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  • Explorando a formação política no RapLab: O caminho de Debrah

    Explorando a formação política no RapLab: O caminho de Debrah

    Débora de Souza Costa Seabra é natural da cidade de Nilópolis, na Baixada Fluminense. Tinha 19 anos quando ingressou no RapLab em 2020, enquanto cursava o Ensino Médio no IFRJ, em Nilópolis. Atualmente, identifica-se como Debrah.

    Tivemos uma conversa no dia 28 de março de 2024, que durou cerca de 40 minutos. Discutindo sua participação no RapLab durante o período da pandemia.
    Revisitamos o período visando ajudar-me a responder algumas questões para minha tese de doutorado, principalmente relacionadas ao conceito de formação política e ao papel do RapLab nesse processo.
    Contudo, assim como aconteceu na conversa que tive com Jatobá, novos caminhos foram abertos para diversas reflexões.

    A seguir, apresento uma transcrição de nossa conversa, destacando os pontos abordados por Debrah. Para iniciar a conversa, perguntei como ela tomou conhecimento dos encontros do RapLab durante a pandemia. E a partir daí a conversa se desenrolou.

    Como você tomou conhecimento do RapLab pela primeira vez durante a pandemia?
    Certa vez aconteceu um caso de racismo no IFRJ de Nilópolis, onde um estudante foi acusado de roubar o celular de outro estudante, na realidade ele não tinha feito isso, mas isso desencadeou uma revolta nas pessoas, e por isso aconteceram algumas atividade lá, e uma dessas atividades foi um SLAM de poesias.
    Certa vez, ocorreu um caso de racismo no IFRJ de Nilópolis, onde um estudante foi acusado de roubar o celular de outro estudante. Na realidade, ele não havia feito isso, porém, essa acusação desencadeou uma revolta entre as pessoas. Por isso ocorreram várias atividades na instituição, e uma delas foi um SLAM de poesias.
    Era muito interessante, porque não havia ninguém ali no IFRJ que fazia poesia. Era algo introspectivo. Eu, por exemplo, nunca havia recitado, mas havia dois rapazes lá que recitavam poesia, e mais ninguém participava. Eles continuavam a recitar, e um complementava o outro em suas poesias. Mais tarde, descobri que eles faziam parte do “Enraizados no Vagão”, um grupo que produzia poesias nos vagões dos trens, e ambos eram membros do Instituto Enraizados.
    Um daqueles caras, o Gabriel (GB Montsho), me perturbou muito para eu recitar poesia naquele espaço, eu não o conhecia, mas os meus amigos ficaram insistindo para que eu participasse. A gente recitava poesia em sala de aula, mas apenas ocasionalmente, e então escolhi uma poesia e recitei em público pela primeira vez na vida.
    Marquei aquela pessoa que me incentivou no Instagram, comecei a segui-la, e ela me seguiu de volta. Assim, acabamos nos tornando amigos, de certa forma.
    Algum tempo depois ele postou que teria um encontro do RapLab. Enviou um texto que explicava um pouco sobre a atividade, que era pra fazer rap e eu achei o nome legal, RapLab. Me inscrevi porque parecia uma oportunidade legal. Preenchi o formulário e depois recebi o link, gostei e fiquei indo.

    Você participava do movimento estudantil?
    Eu comecei nessa época. Na verdade, esse caso [de racismo] aconteceu mais ou menos no final de 2018. Em 2019, o Bolsonaro entra no governo e aí ele começa a cortar verba da educação, e a minha escola, assim como a escola do Jatobá (Pedro II), ficam ameaçadas.

    Você conhecia o Jatobá nessa época?
    Não. Comecei a me aproximar mais do GB (Montsho), inclusive, nessa época começamos a construir o movimento estudantil. Era algo pequeno, eu apenas participava dos protestos. Eu ia porque comecei a gostar disso. Foi ali que fui me aproximando mais do GB.

    O que te fez participar mais vezes pro RapLab?
    Pra ser sincera, o que me fez voltar de novo foi um sentimento de não querer perder aquele encontro. Eu gostei muito da troca de ideia, porque eu criei uma afeição pelas pessoas que participavam. Eu sentia que não podia negar o convite daquelas pessoas.
    Toda vez que as pessoas me convidavam, eu comparecia. Se não recebesse esse convite, se não tivesse alguém me mandando mensagem, às vezes até no privado do celular, me marcando na rede social e fazendo questão, eu não voltaria.
    Mas como era algo fácil, bastava clicar no link, e eu estaria ali encontrando pessoas com quem gostava de conversar, eu sempre comparecia, porque não queria abrir mão da minha conexão com elas.
    Durante a pandemia, o pessoal tentou realizar muitas atividades. Eu era, inclusive, membro do Grêmio Estudantil da minha escola, então o Grêmio começou a promover ações de forma virtual. Nas reuniões do Grêmio, as pessoas falavam, mas às vezes eu não conseguia entender completamente o que diziam, sabe? Eu prefiro muito mais conversar olhando nos olhos das pessoas. Por isso, eu não conseguia priorizar essas outras reuniões, mesmo que houvesse pessoas me chamando para participar, da mesma forma que acontecia com o RapLab. Acho que nenhuma daquelas coisas me atraia.
    Alguns dos meus amigos moravam perto e iam lá pra casa. Eu preferia ficar com eles do que participar das reuniões. O RapLab aconteceu num horário que eu ficava muito sozinha. Era de tarde, então como eu estava sozinha, eu tinha uma probabilidade maior de participar.
    E era uma troca de ideia que, por mais que eu entrasse na metade do encontro, eu ia conseguir entender o que estava sendo conversado e me envolver ali. E ia ter permissão de falar e de me colocar. Sem esperar muito pra isso, sabe? A gente trocava ideias sobre várias coisas legais. E trocava umas ideias muito boas. Eu tinha muito espaço pra poder falar e colocar minhas opiniões.
    Mesmo que, às vezes, as pessoas discordassem. Era um espaço seguro, de certa forma. Isso me manteve ali, a fim de continuar. Foi a única coisa que eu consegui fazer na pandemia.

