a fortalecer as vozes daqueles que buscam a libertação e a igualdade no Brasil e em todo o mundo.

     

  • Gabriel Marinho aposta em suas raízes pretas e lança o single “Kabiecilé”

    Gabriel Marinho aposta em suas raízes pretas e lança o single “Kabiecilé”

    O músico e produtor soteropolitano criado no Rio, Gabriel Marinho, acaba de lançar seu novo single. Gabriel é faz parte da Mondé Produções e Publicações, produtora/selo que vem atuando na área da música, do audiovisual e mais recentemente na produção de eventos.

    Apesar da pouca idade, já trabalhou com grandes nomes do Braza, como Wladimir Gasper, Cabes e Lica Tito e na gringa, também assinou produções de Kyra de Nae (EUA), Folakemi Adelakun (ING) e o nigeriano Ayó da Poet.

    Seu novo single surge justamente da ponte África X Brasil em que o músico busca resgatar as origens e apostar em suas raízes pretas, deixando-as se refletirem na sonoridade do seu trabalho.

    “Kabiecilé”, vem da palavra em Yorubá kabiyesi que é uma saudação para um rei ou obá. No candomblé, legitimamente brasileiro, o orixá Xangô, representante da realeza e justiça é saudado com a expressão “Kawô Kabiecilé”, pois é o rei do reino de Oyó na Nigéria.

    O single também marca o primeiro lançamento do Selo Mondé em 2015. Braço musical da Mondé Produções, coletivo o qual o músico faz parte. A assinatura do coletivo é “NOSSA CULTURA. NOSSO ESPAÇO” e Gabriel Marinho vem buscando assegurar seu espaço dentro da cultura nacional.

    [soundcloud params=”auto_play=true&show_comments=true&color=0ac4ff”]https://soundcloud.com/gabrielmarinho/gabriel-marinho-kabiecile[/soundcloud]

     

  • Brasil, uma nação carente de Rivotril

    Brasil, uma nação carente de Rivotril

    Bem meu povo, encerrado mais um pleito, que com certeza escreveu seu nome na história desse país, o que parecia uma rivalidade típica de futebol, acabou se mostrando uma verdadeira “porradologia”, em qualquer lugar que se ia, desde a condução superlotada, fila de supermercado, e até no lugar mais democrático do mundo, que são os botequins “pé sujo”, os pudins de cachaça ficavam se degladiando como verdadeiros doutores em política.

    Tinha um que dizia a plenos pulmões, “Se me chamar de nordestino analfabeto eu meto a faca no bucho”, e o outro retrucava, “Tu gosta de viver é de esmola, cabra safado, mas trabalhar tu não que não né?”, e dentro do ônibus uma senhora dizia:“não sei em quem votar, mas o que der mais porrada no último debate, leva meu voto”, mas isso não se resume só ao povão não, vi muito pseudo intelectual falando merda, sem ter base nenhuma para seu comentário.

    E as redes sociais, ahh, as redes, nada melhor que elas para externar toda essa loucura e angústia que estava acumulada dentro do peito, desde a cagada da seleção na copa, pessoas que nunca tinham comentado uma vírgula sobre política, criavam um verdadeiro show tosco, com os comentários mais insanos possíveis.

    Basta lembrar do quadro que se formou na Câmara e Senado, e nas Assembleias Legislativas, tem de tudo: Tem: Ladrão (*isso já sabemos), ditador, pastor 171, xenófobo, racista, homofóbico, machista, parece uma festinha na casa do capiroto.

    E para piorar as pessoas estão se desentendendo seriamente a ponto de romper relações de amizade, isso para mim só tem uma leitura, grande parte da nação não, consegue expor o que pensa, mas elege pessoas que levantam essas bandeiras, já se fala novamente em governo militar, separação da nação, isso só acentua uma muralha, mas que agora ficou bem clara que é a guerra de classes, e o mais louco disso tudo é que muita gente da periferia sustenta esse discurso, e nem sabe o porquê, precisamos levar em pauta as discussões sim, botar o país para acelerar e não ficar torcendo contra querendo que tudo se afunde, quem não tiver satisfeito faça como o Cuzão (ou melhor, Lobão) , e meta o pé do país, o que não pode é ficar alimentando um ódio que sempre existiu nas entrelinhas, mas que só estava esperando uma oportunidade para aflorar, então galera: Vamos parar com a frescura, e vamos trabalhar, propor melhorias, e criticar quando for preciso, porque os coxinhas, já estão com o rabo cheio de grana, e para lembrar, sou nordestino, e quem vier de sacanagem, vai ter que entrar no ringue comigo.

