Esse foi o tema discutido no Rio de Encontros, na última terça-feira (27). A equipe conseguiu reunir três convidados distintos para discutir com os jovens sobre “Como o Rio vota? Política, representação e redes sociais”. Como provocadores do debate, o cientista político José Eisenberg, o antropólogo Cláudio Gama, diretor do Instituto Mapear, e o jornalista político Alexandre Rodrigues, do jornal O Globo foram essenciais para esquentar essa troca de ideias numa terça-feira fria.
A princípio de conversa, cá entre nós, me diga quantos jovens estão realmente interessados em falar sobre política neste atual momento que o Brasil passa? Estamos prestes à completar 1 ano dos protestos de Junho de 2013, um fenômeno que ainda não consegue ser entendido por boa parte dos cientistas sociais; e, às vésperas da Copa do Mundo, grande evento que acontecerá em nosso país, com ou sem protestos, onde os olhos de todo o mundo estão voltados para cá.
Curtindo e compartilhando
Alexandre Rodrigues abriu o bate-papo falando sobre a necessidade da sociedade em se comunicar com os candidatos, incentivar a participação e a interação; e que redes sociais como o Facebook são são ótimas para tal coisa, mas fica claro de que ainda existe a falta de entendimento de boa parte dos políticos para com essa questão.
“As pessoas confiam no amigo do Facebook, o que abre a possibilidade de credibilidade. Por outro lado, há o risco da informação errada compartilhada desordenadamente”, afirma.
Um bom exemplo dessa informação errada e ‘desordenada’ é o fato de muitas vezes, os políticos terem uma equipe que fica responsável por suas publicações nas redes e por falta de conhecimento de determinada coisa, acabam reduzindo essa credibilidade à zero. Isso me faz lembrar de uma foto compartilhada na página do Senador Lindberg Farias, em comemoração ao dia da Baixada Fluminense (30 de Abril), sendo que a foto em questão, tinha a igreja da Penha como plano de fundo… What a fuck? Após algumas pessoas que acompanham a página do Senador terem informado sobre o erro, o post foi deletado, mas você pode vê-lo clicando aqui, porque a zoeira não tem limites.
Mudança de perfis
Cláudio Gama se preocupa com o vazio dentro das discussões políticas entre a classe média que reside na Zona Sul, e ressalta que ainda não há interesse em saber o que está sendo feito e o que não está; mas na hora de criticar algo, há apenas uma retórica em criticar por criticar. Cláudio afirma com convicção de que essa ideia de que ‘formador de opinião’ é um grupo formado apenas por intelectuais de classes mais altas já foi por água abaixo. A prova viva é que os jovens que participam do Rio de Encontros, são formadores de opinião e, em sua grande maioria, são moradores da periferia do Rio de Janeiro.
Papo reto
Se tinha alguém dormindo durante o debate, tenho certeza de que acordou ao escutar José Eisenberg falar. Foi um choque de realidade em todos que participavam do encontro. Fazendo menção à Junho de 2013, José deixa claro, que o perfil das pessoas que participaram daquelas manifestações é formado por jovens universitários, em sua maioria; ficou claro que hoje o ensino superior está muito mais acessível do que há anos atrás para as classes não altas; mas no Brasil, maior grau de escolaridade ainda não é sinônimo de aumento de renda:
“O prêmio salarial vem caindo e o acesso à educação não leva à mobilidade social através do mercado de trabalho Assim, de um lado, há a expectativa frustrada dos pais. Do outro, a frustração dos filhos”, afirma o cientista político.
Beijinho no ombro
José ainda afirma que o “Rio é recalcado”; e trás consigo um sentimento de que foi ‘abandonado’ quando deixou de ser a capital do país; e que não há uma ‘grande maioria’ que gosta de partidos no Rio, as pessoas se identificam com este ou aquele candidato; e José também ressalta as manifestações pelas ruas. Será que elas têm a função de distanciar a sociedade da política ou de distanciar a sociedade do modelo político vigente? Fica essa dúvida no ar.
