Categoria: Coluna

  • As batalhas de MCs e seu baixo nível

    As batalhas de MCs e seu baixo nível

    Quando eu comecei a rimar, achei que tinha talento para improvisar, entretanto depois de me deparar com os expert no assunto constatei que eu não era tão bom o quanto eu pensava.

    Gostaria que esses que se dizem improvisadores tivessem o bom senso que eu tive, e deixassem de atrapalhar as “batalhas”. O nível dos caras é muito baixo! Não tem nem como comparar com pioneiros como Slow da BF e Aori, por exemplo.

    O mais engraçado é que eles chegam às rodas de rimas como fossem reis do improviso, e são tão convencidos disso que conseguem até convencer os outros do “fato”, e por conta disso, não raramente saem vencedores, inclusive de batalhas conhecidas.

    Eu acho que o método para escolher o melhor improvisador numa “batalha” devia ser o mesmo utilizado nos “rachas” de B. Boys, três juízes votariam e assim acabariam de vez com esses farsantes, que em várias ocasiões só vencem por causa do bairrismo.

    Pra finalizar só queria salientar que nem tudo está perdido, na nova geração tem quem se salve como Ualax, Deco Rappista e Wallace Miguel.

    Pronto… Falei!!!!

  • Mais do mesmo

    Mais do mesmo

    Acho mais do que legítimo o debate entre eleitores sobre seus candidatos. O que acho chato, infantil e incoerente é acusar o partido A de corrupto como se o partido B também não fosse.

    Desculpe-me a arrogância, mas se o debate é por aí eu nem entro.

    O fenômeno é interessante e paradoxal, pois em um país como o Brasil, onde o ditado “política e religião não se discute”, é ecoado aos quatro ventos como sinônimo de sabedoria, a onda de ódio eleitoreiro cresce cada vez mais. Já não são raras amizades sendo desfeitas nas redes sociais por conta das paixões ideológicas.

    Opa, pera! Paixão ideológica? Será?

    Lembre-se do dito popular mais comum no Brasil: “política e religião não se discutem”. Então, por que tanta desavença eleitoreira em um país tão despolitizado como o nosso?

    Incitação da mídia? Emburrecimento coletivo? Aumento do egoísmo humano? Talvez um pouco de todas.

    Encerro dizendo: Amigos tucanoides e petralhas, vamos relaxar um pouco e deixar a tensão para eles. Porque na real, a gente que é do bem vai continuar fazendo a diferença e sendo relevante na vida próximo independente deles.

    Porém, para isso, precisamos manter a unidade, porque afinal, juntos somos mais fortes!

  • E aê menor, topa fazer Pós Graduação na cadeia?

    E aê menor, topa fazer Pós Graduação na cadeia?

    Está de volta ao Congresso, por pressão do PSDB, a proposta de (Criminalizar menores de 18 anos, com redução da maioridade penal), essa alegação é a mais pura e deslavada visão retrógrada de quem só enxerga onde quer ver, resumindo, “vamos criar um depósito de marginais onde eles ficam trancafiados e não nos incomodam, em nossas vidinhas”.

    A bancada do partido defende essa política e é defendida pelo atual candidato a presidência. Nos 54 países que reduziram a maioridade penal, não foi detectado a redução da violência, e dentre eles a Espanha e a Alemanha voltaram atrás, hoje mais de 75% dos países adotam 18 anos como a idade mínima.

    E com a realidade de nosso sistema carcerário, esses jovens sairiam pós graduados no crime.

    Nosso sistema prisional não suporta mais presos, eles são hoje mais de 600 mil, a 4ª maior população carcerária do mundo, ficando atrás de: EUA, China e Rússia, sendo que essas nações tem o dobro ou mais de habitantes.