  • Governar pra quem?

    Governar pra quem?

    No próximo domingo, dia 26/10/2014 haverá o maior acontecimento da história do planeta, é verdade, também haverá eleição, mas nesse caso eu falo do meu aniversário.

    E nada mais extraordinário do que comemorar um aniversário exercendo o meu papel de cidadão votando em alguém que vai MANDAR no meu bairro, na minha rua com e sem buracos, na minha cidade, no meu bolso, nos hospitais que eu usarei, na escola que o meu filho vai frequentar, na universidade que eu estudo, na polícia que me achaca na rua, no controle da bandidagem que invadiu o meu bairro, no poste que fica em frente a minha casa sem iluminação pública enquanto eu pago 14 reais por mês pra ter direito a essa iluminação, na minha conta de água, de luz, de internet, no gás de cozinha, no combustível do meu carro, em fim, em tudo que se relaciona com a minha vida, porque na minha vida mesmo, quem governa é Deus.

    Eu fiz essa pequena explanação para que as pessoas que votam em qualquer um tentem imaginar o quanto é importante o voto. E para finalizar essa sacodidela, ainda me resta dizer que nas eleições é um dos 2 momentos em que o pobre e o rico se equiparam em valor, todos os dois valem a mesma coisa (um voto), a outra forma do pobre se equiparar ao rico é quando estamos no banheiro e escutamos alguém bater na porta, ambos falamos: “Tem gente!”. Fora isso, somos bem diferentes e é por isso que precisamos prestar muita atenção em quem votamos, porque podemos estar votando justamente na pessoa que vai governar para o outro lado e desfavorecer o nosso, ou melhor, puxar a brasa pra outra sardinha e deixar a gente na mão.

    Eu já escolhi os meus candidatos e usei os seguintes critérios:

    – Não votarei em candidato barulhento que me tiram a paz e sossego do meu silêncio, principalmente se eu estiver na minha casa, o que significa dizer que pode ser o melhor candidato do mundo se passou o seu carrinho de som na porta da minha casa ligado, perde o meu voto.

    – Não votarei em candidato que tornou a minha vida mais perigosa, o que significa dizer que aquele candidato do governo que implantou as UPPs na capital e que por isso os bandidos armados até os dentes, alguns com armas que são maiores que eles, vieram pro meu bairro ou proximo a ele, perdeu o meu voto.

    – Não votarei em candidato que trabalha para uma pequena parcela da sociedade e deixa os pobres morrendo a mingua e fingem com o maior descaramento que trabalha para a “integração nacional”.

    – Não voto em candidato que não respeita a autoridade, porque se ele não respeita a autoridade agora que ele é apenas candidato, quem ele vai respeitar quando estiver no poder?

    – E por último, mas não menos importante, não votarei em candidato que não respeita as mulheres, eu fui criado por minha avó que me ensinou a respeitar as mulheres simplesmente pelo que elas são, criaturas mais frágeis fisicamente que os homens, mas com grande força moral, intelectual e sensibilidade, além de ter o dom divino da maternidade que é o veículo pelo qual todos nós, bons ou ruins, baixos e altos, ricos e pobres, independentemente de credo, raça ou costume, viemos ao mundo. Isso inclui, agressão verbal, moral e física, e no caso da física, o meu asco é particularmente maior.

    Desta forma acho que me sobraram raríssimas opções. Mas, mesmo assim eu consegui escolher as minhas opções e só não vou falar aqui nessa coluna porque não é o veículo apropriado para isso.

    Grande abraço.

    Boas eleições.

    E não se esqueça do meu presente… 😮

  • Eleição não muda nada

    Eleição não muda nada

    Um ano após o advento de junho de 2013, chegamos às eleições. Para muitos, o dia 05 de outubro seria o dia em que mudaríamos o futuro do Brasil; ou para melhor ou para pior.