Eu tirando uma fotinho da hora pra postar no Insta.
Mas e a Baixada?
Senti que o debate focou muito no município do Rio; e a Baixada Fluminense traz consigo uma forte expressão eleitoral; e que na maioria das vezes é uma das regiões, que decide boa parte das eleições. Tive a oportunidade de falar e afirmei que existe sim uma política de comabate ao tráfico de drogas nas comunidades, mas não existe uma pauta de políticas de segurança pública para o combate às milícias.
Hoje milícias atuam em diversas regiões da Baixada Fluminense, trazendo consigo o retorno do ‘voto de cabresto’ e que, infelizmente o Estado parece não se preocupar e/ou não se importar; a não ser quando começa a doer no calo de alguém que esteja no poder, ponto.
Em minha humilde opinião o debate foi esclarecedor e de extrema importância para refletir acerca do meu exercício de cidadania; além de me ajudar a pensar em quem irei votar.
Concorda, discorda, ou disconcorda? Não deixe de comentar!
Hoje, ao ler meu livro de cabeceira me deparei com a seguinte frase de Charles de Gaulle: – A política é uma coisa séria demais para ser deixada nas mãos dos políticos.
Foi inevitável lembrar dos encontros que tive com alguns dos principais representantes políticos de nosso país. Como estamos muito próximos das eleições de 2014, resolvi que este seria o tema da minha nova coluna, onde pretendo – sem medo ou algum receio – explanar minha experiência, minha opinião, minhas alegrias e decepções, costurando meu texto com a frase do amigo Charles.
Prontos para a viagem? É longa!!!
Quero começar dizendo que não sou filiado, ligado ou tenho simpatia por nenhum partido político específico, apenas desempenho meu papel de cidadão, pois a política é uma coisa séria demais para ser deixada nas mãos dos políticos.
Alessandro Buzo (SP), Lindberg Farias, DMA e Dumontt
Acho que o primeiro político com maior relevância que tive contato foi com o Lindberg Farias (PT), quando o mesmo era prefeito em Nova Iguaçu, os outros que me procuravam eram sempre vereadores pedindo votos na época de eleição ou pedindo para eu fazer alguma música, é importante frisar que sempre neguei. Achava diferente o fato do Lindberg estar presente nos lugares diversos, trocar ideia, abraçar o povo. Parece um comentário bobo, mas isso ainda não é normal fora de época de eleição ou inauguração de alguma obra.
Ele sempre me recebia para ouvir minhas dezenas de reclamações, “quase” sempre cumpria com aquilo com o que se comprometia e o melhor de tudo, me chamava pelo meu nome, lembrava sempre de todas as vezes que nos encontramos. Tinha muito orgulho em dizer que ele era prefeito da minha cidade e que sempre me recebia para uma conversa. Infelizmente esse sentimento diminuiu quando ele resolveu ser candidato a Senador e entregou a nossa cidade nas mãos da sua vice, Sheila Gama (PDT), que pode ter vocação pra tudo, menos pra política. Literalmente Lindberg nos abandonou.
A Sheila Gama perdeu de lavada para o atual prefeito Nelson Bornier (PMDB), que mesmo após dois anos de governo nunca me recebeu, mesmo após dezenas de tentativas. Certo dia ele veio em Morro Agudo inaugurar uma escola municipal bilingue, juntamente com o ex-governador Sérgio Cabral. Quando me aproximei para me apresentar e tentar uma conversa, ele desconversou, pediu pra eu ligar pro gabinete dele para marcar uma conversa – mas não me deu o número de telefone – e se afastou rapidamente. Ele estava visivelmente assustado.