    É preciso agir na causa, e não somente combater o efeito, como se vem fazendo hoje, só para se ter uma noção, o adolescente que opta pelo ensino médio, aliado ao curso técnico, ganha em média 13% a mais do que aquele que só fez o ensino médio comum. Hoje os adolescentes entre 14 e 17 anos consomem 7% das bebidas alcoólicas no país, a quem cabe fiscalizar?

    Porque não se discute isso de frente, e para de ficar hipocrisia, e as instituições como um todo aceitem isso como um problema de saúde pública? Seriam as influências comerciais? Lobby governamental? Perseguem o cigarro, mas eu não soube de um motorista que matou um pedestre por causa dos efeitos do fumo.

    A mortalidade entre jovens de 15 a 29 anos por causas violentas aumentou 25%, e sabe quem vai preso? Não será o filho do burguês que atropela e mata, agride pessoas indo para o trabalho, espanca e queima moradores de rua, esmagam filhotes de animais e publicam na internet, atacam em bando aqueles que consideram diferente deles, cometem estupros coletivos nas baladas, será sempre o lado mais fraco dessa história, o pobre, preto, favelado, despossuído, periférico, contaminado e endemoniado.

    Esse discurso que está se levantando agora de que tem que, exterminar, punir com a morte, só beneficia uma classe média asquerosa, controladora e infame, que não tem coragem de realmente buscar uma solução eficaz.

    Não existe fórmula pronta, o caminho é implantar ações que ao se somarem, mostram muito mais resultado do que esses imediatistas dizem, e cuidado com o discurso doce e de bom moço, afinal, um dos homens mais cruéis do mundo, era vegetariano, gostava de pintar, adorava animais, escrevia poemas, e massacrou milhões na 2ª guerra, tudo por causa da segregação, e acreditar que existe uma raça superior.

    Namastê à todos.

  • Rede Escuta Baixada – As Vozes da Música na Baixada

    Rede Escuta Baixada – As Vozes da Música na Baixada

    Nos últimos 2 anos da minha vida tive a honra de trabalhar num projeto que conecta duas coisas que sempre são pautas aqui no Portal Enraizados: Música e Baixada Fluminense.

    Esse projeto é o Rede Escuta Baixada, você pode ter ouvido falar pouco dele ou até mesmo nunca ter ouvido falar. Mas o REB já ouviu muita gente por ai e tá disposto a compartilhar tudo!

    Esse projeto é uma pesquisa-extensão que tem como objetivo estudar a música da Baixada e suas implicações sociais. Em resumo, estudar antropologicamente a BF através de sua música. Um dos métodos usados são as entrevistas. Nesses momentos pude conhecer melhor alguns artistas que já era fã e outros que nunca tive a oportunidade de trocar ideia.

    Pra quem trabalha com música na Baixada Fluminense, esse é um material indispensável!

    Você pode ter acesso a todas as entrevistas pelo Youtube clicando aqui !

     

     

  • Toda brisa tem o seu dia de ventania

    Toda brisa tem o seu dia de ventania

    Hoje trago para compartilhar com vocês, leitores do Portal Enraizados, um conto que fiz no meu início de carreira, e que foi publicado originalmente na Revista Caros Amigos.

    Toda brisa tem o seu dia de ventania

    O Itaim Paulista dorme.

    É noite no último bairro da Zona Leste de São Paulo. Assim que o sol nascer será mais uma quinta feira,dia de trabalho. Se for verdade que o paulistano é viciado em trabalho, André é um destes maníacos. Que acredita na força do trabalho, que acredita estar no caminho certo, acredita que um dia a vida dura vai melhorar, mas até chegar esse dia não se cansa de trabalhar. Pula da cama as cindo da madrugada todo dia e só volta da lida com a lua no céu.

    Nem para pagar as contas o dinheiro dá, então hora extra para completar. Deus abençoa não ter que pagar aluguel, mora com mulher e filho nos fundos da casa da mãe, a pequena casa de dois cômodos. Não falta amor e as necessidades e dificuldades são encaradas de frente. André ultimamente anda meio puto da vida com uma porrada de coisa que vê no dia a dia. Não entende como tem tanto pobre num país tão rico. Como tantos políticos são corruptos, só pensam em roubar.