    Você já tinha gravado rap antes do RapLab?
    Não, era uma realidade muito distante para mim. A partir do RapLab, minhas poesias ganharam mais consistência; foi quando mais compus. É algo curioso, pois trabalhei muito durante a pandemia, e o RapLab era um dos meus raros dias de folga. Então, participava do RapLab e compunha durante o trabalho. Durante meu expediente, pegava o caderno e escrevia poesia.
    Através do RapLab, conheci pessoas que me ajudaram a me tornar efetivamente um rapper. Atualmente, também faço rap. Lancei uma música no início de 2022 com uma pessoa que era um dos coordenadores do RapLab. Fizemos uma colaboração, e agora estou trabalhando com outra pessoa que conheci através do Enraizados, embora não participasse do RapLab, mas é um produtor musical, e estamos colaborando juntos.
    E estou para lançar também um EP de rap.

    Houve algum encontro específico no RapLab que você considerou particularmente significativo ou marcante? Se sim, qual foi e por que você o considerou assim?
    Tem um encontro em que discutimos a questão da terceirização e da ‘uberização’ do trabalho. Abordamos especificamente a situação dos entregadores de aplicativos, destacando o papel do Galo de Luta e como a economia avançava durante a pandemia. Falamos também sobre a estratégia global de precarização da vida dos trabalhadores e as dificuldades enfrentadas por esses entregadores. O fato de o Galo de Luta ter sido preso foi mencionado, e esses temas em discussão me marcaram profundamente.
    Foi, inclusive, um encontro que eu lembro que estava no quarto, mas o encontro foi durando, durando, durando e eu vi que estava no finzinho da tarde, ia anoitecer e o encontro ia continuar. Como eu não queria perder o fim de tarde, pois estava um dia bonito, eu saí e continuei conversando com o pessoal sobre esses temas, com fone de ouvido.

    Foi, inclusive, um encontro que lembro que começou de tarde, mas continuou se estendendo, e percebi que já estava chegando ao fim da tarde e prestes a anoitecer, e ainda assim a discussão seguia. Como não queria perder o entardecer, pois estava um dia bonito, saí e continuei conversando com o pessoal sobre esses temas, utilizando fones de ouvido.

    Um terço dos encontros teve como tema algo relacionado à luta de classes. Por que você acha que discutíamos tanto esse assunto?
    Eu acho que discutimos tanto isso porque esses encontros ocorreram durante a pandemia, um momento árduo de crise do capitalismo. O capitalismo está em crise; começou em 2008 e continua até hoje, se agravando cada vez mais.
    E ele precisa dessas crises porque é durante as crises do capitalismo que conseguem justificar as guerras. Conseguem ampliar os lucros por meio da crise, como está acontecendo hoje. Refiro-me a “guerras” entre aspas, pois o que está ocorrendo entre Israel e Palestina não é uma guerra, é um massacre.
    Mas conseguem justificar essas coisas durante o período de crise. E nesse mesmo período, a luta de classes fica mais aguda, onde as pessoas percebem mais claramente as disparidades, pois se tornam mais evidentes. Era óbvio quem era a população que estava morrendo de covid-19 naquele período. E diversas outras coisas.
    Quem estava passando fome? Quem estava realmente priorizando essas questões de ajuda mútua? No Enraizados, havia um grupo que organizava cestas básicas para doar, a fim de ajudar as pessoas próximas. Percebemos que, mesmo o governo tendo muitos recursos, não estava investindo em vacinas.
    Estava claro para nós que o governo atuava em benefício dos ricos e dos interesses pessoais dos próprios governantes. Por exemplo, o Bolsonaro comprava vacinas e recebia propina em troca. Ele comprava vacinas que não eram comprovadamente eficazes, mas menos eficazes, visando lucrar com isso. Todo esse esquema visava gerar ainda mais dinheiro para aqueles que já eram privilegiados financeiramente.
    As pessoas que conduzem o RapLab, que fizeram parte do RapLab, são pessoas que conseguiram perceber essas coisas, porque é muito óbvio para a gente. Porque a gente está de um lado. A gente pertence a uma classe. A gente é da classe trabalhadora. Não tinha ninguém ligado a outra classe. Então a gente conseguiu ter isso mais claro. Eu acho que foi por causa disso, não tinha como falar de outra coisa.
    Se a gente entrasse no tópico do racismo, a gente entrava no tópico da luta de classes também. Se a gente entrasse no tópico pra falar de sorvete, a gente entrava no tópico da luta de classes. Porque quem é que está comendo sorvete? A gente não está comendo sorvete. Acredito que a gente falou muito por conta disso.

