Na última quarta-feira, Dudu de Morro Agudo se reuniu com seis jovens moradores de bairros da cidade de Nova Iguaçu para realizar a terceira matéria da série Juventude e Mobilidade Urbana, da 1ª Chamada Pública do Fundo Casa Fluminense.
A ideia desta terceira matéria era gravar um podcast de uma hora de bate-papo sobre Mobilidade Urbana baseado na experiência das duas primeiras matérias publicadas aqui no Portal Enraizados onde eles relataram a saga da juventude da Baixada Fluminense para chegar ao Rio de Janeiro e a circulação da juventude pela própria Baixada Fluminense, conforme os links abaixo:
Nesta roda de conversa eles puderam explanar sobre problemáticas nas estruturas locais e estaduais, propuseram soluções e levantaram questões muito importantes sobre o transporte público, fazendo comparativos entre a periferia e o centro.
Ouça o podcast abaixo:
[box type=”info” align=”” class=”” width=””]O trabalho Juventude e Mobilidade Urbana: a conexão cultural entre a Baixada Fluminense e o Centro. de Marlon Gonçalves, Beatriz Dias e Flávio de Assis, faz parte de uma série de reportagens sobre Mobilidade Urbana da 1ª Chamada Pública do Fundo Casa Fluminense e está licenciado com uma Licença Creative Commons – Atribuição 4.0 Internacional.[/box]
No dia 09 de outubro de 2017, uma segunda-feira, eu (Marlon Gonçalves) e a Beatriz Dias, afim de respondermos algumas questões relacionadas com a juventude e a mobilidade urbana, decidimos acompanhar três outros jovens que cortaram cinco cidades, em uma trajetória de mais de 40 quilômetros, em busca de uma nova experiência cultural.
A missão era curtir o“Slam Grito Filmes”, um evento itinerante de poesia falada, criado por um coletivo formado por cineastas, fotógrafos, cinegrafistas e midiativistas, que funciona como uma batalha de poesias desde 2016 e tem o objetivo de criar conexões e subjetividades vitais para a passagem de cultura oral no país.
A final desta batalha aconteceria na Praça Mauá, no Centro de Rio de Janeiro, às 19 horas. Então partimos pra lá.
Nossos personagens neste artigo são:
Caroline Tavares (MoonJay), 20 anos, DJ, fotógrafa, brecholeira, produtora cultural e idealizadora do projeto Literatura das Ruas;
Luiz Gustavo Oliveira (Guga), 22 anos, integrante do coletivo Ohana, produtor e empreendedor;
Jovens saindo do bairro de Morro Agudo para curtir um saral na Praça Mauá.
A ideia desse artigo é responder algumas questões relacionadas com a mobilidade urbana sob a ótica da juventude periférica, como opções de transporte, valor das passagens, estado de conservação do coletivo, segurança e todas as dificuldades que os jovens da Baixada Fluminense encontram para se circular pela cidade metropolitana.
Para situar nossos leitores, é importante informar que a Praça Mauáfica situada no bairro do Centro, e foi revitalizada há dois anos, no projeto do Porto Maravilha, que visava revitalizar toda a Zona Portuária do Rio de Janeiro. Todos os jovens que participam desta matéria residem em Morro Agudo, o bairro mais populoso da cidade de Nova Iguaçu, a cidade mãe da Baixada Fluminense, bairro este que fica a exatos 41,3 quilômetros de distância do nosso destino final.
