Tag: vida

  • Que bom que ela morreu bem.

    Que bom que ela morreu bem.

    Olá, boa semana a todos e todas!!! Mais uma coluna, isso significa que as coisas estão dando certo por aqui 🙂 .

    Você deve estar se preguntando: – Que frase louca é essa que o Dudu resolveu colocar como título da sua coluna hoje?

    Realmente, se estiver fora de contexto, esta frase pode causar estranheza, mas lendo o texto abaixo talvez você entenda bem o que eu quis dizer.

    Vamos lá!!!

    Antes de ontem sonhei com uma amiga da minha avó, acho que elas eram melhores amigas, ela sempre estava aqui em casa, eram muito próximas, e quando minha avó morreu, ela não perdeu o contato com a minha família, continuou se correspondendo com a minha mãe, mesmo quando foi morar nos EUA.

    Há cerca de duas semanas minha mãe me disse que ela havia morrido. Fiquei triste, lógico, porém pensativo.

    Ela tinha mais de 90 anos, sem nenhuma doença – a não ser as que vem no pacote da velhice morreu sem dor, sem sofrimento e com a sensação de dever cumprido (assim espero), com filhos, netos e bisnetos criados.

    Perdi as contas de quantas pessoas que conheço tiveram mortes trágicas nesses meus 37 anos de vida, um monte de colegas assassinados antes dos 30 anos de idade, muitos morreram antes mesmo de completar 20 anos. Meu pai e minha avó morreram vítimas do câncer, ela com quase 70 e ele com 61 , penso que naturalmente poderiam ter tido pelo menos mais uns 20 anos de vida, mas morreram, com o tanto de sofrimento característico do câncer, contudo o sofrimento não foi um privilégio somente deles, pois toda a minha família e amigos sofremos juntos, cada um de nós.

    Certamente, quando ela nasceu, lá por volta de 1925, haviam diversos fatores que poderiam ter interrompido sua vida, mas creio que poucos eram por conta da violência urbana, e isso me fez refletir mais uma vez, é incrível e ao mesmo tempo chocante, pois tem muito tempo que não ouço dizer que uma pessoa conhecida morreu de velhice.

    Por isso, quando soube de sua morte falei comigo baixinho: – Que bom que ela morreu bem.

  • Marcos Lamoreux: morando numa mochila e procurando confusão boa

    Marcos Lamoreux: morando numa mochila e procurando confusão boa

    Tenho estado ausente com as minhas colunas de sexta-feira, é um compromisso que assumi aqui e com o qual falhei nas últimas semanas; e o texto que era pra eu entregar ontem, tô entregando hoje, mas acredito que valeu a demora e torço pra que vocês gostem.

    Entrevistei um dos caras mais “rua” que eu conheço. Cria de São João de Meriti, vegano, figura fácil nos shows de Hardcore do Rio, do Brasil e quiçá, do mundo. Marcos Lamoreux, um verdadeiro Itinerante, que vaga por aí em busca de boa confusão. Lembro da primeira vez que o vi pessoalmente, foi em 2011, quando uma amiga estava de passagem no Rio e fui encontrá-la em uma loja de doces perto da Praça do Skate de São João, a loja era do pai de Marcos e ele trabalhava lá na época.

    Alguns meses se passaram e o reencontrei numa apresentação do BNegão junto com o Digitaldubs no SESC de Meriti e meses depois estávamos no mesmo SESC no show da banda Confronto, no meio de uma roda de pogo (roda punk, bate-cabeça). Nunca tinha dado um mosh na minha vida, e tava super afim de me jogar do palco aquele dia, só que super grilado da galera ver um gordo em cima do palco e abrir espaço pra eu me ferrar de cara no chão. Ele, um rato dos moshs do Rio me explicou: “É simples cara, não se joga de cara, deixa seu corpo leve, para que as pessoas possam te segurar com facilidade”.

    Conclusão: Foram 2 moshs, um de cima do palco, e outro da própria platéia, onde me levantaram e eu fui de um lado pro outro do Teatro do SESC. Dia histórico, memorável.