    Qual é a sua definição de formação política?
    Acho que formação política é você ter a capacidade de compreender os movimentos da sociedade, como a sociedade funciona, por que as coisas acontecem da forma que acontecem. Acho que a formação política é um meio de se conseguir compreender o mundo, o mundo da forma que ele é, porque tudo no mundo é político.
    Inclusive, a educação é política, nada é neutro nesse mundo, então tudo é político. Creio que a formação política é você conseguir compreender o que está por trás, por exemplo, da reforma do novo ensino médio, dessas questões. Acho que isso é formação política.

    Todo mundo tem essa compreensão?
    Não, não acho. Eu acho que, inclusive, existe todo um movimento, de uma cultura de massas, que é o que aparece na televisão, nessas mídias de massa, no TikTok, que faz com que as pessoas fiquem constantemente sob uma névoa que camufla a realidade, deixa a realidade um pouco mais dura para a nossa compreensão.
    Algumas pessoas acham que o mundo é assim porque ele é assim e pronto. Ou porque na pandemia quem estava morrendo era porque em outras vidas tinham cometido erros e estavam pagando nessa vida. Que a pandemia era um momento de resgate dessas pessoas. Que as pessoas estavam morrendo na pandemia porque elas tinham sido predestinadas. Essa coisa do destino.
    Que tudo que aconteceu com a gente já estava escrito antes da gente nascer. Isso é o que as igrejas e o que frequentemente a gente vê na televisão também.
    Acredito que isso atrapalha um pouco as pessoas a adquirirem formação política, porque elas acreditam que o candidato ganhou a eleição presidencial por estar predestinado. Elas acham que não havia nada que pudéssemos fazer para mudar isso. Eu entendo que a formação política é justamente compreender a situação.
    Além de compreender, eu mencionei apenas a questão de entender o mundo. Mas também é perceber que sua ação, em conjunto com a ação de outras pessoas, por meio da ação coletiva, pode transformar o mundo. Eu acredito que isso é formação política.
    Só que eu acho que muitas pessoas, muitos intelectuais não têm. Ou têm uma perspectiva diferente, de se achar muito inteligente por achar que nada pode se transformar.
    Boa parte das pessoas não têm formação política por não conseguir ter essa compreensão dos movimentos políticos que acontecem no mundo.
    Mudou agora o Ensino Médio, agora os estudantes pobres não vão ter aula mais de História. Mas é isso. É isso que está dado. As pessoas não conseguem compreender o que está por trás disso e o que faz com que isso aconteça.
    Eu acho que o RapLab estimula isso. Porque se o tema do RapLab for, por exemplo, o novo Ensino Médio, a gente vai trocar de ideia sobre isso. Vai chegar uma hora que a gente vai ficar sem ideia para trocar sobre o que é, então a gente vai entrar na ideia do porquê que é.
    Então vamos começar a cavar as coisas para podermos ter mais ideias para trocar, para não fugir do assunto. Porque o assunto do RapLab é esse. Acho que isso faz com que a gente consiga ter esse espaço de desenvolvimento, de formação política.
    Porque o RapLab traz muito a perspectiva da coletividade. Não apenas realizávamos os encontros, mas também compúnhamos as músicas de forma coletiva. Eu já partia da ideia de que não se trata apenas da genialidade individual, em que apenas uma pessoa consegue compor.
    Nós compúnhamos de forma coletiva, nos encontrávamos e fazíamos. Além disso, nos reuníamos para construir o estúdio do Enraizados, participar de mutirões e distribuir cestas básicas. Então, contávamos com a coletividade não apenas para criar música, mas também para ajudar a transformar a vida das pessoas. Fazíamos isso porque entendíamos que tínhamos essa capacidade. No entanto, várias pessoas ao meu redor, incluindo minha família e amigos, não praticavam esse tipo de ação.

    Como você acredita que ocorre o despertar das pessoas para a realidade além da anestesia?
    Então, comigo aconteceu da seguinte forma, eu fui me desligando de algumas coisas. Eu me desliguei do pastor, porque a igreja faz com que você ache que está tudo predestinado, que você não tem controle sobre nada, que o controle é de Deus e que você não pode fazer nada para transformar as coisas.
    Eu saí disso no momento que eu percebi que eu era uma pessoa LGBT. E, segundo eles, eu ia necessariamente para o inferno. Eu falei, cara, eu sou uma pessoa boa, eu não vou para o inferno, isso aí é mentira. E eu saí disso.
    A gente viveu uma efervescência política muito grande no nosso país, mas eu sempre acreditei que eu podia ajudar a transformar o mundo de alguma forma. Certa vez eu soube que poderia ficar sem concluir o meu ensino médio por causa de um corte que um político tinha feito na educação. E falaram pra mim que, se eu fosse pra rua protestar, e fosse um protesto muito grande, eu conseguiria reverter aquilo. Eu pensei assim: – “Pô, vou fazer isso”. E fui pra rua e ele voltou atrás.