    Como tantas bandas boas ralam no subúrbio e só artista queridinho da mídia vão repentinamente nos programas. Outra coisa que faz André perder o sono é a respeito com que o seu patrão trata ele e seus amigos de trabalho. O coreano trata a todos aos berros, nunca deve ter ouvido falar em respeitar para ser respeitado. André acha que até que até pelo fato do patrão ser estrangeiro, deveria ter educação com seus funcionários. Todos brasileiros.

    Todos baianos, pernambucanos, mineiros, paulistanos, todos filhos dessa terra amada. Mas a qualquer atraso de um funcionário o patrão já esculachava no meio da loja, na frente de qualquer um, aos gritos. Outro fato que enchia André de indignação era o coreano falando mal do Brasil o tempo todo. Reclama daqui, critica dali, mas embora que é bom, nem pensar. Também no seu país de origem dificilmente ele teria uma mansão como aqui, casa na praia e carro de luxo que por segurança ele mandou blindar. Se já não bastasse o mau trato do patrão, à tarde que chegava era a patroa e os três filhos.

    Os moleques mexem com um e outro, destratam o cortador, incomodam as vendedoras e ninguém fala nada, pela frente é claro, porque por trás falam os bichos dos três monstrinhos, digo, filhinhos do patrão. André é estoquista, no meio da bagunça organizada do estoque ele sabe onde está tudo, grita lá de baixo que o André manda. Os cortes certos, as peças corretas. Há dois anos André presta serviços na loja e aguarda o prometido aumento salarial que o coreano lhe prometera se ele tiver um pouco mais de paciência. Quinta, 03 de maio de 2001, André pula da cama ao som do despertador, os ponteiros marcam cinco horas da manhã, quase que automaticamente ele toma banho, prepara uma mamadeira para quando o filho acordar.

    Um beijo na esposa, que lhe deseja um bom dia, ele deseja o mesmo e parte. O sol ainda não está no céu, a escuridão ainda prevalece, mas como milhares de trabalhadores ele nem tomou café da manhã e na bolsa já carrega a marmita, já pensa no almoço antes mesmo do café. André acha que toda empresa deveria dar tíquete refeição. Na bolsa, também, vai dois livros, um que ele está acabando de ler e outro que ele não vê a hora de começar. Apesar do salário baixo e de todas as dificuldades, sempre que sobra algum, André passa num sebo e adquire um livro. Seu passatempo predileto nas conduções é ler, do Itaim Pta.

    Ao Brás são quarenta minutos diários de leitura na ida e outros quarentas na volta. Isso quando amigos não chamam para jogar uma sueca, o jogo oficial da linha variant dos trens da CPTM (Companhia Municipal de Trens Metropolitanos). Seis horas e André vê um tumulto na frente da estação do Itaim, os trens, para variar, estão com problemas, segundo um cartaz, um trem tinha descarrilado e os trens circulavam com atraso e maiores intervalos nas estações. Mesmo não estando em condições de prestar um bom atendimento ao usuário a CPTM não abre mão de cobrar a passagem. Alguns vão para o ponto de ônibus.

    Como de ônibus era certeza de atraso, André apostou no trem e embarcou, o trem que ele pegou ficou quinze a vinte minutos sem sair do lugar, neste tempo toda a composição superlotou, o animo para ler o livro que estava na bolsa fora embora, não dá mais nem para pegar a bolsa. A viagem de quarenta minutos chega, neste dia, a uma hora e meia.