    Em seguida descobri que o “Marquinho” também fazia beats, e outras inúmeras coisas típicas de um itinerante. E 2 anos depois, ele se prepara pra lançar seu 1° livro que não poderia ter outro nome que resumisse a vida dele: “Minha Casa é Minha Mochila”. Saiba mais sobre isso e um penca de outras coisas que esse rapaz faz, porque parado ele não fica.
    Primeiro de tudo… Quem é o Marcos Lamoreux?
    Marcos Lamoreux é um cara bem complicado, oficialmente ele é documentarista, guia de turismo e metido nas artes visuais, mas ele quer mais, eu quero mais. Eu quero ser tudo o que eu posso ser. Eu tô sempre em shows de hardcore, faço uns lanches veganos pra vender e tô sempre com um freelancer ou assunto da faculdade pra resolver. Não gosto muito de me definir mas acabo sempre o fazendo, eu sei quem eu sou porque todos os dias eu me descubro, todos os dias eu (r)existo.
    Como a sua criação em vivência em São João de Meriti contribui pra sua formação?
    Falar de São João é falar de exclusão, pobreza. Sempre foi mesmo que indiretamente. Aqui eu aprendi muito do que sei e meus amigos e família estão aqui, eu adoro esse lugar.
    Tive a oportunidade de conhecer a Europa, Angola,  o Brasil inteiro e viajar por toda a América do sul, nessas viagens eu coloquei em prática tudo aquilo que aprendi aqui, a sobreviver e a superar.
    Como é o esquema de ser vegano? Você tem amigos que comem carne? Interage bem com eles? Eles curtem as comidas que tu faz?
    O veganismo é amor, praticar esse amor a vida e a dignidade, não consumir nenhum tipo de produto de origem animal;
    leite, ovos e seus derivados, carnes, mel, couro e algumas costuras coisas que as pessoas não fazem ideia de que veio de algum animal como por exemplo glicerina que basicamente é gordura.
    É também ir contra a sociedade de consumo, eu tenho vários amigos que insistem fazer brincadeiras, eu não ligo muito algumas são engraçadas outras são ridículas, mas eu me dou bem sim, porque como disse veganismo é amor.
    Como é seu envolvimento com a arte? Quando foi que tu parou e pensou: “Vou lançar um livro” e qual o porquê do título “Minha Casa é Minha Mochila”?
    Como disse antes superação, sempre me superar. O título é parte de uma música do rapper Funkero (Um Drink No Inferno); e quando ouvi aquilo me identifiquei na hora porque eu me sinto em casa em qualquer lugar, não é preciso muito pra eu me sentir bem.
    A ideia do livro veio porque muita gente ouvia minhas história de viagem e sempre diziam que um dia eu iria lançar um livro, achei que a hora tinha chego e to batalhando muito pra que isso aconteça.
    Eu já fiz graffiti, pinto telas e já fiz algumas batidas de Rap e já tive banda de rock, já produzi alguns documentários pra fora do Brasil e tento o tempo todo me renovar, alguma coisa nova mas semelhante esquecer as antigas.
    Publicar um livro, lançar uma música, um vídeo, enfim… Tudo isso envolvem processos burocráticos…
    Quais estão sendo as dificuldades pra botar esse livro na pista? E quais os meios que você está utilizando para fazer isso acontecer.
    Editoras funcionam como  gravadoras, a primeira editora que entrei em contato tinham uma esquema muito bom, eu não iria tirar um centavo do bolso e as vendas seriam online, concordei em quase não receber direitos autorias com a  promessa de o valor final do livro ser acessível, o que não aconteceu. Agora estou em um formato de financiamento coletivo, onde as pessoas doam valores estabelecidos e recebem o livro em casa e uma recompensa que vária de acordo com a quantidade doada. No site tem tudo explicado direitinho.
    Assista o vídeo onde o Marcos explica sobre o livro e divulga a campanha no catar.se. Aqui ele mostra o seu talento como ator:
    [yframe url=’http://www.youtube.com/watch?v=ZeNwWzk1uvE’]
    Quem é que fecha contigo no teu dia-a-dia nessas viagens, shows e correrias doidas?
    Qualquer um que venha pra agregar, todos são bem-vindos assim como eu fui bem vindo em muitos lugares, conheci pessoas incríveis em lugares bem comuns ou situações completamente doida.
    Eu tô sempre por aí, com a mochila nas costas procurando uma confusão boa.
    E por último, gostaria que você deixasse um salve pra galera que acompanha o Portal Enraizados…
    Pra todo mundo que ta ligado no Portal enraizados, um grande abraço, um beijo e um salve. Eu convido vocês a conhecerem mais sobre algumas coisas que eu falei aqui, veganismo principalmente. Se você não puder ajudar financeiramente, entre nos links, compartilhe os vídeos e fique por dentro que ainda terão varias novidades e um evento pra lançar o livro.
    Saiba mais
    Campanha para lançamento do livro no catarse: catarse.me/pt/minhacasaminhamochila
    Tumblr do Marcos: destruirotumbler.tumblr.com/
    Evento no Facebook sobre o lançamento e a campanha: facebook.com/events/344097522426611/
  • O que você faria se só tivesse um mês de vida?