    Quem te chamou pro protesto?
    O pessoal do Grêmio. Jovens da minha idade que tiveram contato com o marxismo. Jovens marxistas, comunistas, me falaram isso. Falaram que era possível a gente pressionar coletivamente o governo para poder transformar uma coisa na sociedade.
    E a gente fez e o cara voltou atrás do corte e a minha escola não fechou. Aí eu falei: “Pô, então isso daí dá certo. Se eu me juntar com um monte de gente, eu posso perturbar a vida desse cara, e eu vou”.
    Eu comecei a ir para todos os cantos que eu podia, toda vez que tinha um monte de gente junta para poder encher o saco daquele fascista, eu estava lá. Comecei a perceber que em vários momentos ele voltava atrás. Então pensei: – “Cara, eu não sou tão pequena assim se eu estiver em conjunto com outras pessoas”.
    Comecei a perceber como as ações coletivas eram feitas. Eu tive esse despertar a partir disso. Comecei a procurar outras experiências de transformação da sociedade. Fui estudar sobre Cuba. Comecei a perceber que é possível transformar.
    Hoje eu sou comunista, mas para ter formação política você não precisa ser comunista, basta você conseguir ter uma compreensão mais material do mundo.
    Se um presidente, cercado por pessoas que defendem os direitos dos ricos, quer lutar pelos direitos dos pobres, os pobres precisam se unir e mostrar que a maioria da sociedade, composta principalmente por pessoas pobres, tem interesse nisso. Assim, os ricos serão pressionados, visto que constituem uma minoria na sociedade.
    Eu acho que o RapLab foi muito importante para mim nesse sentido também, porque foi um dos primeiros espaços de debate político que eu tive na minha vida, onde eu pude colocar minha opinião e entender que a minha opinião política, de certa forma, em alguns momentos, estava certa. E eu não tinha estudado em lugar nenhum, não tinha estudado Marx, não tinha estudado nada, mas eu sou uma pessoa pobre. Eu tinha algum nível de formação política que foi sendo aprofundado através de uma troca com outras pessoas pobres, algumas um pouco mais estudadas que eu.

    Quem é você hoje?
    Atualmente, estudo Produção Cultural na faculdade do IFRJ em Nilópolis. Anteriormente, enquanto cursava Química no IFRJ, eu planejava trabalhar em uma fábrica, mas nunca consegui emprego devido à alta taxa de desemprego.
    E aí eu fui estudar outra coisa, fui fazer curso técnico em iluminação cênica. Por isso eu estudo produção cultural no IFRJ. Lá eu desenvolvo o movimento estudantil, ainda nessa perspectiva de transformar as coisas, eu busco trazer essa perspectiva para outras pessoas.
    Eu sou presidente do Centro Acadêmico, que é uma representação dos estudantes do meu curso. Isso tem me dado um trabalho também, mas é um trabalho voluntário que realizo.
    Trabalho com iluminação cênica para peças de teatro, mais na cidade do Rio de Janeiro, que é onde existem mais investimentos em cultura e é onde eu consigo ter um salário.
    Na Baixada eu não consigo ter um salário, mas aprovei que um projeto pela Lei Paulo Gustavo, na cidade de Nilópolis, e estou produzindo esse projeto onde atuo como produtora musical e roteirista. O projeto tem como perspectiva apresentar a realidade de uma pessoa trans, não-binária, trabalhando com arte na cidade de Nilópolis.
    Eu sou uma pessoa trans, não-binária, que trabalha com arte, nem sempre na cidade de Nilópolis, mas esse projeto visa trazer essa perspectiva. Então estou fazendo essas coisas hoje em dia.

    Como você explicaria para um amigo da sua idade o que é o RapLab e por que ele deveria participar?
    O RapLab é um encontro onde nos reunimos com pessoas interessadas em rap, de vários lugares, com várias vivências. Trocamos ideias sobre um tema específico, que reflete as experiências de todos os participantes. Durante o debate, entramos em contato com diversas perspectivas, experiências e ideias. Após isso, escrevemos uma música coletivamente inspirada nessas discussões.
    Então, se você nunca fez música, se você nunca fez rap, é uma chance de você ter essa experiência pela primeira vez. E, ao mesmo tempo, mesmo que você não tenha interesse nenhum por rap, você vai ter a oportunidade de conhecer várias pessoas legais.
    Hoje em dia é muito difícil você conseguir conversar com as pessoas, pessoalmente, ouvir a voz das pessoas falando sobre as coisas, falando sobre temáticas profundas. E o RapLab é uma conversa coletiva com um monte de gente legal.
    Acredito que mesmo que você não tenha interesse no rap, você vai conhecer alguém que, de repente, vai ser alguém muito importante pra sua vida. Então, acho que vale a pena você ir.