    André no meio da viagem se pergunta porque a CPTM não utiliza os trens de 12 vagões, já que estão com problemas no percurso, mas parece que de propósito só circula trem de 6 vagões, como se o pobre merecesse sofrer. A pessoa sente-se numa lata de sardinha. Cansado, desanimado, amassado e humilhado, André desembarca no Brás, as oito da manhã. Nem o cansaço, nem a irritação pela péssima viagem fazem André esquecer o coreano. Ele caminha rapidamente, passa as catracas, desvia dos que andam vagarosamente, desviadas pessoas paradas vendendo passe em frente à estação, desvia das inúmeras barracas dos camelôs, cruza como um raio o Largo da Concórdia e as oito e dez entra na loja, que fica na Rua Maria Marcolina.

    O coreano olha automaticamente para o relógio na parede, quarenta minutos de atraso. O patrão dispara uma metralhadora giratória: – Atrasado de novo André, pelo amor de Deus! Será que eu falo grego, não vou permitir atrasos, acorde mais cedo, mude de condução, faça o que você quiser, mas chegue no horário. Vai dizer que foi o trem? De novo o trem? Ou sua vó morreu de novo? O coreano não parava de falar, nem se importava com a presença de três fregueses, nem muito menos com os demais funcionários que olhavam para André, que estava ali parado, só ouvindo. Todos esperando suas explicações.

    Surpreendentemente André gritou: – Cheeegaaa…!!!

    O queixo do coreano quase caiu, seus olhos se arregalaram, ele não pensou duas vezes e disse que André estava despedido. André riu, começou a rir muito, quase chorou de tanto rir. Depois falou: – Antes de ir embora, gostaria de lhe falar. Subiu no balcão e pegou o relógio na parede, voltou as horas para cinco da manhã, tacou o relógio no chão de modo que ele quebrou com os ponteiros marcando cinco horas. André prosseguiu.

    Frente a frente com o patrão, que estava sem reação, começou a falar: – Agora você vai ouvir tudo que eu passei das cinco da manhã até agora… O coreano tentava se safar e André o segurava pelo colarinho. A platéia aumentou e todos ouviram as explicações de André, o coreano não falou mais uma palavra.

    Quando André terminou, o patrão falou: – Esquece isso André e vai trabalhar. – Trabalhar? Eu me demito, ouviu, eu não serei nunca humilhado por você, eu me demito.

    Me demito… M E D E M I T O ….

    Então ele virou as costa e partiu, pegou o trem, tirou o livro que lia, parece que só os textos de João Antonio o compreendem, ele chega em casa e mesmo desempregado é recebido com um sorriso pela mulher e com festa pelo filho.

  • Direito ao contraditório.

    Direito ao contraditório.

    Nesta eleição tenho reparado que alguns colegas tem reclamado muito de serem hostilizados por pessoas nas redes sociais porque votam em um candidato diferente do seu algóz. Então eu fiquei imaginando o porque disso acontecer e comparei com o que anda acontecendo agora no Brasil e cheguei à seguinte conclusão:

    Antigamente o Brasil me parecia mais calmo e controlado, as pessoas respeitavam as autoridades e eram mais tolerantes uma com as outras, não é verdade? Mentira.

    Na verdade ninguém respeitava as autoridades, elas tinham medo, isso porque as autoridades se impunham como os senhores absolutos de tudo e de todos, quando não era pela ditadura era pelo excesso de polimento e de dinheiro escandalosamente “esfregado na cára” dos brasileiros, um exemplo clássico disso era o do presidente Collor e do FHC, que aliás até hoje é chamado de presidente pela imprensa. A diferença aconteceu quando um operário ascendeu ao poder e todo o mundo midiático começou a achar que ele merecia menos respeito que o seu antecessor, muitas vezes chamando-o simplesmente pelo apelido que depois foi incorporado ao seu nome “LULA”. Uma verdadeira contradição.