Já ouvi de pessoas, de dentro de algumas secretarias, que o atual governo se mantém distante de mim e/ou do Movimento Enraizados porque “somos ligados” ao Lindberg, ao PT, ao PSOL, ao PV e sabe-se lá mais quem. Nem preciso dizer novamente que nem eu e muito menos o Movimento Enraizados levanta a bandeira de partido, mas estamos – e sempre tivemos – abertos ao diálogo, contudo eles preferem se manter distantes, mas vou sempre estar próximo, pois como já sabemos, a política é uma coisa séria demais para ser deixada nas mãos dos políticos.
As eleições estão chegando e eu queria poder bater um papo sincero com todos os candidatos ao governo do Estado do Rio de Janeiro, acho que são esses: Bernardinho (PSDB), Anthony Garotinho (PR), Marcelo Crivella (PRB), Lindberg Farias (PT), Luiz Fernando Pezão (PMDB), Miro Teixeira (PROS), Jandira Feghali (PCdoB), Cesar Maia (DEM), Alfredo Sirkis (PSB) e Tarcísio Mota (PSOL).
Quero conhecer e entender quais são as suas propostas para a Baixada Fluminense, posso até dar dicas, reunir uma galera para um debate, pois pra mim, ficou claro na primeira e única conversa que tive com o Sérgio Cabral – quando o mesmo ainda era governador – que Nova Iguaçu não era prioridade em seu governo e que o diálogo cultural é nulo– ou quase nulo. O Governo do Estado não investe em equipamentos culturais na Baixada Fluminense, prova clara disso são as Bibliotecas Parque. Vão inaugurar uma no Complexo do Alemão, já existem outras em Manguinhos, Rocinha, Centro e Niterói e pretendem construir outras na Mangueira, São Gonçalo e Complexo do Lins. Mas e a Baixada?
Oito equipamentos culturais, um em São Gonçalo e mais um em Niterói e outros 06 na cidade do Rio de Janeiro e NENHUM na Baixada Fluminense.
Atualmente o governo só fala de UPP, patrocina projeto em área “pacificada”, enquanto a Baixada Fluminense triplica os seus problemas relacionados a segurança pública, os bandidos chegando em dezenas de vans, instalando bocas de fumo, matando e roubando, mas as autoridades fingem não enxergar o problema, porque a prioridade é a Copa do Mundo.
Nosso legado veio antes. Levaram nossa paz. O descaso, que parecia enorme, aumentou.
Nova Iguaçu e Duque de Caxias estão entre as cidades mais perigosas de todos o Estado do Rio de Janeiro para um jovem negro viver, mas a juventude dessas cidades não são/foram ouvidas por nenhum dos futuros candidatos. Porque?
Gilberto Gil (Ministro da Cultura) – Juca Ferreira (Ministro da Cultura) e Dumontt
É dificil não citar a experiência que tive em conhecer o Gilberto Gil (PV) quando ele ainda era Ministro da Cultura. Da maneira como ele falava dos Pontos de Cultura, do CopyLeft e de tantas outras coisa que mudaram minha vida e a maneira como eu enxergava e produzia cultura no meu bairro. Literalmente os pontos de cultura mudaram a minha vida.
Quando o Gil deixou o cargo de Ministro, quem assumiu o seu lugar foi o Juca Ferreira, com que quem tive o prazer de almoçar pouco antes dele também deixar o cargo (se eu não me engano). Quando ele falou que a democratização da cultura e os pontos de cultura corriam o risco de não continuarem, eu achava impossível que algo tão sólido pudesse haver uma descontinuidade.
Foi quando entrou a Ana de Hollanda. O Ministério da Cultura engatou uma marcha a ré. Tudo parecia entrar novamente nos trilhos quando a Marta Suplicy (PT) assumiu o Ministério da Cultura, mas nada mudou.
DMA, Marina Silva e Dumontt
Em 2011, dias antes das eleições presidenciais, tive o privilégio de conversar um pouco com Marina Silva (PV na época), pois fui convidado a acompanhar o debate televisivo ao qual ela participaria. Sinceramente não pudemos aprofundar a conversa por causa da pressão que ela sofria por conta do debate, mas o pouco que conversei com ela me fez repensar o meu voto. Ela também me chamava pelo meu nome e me olhava nos olhos.