    Você apresentaria para uma diretora de escola da mesma forma como apresentou para um amigo?
    Não, eu abordaria a diretora e explicaria que faço parte do projeto RapLab, o qual visa promover o desenvolvimento da escrita e da palavra entre jovens.
    É um projeto que desenvolve a formação de jovens para poderem apresentar suas ideias, porque os jovens pensam muito, mas raramente conseguem colocar suas ideias de uma maneira contundente na sociedade. O adolescente brinca muito e dificilmente consegue colocar suas opiniões de uma maneira efetiva. O RapLab existe para desenvolver isso nas pessoas.
    É um espaço onde esses jovens vão poder falar sobre temáticas que, inclusive, você, diretora, pode me ajudar a escolher, que seja interessante de trabalhar com esses jovens. A gente pode trabalhar sobre a temática do machismo, sobre a temática dos assédios, ou sobre a temática do Enem.
    A gente pode trabalhar sobre a importância de se fazer faculdade. A gente vai conseguir descobrir entre esses jovens o que eles pensam sobre essa temática, e isso pode ser interessante para a sua escola, para poder construir novas iniciativas a respeito desses jovens.
    E no final, a gente vai fazer um rap. E vai ser uma produção coletiva entre os jovens, e pode ser que isso desperte em alguns deles a vontade da escrita de poesia. A gente sabe que a escrita de poesia instiga outras coisas. Eles vão escrever um rap, depois pensar em escrever a própria poesia, depois pensar em escrever um texto maior. E vai acabar tendo mais facilidade para poder fazer uma redação.
    Os jovens ouvem muitas músicas, mas dificilmente enxergam nessas músicas a poesia que tem, e conseguem entender as mensagens que estão por trás, e o RapLab faz o movimento contrário, ele constrói uma poesia com uma mensagem que foi discutida antes. Isso ensina aos jovens a consumirem essas artes que eles já consomem constantemente de uma maneira mais crítica, e desenvolverem a capacidade de fazer essas artes de uma maneira mais crítica também.
    Os jovens frequentemente ouvem muitas músicas, mas raramente reconhecem a poesia nelas e compreendem as mensagens que estão por trás. O RapLab faz o movimento contrário, construindo poesias com mensagens discutidas anteriormente. Isso pode ensinar aos jovens a consumirem as artes que já consomem de maneira crítica e desenvolverem a capacidade de produzi-las de forma crítica também.
    Creio que seria uma coisa muito positiva para a juventude dessa escola, porque o nosso maior interesse é o desenvolvimento desses jovens que estão aí.

  • “BeatBoxe”: Enraizados promove projeto inovador de exercícios ao ritmo do rap

    “BeatBoxe”: Enraizados promove projeto inovador de exercícios ao ritmo do rap

    Átomo e Dudu de Morro Agudo, dois talentosos artistas do Instituto Enraizados, estão quebrando paradigmas ao unir música e esporte no surpreendente projeto “BeatBoxe”.

    A iniciativa visa incentivar os membros do instituto a adotarem práticas esportivas, não necessariamente o boxe tradicional, mas sim exercícios aeróbicos inspirados no treinamento dessa modalidade.

    O diferencial do “BeatBoxe” está na fusão do universo musical com a prática esportiva. Durante aproximadamente uma hora e meia, os participantes são envolvidos pelo ritmo pulsante do rap, proveniente de uma playlist especial criada exclusivamente para o projeto. Essa playlist, intitulada “BeatBoxe”, é alimentada de forma colaborativa pelos próprios participantes, tornando-se uma trilha sonora autêntica e estimulante para os treinos.

    O encontro proporciona uma experiência única, na qual os participantes realizam atividades físicas como pular corda, abdominais, agachamentos, entre outros, enquanto são embalados por batidas envolventes. Átomo, um dos idealizadores do projeto, destaca: “A nossa ideia desde o início é que fosse algo divertido e inclusivo”.

    O embrião do “BeatBoxe” surgiu em 2019, quando Dudu de Morro Agudo buscava aprimorar seu condicionamento para uma apresentação no Rock In Rio. O envolvimento com o boxe surpreendeu o artista, que não só atingiu seus objetivos de condicionamento, mas também encontrou na prática uma paixão que persistiu mesmo durante a pandemia, quando as atividades foram temporariamente interrompidas.

    Para aqueles interessados em participar dessa experiência única, basta comparecer ao Enraizados e realizar a inscrição. O acesso é gratuito, mas é importante ressaltar que as vagas são limitadas. Não perca a oportunidade de unir rap, esporte e diversão no “BeatBoxe”, uma iniciativa que vai além dos limites convencionais, promovendo bem-estar físico e social no Instituto Enraizados.