As nossas opções de transporte eram:
[padding right=”05%” left=”05%”]
o ônibus direto, da linha 1491B, da empresa Tinguá, que faz a ligação entre o bairro de Austin, em Nova Iguaçu, e a Praça Mauá, no Rio de Janeiro. A passagem custa R$23,65 (vinte reais e sessenta e cinco centavos) e para de circular às 21 horas em dias úteis. É uma viagem de cerca de duas horas;
tínhamos também a opção de pegar outro ônibus da empresa Tinguá, da linha 491B, que faz a ligação do bairro de Austin, em Nova Iguaçu com a Central do Brasil, e depois pegar outra condução ou continuar o trajeto a pé até o nosso destino. O valor da passagem é R$8,20 (oito reais e vinte centavos), uma viagem de que dura cerca de duas horas e o ônibus para de circular à meia-noite.
outra opção seria a integração entre o ônibus da empresa Vila Rica, que faz a ligação do bairro de Morro Agudo, em Nova Iguaçu, com o bairro da Pavuna, no Rio de Janeiro, e o Metrô. A passagem custa R$8,00 (oito reais) se pago com o RioCard e a viagem dura em média duas horas no total;
a última opção é o trem, que custa R$4,20 (quatro reais e vinte centavos) e a viagem dura em média uma hora. No site da Supervia– empresa que tem a concessão para a operação comercial e manutenção da malha ferroviária urbana de passageiros da região metropolitana do Rio de Janeiro – informam que a estação fecha antes da passagem do último trem, que em dias úteis é até às 23 horas, e nos fins de semana até às 22 horas no sábado e às 21:30 aos domingos. Segundo a Supervia o intervalo entre um trem e outro é de oito minutos.
[/padding]
A primeira meta do rolé era economizar no transporte para poder curtir no evento, então a galera decidiu ir de trem, porque em Morro Agudo, segundo nossos personagens, a maior parte da população ainda dá o famoso calote, utilizando um buraco, feito pelos próprios moradores, há décadas, pra entrar na estação de trem sem ter que pagar a passagem.
Buraco no muro da estação por onde os moradores costumam passar para evitar pagar a passagem de trem.
Saímos de Morro Agudo às 18 horas e esperamos por cerca de 15 minutos até a chegada do trem, contrariando a versão do site da Supervia que diz que o intervalo entre um trem e outro é de oito minutos. Partimos em direção à estação Central do Brasil, chegamos 19:40, ultrapassando o tempo médio de aproximadamente uma hora de viagem.
Moonjay explica que apesar de o valor da passagem de trem ser o mais barato, a galera ainda assim dá o calote porque “o preço das passagens é um absurdo e a qualidade não condiz com o valor que a gente paga, além do péssimo serviço oferecido” e que apesar disso, ainda assim é vantagem ir de trem porque “tem engarrafamento pra caralho, em todo lugar”.
Shu concorda com a amiga e ainda complementa dizendo que “o valor da passagem também complica muito, a passagem do trem, por exemplo, custa R$4,20 pra andar apertado, fodido, pegamos o trem 18:00 e não tinha mais lugar, nunca vai ter, se for de ônibus é um engarrafamento doido, perde maior tempão e é muito caro também”.
Como economizar dinheiro era o fator determinante nesse passeio, andamos cerca de 20 minutos até chegarmos à Praça Mauá, o trajeto era extremamente perigoso, mal iluminado, e só encontramos policiamento quando chegamos no local do evento. Estávamos com alguns equipamentos, e se não estivéssemos em grupo, teríamos que ir de ônibus ou VLT.
“É uma experiência maneira, mas é bem complicado, a gente mora bem distante e pra chegar aqui é ‘parcelado’, tem que pegar várias conduções, parece até que é de propósito, demos uma caminhada da Central até aqui, mas o certo seria pegar ônibus. Quem tem uma condição, faz isso”, completa Shu.
A segurança é uma grande preocupação da juventude que se arrisca em sair para se divertir em outras cidades e uma estratégia comum entre eles é andar sempre em grandes grupos, se possível com cinco ou mais pessoas.
Para Guga, transitar pelo Rio é perigoso, independente da hora, pois “hoje em dia a violência faz parte da nossa realidade diária, tanto no Centro do Rio de Janeiro quanto na Baixada. Você sai de casa sem saber se volta”.
Moonjay diz que a violência está em todos os lugares, inclusive dentro dos transportes públicos, e afirma que corre risco maior por ser mulher, pois é comum encontrar homens dentro da condução que acham que podem fazer o que querem com as mulheres. “É difícil”, lamenta.