    Esse clichê de que o destino do país está condicionado às urnas, penso eu, é uma grande falácia. Não amigos, no dia 05 de outubro não decidimos o futuro do Brasil, nem mesmo no dia 26, quando teremos o segundo turno. Votar é apenas um passo.

    Não temos nenhum candidato messiânico que solucionará todos os problemas da nação. A mudança é feita no coletivo. Nossa democracia representativa nos lobotomizou (ou fomos lobotomizados). Achamos que dez segundos diante de uma urna é tudo que devemos fazer. Absurdo!

    É preciso ir além.

    No dia 05 foi o que iniciamos um contrato de experiência com nossos representantes. Se eles ficarem aquém do esperado, devemos demiti-los, e não precisamos esperar quatro anos para isso. Exercemos nosso direito. Façamos barulho. Contudo, não adianta ir para as ruas e depois reeleger fichas sujas e descendentes dos velhos coronéis, como no caso do Rio, onde Pezão, vice do Cabral durante quase oito anos, segue liderando as pesquisas.

    O problema é que somos péssimos patrões. Não sabemos cobrar e tão pouco acompanhar nossos empregados. Vivemos a embriaguez do sucesso, suportando tudo a base de pão e circo.

    Então, caro leitor, entendamos que a eleição é apenas um importante passo para dias melhores, mas sua responsabilidade não se encerra nas urnas. Se você não fiscalizar o empregado, depois não vai adiantar reclamar do prejuízo ao seu bolso.

    Vote consciente.

    Marcello Vieira

  • O início do Hip-Hop brasileiro em 15 minutos

    O início do Hip-Hop brasileiro em 15 minutos

    Em 15 minutos, você saberá mais sobre o início do Hip-Hop no Brasil e todo o movimento de danças urbanas que surgiu na Rua 24 de Maio em São Paulo, que foi o embrião do grande “BOOM” da cultura em nosso país e que levou o movimento até a estação do metrô São Bento.

    Esse é o “Marco Zero”, um documentário de Pedro Gomes, onde artistas como Nelson Triunfo, Pepeu, DJ MC Jack e outros artistas contam a história do início do Hip-Hop no Brasil.

    Assista agora:

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  • Novo disco de Dudu de Morro Agudo e Átomo: 5INCRONIA, foi gravado dentro de casa e em uma semana

    Novo disco de Dudu de Morro Agudo e Átomo: 5INCRONIA, foi gravado dentro de casa e em uma semana

    Os rappers Dudu de Morro Agudo (35) e Átomo (37) se conhecem a mais de 14 anos, juntos tem quase 40 anos dedicados à cultura hip hop, moram em Morro Agudo – Nova Iguaçu (RJ), já assinaram diversas músicas em conjunto com outros MCs, porém em poucas somente os dois rimam.

    Segundo eles a falta de tempo de ambos impossibilitava a parceria, contudo sempre conversavam – nos tempos vagos – sobre novas composições e experimentações.

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    Átomo e Dudu de Morro Agudo compondo.

    Átomo faz parte do grupo de rap evangélico U-SAL e já gravou dois álbuns solo, um de seu grupo e um de seu alterego Impune. Já DMA participa do coletivo de rimas #ComboIO e já gravou um disco com o grupo e um disco solo, além de ter produzido diversas coletâneas.

    Baseado nesse histórico de muito talento e falta de tempo, eles decidiram gravar – de forma rápida – um disco totalmente experimental, se desprendendo dos dógmas do hip hop. A ideia era que fosse uma maratona musical. Fazer um disco em uma semana, dentro de casa, do conceito até a masterização. Assim nasceu o projeto DMÁtomo.

    5incronia

    O disco mais recente do projeto se chama 5incronia, conta com cinco faixas, onde o título de cada track faz referência ao número 05, brincando com – desrespeitando – a forma de escrita, e ao mesmo tempo dando norte para composição, como podemos conferir abaixo.

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    Capa e contra-capa do álbum.

    01 – Intrin5 (intrínseco);
    02 – 5pe (síncope);
    03 – P5délico (psicodélico);
    04 – 5instância (circunstância);
    05 – 5incronia (sincronia).

    Cada trecho do disco deixa uma mensagem, as letras passeiam entre o objetivo e o metafórico, entre histórias e poesias, onde os rappers tentam se encontrar no inconciente da arte, transformando o conteúdo de uma viagem dupla em um álbum conceitual.

