Tag: Dilma Roussef

  • Ei eleitor, quem te representa?

    Ei eleitor, quem te representa?

    Um novo quadro da atual administração está para se formar em todo o Brasil contendo o que há de melhor e o de pior, vamos no próximo Domingo (26) escolher nossos representantes ou simplesmente pegar o famigerado comprovante de votação?

    Já ouvi muita gente dizer: – ” Vou votar só porque posso precisar do comprovante”.

    Parece piada, mas é o que muita gente ainda exclama.

    O que essas pessoas não sabem – e olha que não são poucas, é que o reflexo do que está lá no “poder” é justamente o resultado de uma escolha não consciente, e para piorar, essa bomba que você ajudou a eleger, terá o poder de decisão sobre a vida da cidade e até do país.

    Então, aproveitando esse momento cidadão X, que tal saber o que este candidato realmente já fez? Investigue por sua área por exemplo, se você trabalha com cultura, veja quais os projetos ele apoia, se ele conhece os mecanismos da área de atuação, se sua cidade/estado possui um plano de cultura, se seguem o plano nacional, são várias as opções de pesquisa.

    Muitos que fizeram o tal voto de protesto, votando em alguém que não tinha chance alguma de vitória, desperdiçou uma chance real de contribuir para sua cidade, estado e país.

    “Aqueles que não se interessam pela política, serão governados por aqueles que se interessam”.

    Vote consciente, analise com frieza seu candidato e assim, quem sabe, daqui à alguns anos estaremos discutindo outras coisas e não as mesmices de sempre.

    Pois a vida é dura para quem é mole! Lei da física.

  • Ex-ministra da cultura Ana de Hollanda surta com escolha de Juca Ferreira para coordenar a campanha da Dilma no campo cultural

    Ex-ministra da cultura Ana de Hollanda surta com escolha de Juca Ferreira para coordenar a campanha da Dilma no campo cultural

    No dia 04 de setembro, por volta das 18 horas, a Ex-Ministra da Cultura Ana de Holanda postou no facebook uma nota – que pareceu total recalque – reclamando da escolha do também Ex-Ministro Juca Ferreira para coordenar a campanha da presidenta Dilma no campo cultural.

    Pra quem não lembra, Ana de Hollanda foi a ministra que anulou o programa Cultura Viva, dando a entender que, segundo a ótica da mesma, “cultura de base” não é cultura. Uma pergunta que todos os movimentos culturais do Brasil se fazem até hoje.

    Porque anular um programa cultura como o Cultura Viva, que teve tanto sucesso nos movimentos culturais populares, no mandato dos Ministros Gilberto Gil e do próprio Juca Ferreira?

    O próprio Movimento Enraizados, hoje é o que é grande parte por conta das ações do governo federal ligadas ao programa Cultura Viva, principalmente os Pontos de Cultura.

    Em seu texto, Ana de Hollanda tenta desmerecer a pessoa de Juca Ferreira, que tem muita proximidade e respeito pela cultura de base de todo o Brasil.

    Diversos militantes da cultura de base consideram um avanço a escolha do ex-ministro para essa missão, isso dá a esperança de uma continuidade de um programa cultural para todos e não só para elite burguesa do Brasil.

    Abaixo o texto de Ana de Hollanda na íntegra e o link (Deixem seus comentários)


     

    Caros amigos e seguidores facebuqueiros,
    Fui surpreendida hoje com uma notícia bastante preocupante para a Cultura e para a campanha de reeleição da Presidente Dilma. O ex-ministro da Cultura, anterior à minha gestão, Sr. Juca Ferreira, foi chamado para coordenar a campanha da candidata petista no campo cultural.
    A escolha em si poderia ser considerada natural, não fosse ele um político de personalidade polêmica, extremamente belicista que, fora cargos públicos que ocupou, tem pouca relação ou conhecimento da complexa realidade do mundo da cultura.

    Desde que meu nome foi anunciado como uma possível futura ministra, nos fins de 2010 (quando ele se empenhava na campanha do “fica Juca”), até o fim de minha gestão, ele trabalhou obsessivamente, apoiado por grupos de militantes de sua ligação, em uma campanha sórdida de difamação, calúnias sobre mim e inverdades sobre o trabalho desenvolvido no MinC.

    Esse grupo orquestrou, pela internet, tuitaços e blogaços de baixíssimo nível, assim como enviou representantes ao ministério com ameaças e chantagens. O ex-ministro, pessoalmente, e seu grupo chegou ao extremo de, na abertura do Festival de Cinema de Brasília em 2011, no escuro e fundo da sala, puxar vaias, enquanto o resto aplaudia.
    Por ser um governo de continuidade, evitei entrar em confronto direto, como ele provocava, assim como não divulguei todas as irregularidades como pontos de cultura a mais de um ano sem receber, convênios glosados pelo parecer da CGU, etc.

    Mas a pergunta que não quer calar é o que, no meio de uma campanha tão dividida, motiva o partido a chamar para coordenar uma pessoa controversa que mais afasta do que aglutina o meio cultural? Que divulga no Globo online que “relação com a classe artística azedou de vez na gestão de Ana de Hollanda no Ministério da Cultura”?

    Para finalizar, quero deixar claro que meu meio é o das artes, não tenho a menor ambição política e só aceitei o cargo temporário de Ministra da Cultura, feito diretamente pela Presidente Dilma, por ser um desafio numa área que conheço bem e tenho ótima interlocução.

    Leia aqui, diretamente no facebook


     

  • Quem mandou a presidenta Dilma tomar no c&*#?

    Quem mandou a presidenta Dilma tomar no c&*#?

    Olá meus amigos e amigas leitores da minha coluna semanal aqui no #PortalEnraizados. Hoje começarei com uma frase de Hélio Garcia: – “Não se faz política sem vítimas”.


    Tudo começou na abertura da Copa do Mundo. As pessoas pensavam em voz alta.

    – Será que ela vai?
    – Acho que não, pois podem vaiá-la.
    – Isso faz parte do processo.

    Resumindo a história. Ela foi. E ninguém poderia imaginar que uma vaia seria um grande elogio perto do que aconteceu. Um coro mandava a presidenta do Brasil, Dilma Roussef, tomar no cú.