A preocupação de Moonjay pode ser explicada facilmente em uma pesquisa sobre a segurança das mulheres no espaço público feita pela organização humanitária internacional ActionAid, realizada em 2013 em seis cidades de quatro estados brasileiros:
“77% das mulheres têm medo ao esperar o transporte público. Em Heliópolis, São Paulo, e no Complexo da Maré, Rio de Janeiro, os números são acima da média geral: 92% (SP) e 91,1% (RJ) respectivamente têm medo de esperar sozinhas pelo transporte. No total, 43% de todas as mulheres perguntadas já sofreram algum tipo de assédio sexual dentro do transporte público. O número no Rio de Janeiro é superior ao da metade nacional: 66,1%” (apud PAULA & BARTELT, 2016, p.99).
Para Shu, a falta de segurança está também nas estações de trem, pois “só vemos os guardas nas estações de tarde, pra aloprar com os camelôs, depois eles somem, na rua o policiamento é escasso, mesmo quando tem, não dá pra confiar 100%”. E Guga complementa dizendo que “sua segurança pode depender do simples fato de o assaltante ir com a sua cara ou não, tanto os que estão lá pra te assaltar, quanto os que estão pra te ‘proteger’. Somos abordados por policiais como se fossemos marginais e até que se consiga provar o contrário, já levamos aquela revistada bruta, muito tapa, bico na canela… e a gente vai fazer o que em relação a isso?”
Chegamos e o evento já estava rolando, o Slam foi lindo, uma poesia mais bonita que a outra, visivelmente haviam muitos moradores de periferia que estavam ocupando um espaço geralmente frequentado pela classe média carioca.
Alguns poetas abordaram temas relacionados com a dificuldade de se deslocar pra outros lugares e a maior parte do público se identificou com os versos recitados, deixando bem nítido o descaso do governo com muitas regiões do Rio de Janeiro.
O evento terminou às 23h, então a galera se reuniu ao lado do Museu do Amanhã para bater papo. A conversa foi bem descontraída e após o Slam as mentes estavam fervendo, conversamos muito sobre os temas que foram abordados pelos poetas.
Quando o relógio marcou meia-noite todos ficaram apreensivos com o tal“Efeito Cinderela”.
Efeito Cinderela é quando os relógios marcam zero horas e os ônibus desaparecem como em um passe de mágica.
Moonjay afirma que “se der 23 horas e você estiver longe de casa, já sabe que não volta mais. Melhor arrumar um canto pra ficar porque sabe que não vai ter como voltar”.
Para Guga “é complicado sair da Baixada e ir pra qualquer lugar, porque não tem volta, o trem acaba às 22h. Por exemplo, já perdemos o trem hoje. Tem o ônibus que acaba às 23h e se a gente não correr, vamos perder até o ônibus da Tinguá que é R$8,20″.
Jovens de Morro Agudo trocando ideia sobre as várias dificuldades de se locomover no Rio de Janeiro.
E ele continua, “aí ficamos dependendo de van, que chega a cobrar R$10,00 por ser o único transporte, ou quando os amigos tão com uma condição maneira, geral junto, rola a ‘intera’ do Uber, que é o que tem salvado ultimamente, pois muitas vezes fica mais barato que a passagem, e o Uber ainda te deixa no seu destino exato”.
Partimos caminhando em direção à Central do Brasil, dessa vez fomos pela Pedra do Sal, pelo lado do Morro da Providência, pois o caminho da vinda era muito deserto e estávamos com receio de passar por lá, passamos por cinco viaturas da polícia militar até chegarmos ao nosso destino e uma cena intrigante se repetiu nas cinco vezes que passamos pelos policiais. Um policial estava fora do carro, com o fuzil de lado e o celular na mão, enquanto o outro dormia na viatura. Nós nos entreolhamos e continuamos andando, torcendo para que nada de ruim acontecesse.