    Um ponto alto neste disco são as sensacionais produções, onde os rappers fazem questão de não desfigurar os samples, mantendo seu formato original, mexendo apenas nos BPMs e colocando o peso que dá ritmo ao som.

    Neste disco foram utilizados os samples abaixo, respeitando a ordem das tracks:

    A song about love – Cosa Brava;
    O moço pobre – Waldick Soriano;
    Mixturão – Walver Franco;
    Eu e Deus – Marcelo Peregrino;
    Walking – Waltel Branco.

    A capa do disco também é um conceito desenvolvido pelos rappers, se você não entender algo, pergunte, eles terão prazer em explicar, inclusive após o lançamento do disco, gravarão um vídeo por semana, explicando o processo de produção de cada música.

    Saiba mais:

    Para baixar o disco: DMÁtomo ::: 5INCRONIA

    No facebook: https://www.facebook.com/dmatomo
    Dudu de Morro Agudo – dududemorroagudo@gmail.com
    Átomo – oatomo@ymail.com

    Álbum anterior: “DMÁtomo ::: De 2ª à 6ª”

     

  • Balada da Democracia

    Balada da Democracia

    Com meus poucos 25 anos de vida, sempre achei o período de eleições algo  tão estranho, badtrip e “nada a ver” quanto a prisão de Rafael Braga está sendo. Hoje, ao longo um algumas reflexões, fui vendo que essa saga dos candidatos (chamada também de festa da democracia) se coloca e se vende realmente como uma balda onde até o Carlinhos Brown participa. Aqui embaixo pontuei algumas questões que me fazem ter esse pensamento.

    *As Damas do Sampling : As damas tão lá, mas não de graça! E muito menos por ser “mulher da vida”! Mas a missão é dar bandeiradas, entregar santinhos e colar adesivos no seu carro (com o supervisor vigiando a alguns metros de distância). Toda a balada de super produção tem o sampling rolando, anunciando qual é o papo do candidato, ou muita das vezes só jogando na cara algo que diz ter feito, tipo os mil candidatos que dizem ter criado a “lei seca” ou “ficha limpa”.

    sampling

    *Camarote VIP: O tão disputado nos bailes também o é na corrida eleitoral. Nesse caso, o camarote é o famoso trio elétrico ou palanque, usado para  grandes multidões. Futuras primeiras damas, agentes de campanha, aliados e demais personagens da Balada da Democracia querem estar lá as vistas do povão, tirando onda de cordão de ouro com muito Whiskey e Red Bull!

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    *Maquiagem/PhotoShop: Em grande excesso que você até não reconhece quando vê o candidato ao vivo. Aqui um antes e depois para ilustrar!

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    *Filas: Tradicionais em qualquer lugar de concentração de massas também estarão presentes na maioria das zonas eleitorais! Assim como fila de banheiro químico no carnaval!

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    *Música: Presente em todas as festas, é um dos 4 motivos principais para se ir a uma festa (os outros 3 são valor da bebida, valor da entrada e público). Na nossa análise, vem disfarçada de jingles chicletes que geralmente são os hits do verão 2014!

    Ainda não ouvi nenhum do “Lepo Lepo”, mas já vi Anitta! Acho que não tem Naldo, ele tá em baixa.

    música

    *Flyer: Santinhos, santinhos e mais santinhos pelo chão com candidatos de todos os partidos que se pode imaginar!

    PS: Nenhum deles vem limpar no dia seguinte!

    PS²: Pense bem em quem você vai votar! (ou não votar!)

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    Mas vamos falar de coisa boa!

    Russo Passapusso lançou seu 1º disco solo e tem uma canção que cai bem a calhar com tudo isso que escrevi!

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  • Cidadania Tupiniquim

    Cidadania Tupiniquim

    A maioria dos brasileiros associa diretamente a cidadania a torcer pela seleção brasileira, mas se esquecem de que cidadania está intimamente ligado a ação de fazer e não de ficar de longe torcendo pra alguma coisa dar certo. Muitos até criticaram e me olham torto porque eu não consegui torcer pela seleção nessa copa, como se eu fosse menos cidadão por causa disso.