    Eu fiquei totalmente sem ação. Estava dirigindo, vindo do hospital com meu pai, estava ouvindo a BandNews FM. Durante as dezenas de engarrafamentos eu dava uma zapeada nas redes sociais e constatava que era real. Achei essa atitude de uma extrema falta de respeito. Onde já se viu mandar uma mulher, uma senhora de 66 anos de idade tomar no cú? Quem seria capaz disso?

    Foram os brasileiros que se julgam cultos e melhores que a maioria de nós, outros brasileiros. O s xingamentos partiram da áreaVIP do estádio (conforme G1 e Folha), composta basicamente por quem pagou R$ 990,00 nos ingressos e por “celebridades”, que entraram de graça no estádio, com ingressos cortesias, principalmente artistas da Rede Globo de Televisão e demais redes de TV. [leia mais no blog do Tarso]

    O deputado Jean Wyllys disse que sentiu vergonha e que a vergonha foi maior porque a gente que puxou a vaia se considera “fina, culta e educada” e vive chamando de “mal-educados, grosseiros e sem-modos” aqueles que não têm a sua cor, a sua renda nem seus privilégios.

    O apresentador Luciano Huck condenou os xingamentos promovidos por “torcedores” brasileiros à presidente Dilma Rousseff: – “Pode gostar ou não, acompanhar ou não as suas ideias e sua condução do país, mas não pode xingar porque é uma falta de educação, e somos um país, um povo educado, e não pode ser mal-educado”.

    Porém, segundo alguns veículos de internet, o apresentar deixa claro que não apoia a presidenta, o mesmo reuniu cerca de 40 celebridades em sua casa para homenagear o candidato do PSDB Aécio Neves, o que levou os atores Thiago Lacerda e Paulo Betti a um pequeno desentendimento. Thiago convidou, via rede social, vários colegas de profissão para a reunião na casa do Huck, marcando-os em uma foto. Mas Paulo Betti respondeu de uma forma irônica, o que Thiago não curtiu, mandando uma indireta ao Paulo Betti, que por sua vez termina o assunto com esse direto de “esquerda”:

    “Thiagão querido, o colega de profissão sou eu! Eu que escrevi esse comentário e coloquei (risos). Democracia é cada um expressar o que pensa e se expor publicamente apoiando e discutindo política, civilizadamente, sendo responsável!

    Não sei por que minha ironia chocou você… Achei engraçado reunião política na casa de Luciano Huck. Bem-vindo à disputa política! Sempre vai ter ironia, quando não tem briga e porrada, e às vezes perda de emprego e etc. A situação de hoje já foi oposição, e te garanto que é tão difícil ser oposição quanto ser situação. Abração!”.

    A situação atual do país é confusa pra quem discute política, mesmo sem estar ligado a algum partido, como é meu caso.

    Mas na política você precisa escolher um lado, não necessariamente um partido.

    No fundo é uma mistura de lógica, estratégia e matemática, onde o saldo tem que ser maior que 5. Resumindo, nessa cama de gato, qual é a melhor opção?

    Me encontrei na frase da professora Adriana Facina, assim como outras  77 pessoas que compartilharam e com mais 245 que curtiram sua postagem: – “O Brasil do PT está muito distante do Brasil que eu quero. Só que o Brasil do PSDB é exatamente o Brasil que eu não quero de jeito nenhum. Em resumo, não contem comigo para vaiar a Dilma”.

    20140616-01-facina

    Enquanto isso, nos bastidores políticos partidários, todos se aproveitam dessa situação para fazer “política” e apontar seus dedos sujos uns aos outros. PT e PSDB não poupam ofensas uns aos outros. PSB e PSOL seguem a mesma linha.

    Não seja inocente, nada é por acaso na política.

    Como as redes sociais são o termômetro sobre os fatos mais recentes, é lá que acompanho a temperatura em tempo real, sinto o calor nas postagens, como foi o caso da postagem – ou do ato de coragem – do Marcus Faustini, onde ele enquadra a todos os que gostaram, acharam bonito, vibraram escondido ou compartilharam os xingamentos à Dilma. […] por favor deixe de ser meu amigo por aqui.

    20140616-01-faustini

    Lembrei de uma postagem parecida do Pablo Capilé (Fora do Eixo), onde também pedia para as pessoas que concordassem com algo – que não me lembro o que – deixassem de ser seus amigos na rede social.

    Já vi tanta gente mudando de lado conforme seus interesses pessoais, que chego a acreditar que se por algum motivo eu houvesse colocado meus “amigos” virtuais ou presenciais em cheque, hoje estaria vagando sozinho.

    A questão é que apesar de todos os tapetes puxados e escândalos que envolvem políticos todos os dias, a política é a única forma de mudar o país, e nada, nada mesmo, justifica a tamanha falta de respeito que o mundo presenciou na abertura da Copa do Mundo.

    É por essas e outras que vou na linha do Paulo Betti: – “Democracia é cada um expressar o que pensa e se expor publicamente, apoiando e discutindo política, civilizadamente, sendo responsável!”.

    Termino minha coluna com uma frase de Aldo Cammarota: – “A política parece um pouco com lavar janelas. Seja qual for o seu lado, a sujeira está sempre do outro lado”.

    Dilma sendo xingada no Itaquerão

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    Dilma respondendo ao xingamento

    [yframe url=’https://www.youtube.com/watch?v=MpoT2z9iV68′]

     

     

  • Está aberta a temporada de caça!!!

    Está aberta a temporada de caça!!!

    Enquanto alguns contam as horas para assistir mais um evento populesco criado para derreter e anestesiar cérebros, outros já estão se articulando, promovendo encontros, reuniões, jantares e… porque não, festas; afinal estamos em Junho, época de grandes festas de rua com forte apelo popular.