    O que você faria se só tivesse um mês de vida?

    Olá a todos e todas que acompanham minha coluna semanal aqui no Portal Enraizados.

    A minha coluna de hoje é uma provocação daquelas, mas tenho certeza que se você aceitar o desafio irá perceber que não dá tanto valor quanto deveria às sagradas 24 horas do seu dia.

    Os últimos meses estão me servindo de palco para uma análise profunda sobre minha existência. Quando eu era criança tinha muito medo de morrer – hoje não tenho tanto. Meu medo nem era de morrer, mas de não saber pra onde eu iria ou quem eu encontraria lá do outro lado. Eu nem sabia se havia um outro lado – e ainda não sei, mas espero que exista.

    No fundo eu acho que meu medo era de me afastar daqueles que eu amava e que estavam aqui. Eu não queria deixar meus amores aqui.

    Eu fui crescendo e esse meu pavor da morte foi se afastando de mim, me tornando um ser quase imortal. A morte já não me incomodava tanto. Apesar de toda hora morrer um ou outro assassinado aqui no bairro, ainda assim era algo distante de mim, até o dia que eu perdi uma pessoa que amo muito. Minha avó.

    A morte bateu aqui no portão e levou um bem precioso.

    Todos os meus fantasmas me assombraram novamente, mas dessa vez eles fizeram um upgrade e vieram mais potentes. Meu medo de morrer havia voltado, mas de uma forma diferente.

    Tantas coisas que eu queria ter dito pra minha avó e eu não disse, tive tantas oportunidades e não disse. Sempre achava que haveria uma nova oportunidade amanhã, até que um dia não houve amanhã.

    A partir daí eu comecei a valorizar mais as pessoas e os momentos, mas às vezes eu ainda me surpreendo como as responsabilidades do dia a dia me afastam daquilo que realmente importa.

    Nessa hora me faço a pergunta: O que eu faria se me restasse apenas um mês de vida?

    • Faço aquela música que está em Stand By à meses;
    • Ligo pra minha namorada, filha, mãe e digo o quanto as amo;
    • Faço aquela viagem que nunca dá;
    • Visito um amigo de infância.

    Outro dia eu estava no supermercado, contando as moedas para comprar somente o necessário, economizando de tudo o que é lado, quando me deparei com uma caixa de bombom e me deu vontade de levar para minha filha, minha mãe e minha namorada. Não tinha dinheiro, mas e daí?

    Talvez não houvesse outro dia.

    E você, o que faria se só te restasse um mês de vida?

  • É na adversidade que se cresce

    É na adversidade que se cresce

    Não me impressiono mais com aqueles que tentam de todas as formas desanimar, denegrir ou prejudicar os outros sem motivo algum. Tem gente que é tão pobre de espírito que tenta afundar as pessoas que estão ao redor pelo simples motivo de não gostarem de saber que tem mais alguém no mundo que está feliz ou se dando bem, como queira chamar. Essas pessoas eu costumo chamar de vampiros ou sangue sugas, elas me fazem lembrar uma passagem bíblica do sonho de Faroaó que José interpretou. Mais precisamente aqueles trigos magros que sugaram os trigos gordos e continuaram magros.