    SAIBA MAIS:

    Quando: Terças e Quintas, das 19 às 20:30
    Onde: Quilombo Enraizados, Rua Presidente Kennedy, 41, Morro Agudo, Nova Iguaçu, RJ
    Quanto: 0800

  • Conversa Afetuosa e Improvisos Memoráveis: Destaques do Segundo Episódio do Podcast ‘Fala, Nurynho’ com Dudu de Morro Agudo e Samuca Azevedo

    Conversa Afetuosa e Improvisos Memoráveis: Destaques do Segundo Episódio do Podcast ‘Fala, Nurynho’ com Dudu de Morro Agudo e Samuca Azevedo

    No emocionante segundo episódio do podcast “Fala, Nurynho”, os convidados especiais Dudu de Morro Agudo e Samuca Azevedo mergulharam profundamente na rica história do Instituto Enraizados, conversaram sobre hip hop e samba, além de discutir os desafios políticos enfrentados na cidade de Nova Iguaçu.

    O anfitrião do programa, Nurynho, cria do Carmari e do samba, além de membro destacado do Império da Uva, fundada por seu avô, mostrou seu talento como comunicador excepcional ao guiar a conversa de maneira envolvente ao longo de quase duas horas de diálogo.

    A experiência foi marcada por momentos hilariantes, discussões profundas e uma visão instigante sobre o futuro. Nurynho não apenas conduziu o podcast com maestria, mas também proporcionou um ambiente descontraído, evidenciado pelos muitos momentos engraçados compartilhados durante o episódio.

    Em uma agradável surpresa, os participantes e a audiência foram agraciados com a degustação de deliciosas pizzas fornecidas pela “Pizza & Pasta”, um dos patrocinadores orgulhosos do programa. A descontração da refeição adicionou um toque especial ao bate-papo, tornando o ambiente ainda mais acolhedor.

    Um dos destaques incontestáveis do episódio foi o momento em que Samuca Azevedo surpreendeu a todos com um incrível improviso. A reação entusiasmada da audiência no chat, expressa através de uma enxurrada de comentários empolgados, ressaltou a energia e interatividade única proporcionada pelo “Fala, Nurynho”.

    Os fãs e ouvintes podem esperar ansiosamente pelos cortes do episódio, pois exsitem muitos pontos da conversa que merecem ser evidenciados. No entanto, para aqueles que desejam experimentar a entrevista na íntegra, basta clicar no vídeo acima.

    O “Fala, Nurynho” não é apenas um podcast, mas uma jornada que mergulha nas raízes culturais, artísticas e políticas, promovendo um diálogo autêntico e significativo. Este episódio em particular promete ser um tesouro para os amantes de música, cultura e todos que anseiam por insights provocativos.

     

  • Romance de Primavera: A Celebração Poética dos Jovens Artistas Periféricos

    Romance de Primavera: A Celebração Poética dos Jovens Artistas Periféricos

    Na efervescência da arte periférica, surge “Romance de Primavera”, a mais recente obra musical do talentoso DJ Dorgo, aos 29 anos, acompanhado pela promissora cantora Aclor, de 19 anos. Esta composição não apenas marca a estreia artística de Aclor, mas também representa uma verdadeira declaração de amor à poesia.

    O refrão envolvente, entoando: “De janeiro a janeiro em roda cultural, de março a março deságua o SLAM, toda primavera brota o sarau e cada abraço garante o amanhã”, oferece uma reflexão sobre a rotina dos artistas periféricos, que diariamente perseguem seus sonhos, investindo no apoio mútuo para assegurar mais um dia de sonhos.

    O videoclipe, produzido durante o Sarau Poetas Compulsivos e a Batalha de Morreba, captura magistralmente a energia desses eventos impulsionados pela paixão dos participantes. Os sorrisos, os abraços e o clima de esperança presentes, prometem um amanhã promissor para esses jovens poetas sonhadores.

    Aclor inicia a melodia com versos que exprimem a responsabilidade e os anseios: “Cheio de responsa pra fazer e eu aqui pensando em você, tendo que acordar cedo, eu mal consigo dormir. Tento botar pra fora tudo o que eu sinto, sendo que o que eu sinto te faz existir”.

    Dorgo, inegavelmente, é um poeta sensível moldado pela necessidade de sobrevivência, corajoso por se permitir viver o sonho, tornando-se uma fonte de inspiração para outros jovens que seguem seus passos. Aclor, seguindo suas pegadas, está se consolidando como referência entre os poetas sonhadores, desafiando o sistema em busca da plena vivência da vida.

    Para os crias de Morro Agudo, “Romance de Primavera” representa um acerto, reverberando no âmago de cada alma onde a poesia pulsa. Para os jovens espalhados por todo o Brasil, esta música é uma dose de coragem que desperta o poeta que reside em cada um de nós, convidando a abraçar os sonhos e a viver intensamente a paixão pela poesia.