Chegamos na Central do Brasil às 00:10, e, como imaginado, não havia mais ônibus, nem o ‘tarifão’, pois o próximo seria às três horas da madrugada, então fomos tentar a sorte na van, e depois de uma hora esperando chegou uma, e após dez minutos ela partiu sentido Queimados.
A passagem custou R$9,00 (nove reais), pois como era o único transporte disponível por ali naquele horário, eles costumam aumentar o preço a reveria.
Chegamos em Morro Agudo às 01:50 e pudemos concluir que o saldo do rolé de quase 08 horas, para curtir 04 horas e passar as outras 03 horas e 50 minutos em trânsito, foi até positivo, se levarmos em consideração que era uma segunda-feira, e que fomos de trem no contra-fluxo e na volta não havia transito.
Certamente essa experiência poderia ter sido ainda mais demorada e dolorosa num final de semana.
Quando os questionei sobre que solução poderia ser tomada para melhorar a qualidade do transporte público, Guga disse que as empresas de ônibus deveriam “primeiramente melhorar as condições de trabalho dos funcionários, pois eu já trabalhei em uma e era tratado como um escravo“.
Para Moonjay “os serviços são de péssima qualidade, a maioria não recebe uma limpeza apropriada, alguns motoristas não tem o menor cuidado pelas pessoas que transportam, outros sequer chegam a ter o preparo adequado antes de começarem a trabalhar”.
Já Shu, acha que “colocar mais trens, mais ônibus e organizar os horários” melhoraria bastante.
E quando o assunto foi o preço das passagens, Guga disse que “fazer as empresas pararem de sonegar impostos e baixar o valor da passagem pra no máximo R$2,50” já seria justo. E para Shu, justo mesmo seria “pensar em um jeito de aumentar os impostos das empresas e colocar algumas passagens de graça”.
A Casa Fluminense e grupo amplo de parceiros da sociedade civil lançam Campanha #Rio2017 para disputar a agenda pública da cidade pós-Olimpíadas, no próximo dia 26 no Teatro Rival.
A iniciativa parte da construção conjunta da Agenda Rio 2017, documento que sintetiza propostas do grupo para os principais desafios do Rio nos próximos anos.
A música “Rio 2017” foi composta e gravada coletivamente durante o workshop #RapLAB, especialmente para o 7º Fórum Rio, que aconteceu na Arena Jovelina Pérola Negra, no dia 02 de abril de 2016.
Cerca de 10 jovens se reuniram para pensar um Rio pós Olímpico, isto é, “Como estará o Rio de Janeiro em 2017?” e a partir daí criar uma música. A ideia inicial era reunir os jovens em dois encontros para composição e gravação, contudo o tema foi tão interessante que eles resolveram fazer mais dois encontros para terminar a música.
A próxima empreitada do #RapLAB é compor uma música alertando para os perigos do Aedes Aegipty, o encontro será realizado na Arena Jovelina, na Pavuna, no dia 19 de abril, às 17 horas. Os(as) interessados(as) podem se inscrever preenchendo este formulário: https://pt.surveymonkey.com/r/J2HZKMV
RIO 2017
Na Baixada há decadência No transporte
esquecimento já é natural na Zona “Morte”
O caos impera e pra gente ninguém liga
juventude perturbada não sabe se é Dandara ou Frida. Sofrida.
Às quatro a Dona Maria no Japeri
Vida corrida. Trampar ou sorrir?
UPP tá aí, temos que discutir.
Veio proteger ou pra tirar minha vida
A polícia esculacha sem dó, e o pior, o B.O.
Tem gente que duvida.
O boyzinho tá na praia sob o sol do Saara
[Enquanto] os homens me param com o cano na cara
Lembra o fato? 174. Retrato. Central.
Candelária, Nova Iguaçu, Vigário Geral
Um Rio desigual entre o ódio e o amor 2017 aqui NADA MUDOU.
Nada mudou, sangue na viela
mais uma morte, choro na favela.
A ambulância não socorreu
não resistiu, ele faleceu.
Desde menor acostumado
caricatura, retrato-falado
realidade diferente da TV
não é o que eles mostram pra você
difícil crescer entre monstros, fazendo o bem,
e não se corromper.