    Mas o que venho compartilhar com vocês, só reforça uma tese que já venho acompanhando a cada eleição: “Ache quem tem um público alvo fiel e direcione seu discurso a essa massa”, isso funciona muito bem com, com artistas, atletas,pessoas populares e formadores de opinião.

    imagesPois bem, depois de declarar o #legado da copa de: “Muito escroto, muito pequeno, nada a ver”, Marcelo Falcão, vocalista do Rappa, diante de um público de 40 mil pessoas em SP diz: “Só tem dois tipos de copa, a que vencer a eleição e a que vem logo depois. A gente não pode esquecer isso, nós amamos futebol, mas temos que ser honestos, mesmo se ganharmos o mundial, vou continuar pensando desse jeito. Estou fechado com a nação inteira, que queria uma coisa legal, maneira, show, e que não é show, e se não é show, eu não vou bater palmas”.

    Logo após a multidão inflamada começa a desferir palavras contra a atual presidenta, após as vaias e palavrões, Marcelo conclui: “O desabafo é de vocês, nosso, de todo mundo”.

    Até aí tudo bem, afinal opinião e bunda cada um tem a sua, mas o que soa estranho é que a empresa de cosméticos Natura, do empresário Guilherme Leal, contratou a banda para o lançamento de uma nova linha de perfumes em SP. A questão que coloco é, Leal foi vice de Marina Silva em 2010, com quem formou chapa como vice.

    images (1)Então senhores, temos que ter a lupa muito bem ajustada para não se deixar levar por questões que possuem muitas entrelinhas, só penso que: Como pessoa pública ou não, qualquer decisão que venha a ter, vai ter um peso e que mais tarde a conta vai chegar, por isso prudência nas escolhas e faro fino.

    Em nota, a empresa Natura se justifica: ” A Natura contratou o Rappa por seu talento artístico e identificação da banda com a urbanidade, conceito utilizado na nova linha de fragrância, chamada #Urbano. A empresa Natura é apartidária e não há correlação entre a contratação da banda, e o fato ocorrido na apresentação citada”.

    A roleta tá girando, as apostas já começaram, os candidatos movimentam as pedras desse complexo xadrez, e a artilharia a ser usada vai ser pesada, então… façam a leitura senhores !!

  • Dilma quer sua torcida na Copa, só porque esteve na prisão, em 1970

    Dilma quer sua torcida na Copa, só porque esteve na prisão, em 1970

    Em entrevista concedida ontem ao jornal americano The New York Times, a nossa Presidente da República disse que “não teve dilemas” ao torcer pelo tricampeonato da seleção brasileira, enquanto estava presa.

    A minha coluna de hoje será curtíssima, mas não menos “bombástica”. Não queria ser tão chato e parcial, mas preciso deixar clara a minha indignação em relação às declarações – cômicas para não dizer trágicas – da nossa presidente Dilma Rousseff.

    Ao meu entendimento, ela pretende me convencer a torcer pela seleção brasileira apenas pelo fato de que, em 1970, ela era presa política durante a Copa do Mundo (México), e que os presos políticos dividiam-se entre os que não queriam torcer pela seleção brasileira – para não apoiar a ditadura – e os que não tiveram dilemas, como diz Dilma ao jornalista Simon Romero, na entrevista. Na ocasião, o Brasil se consagrou como a primeira seleção de futebol a conquistar o tricampeonato mundial.

    E o que isso me importa? Hello, Ms. President, estamos em 2014, ora! Ninguém é preso político de qualquer ditadura no país. Nem acredito que quem torcer pela seleção esteja torcendo pelo seu governo, muito menos que quem torça contra, esteja torcendo contra o seu governo.

    Eu quero mais é que a seleção brasileira se lasque em campo! Estou correndo atrás de uma grande bandeira da Argentina para pendurar na laje da minha casa. No momento, não tenho motivos para me orgulhar em ser brasileiro, muito menos patriota torcedor da Copa do Mundo. Se bem que… Eu não gosto de futebol mesmo! Só as Copas me faziam parar para assistir a um jogo, o que não acontecerá este ano. Pode apostar.

    Vou torcer contra a Copa, sim! Com todas as minhas forças. E isso não significa torcer contra o Brasil. Enfim. Segue o link para a entrevista da presidente Dilma Rousseff ao jornal The New York Times. Está em inglês, mas se você usa o navegador Chrome, mobile ou PC, há a opção de traduzir a página inteira para português.

    Brazilian President Rejects Criticism Over World Cup
    http://www.nytimes.com/2014/06/04/world/americas/brazilian-president-hits-back-at-critics-in-interview.html?_r=0
    Até quarta que vem!

  • Dilma, Eduardo Campos (Marina), Aécio Neves, Lindberg, Garotinho ou Pezão? A política é uma coisa séria demais para ser deixada nas mãos dos políticos

    Dilma, Eduardo Campos (Marina), Aécio Neves, Lindberg, Garotinho ou Pezão? A política é uma coisa séria demais para ser deixada nas mãos dos políticos

    Hoje, ao ler meu livro de cabeceira me deparei com a seguinte frase de Charles de Gaulle: – A política é uma coisa séria demais para ser deixada nas mãos dos políticos.

    Foi inevitável lembrar dos encontros que tive com alguns dos principais representantes políticos de nosso país. Como estamos muito próximos das eleições de 2014, resolvi que este seria o tema da minha nova coluna, onde pretendo – sem medo ou algum receio – explanar minha experiência, minha opinião, minhas alegrias e decepções, costurando meu texto com a frase do amigo Charles.

    Prontos para a viagem? É longa!!!

    Quero começar dizendo que não sou filiado, ligado ou tenho simpatia por nenhum partido político específico, apenas desempenho meu papel de cidadão, pois  a política é uma coisa séria demais para ser deixada nas mãos dos políticos.

    20140505-06-lindberg
    Alessandro Buzo (SP), Lindberg Farias, DMA e Dumontt

    Acho que o primeiro político com maior relevância que tive contato foi com o Lindberg Farias (PT), quando o mesmo era prefeito em Nova Iguaçu, os outros que me procuravam eram sempre vereadores pedindo votos na época de eleição ou pedindo para eu fazer alguma música, é importante frisar que sempre neguei. Achava diferente o fato do Lindberg estar presente nos lugares diversos, trocar ideia, abraçar o povo. Parece um comentário bobo, mas isso ainda não é normal fora de época de eleição ou inauguração de alguma obra.