    Quanto à tolerância, isso nunca aconteceu, na verdade nunca toleraram, preto, homossexuais, prostitutas, pobres e tudo o que fosse diferente dos que usavam e abusavam do poder, a diferença era que eles eram absolutos, não disputavam espaço político com alguém que defendia essa “gentinha”. Me lembro que uma vez eu fiz um comentário negativo sobre uma matéria nitidamente tendenciosa contra o governo e logo fui xingado de todas as formas por alguém anônino que se valeu disso para me humilhar publicamente, depois de tentar o diálogo, ví que não adiantava de nada e deletei meu comentário de lá e fui fazer outra coisa muito mais útil do que discutir com gente mau educada e reacionária.

    É bom lembrar que uma democracia não se constrói com a exclusão, opressão ou supressão do contraditório, muito pelo contrário, uma democracia de verdade se faz pelo debate e comparação de propostas, mas ao invés disso, nos deparamos com uma chuva de intolerância ao diferente, novo e inusitado. Quem não quer o debate, tenta reprimir a livre manifestação do pensamento para fazer valer à força as suas idéias, que na maioria das vezes, nem deles são, são de alguém que eles não conhecem e nunca irão conhecer. Isso nem burrice é, pra chegar a ser burrice tem que melhorar muito.

    Sigamos.

  • Porque precisamos de médicos cubanos.

    Porque precisamos de médicos cubanos.

    De muito tempo vejo uma galera reclamar que o governo está enchendo o Brasil de cubanos por causa do programa Mais Médicos. Lembro de ter visto na TV médicos brasileiros se manifestando contra, alegando que os cubanos estavam tomando seus empregos.

    Na ocasião a Presidenta Dilma foi a TV e disse que os médicos cubanos iriam para as regiões que os médicos brasileiros não querem ir, isto é, as periferias dos grandes centros e para o Norte e Nordeste do país.

    Vou contar para você uma história curta, que aconteceu comigo na última quinta-feira (09).

    Crônica

    Eu estava me sentindo mal há cerca de 10 dias, com dor de cabeça, suando muito durante a noite e com a garganta sempre inflamada. Mas não queria ir ao médico porque eu tinha “quase” certeza que esses sintomas eram pelo fato de eu estar dormindo e me alimentando mal, e com uma rotina de stress intenso.

    Mas a notícia de que um homem contaminado com Ebóla havia chegado ao Brasil gerou um certo pânico lá em casa, e o assunto “doença” ganhou gastante enfase, até que minha namorada, depois de me aterrorizar durante horas, acabou me convencendo de ir ao médico no dia seguinte.

    No dia 09, quinta-feira, acordei cedo, fazia um calor insuportável. Liquidei alguns compromissos e na hora do almoço me dirigi ao Hospital das Clínicas de Nova Iguaçu,  que na verdade fica em Mesquita.

    Lá chegando, não me espantei com a fila, pois já esperava, mas me espantei com tanta reclamação que os pacientes faziam. Sempre relacionados ao atendimento dos médicos.

    Até que depois de alguns bons minutos, que beiravam a uma hora de espera, chegou a minha vez. O médico, um rapaz BRANCO – como sempre, me olhou e perguntou o que eu estava sentindo. Eu respondi: – Doutor, tenho dores de cabeça, estou suando muito a noite, tenho tosse, catarro e minha garganta inflama quase todos os dias.

    Ele ouviu tudo e disse: – SÓ PODE SER VIROSE.

    O médico não me encostou um dedo, não examinou e nem pediu nenhum tipo de exame. Só disse que era virose.

    Acho que pela minha cara de espanto ele resolver pedir um exame de sangue. E passou uma medicação que até agora eu não sei pra que era. Só sei que a injeção queimava como fogo. Após o resultado, que para sair demorou no mínimo duas horas bem medidas, ele constatou: – É dengue, pois suas plaquetas estão baixas.

    Disse pra eu tomar bastante liquido, consumir frutas cítricas e de 06 em 06 horas tomar um remédio que eu não me lembro o nome, pois ele não me deu receita alguma.