Político rouba merenda
ser condenado é lenda.
Segurança é maior caô
Os canas batem em professor.
E aê doutor engravatado
anda de carro importado
rouba o dinheiro do povo
e eu pego o busão lotado.
Chega!!! Não vou mais me omitir
vou cuspir tudo o que eu guardo
cês vão ter que me engolir.
A primeira parte desta música foi composta no dia 22 de março de 2016 por Inbute, Léo da XIII, Soneca, Baltar, Torrxs, Oreo, 15 e Dudu de Morro Agudo; e gravada no dia 29 de março de 2016 por Inbute, Léo da XIII, Soneca, Baltar, Oreo, 15, Marcão Baixada, Ruiva, Olem X e Einstein NRC.
A segunda parte composta no dia 05 de abril por Inbute, 15, Marcão, Léo da XIII e Ruiva; e gravada no dia 12 de abril por Oreo, Inbute, 15, Marcão Baixada, Olem X e Ruiva.
Beat: Gustavo Baltar. Gravação: Marcão Baixada e DMA Mix e Master: DMA
O Curso de Segurança Pública na Baixada está sendo um grande sucesso.
Em sua segunda atividade, o curso recebeu a intervenção artística do Coletivo Mate com Angú, na presença do polivalente Heraldo HB, que apresentou quatro filmes de curta duração, entre eles o filme “As Justiceiras do Capivari”, que chocou bastante os presentes, logo no primeiro momento, antes das 10 horas da manhã.
A aula do último sábado (14/mar) ficou por conta de Silvia Ramos, doutora em Ciências pela Fundação Oswaldo Cruz na área temática Violência e Saúde, que trouxe dados sobre violência no Estado do Rio de Janeiro e faz um comparativo com a Baixada Fluminense.
Dentre os principais pontos da aula, Silvia citou que o Brasil é o quinto país que mais assassina seus jovens, em todo o mundo, e está entre os dez mais violentos do mundo há mais de dez anos. Que no Brasil a violência é cultural, e que está provado que a violência não está diretamente ligada á pobreza, pois na Índia, que também é um país pobre, esse fenômeno não existe. Que tanto no Brasil, quanto na Venezuela, que nos últimos anos diminuíram as suas desigualdades sociais, a violência aumentou.
Silvia ainda trouxe dados sobre a cor , a idade e a geografia da violência, dizendo que no Leblon a taxa de homicídios é de 2%, como na França, enquanto em bairros como Bangu e Campo Grande, esse número ultrapassa os números de países em guerra.
Enquanto a violência têm diminuído em todo o Estado do Rio de Janeiro, na Baixada Fluminense esses números só aumentam.
Na semana anterior, a intervenção ficou por conta do Movimento Enraizados, que é um dos parceiros culturais do curso, e na próxima semana terá intervenção cultural com coletivo Cineclube Buraco do Getúlio. A aula será com o professor José Cláudio Souza Alves, autor do fundamental livro Dos Barões ao Extermínio.
Este curso é uma realização da Casa Fluminense e do Fórum Grita Baixada, que captou o recurso através de um financiamento coletivo, onde diversas pessoas e instituições colaboraram, inclusive a Hulle Brasil, que está fazendo a cobertura do curso.
Saiba mais:
Próxima aula: 28 de abril
Onde: Centro de Formação de Líderes de Nova Iguaçu
Rua Dom Adriano Hipolito, 8 – Moquetá, Nova Iguaçu – RJ, 26285-330
(21) 2767-2370
Em 2014, a Baixada Fluminense registrou 58,7 homicídios por 100 mil, o que representa um aumento de mais de 10% em relação ao ano anterior (51,8). Para efeito de comparação, o Rio tem 19,7 homicídios por 100 mil. Enquanto o estado apresentou 29,9 para cada 100 mil. A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera zonas endêmicas de violência locais que superam ou igualam a taxa de dez assassinatos.