    Ele sempre me recebia para ouvir minhas dezenas de reclamações, “quase” sempre cumpria com aquilo com o que se comprometia e o melhor de tudo, me chamava pelo meu nome, lembrava sempre de todas as vezes que nos encontramos. Tinha muito orgulho em dizer que ele era prefeito da minha cidade e que sempre me recebia para uma conversa. Infelizmente esse sentimento diminuiu quando ele resolveu ser candidato a Senador e entregou a nossa cidade nas mãos da sua vice, Sheila Gama (PDT), que pode ter vocação pra tudo, menos pra política. Literalmente Lindberg nos abandonou.

    A Sheila Gama perdeu de lavada para o atual prefeito Nelson Bornier (PMDB), que mesmo após dois anos de governo nunca me recebeu, mesmo após dezenas de tentativas. Certo dia ele veio em Morro Agudo inaugurar uma escola municipal bilingue, juntamente com o ex-governador Sérgio Cabral. Quando me aproximei para me apresentar e tentar uma conversa, ele desconversou, pediu pra eu ligar pro gabinete dele para marcar uma conversa – mas não me deu o número de telefone – e se afastou rapidamente. Ele estava visivelmente assustado.

    Já ouvi de pessoas, de dentro de algumas secretarias, que o atual governo se mantém distante de mim e/ou do Movimento Enraizados porque “somos ligados” ao Lindberg, ao PT, ao PSOL, ao PV e sabe-se lá mais quem. Nem preciso dizer novamente que nem eu e muito menos o Movimento Enraizados levanta a bandeira de partido, mas estamos – e sempre tivemos – abertos ao diálogo, contudo eles preferem se manter distantes, mas vou sempre estar próximo, pois como já sabemos, a política é uma coisa séria demais para ser deixada nas mãos dos políticos.

    As eleições estão chegando e eu queria poder bater um papo sincero com todos os candidatos ao governo do Estado do Rio de Janeiro, acho que são esses: Bernardinho (PSDB), Anthony Garotinho (PR), Marcelo Crivella (PRB), Lindberg Farias (PT), Luiz Fernando Pezão (PMDB), Miro Teixeira (PROS), Jandira Feghali (PCdoB), Cesar Maia (DEM), Alfredo Sirkis (PSB) e Tarcísio Mota (PSOL).

    Quero conhecer e entender quais são as suas propostas para a Baixada Fluminense, posso até dar dicas, reunir uma galera para um debate, pois pra mim, ficou claro na primeira e única conversa que tive com o Sérgio Cabral – quando o mesmo ainda era governador –  que Nova Iguaçu não era prioridade em seu governo e que o diálogo cultural é nulo – ou quase nulo. O Governo do Estado não investe em equipamentos culturais na Baixada Fluminense, prova clara disso são as Bibliotecas Parque. Vão inaugurar uma no Complexo do Alemão, já existem outras em Manguinhos, Rocinha, Centro e Niterói e pretendem construir outras na Mangueira, São Gonçalo e Complexo do Lins. Mas e a Baixada?

    Oito equipamentos culturais, um em São Gonçalo e mais um em Niterói e outros 06 na cidade do Rio de Janeiro e NENHUM na Baixada Fluminense.

    Atualmente o governo só fala de UPP, patrocina projeto em área “pacificada”, enquanto a Baixada Fluminense triplica os seus problemas relacionados a segurança pública, os bandidos chegando em dezenas de vans, instalando bocas de fumo, matando e roubando, mas as autoridades fingem não enxergar o problema, porque a prioridade é a Copa do Mundo.

    Nosso legado veio antes. Levaram nossa paz. O descaso, que parecia enorme, aumentou.

    Nova Iguaçu e Duque de Caxias estão entre as cidades mais perigosas de todos o Estado do Rio de Janeiro para um jovem negro viver, mas a juventude dessas cidades não são/foram ouvidas por nenhum dos futuros candidatos. Porque?

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    Gilberto Gil (Ministro da Cultura) – Juca Ferreira (Ministro da Cultura) e Dumontt

    É dificil não citar a experiência que tive em conhecer o Gilberto Gil (PV) quando ele ainda era Ministro da Cultura. Da maneira como ele falava dos Pontos de Cultura, do CopyLeft e de tantas outras coisa que mudaram minha vida e a maneira como eu enxergava e produzia cultura no meu bairro. Literalmente os pontos de cultura mudaram a minha vida.

    Quando o Gil deixou o cargo de Ministro, quem assumiu o seu lugar foi o Juca Ferreira, com que quem tive o prazer de almoçar pouco antes dele também deixar o cargo (se eu não me engano). Quando ele falou que a democratização da cultura e os pontos de cultura corriam o risco de não continuarem, eu achava impossível que algo tão sólido pudesse haver uma descontinuidade.

    Foi quando entrou a Ana de Hollanda. O Ministério da Cultura engatou uma marcha a ré. Tudo parecia entrar novamente nos trilhos quando a Marta Suplicy (PT) assumiu o Ministério da Cultura, mas nada mudou.

    20140505-04-marina
    DMA, Marina Silva e Dumontt

    Em 2011, dias antes das eleições presidenciais, tive o privilégio de conversar um pouco com Marina Silva (PV na época), pois fui convidado a acompanhar o debate televisivo ao qual ela participaria. Sinceramente não pudemos aprofundar a conversa por causa da pressão que ela sofria por conta do debate, mas o pouco que conversei com ela me fez repensar o meu voto. Ela também me chamava pelo meu nome e me olhava nos olhos.

    Hoje em dia, Marina Silva está filiada ao PSB, se uniu ao candidato Eduardo Campos (PSB) e provavelmente será sua vice, o que me deixou profundamente confuso.

    Há quem pense que somente Dilma Roussef (PT), Eduardo Campos/Marina Silva (PSB) e Aécio Neves (PSDB) são canditos à presidencia da república, mas Soninha Francine (PPS), Rodolfe Rodrigues (PSOL), Levy Fidelix (PRTB), Everaldo Pereira (PSC), Mauro Iasi (PCB), Eduardo Jorge (PV), José Maria Eymael (PSDC) e Magno Malta (PR) também estão na disputa.