    Chegando em casa. Repousei um pouco, como fui orientado, mas quando acordei fui questionado por minha namorada e minha mãe sobre a atuação do tal médico. Elas fizeram eu voltar ao hospital, e passar por tudo aquilo novamente, mas desta vez minha namorada foi comigo e exigiu uma radiografia do pulmão e que o médico verificasse a minha garganta, e ainda exigiu que ele desse uma receita com remédios para tosse também.

    O segundo médico era mais velho, mas também era BRANCO. Ele olhava para minha namorada com uma cara de espanto, tentando imaginar quem era aquela pessoa que dizia o que ele tinha que fazer. Acho que ele imaginou que ela era algum tipo de fiscal que estava dando uma batida naquele hospital.

    Graças a Deus eu realmente não tinha nada, como ficou comprovado nos exames que fiz da segunda vez. Mas a pergunta que não quer calar é: – Como os médicos saberiam disso sem os exames?

    Pelo que tenho lido, os tão abomináveis médicos cubanos são muito mais humanizados do que nossos conterrâneos brazucas e tratam seus pacientes com muito mais respeito.

    Que venham todos os médicos cubanos e ocupem as vagas de quem não quer trabalhar por aqui.

  • Eleição não muda nada

    Eleição não muda nada

    Um ano após o advento de junho de 2013, chegamos às eleições. Para muitos, o dia 05 de outubro seria o dia em que mudaríamos o futuro do Brasil; ou para melhor ou para pior.

    Esse clichê de que o destino do país está condicionado às urnas, penso eu, é uma grande falácia. Não amigos, no dia 05 de outubro não decidimos o futuro do Brasil, nem mesmo no dia 26, quando teremos o segundo turno. Votar é apenas um passo.

    Não temos nenhum candidato messiânico que solucionará todos os problemas da nação. A mudança é feita no coletivo. Nossa democracia representativa nos lobotomizou (ou fomos lobotomizados). Achamos que dez segundos diante de uma urna é tudo que devemos fazer. Absurdo!

    É preciso ir além.

    No dia 05 foi o que iniciamos um contrato de experiência com nossos representantes. Se eles ficarem aquém do esperado, devemos demiti-los, e não precisamos esperar quatro anos para isso. Exercemos nosso direito. Façamos barulho. Contudo, não adianta ir para as ruas e depois reeleger fichas sujas e descendentes dos velhos coronéis, como no caso do Rio, onde Pezão, vice do Cabral durante quase oito anos, segue liderando as pesquisas.

    O problema é que somos péssimos patrões. Não sabemos cobrar e tão pouco acompanhar nossos empregados. Vivemos a embriaguez do sucesso, suportando tudo a base de pão e circo.

    Então, caro leitor, entendamos que a eleição é apenas um importante passo para dias melhores, mas sua responsabilidade não se encerra nas urnas. Se você não fiscalizar o empregado, depois não vai adiantar reclamar do prejuízo ao seu bolso.

    Vote consciente.

    Marcello Vieira

  • As Costeletas de Arnaldo

    As Costeletas de Arnaldo

    Em primeira mão a minha mais recente letra: As Costeletas de Arnaldo

    Com a ponta da caneta,
    Teço trama e urdume.
    Não troco trombeta,
    Nem aumento o volume.
    De qual planeta?
    Em vão você presume.
    Não tenho cor nem silhueta,
    Também não tenho perfume.
    Sou como as costeletas,
    De Arnaldo Antunes.

    Espiam pelas gretas,
    Já que a cigana não premune.
    Não estou impresso nas gazetas,
    Nem estou no alto do cume.
    A lente da luneta,
    Cega não me resume.
    Despiram a capa preta,
    Derrubaram os tapumes.
    Viraram a maçaneta,
    Mas nada veio a lume.
    Pois sou como as costeletas,
    Do Arnaldo Antunes.

  • Quanto vale o show?

    Quanto vale o show?