Logo, os dados confirmam a gravidade da situação e escancaram a ineficiência do Estado para reduzir os índices de violência na Baixada Fluminense, uma vez que os esforços, em geral, se concentram na cidade do Rio.
Financiado na Benfeitoria, o curso de segurança pública na Baixada Fluminense é uma iniciativa da Casa Fluminense em parceria com o Fórum Grita Baixada, além de contar com o apoio de diversas outras organizações.
O objetivo principal do evento é articular e formar lideranças locais para fomentar o debate sobre segurança na região. A Casa Fluminense acredita que, a partir da mobilização contínua dos próprios moradores, a resolução dos problemas e o diálogo com o Estado são facilitados.
O curso acontecerá em março e abril. Os encontros serão nos dias sete, 14 e 28 de março, enquanto em abril nos dias 11, 18 e 25 de abril, sempre aos sábados, de 9h a 12h30. O endereço é Rua Dom Adriano Hipólito, 8, Miquetá – Nova Iguaçú, no Centro de Formação de Líderes.
Serão 40 vagas e as inscrições podem ser feitas através do link:http://goo.gl/f2Kbzr
ATENÇÃO: O resultado da seleção sairá no dia quatro de março. Confiram seus emails no dia!
PROGRAMAÇÃO
1 – Os rumos da segurança pública no Brasil.
Palestrante: Renato Sérgio de Lima – Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP)
Intervenção cultural: Movimento Enraizados
2 – Políticas de Segurança Pública no Estado do RJ.
Palestrante: Silvia Ramos – Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC)
Intervenção cultural: Cineclube Mate com Angu
3 – Crimes e Violência na Baixada.
Palestrante: José Claudio Souza Alves – Professor de Ciências Sociais UFRRJ / Fórum Grita Baixada.
Intervenção cultural: Cineclube Buraco do Getúlio
4 – Violência contra a Juventude Negra.
Palestrante: Raquel Willadino – Observatório de Favelas.
5 – Mecanismos de Justiça e guerra às drogas.
Palestrante: Orlando Zaccone – Delegado da Polícia Civil e membro da LEAP
6 – Democratização da justiça e garantia dos direitos
Palestrante: Defensoria Pública Geral do Rio de Janeiro
Quase dez anos após a chacina da Baixada Fluminense e no meio de um furacão de notícias assombrosas sobre violência na região, a Casa Fluminense e o Fórum Grita Baixada planejam a criação de um Curso de Segurança Pública e Cidadã com foco na região da Baixada Fluminense, que é composta de 13 municípios, mas para tal precisam da sua/nossa colaboração.
Essa é uma ótima oportunidade para virarmos os holofotes para a nossa região e chamarmos a atenção para um dos problemas mais graves do nosso estado: as altíssimas taxas de homicídio nos municípios da Baixada Fluminense.
Como pensar políticas de segurança pública que levem em consideração a realidade vivida pelo moradores da Baixada? Como agregar dados, informações e pesquisas que emponderem lideranças locais e estimulem a elaboração e reivindicação de soluções específicas para esses territórios? A ideia é iniciar um processo de formação e articulação de organizações locais, lideranças sociais e moradores da Baixada para fomentar a participação popular na discussão sobre as prioridades de segurança na região.
Como acontecerá?
Serão sete encontros entre março e abril de 2015, aos sábados, das 9h às 13h, no Centro de Formação de Líderes, em Nova Iguaçu. O curso é gratuito e serão abertas 40 vagas. Inscrições prévias serão requisito para a participação, mas também será possível assistir às aulas como ouvinte. Os convidados serão confirmados durante a campanha no Benfeitoria e os temas selecionados estão abaixo:
1 – Desenho Institucional da Segurança Pública no Brasil. Renato Lima – Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP);
2 – Políticas de Segurança Pública no Estado do RJ. Silvia Ramos – Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC);
3 – Crimes e Violência na Baixada. José Claudio Souza Alves – Professor de Ciências Sociais UFRRJ / Fórum Grita Baixada;
4 – Violência contra a Juventude Negra. Raquel Willadino – Observatório de Favelas;
5 – Mecanismos de Justiça;
6 – PEC 51 – caminhos para a Desmilitarização;
7 – 10 anos da chacina da Baixada. O que mudou? Caminhos para a Segurança Pública e Cidadã na Baixada.