    Mas será que ser cidadão se resume a torcer por uma seleção brasileira que ganha milhões de reais por jogo e não faz nenhuma caridade pra ninguém? Porque eu tenho que torcer pra fulano fazer um gol, se a cada jogo ele fica mais milionário enquanto o tiozinho da esquina passa fome e nenhum jogador oferece um prato de sopa pra ele? Não estou dizendo de obrigações, ou seja, eu não estou dizendo que os jogadores ou as seleções tem o dever de fazer isso, mas eu também não me sinto devedor de nada nem de ninguém por não torcer por seleções alguma, nem sou menos cidadão por isso. Simplesmente não fico feliz de ter tantos gastos estrondosos e superfaturados com obras de estádios infraestruturas de jogos que não servem na prática para atender o cidadão enquanto que várias prioridades estão sendo jogados no lixo.

    Construiu-se BRTs que levam o torcedor ao estádio, mas não melhoraram a infraestrutura de trens que levam e trazem o trabalhador todos os dias no eterno trajeto de casa para o trabalho e vice e versa. Ruas esburacadas, micro e pequenas empresas, que são quem mais empregam pessoas e por conseguinte, mais distribuem renda, não são prioridades pelos governos, os bairros operários, são esquecidos enquanto que se embeleza mais ainda o que já é belo e atrai turistas do mundo inteiro.

    Porque eu vou torcer pra ganharmos os jogos nos esportes enquanto que no jogo democrático nós perdemos de goleada pra dobradinha antidemocrática (Empreiteiros vs políticos), que nos fazem de IDIOTAS com letras bem grandes e garrafais?

    Porque durante as eleições eu não consigo tirar um cochilo de tarde na minha casa com o barulho ensurdecedor dos carros de som dos políticos que ficam azucrinando a minha vida e da minha família com seus dingos, muitas vezes roubados ou plageados de músicas conhecidas do grande público? Porque o TRE fecha os olhos para isso tudo? Porque o cidadão não quebra essa merda toda e recomeçamos novamente uma nova democracia? Por que, por que, por que…. por que eu me pergunto tantos porquês, se de fato o cidadão não consegue diferenciar cidadania de torcida organizada, se o que realmente interessa é acreditar no jornal nacional e imitar a novela das oito?

    E porque eu continuo escrevendo posts como esse se de fato eu não vejo no meu cotidiano resultados práticos de mudanças nessa estrutura democrática viciada?

    Não tenho nenhuma resposta que venha de mim, apenas imagino que um dia, o gigante vai acordar de verdade e então seremos capazes, não de lutar pondo as nossas vidas e nosa saúde em risco, mas de escolher melhor os nossos candidatos, votar, vigiá-lo e cobrá-lo para que ele realmente cumpra o que prometeu e nos represente de verdade sem fingir que está do nosso lado.

    Enquanto votarmos em qualquer um, e nos omitirmos do jogo democrático, NUNCA mudaremos nada em nosso país. Os Robin Hoods às avessas que sugam o Estado continuarão roubando dos pobres e entregando aos ricos.

    Não se engane, ninguém se isenta de culpa por não votar, nem votar em branco ou anular o voto. Escolha um lado, se não conseguir escolher o melhor, escolha o menos ruim, VOTE E VIGIE o seu candidato pra ele não fazer merda depois de eleito, ou pelo menos ter medo de fazer merda pois sabe que será punido, pelo menos na próxima eleição. Chega de ingenuidade política.

    Me despeço com uma frase super conhecida de Albert Einstein, um dos mais célebres cientistas que o mundo teve o prazer de receber:

    “Insanidade é fazer a mesma coisa diversas vezes esperando resultados diferentes”

    Não seja insano, não deixe a decisão nas mãos de pessoas inescrupulosas participe do processo democrático, pois não existe lugar no mundo que não tenha um Estado sobrerano naquele terrítório, ou seja, sempre estaremos sujeitos a um processo de governo. A democrácia é um deles e é o que vigora nessa terra de cidadania tupiniquim que moramos. A sua decisão interfere diretamente na minha vida, lembre-se disso antes de fazer merda na urna!

    Reflita no refrão da música do Costa a Costa: O problema é seu. O mundo é nosso. Então, o que nós vai fazer sócio?

    Sorte sempre!