Hoje em dia, Marina Silva está filiada ao PSB, se uniu ao candidato Eduardo Campos (PSB) e provavelmente será sua vice, o que me deixou profundamente confuso.
Há quem pense que somente Dilma Roussef (PT), Eduardo Campos/Marina Silva (PSB) e Aécio Neves (PSDB) são canditos à presidencia da república, mas Soninha Francine (PPS), Rodolfe Rodrigues (PSOL), Levy Fidelix (PRTB), Everaldo Pereira (PSC), Mauro Iasi (PCB), Eduardo Jorge (PV), José Maria Eymael (PSDC) e Magno Malta (PR) também estão na disputa.
Eu sou admirador incondicional do ex-presidente Lula e por isso achei que votar na candidata Dilma seria uma melhor opção, até mesmo para manter uma política cultural que já vinha dando certo. Na verdade acho que muita gente só votou nela por causa do Lula.
Mas aconteceu o que aconteceu. A política cultural regrediu a passos largos.
Thiago, Dilma Roussef, DMA, Aurea e Felipe
Encontrando problemas de diálogo com o governo municipal, estadual e federal, abri uma brecha com um governo internacional. No ano passado fui novamente para a França, mostrar o projeto da Escola de Hip Hop e fazer alguns shows. Quando eu estava lá, as manifestações desencadearam no Brasil. Foi lindo!!! Senti muito orgulho do meu povo. Não conseguia entender, sei que motivos tínhamos de sobra, mas porque naquele exato momento? Será que era a última gota? A paciência transbordou? O gigante acordou?
Certo dia eu estava em casa, havia acabado de chegar da turnê pela França, meu telefone tocou. Era alguém do gabinete da Presidenta Dilma Rousseff me convidando para um encontro com ela. Antes do convite a pessoa me fez alguns elogios, inclusive dizendo que eu estava entre as 15 maiores lideranças de juventude do país.
Não há como não ficar emocionado quando isso acontece, mas juro que não fiquei. Aceitei o convite porque não é todo dia que podemos conversar com a Presidenta da República né? Seria uma experiência no mínimo interessante.
Eu fiquei surpreso porque eu achava que a Presidenta ia se reunir com os representantes do povo, a galera que tava na ponta, uns doidos tipo eu, mas me assustei quando vi uma juventude formada por políticos profissionais, a galera do MST e da UBES ficaram com os melhores lugares, com mais representantes, falando de assuntos que nada tem a ver com a juventude, assuntos não tão urgentes. Enquanto isso, nós da periferia no final da fila, mas com direito a uma fala de apresentação e uma fala em nome do grupo.
Eu lembro que eu disse a presidenta que não adianta de nada a terra, a economia e a mobilidade, se nós estivermos mortos. Foi quando ela olhou nos meus olhos.
Como vocês puderam ler e podem tirar conclusões, durante os últimos anos ouvi muitas promessas, fiquei confuso, mas nunca desisti de exerceu o meu papel de cidadão, de artista e de militante. Percebi que Júlio Camargo também tem razão quando diz que: – Política é a arte de governar com o máximo de promessas e o mínimo de realizações.
Eu espero que esta coluna te faça refletir sobre a importância em manter um diálogo com os políticos, pois nós os colocamos lá. Não interessa o partido, estão todos cada vez mais parecidos, o que importa é nossa participação, o que importa é nós todos juntos pressionando.
Por isso eu estou disposto a reunir a juventude e artistas da Baixada Fluminense para um dialogo franco com os candidatos a deputado estadual e federal, governadores e presidentes. Não sei se será mais difícil reunir os candidatos ou o povo, que está cada vez mais desacreditando da política, mas eu vou me empenhar, com toda a minha força, porque a política é uma coisa séria demais para ser deixada nas mãos dos políticos.