    FICHA TÉCNICA
    Composição: Dorgo
    Intérprete: Dorgo e @aclorbxd
    Prod.: @igo.goi
    Mix/Master: @ninjadanuvem
    Vídeoclipe: @higordaotopshow e @contadajosy
    Stylist: @maribaptist
    Teaser: @contadajosy

  • Música e Filosofia se unem em um evento imperdível: “Acordes Filosóficos” com Edu Miranda

    Música e Filosofia se unem em um evento imperdível: “Acordes Filosóficos” com Edu Miranda

    Cantor e compositor renomado da Baixada Fluminense mergulha na conexão entre música e filosofia no Instituto Enraizados

    A cidade de Nova Iguaçu está prestes a receber um evento cultural inovador que promete encantar os amantes da música e da reflexão filosófica. O Instituto Enraizados, em parceria com o renomado cantor e compositor Edu Miranda, apresentará a estreia do projeto “Acordes Filosóficos” no próximo dia 23/06, sexta-feira. O local escolhido para sediar esse momento especial é o Café com Livros, um espaço híbrido anexo ao Quilombo Enraizados, no coração da Baixada Fluminense.

    Edu Miranda, um verdadeiro ícone cultural da região, traz consigo uma trajetória artística marcante. Nascido e criado no bairro Morro Agudo, ele teve seu primeiro contato com a música durante os desfiles da escola de samba Imperial de Morro Agudo, onde sua paixão pela arte sonora foi despertada. Desde então, Edu se envolveu ativamente na agremiação, desfilando e, posteriormente, tornando-se parte da ala de compositores, além de assumir o posto de cantor oficial da escola.

    Acordes Filosóficos _Perfil Insta

    Além de seu vínculo com a escola de samba, Edu Miranda é reconhecido por sua valiosa contribuição para a cena cultural da Baixada Fluminense. Ele é co-fundador do aclamado Boteco da Juliana, do Sarau do Meio Dia e idealizador do projeto musical Anos Dourados, entre outras iniciativas que promovem entretenimento de qualidade para os moradores e fazedores de cultura da região.

    Agora, com entusiasmo, o Instituto Enraizados anuncia a estreia de “Acordes Filosóficos”, evento que tem como objetivo unir música e filosofia em uma experiência única e enriquecedora. Edu Miranda será o convidado especial e nos guiará em um mergulho profundo na conexão entre essas duas formas de expressão. Acompanhado apenas de seu violão, o renomado artista presenteará o público com músicas de seus artistas favoritos, transformando o encontro em um momento intimista e emocionante.

    A cada canção, Edu Miranda compartilhará suas reflexões sobre a composição, autoria, musicalidade e o impacto da música em sua própria vida. “Acordes Filosóficos” não se limita a ser um simples espetáculo musical, mas sim um espaço de interação e diálogo entre o artista e o público. Seremos convidados a participar ativamente, trazendo nossas questões cotidianas que se relacionam com a música, compartilhando histórias pessoais e explorando as profundas conexões que a música pode despertar em cada um de nós.

    O evento ocorrerá no Café com Livros, um ambiente acolhedor e propício para trocas de ideias e reflexões. Será uma noite repleta de acordes envolventes e pensamentos provocativos, onde os participantes terão a oportunidade de celebrar a cultura e mergulhar em uma experiência transformadora.

    O Instituto Enraizados e Edu Miranda estão entusiasmados em receber o público nesse evento especial. A estreia de “Acordes Filosóficos” promete uma noite repleta de acordes envolventes e pensamentos provocativos, celebrando a cultura e oferecendo uma experiência transformadora. Reserve a data em sua agenda e não perca a oportunidade de participar desse evento memorável.

    SERVIÇO:
    O que: Acordes Filosóficos
    Quando:
    Dia 23 de junho de 2023, a partir das 19 horas.
    Quanto: 0800 – De Graça
    Onde: Café com Livros | Quilombo Enraizados
    Rua Presidente Kennedy, 41 – Morro Agudo, Nova Iguaçu, RJ

  • Café com Livros: O Espaço Cultural Multifacetado que Inspira Encontros e Conexões

    Café com Livros: O Espaço Cultural Multifacetado que Inspira Encontros e Conexões

    Nova Iguaçu, 20 de junho de 2023O Café com Livros é um verdadeiro refúgio cultural situado no coração de Morro Agudo, onde a literatura, a múscia e a convivência se unem em um ambiente acolhedor e inspirador. Com uma proposta inovadora, este espaço híbrido, anexo ao renomado Quilombo Enraizados, oferece uma experiência única aos seus frequentadores.

    No Café com Livros, a biblioteca é o coração pulsante. Com uma ampla variedade de títulos cuidadosamente selecionados, os amantes da leitura encontram um verdadeiro paraíso literário. Seja para mergulhar nas páginas de um romance cativante, aprofundar-se em conhecimentos específicos ou simplesmente encontrar um livro para acompanhar o café da tarde, a biblioteca é um convite ao deleite intelectual.

    Além disso, o espaço conta com uma pequena bamboniere repleta guloseimas irresistíveis. Afinal, uma boa leitura pode ser ainda mais prazerosa quando acompanhada de um petisco saboroso.

    O bar proporciona um ambiente descontraído e convidativo. Os apreciadores de bebidas têm a oportunidade de degustar cervejas premium enquanto desfrutam de uma conversa agradável entre amigos. Para os amantes de café, opções Dolce Gusto são oferecidos, além do tradicional cafézinho do Samuca Azevedo, proporcionando uma experiência única para os sentidos.