    Eu sou admirador incondicional do ex-presidente Lula e por isso achei que votar na candidata Dilma seria uma melhor opção, até mesmo para manter uma política cultural que já vinha dando certo. Na verdade acho que muita gente só votou nela por causa do Lula.
    Mas aconteceu o que aconteceu. A política cultural regrediu a passos largos.

    20140505-01-dilma
    Thiago, Dilma Roussef, DMA, Aurea e Felipe

    Encontrando problemas de diálogo com o governo municipal, estadual e federal, abri uma brecha com um governo internacional. No ano passado fui novamente para a França, mostrar o projeto da Escola de Hip Hop e fazer alguns shows. Quando eu estava lá, as manifestações desencadearam no Brasil. Foi lindo!!! Senti muito orgulho do meu povo. Não conseguia entender, sei que motivos tínhamos de sobra, mas porque naquele exato momento? Será que era a última gota? A paciência transbordou? O gigante acordou?

    20130628-08-dilmaCerto dia eu estava em casa, havia acabado de chegar da turnê pela França, meu telefone tocou. Era alguém do gabinete da Presidenta Dilma Rousseff me convidando para um encontro com ela. Antes do convite a pessoa me fez alguns elogios, inclusive dizendo que eu estava entre as 15 maiores lideranças de juventude do país.

    Não há como não ficar emocionado quando isso acontece, mas juro que não fiquei. Aceitei o convite porque não é todo dia que podemos conversar com a Presidenta da República né? Seria uma experiência no mínimo interessante.

    Eu fiquei surpreso porque eu achava que a Presidenta ia se reunir com os representantes do povo, a galera que tava na ponta, uns doidos tipo eu, mas me assustei quando vi uma juventude formada por políticos profissionais, a galera do MST e da UBES ficaram com os melhores lugares, com mais representantes, falando de assuntos que nada tem a ver com a juventude, assuntos não tão urgentes. Enquanto isso, nós da periferia no final da fila, mas com direito a uma fala de apresentação e uma fala em nome do grupo.

    Eu lembro que eu disse a presidenta que não adianta de nada a terra, a economia e a mobilidade, se nós estivermos mortos. Foi quando ela olhou nos meus olhos.

    Como vocês puderam ler e podem tirar conclusões, durante os últimos anos ouvi muitas promessas, fiquei confuso, mas nunca desisti de exerceu o meu papel de cidadão, de artista e de militante. Percebi que Júlio Camargo também tem razão quando diz que: – Política é a arte de governar com o máximo de promessas e o mínimo de realizações.

    Eu espero que esta coluna te faça refletir sobre a importância em manter um diálogo com os políticos, pois nós os colocamos lá. Não interessa o partido, estão todos cada vez mais parecidos, o que importa é nossa participação, o que importa é nós todos juntos pressionando.

    Por isso eu estou disposto a reunir a juventude e artistas da Baixada Fluminense para um dialogo franco com os candidatos a deputado estadual e federal, governadores e presidentes. Não sei se será mais difícil reunir os candidatos ou o povo, que está cada vez mais desacreditando da política, mas eu vou me empenhar, com toda a minha força, porque a política é uma coisa séria demais para ser deixada nas mãos dos políticos.

  • Bastidores de uma audiência com a Presidenta

    Bastidores de uma audiência com a Presidenta

    De súbito, um batalhão de fotógrafos entra na sala. Disparam fotos freneticamente. Movem suas câmeras como franco-atiradores. Ouço metralhadoras. Thiago, ao meu lado, solta uma letra de espanto. Nem pisco. Agentes de terno agradecem e pedem para o batalhão se retirar. Já era.

    28 de junho de 2013. Estamos no Palácio do Planalto. No outro extremo da sala, a presidenta Dilma ocupa o centro da mesa em formato de U, entre os ministros Aloizio Mercadante e Gilberto Carvalho. Nas laterais compridas da mesa, somos mais de vinte jovens distribuídos em lugares previamente marcados com nossos nomes. Na minha lateral, na posição mais próxima da autoridade máxima do Brasil, estão a bandeira e a presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), Virgínia Barros. Na dianteira oposta, vejo a Secretária Nacional de Juventude, Severine Macedo. Em posições diversas, dispõem-se jovens e, em alguns casos, bandeiras, da União Brasileira de Estudantes Secundaristas (UBES), do Levante Popular da Juventude, da Central Única dos Trabalhadores (CUT), do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST), da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), da Marcha Mundial das Mulheres, do Fora do Eixo, da Marcha das Vadias do Distrito Federal, do Conselho Nacional de Juventude, da Coordenação Nacional de Entidades Negras (Conen), da Rede Fale, de juventudes partidárias… Estou no fundão. Meu pedaço é um quilombo: Thiago, da Agência Solano Trindade, último da ponta, está à minha esquerda, e Dudu de Morro Agudo, do Movimento Enraizados, à minha direita. Coincidentemente, somos três jovens negros e não pertencemos a organizações tradicionais.

    Simpática, Dilma abre os trabalhos. Destaca que o objetivo da audiência é discutir pautas levantadas pelas manifestações que estão acontecendo no país. Situa brevemente o contexto, lamenta a repressão policial ocorrida em São Paulo, repudia a violência, reconhece a legitimidade das vozes que emergem das ruas. Critica o antipartidarismo camuflado por detrás do apartidarismo. Considera importante a sensibilização dos governantes em relação às demandas populares por redução das tarifas do transporte coletivo. Faz uma conta sobre quanto uma trabalhadora autônoma de Valparaíso, periferia colada no Distrito Federal, gastaria para se deslocar diariamente ao Plano Piloto, a Brasília oficial. Conclui que o gasto com transporte pesa no bolso da população e afirma que é relevante diminuir o preço das passagens.