    Já experimentou agradecer quando alguém te faz uma crítica destrutiva? Isso causa um mal estar tão grande no crítico que vasculha todas as suas vísceras. Ele começa a perder o senso crítico e faz críticas ainda mais pesadas, então você simplesmente agradece com um sorriso, ele fica tão feroz e ao mesmo tempo não pode avançar no seu pescoço porque você está sendo simpático e amável com ele; a impressão que eu tenho é que se ele tivesse rabo, correria atrás dele como um cachorro enfurecido.

    Quando eu era adolescente, adotei o lema da Família Adams: “Nos deliciamos com aqueles que nos subestimam”. Desde então, quando alguém puxa a minha corda, eu afrouxo ainda mais, e quanto mais ela puxa, mais eu afrouxo, Quando ela está inundada de corda, se achando a última bolacha do pacote, então eu dou um rancão com toda a força que tenho e puxo a corda de uma única vez, a corda que já se enroscou no corpo dela e faz parte dela assim como a sua própria péle, sai de uma única vez e o resultado não é nada agradável de se ver, então ela sangrando me pede ajuda, é aí que eu ofereço mais corda.

    Esse ímpeto destemido é o que me impulsiona a avançar ainda que o mundo inteiro grite pra eu fugir, porque a vida é um breve suspiro, portanto ao invés de eu perder tempo tentando barrar o avanço dos outros, eu simplesmente agradeço por cada tropeço, cada encontrão, cada topada, porque sei que é nas adversidades que se cresce, é nos momentos de crise que as maiores empresas se fortalecem, é aí que cortamos as gorduras e nos livramos dos pesados fardos que nos fazem andar lentamente em direção a um objetivo que nem sabemos mais se é nosso.

    Portanto, não dê tanta importância a opinião dos outros, tudo o que realmente importa é ser feliz, quanto ao resto? O nome resto, já é auto-explicativo. Busque a sua felicidade, esqueça as críticas e as palavras negativas, persiga o seu objetivo com obstinação, definindo metas claras e alcançáveis que o resto, tudo se fará. Porque Deus é bom e você merece o melhor dessa vida.

    Sejamos todos felizes, sempre!

  • O que realmente importa

    O que realmente importa

    Se perguntar o que realmente importa é a melhor forma de se fazer aquela faxina mental que tanto precisamos de vez enquando em nossas vidas, eu me lembro bem de quando eu era adolescente, tudo me parecia tão claro, simples e fantástico ao mesmo tempo. O mundo se mostrava pra mim como um cavalo xucro que um monte de incompetentes mais velhos não conseguiram domar, e eu, iria mostrar como era fácil fazer isso; para executar esse meu objetivo, eu tinha um plano infalível que eu poderia colocar em pratica assim que eu quisesse, pois já estava tudo bolado e engatilhado.

    Hoje eu me pergunto – o que os novos adolescentes pensam de mim? Tomara que eles não pensem de mim, a metade do que eu pensava dos adultos da minha época. Talvez, só talvez, eu fosse  inocente demais, ou então, quem sabe, eu fui ficando inocente a medida em que o tempo passou. Mas, depois de tantos combates com fantasmas ocultos nos porões do meu coração, eu me pego novamente com a pergunta: _ Mas, o que realmente importa mesmo?

    Depois de tanto tempo eu não me acho incompetente por não conseguir responder com exatidão a essa pergunta que ecoa infinitamente no meu ser. Essa pergunta me faz ver o quanto eu amadureci de lá pra cá ao mesmo tempo em que desvenda a minha inocência diante da complexidade da vida.

    Pra combatê-la, eu criei uma outra pergunta: Realmente importa, saber o que importa?

    Não sei!

    Sei não!

    Sei lá!