Como ajudar?
Ajude com qualquer valor através da plataforma Benfeitoria: http://bit.ly/1FPCPMF, pois precisamos de sua colaboração pra fazer esse movimento acontecer!
Nesse último Sábado (16/08/14), no 2º Fórum Rio, que aconteceu no Circo Crescer e Viver na Praça Onze, eu me lembrei novamente de algo que eu sempre me lembro em toda a eleição – que desde muito criança, eu sempre ví os candidatos na TV prometendo: SAÚDE, EDUCAÇÃO E MORADIA. O tempo passou, eu fui crescendo, e os políticos continuaram a prometer SAÚDE, EDUCAÇÃO E MORADIA, eu já estou chegando na idade em que os adolescentes me chamam de tiozinho e os políticos continuam a prometer as mesmas coisas: SAÚDE, EDUCAÇÃO E MORADIA.
Vejamos, as possíveis causas disso:
Causa 1: O tempo não passa, eu é quem envelheço isoladamente independentemente do tempo – Essa é uma causa fora de questão, isso porque, mesmo que eu envelheça, isso não acontece de forma isolada, afinal eu reparo que o mundo tem mudado muito ao meu redor e, inclusive, muitas outras pessoas envelhecem junto comigo.
Causa 2: Os políticos são incompetentes
– Houve uma época que eu cheguei a pensar nessa hipótese como verdadeira, mas tenho pensado que os politicos são muito competentes, inclusive pra manter o estado de coisas é preciso muita competência! As pessoas tendem a quererem o melhor para sí e por isso não acredito que ninguém gostaria de NÃO viver melhor, ainda mais levando-se em consideração que as pessoas sabem escolher o que é melhor pra sí mesmo, basta que pra isso elas tenham escolhas. Por exemplo: Eu não acredito que um pedreiro não queira colocar o seu filho em uma faculdade de engenharia, por exemplo, ao invés de deixar o garoto repetir a sua profissão, apesar de muito dígna, ir para a faculdade de engenharia, o fará ganhar mais e experimentar coisas que o pai não teve a chance de experimentar. Se depois de ele ser engenheiro, preferir ser pedreiro, aí será a escolha dele, pelo menos ele teve mais uma opção. Sendo assim as coisa não melhoram, não é por culpa da inaptidão do povo em escolher a opção melhor para sí mesmo, e diante de um mundo tão plural e diverso, tem que ser muito competente pra manter o povo preso em uma sociedade sem opção, ou com opções limitadíssimas. Sendo assim, descarto essa possibilidade de causa para o efeito dos políticos não mudarem o discurso ao longo do tempo.
Causa 3: O Povo precisa assumir o protagonismo político
– Essa é a causa mais provável, no meu ponto de vista. Tem uma frase de Eistein que diz que “insanidade é querer resultados diferentes fazendo sempre a mesma coisa”, eu creio nisso; muitos reclamam dos políticos, mas não mudam o seu proceder em relação a política: Votam em qualquer um, não escolhem com cautela o seu candidato, e depois, nos quatro anos que se seguem, não acompanham o seu candidato pra saber o que ele anda fazendo e cobrar aquilo que foi prometido durante a eleição, outros, até mesmo se abstém de votar. Depois reclamam da má sorte em ter um político que só pensa em sí mesmo e não trabalha para o povo, ao contrário, trabalha pela hegemonia na dominação do seu voto.
Quer mudança de verdade? Mude a sí mesmo, a sua forma de ver, agir e pensar também interfere na minha vida. Seja responsável consigo e com a sua comunidade. Vote com decência, coragem e sem preguiça de escolher um candidato que, ainda que não seja o melhor, seja o menos ruim deles. Para o nosso próprio bem e para o bem dos nossos filhos.