    Ela fala, também, da apropriação desigual das cidades e da nada trivial agenda da reforma urbana. Aponta o metrô como uma solução necessária para as grandes concentrações. Reconhece que os protestos expressam um mal-estar em relação aos serviços urbanos e rurais. Discorre sobre educação, saúde, reforma política, redes e comunicação. Admite que não é muito familiarizada com o mundo digital. Analisa que as manifestações tratam de três questões centrais: valores políticos, serviços públicos e representatividade democrática. Defende que o debate sobre o sistema político deve ser apropriado por toda a sociedade – não pode ser coisa apenas de políticos. Diz que quer ouvir as nossas percepções sobre o que está se passando. Ressalta o valor da democracia e se opõe ao elitismo: “na minha época, diziam que o povo não sabia distinguir, não sabia votar”.

    PAUTAS COMUNS, EGOS INCOMPATÍVEIS
    Na noite anterior, estivemos reunidos na Secretaria Nacional de Juventude (SNJ) para preparar a nossa intervenção na audiência. A secretária Severine explicou que foram convidados jovens de organizações com abrangência nacional e jovens de grupos locais, especialmente de cidades em que os protestos têm sido mais intensos. Recomendou que organizássemos nossas falas de maneira sucinta, já que a audiência com a presidenta duraria cerca de uma hora e meia. Sugeriu que definíssemos algumas pessoas – talvez sete – para falar, mas assinalou que nós é que deveríamos decidir como arranjar essa dinâmica. Deixou explícito, inclusive, que todos poderíamos falar na audiência, mas era fundamental levar em conta as limitações de tempo.

    Fizemos uma ótima rodada de falas sobre o que considerávamos questões chaves a serem apresentadas para a presidenta. Encontramos unicidade em torno da defesa de grandes pautas: fim do genocídio da juventude negra e pobre, fortalecimento das políticas públicas de juventude, financiamento da educação, democratização dos meios de comunicação, reforma política e fim do financiamento privado de campanhas eleitorais, contra o avanço das matérias conservadoras no Congresso Nacional (sobretudo Estatuto do Nascituro, “cura gay” e redução da maioridade penal), descriminalização do aborto, laicidade do Estado, desmilitarização das polícias, ampliação do programa Juventude Viva, repúdio à repressão policial nas manifestações, transporte público e mobilidade urbana, reforma agrária, entre outras. Agrupamos as pautas e avaliamos que seria proveitoso articular as falas em oito eixos temáticos, com cinco minutos para cada. Alguns de nós destacamos que a chama das lutas nas ruas deveria ser a tônica da audiência. Pessoalmente, falei da necessidade de denunciar as violações de direitos humanos no contexto dos megaeventos esportivos, como as remoções forçadas, por exemplo, mas esse ponto foi ignorado. Por acaso, ali havia uma parcela considerável de pessoas do mesmo partido do ministro Aldo Rebelo.

    Na hora de definir quem assumiria cada eixo, a coisa mudou de figura. Nesse momento, permanecemos na sala apenas os movimentos e alguns técnicos da SNJ, que respeitaram a nossa autonomia no debate. Logo de cara, algumas organizações tradicionais, sobretudo a UNE, tensionaram para que fossem escolhidas as grandes de sempre. Além da UNE, defenderam que a UBES também tivesse poder de fala. Alguns de nós argumentamos que tínhamos poucas vagas e era preciso contemplar a diversidade. Não parecia razoável destinar duas vagas para organizações do campo estudantil, uma vez que outros segmentos estavam de fora. Entretanto, os dirigentes da UNE presentes conseguiram pressionar o coletivo para que ambas estivessem entre as oito. Tudo bem. O pior, a meu ver, ainda estava por vir.

    As jovens da Marcha Mundial das Mulheres e da Marcha das Vadias do DF não abriam mão de falar pelo eixo temático contra o machismo e a opressão. Nenhuma delas estava disposta a ceder. Instaurou-se um conflito muito feio. A jovem da Marcha Mundial fez uma defesa baseada na maior representatividade da sua organização, que tem expressão nacional e internacional. A jovem do DF falou do engajamento das vadias nas manifestações e da importância de termos mais grupos locais nas oito vagas. Até então, o único jovem de grupo local escolhido pelo coletivo era Thiago, ativista da cultura periférica no Capão Redondo, em São Paulo. De forma assustadora, uma jovem da UNE desqualificou a fala da jovem do DF, dizendo que a representatividade da Marcha Mundial era mais legítima que a das vadias. Ficou difícil dialogar respeitosamente. Diante do impasse, alguém propôs que se fizesse uma votação.

    Alguns de nós discordamos dessa ideia. Posicionando que considerava válido que as duas marchas reivindicassem poder de fala e justificando que o coletivo já tinha criado precedente em uma situação análoga, no caso da UNE e da UBES, sugeri que abríssemos mais uma vaga e contemplássemos as duas. Recuperei a fala da secretária Severine de que, observando as limitações de tempo, a nossa participação na audiência se daria segundo nossos critérios e não havia, em princípio, restrição de vagas. Uma solução, assim, seria redistribuir o tempo de fala em nove intervenções, no lugar de oito. Várias pessoas concordaram com a minha sugestão. No entanto, surpreendentemente, a jovem da Marcha Mundial recusou a proposta. Disse que era uma perda (!!!) incluir as duas marchas, que isso enfraquece a luta das mulheres e por aí vai. Com toda honestidade, não consigo entender esse argumento. Sou feminista e acredito que a sororidade – a solidariedade entre mulheres – é um valor e um dever em qualquer situação. No entanto, o que eu vi prevalecer foi a lógica da competição destrutiva que tanto criticamos nas estruturas patriarcais.

    O debate desandou completamente, a ponto de as mulheres terem que sair da sala para conversar sobre como encaminhar a disputa. Lá fora, ânimos exaltados e a confirmação de que não se buscava uma alternativa em que todas sairiam ganhando. Decidiram votar. Eu me recusei a participar disso e me retirei da votação. A Marcha Mundial foi “eleita”.

    Já era tarde da noite. Estávamos exaustos. Um pequeno grupo, valente e comprometido, tratou de sistematizar os subtemas dentro de cada eixo. No dia seguinte, faríamos uma fala consensual, unificada, repartida em oito blocos, sendo um deles de abertura e encerramento da sessão.