    No último final de semana, além das eleições, eu tive um outro momento “de muita emoção”. Aí você pensa, caro leitor: lá vem historinha! Pois é, meu caro, minha cara, senta, que essa história vai ser das boas!

    Sexta feira (03/10), eu e marido embarcamos a trabalho rumo a “Terra da Garoa”. Isso mesmo, a terra que, segundo as músicas, não tem amor. Embarcamos felizes e entusiasmados no Rio de Janeiro, com reservas para retorno no domingo, a tempo de irmos as Urnas cumprir nosso papel cidadão. Até aí tudo bem. Tudo correu muito bem no antes e no durante. Os problemas começaram no depois (volta pro Rio):

    1º – Ao chegar ao aeroporto de Congonhas – SP, no checkin avistei o Tony Tornado, tranquilo, de camisão florido, óculos escuros, e eu, louca por uma foto com esse ícone da black music, estava atrasada para o embarque. Resultado?! Nada de fotos. Nesse instante eu pensei: fazer o que, né?! Acontece. Quem sabe um outro dia, em uma outra vida…

    2º – Já na sala de embarque, perdida, ouvindo meu nome pela terceira vez nos auto falantes, avisto “explendorosa” a deliciosa Elke Maravilha!  Oi?! Tá de sacanagem comigo, Cosmos?! Só a nata das décadas de 70 e 80 resolveram “cruzar” comigo hoje?! Eu correndo feito louca, ainda tive tempo de vê-la abrir um largo sorriso em minha direção — não sei se ela ria de mim ou pra mim — com um batom vermelho “bôcalôka” e “esvuaçantes” cabelos platinados. Fazer o quê?! Estava mega atrasada, não podia messsmooo parar pra tirar foto. Perdi o vôo. Sem foto com a Elke e sem o vôo é ph@$#!!!!

    3º – Pensa que acabou?! Desembarquei no Rio e pensei: tá tranquilo… Porra nenhuma! Extraviaram minha mala! Uma lágrima desce dos meus olhos quando eu me lembro que meu casaco dourado “bafônico” estava dentro. Arrasada começo a alterar minha voz, questionando os funcionários da empresa aérea sobre quais os procedimentos para reaver meus pertences. Pessoas passavam e me olhavam de lado. Leio em silêncio alguns de seus pensamentos: “Pra que esse show?”; “Quanto valem as roupas dessa aí?” Naquele instante me perguntei: quanto vale o meu show?! Após fazer a ocorrência, seguindo os tramites da empresa, decidimos ir embora…

    4º Pra lacraaaaarrrrrrrrr! Na esteira, com lágrimas nos olhos e percebendo atentamente cada mala, cada viajante que conseguia sair com seus pertences dali, olho mais atentamente uma jaqueta preta, um corte de cabelo, óculos escuros, comento mais que arrasada com o meu marido e com o funcionário da empresa aérea: hoje já me aconteceu de tudo: Elke Maravilha, Tony Tornado, mala… Daí, ver o Evandro Mesquita e estar arrasada demais para tietar uma selfie, é demais para um dia só.

    Quem me conhece sabe que eu não “pago pau” pra qualquer um, mas esses, foram artistas marcantes na minha infância e juventude. Eu estive no show da Blitz na primeira vez em que eles subiram ao palco do reveillón de Copa. Eu “sinto” várias músicas, como “geme-geme” e a consagrada como patrimônio musical “A dois passos do Paraíso”. Eu assisti a “Top Model”, “Radical Chique”… Como não tietar esse cara?!

    Quase sentei e chorei, li-te-ral-men-te! E com tudo isso, me responda você, caro amigo leitor: quanto vale o meu show no aeroporto?! Quanto valem os transtornos causados?! Ah, sobre a mala, com roupas de valor inestimado (minha camisa florida, meu pretinho básico, minha calça levanta bumbum) nem sei, só sei que deveria ter parado tudo, desde o começo… Deveria ter feito a selfie com o Tony…