    FALAMOS COM A PRESIDENTA
    De volta à audiência, era hora da gente falar. No geral, quase todas as intervenções honraram o combinado. Eu não falei, mas me senti bem representada na voz de Thiago, que trouxe sua própria narrativa e me emocionou ao lembrar a luta da juventude negra e pobre para escapar das estatísticas macabras do genocídio. Ele mencionou as estratégias de resistência nas comunidades, os saraus como tecnologias sociais que estão se espalhando pelo país, a urgência da desmilitarização das polícias, a centralidade da cultura. Thiago falou com o coração e foi o único a arrancar aplausos.

    Como era de se esperar, algumas pessoas puxaram a sardinha para suas próprias bandeiras e organizações. Nada demais, é verdade, desde que isso não comprometesse o combinado. Algumas pessoas também usurparam muito mais tempo de fala do que o previsto. Ok, sem crise. O mais complicado, para mim, foi a defesa unilateral do passe estudantil feita pela jovem da UBES, dado que esse ponto não foi consenso do coletivo. Havia diferentes teses em jogo, como o passe livre irrestrito, para todos os jovens, e a tarifa zero. De onde eu venho, o combinado não sai caro.

    Nessa atmosfera suspensa, chamou minha atenção a dureza dos discursos de determinadas organizações tradicionais. Repisados há anos, tais discursos se mostraram pouco permeáveis às novas formas de participação juvenil e nem de longe traduziram os acontecimentos das ruas. Muito embora os jovens – ou melhor, as organizações – que os vocalizaram tenham participado dos protestos recentes, sua linguagem soava inabalável e anacrônica. As grandes lutas não estão superadas, é óbvio, mas os tempos são outros e nos desafiam a dialogar com os sentidos e as novidades que as instituições não conseguem captar. Numa olhadela, pude ver a cara de tédio da presidenta quando um desses discursos monótonos entrava na frequência.

    E DAÍ?
    Com a palavra de volta, Dilma concede “meio segundo” ao ministro Aloizio. Ele repete a análise da presidenta quanto às três características centrais das manifestações. E acrescenta: em sua opinião, o que estamos vivendo é muito diferente das revoltas populares na Europa, no mundo árabe, na Turquia, em Nova Iorque. Nossos problemas, segundo ele, não são a perda de direitos ocasionada pela crise econômica nem a fratura étnico-religiosa da sociedade. O que temos, prossegue, é uma luta por mais direitos, em que a população brasileira percebe que já alcançou níveis básicos de inclusão e agora quer mais.

    Parece, realmente, que o ministro não estava nos ouvindo. É inegável que avançamos nos últimos anos, que reduzimos as desigualdades, que atingimos, em certo sentido, melhores condições de vida. Contudo, a isso não corresponde que os direitos fundamentais estão assegurados e, agora, a questão é ir além. Basta ouvir o grito da juventude negra, que lida com o onipresente terror da morte. Existe direito mais básico do que preservar a própria existência? Acho que o ministro perdeu de vista os mecanismos globais e sistêmicos das desigualdades. O Brasil não está sozinho no planeta.

    Não temos mais tempo. Na antessala do Palácio, o movimento LGBT espera a presidenta para a próxima audiência. Apressada, ela encerra os trabalhos dizendo que buscará manter esse canal de diálogo com os movimentos. Sem se comprometer com nenhuma das pautas, afirma que é possível que estejamos em contato via plataformas digitais, mas não exclui totalmente a possibilidade de encontros presenciais. Descrença à parte, tomara que isso seja uma oportunidade de aprendizado para ela e todos nós.

    Ela se levanta, todos se levantam ansiosos. Já começa uma aglomeração, mas consigo me aproximar. “Presidenta, trouxe para a senhora um material da campanha Juventudes contra Violência, do Fórum das Juventudes da Grande BH”. Ela me abraça e sorri: “você é de BH? Onde você nasceu?”. “Nasci em Tucuruí, no Pará. Sou filha da hidrelétrica”. Ela me olha com olhos brilhantes: “filha da hidrelétrica?!?”. Nossa incrível conversa acaba ali, interrompida por outra pessoa com um presente nas mãos.

  • Enraizados participa de reunião da Presidenta Dilma com a Juventude brasileira.

    Enraizados participa de reunião da Presidenta Dilma com a Juventude brasileira.

    No início da semana recebi uma ligação da Secretária Nacional de Juventude, Severine Macedo, me convidando para uma reunião com a Presidenta Dilma Roussef. Apesar de uma agenda muito apertada, onde teria que abrir mão do semestre na faculdade por conta das provas que teria de faltar, achei importante minha participação, pois não é todo dia que eu tenho a oportunidade de falar com a Presidenta do meu país, ainda mais no momento histórico que o Brasil vive.

    Sabia que era uma reunião da juventude (óbvio), mas não sabia quem estaria participando. Na minha cabeça estava certo da pauta que defenderia, pois o Movimento Enraizados, no momento, está empenhado na campanha #BaixadaVIVA, que tem como objetivo mapear a juventude iguaçuana para reunir dados reais que confrontem os oficiais, quanto aos locais com maior índices de violência na cidade e a presença do poder público nesses territórios.

    Thiago Vinicius, Eu e Danilo @ Secretaria Nacional de Juventude
    Thiago Vinicius, Eu e Danilo @ Secretaria Nacional de Juventude

    Apesar dos contra-tempos e perrengues que passei, (relatei no meu perfil do facebook) tudo foi muito produtivo.

    Ontem, dia 27 de junho, aconteceu uma reunião na secretaria de juventude com movimentos de juventude que participariam da reunião com a Presidenta, para que nos organizássemos em temas e nas pessoas que nos representariam, pois não seriam todos que teriam fala.

    A Secretária de Juventude abriu a reunião explicando o motivo, o curto tempo que teríamos e que as proposições deveriam ser objetivas porque o tempo era curto e o momento era único.

    Durante as propostas apresentadas, me identifiquei imediatamente com a fala do Danilo (Juventude Negra – SP), da Áurea (Forum das Juventudes da Grande BH – MG) e do Thiago Vinicius (Agência Popular Solano Trindade – SP), pois nossas falas foram alinhadas no que diz respeito ao descaso do governo perante o extermínio da juventude negra em todo o país.

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    Áurea Carolina e Eu @ Palácio do Planalto

    Diversas organizações, além do Movimento Enraizados, do Fórum das Juventudes da Grande BH, da Juventude Negra e da Agência Popular Solano Trindade, estiveram ali representadas, como a juventude do PSB, a juventude do MST, a Rede Fale, a Marcha das Vadias,  a Marcha Mundial das Mulheres, o Fora do Eixo, a UNE e a UBES.

    Como somente algumas pessoas falariam, os temas foram separados em blocos, e as falas foram definidas em grupo. Os temas centrais foram “Democracia, participação e reforma política”, “Trabalho, democratização da comunicação e financiamento”, “Educação”, “Campo”, “Laicidade do Estado”, “Opressão e Machismo”, “Transporte público e mobilidade urbana” e “Juventude Negra”.

    Como eu estava mais focado no tema relacionado a juventude negra, tive uma participação maior na composição do que seria dito para a presidenta. Na minha fala de proposição, abri mão de ser o representante que falaria sobre o tema com a Presidenta, até mesmo pelo fato de acreditar que qualquer um dos quatro envolvidos teria total condição de realizar tal fala. Ficou decido por todos que o Thiago Vinicius falaria, concordei, mas também acho que poderia ter sido legal se a Áurea falasse.

    Thiago Vinicius, Presidenta Dilma, DMA, Áurea Carolina e Felipe Altenfelder
    Thiago Vinicius, Presidenta Dilma, DMA, Áurea Carolina e Felipe Altenfelder

    Eu, o Danilo e o Thiago ficamos moldando o “discurso” do Thiago, para que contemplasse todos os pontos discutidos pelas organizações durante a reunião. Tínhamos alguns problemas relacionados ao tempo, pois ficou decidido por “todos” e “todas” que teríamos cerca de quatro minutos cada um. Preparei um texto de uns dois minutos, para que o Thiago pudesse improvisar, se necessário, e foi o que aconteceu.

    Durante a reunião com a Presidenta Dilma.
    Durante a reunião com a Presidenta Dilma.

    A reunião de organização seguia muito bem, pois as demandas estavam alinhadas, por um momento tudo foi bastante harmônico. Num determinado momento, segundo meu ponto de vista, rolou uma guerra de “egos”, por que muitas pessoas queriam falar, eu não via sentido na discussão, já que a pauta era da juventude e não para vangloriar o nome da instituição A ou B. Logo depois rolou outro desentendimento para saber quem encerraria a reunião com a Presidenta. Todo esse mal estar serviu para eu ficar esperto, pois apontava para uma quebra no nosso acordo de “cavalheiros” – e damas – de que não levantaríamos bandeira de instituições.

    Hoje, durante a reunião, a Presidenta ela falou cerca de meia hora, começou deixando claro que a pauta da conversa deveria ser sobre as manifestações que acontecem quase que diariamente no Brasil. A Presidenta lamentou as violências que houveram, mas deixou claro que o mais importante nisso tudo é que houve a manifestação, e esta é legítima.

    Na fala da Presidenta ela abordou a questão da mobilização urbana, onde disse que as cidades são cortadas por desigualdades, que quando as cidades cresceram não houveram políticas sociais e o povo foi empurrado para as periferias. Falou de acesso a segurança. Educação. Na fala sobre saúde, ela ressaltou que a distribuição de médicos no Brasil é desigual, reconheceu que o Brasil tem menos médicos por mil habitantes que nos países desenvolvidos e alguns de nossos vizinhos. Segundo a Presidenta existem mais médicos nos centros do que nas periferias, e mais nas periferias dos grandes centros urbanos do que no Norte e no Nordeste.

    Foto oficial com todos os representantes do movimentos de juventude presentes na reunião.
    Foto oficial com todos os representantes do movimentos de juventude presentes na reunião.

    Como solução para esta problemática ela disse que já está em andamento a ampliação dos cursos de medicina, mas mantendo a qualidade. Num futuro próximo o governo fará um chamamento para que os médicos atuem nas cidades de interior e nos locais onde há necessidade de médicos, se houver profissionais suficientes para compor o quadro bem, mas se não tiver, trará médicos de outros países para atuar no Brasil.

    Quando começaram as nossas falas, tudo estava sendo cumprido conforme o combinado “por todos e todas” no dia anterior, o tempo de cada um, o que seria dito, etc… Mas começou a desandar quando a Vic Barros, da UNE, descumpriu nosso acordo de falar por no máximo quatro minutos, e falou mais de dez, sobre assuntos não combinados previamente. A Manuela Braga, da UBES, seguiu o mesmo caminho de desrespeito com os companheiros, também não cumprindo o combinado, o que se extendeu ainda na entrevista coletiva que concedemos após a reunião, onde houve mais uma guerra de egos e de poder, para falar para a imprensa e levantar a bandeira da instituição “A” e “B”.

    Para salvar, a fala de todos e todas foram muito legais, dentro do combinado, com emoção e surpresas positivas, como foi o caso da Morgana Boostel (Rede Fale), que se apresentou como evangélica e falou sobre a necessidade da descriminalização dos usuários, contra a internação compulsória e pela radicalização dos serviços públicos do SUS, dentro da reforma manicomial. A fala do Thiago Vinicius, que foi emocionante, abordou temas como a desmilitarização das polícias e maior comprometimento dos ministérios, dos governadores e prefeitos com o Plano Juventude Viva. Ressaltando que foi a única fala que foi aplaudida por todos e todas, inclusive a nossa Presidenta.

    Termino meu texto com um agradecimento ao André, consultor da Secretaria Nacional de Juventude, pela assistência que meu deu em Brasilia esses dias. Ao Felipe Altenfelder e ao Pablo Capilé (e todos os moradores e moradoras), do Fora do Eixo, que me acolheram na Casa das Redes.

    Abraços!!!

    ALGUNS LINKS DE MATÉRIAS SOBRE O ENCONTRO:

    Amigos do Presidente Lula

    Planalto.Gov

    Uol

    Globo.Com

    Globo.Com 02

    PDT

    Jornal do Brasil

    Rede Brasil Atual