    Mad, Dudu de Morro Agudo e Samuca Azevedo atendem os clientes no Café Com Livros, de segunda à sábado.
    Mad, Dudu de Morro Agudo e Samuca Azevedo atendem os clientes no Café Com Livros, de segunda à sábado.

    Além de oferecer um espaço cultural diversificado, o Café com Livros também disponibiliza serviços de escritório para atender às necessidades dos clientes. Com facilidades como fotocópias, impressões, encadernamentos e plastificação de documentos, o local se torna um destino conveniente para realizar tarefas profissionais enquanto desfruta de um ambiente inspirador.

    Os produtos do Instituto Enraizados, disponíveis em uma área dentro do Café com Livros, são uma maneira de apoiar a causa e iniciativas locais. Ao adquirir esses produtos exclusivos, os visitantes contribuem para a promoção da cultura, da educação e o fortalecimento da comunidade.

    Além de tudo isso, o Café com Livros é palco de eventos culturais de pequeno porte, como o “Íntimo Sonoro”, “Slam Morro Agudo” e o “Acordes Filosóficos”, promovendo encontros significativos entre artistas, entusiastas da cultura e a comunidade local. Sejam lançamentos de livros, apresentações musicais intimistas ou exibições de filmes independentes, o espaço é um ponto de encontro para aqueles que buscam experiências culturais autênticas.

    Com Wi-Fi gratuito disponível, o Café com Livros se torna um local ideal para trabalhadores criativos e empreendedores. O espaço de co-working proporciona um ambiente tranquilo e inspirador, onde é possível realizar tarefas profissionais enquanto desfruta da atmosfera acolhedora.

    Descubra o Café com Livros e deixe-se envolver pela atmosfera cultural única que esse espaço oferece. Venha desfrutar

    SERVIÇO
    Café com Livros
    Rua Presidente Kennedy, 41, Morro Agudo, Nova Iguaçu, RJ
    Aberto:
    de segunda à sexta, das 09:30 às 18:30 (Salvo em dias especiais que pode ficar aberto até às 00:00)
    sábado, das 09:30 às 14:00

     

  • Como criar uma nova cena para o rap a partir das periferias? Uma nova cena para o rap ainda é possível nos dias de hoje?

    Como criar uma nova cena para o rap a partir das periferias? Uma nova cena para o rap ainda é possível nos dias de hoje?

    Estas perguntas permeiam as novas e as antigas gerações do rap há anos. Desde quando eu comecei a fazer rap ouvia dizer que “esse ano é o ano do rap”. Normalmente algum grupo se destacava, com um estilo novo e diferenciado, e logo depois aparecia uma leva de MCs os imitando. Vi isso acontecer com SNJ, com o Sabotage e com o Pregador Luo, depois com Emicida e Criolo. Mais recentemente com Filipe Ret, Bk e Djonga.

    Para responder rapidamente a estas perguntas logo no início do texto, algumas pessoas certamente diriam que sim, é totalmente possível criar uma nova cena de rap nos dias de hoje.

    Pois o gênero evoluiu de uma cultura urbana mais frequentemente associada à criminalidade para um estilo musical mais acessível, com letras positivas e refletindo preocupações mais amplas sobre as comunidades de hoje.

    Os artistas de rap estão cada vez mais dedicados à produção de conteúdo novo original e à promoção dos seus pontos de vista. O crescimento da internet também tornou mais fácil a produção e distribuição da música dos artistas independentes, o que criou espaço para experimentação e expressão criativa.

    Mas, a partir deste texto, desejo aprofundar e complexificar mais esta discussão. Desejo refletir um pouco sobre isso e convido vocês para esse rolézinho. Vamos nessa?

    Há  tempos tenho percebido que muitos artistas, principalmente os que estão iniciando, mas não somente estes, não tem um planejamento de suas carreiras artísticas e musicais. Muitos não amadurecem seus estilos, copiam o artista que mais gostam, escrevem letras que beiram o plágio e ficam fissurados para entrar logo no estúdio e gravar. Alguns, após essa façanha, se esforçam para gravar um videoclipe, que, ou é cópia do clipe do seu artista favorito ou é ele próprio cantando em frente a câmera, sem ao menos ter se debruçado na elaboração de um roteiro medíocre. Depois disso jogam tudo no youtube e fé!!! Bóra fazer outra música.

    Quando eu comecei a rimar, lá pelos anos de 1994, a gente nem tinha acesso a um beat, somente os beats americanos chegavam pra nós. Ao conversar com o MC Marechal durante a bienal da UNE, que aconteceu na Fundição Progresso, no início de fevereiro de 2023, um pouco antes de dividirmos uma mesa sobre educação e cultura, ele me lembrou que era uma prática comum irmos para São Paulo atrás de CDs de beats.

    Já participei de eventos onde vários grupos de rap cantavam suas músicas no mesmo beat, que a gente chamava de “base”. Não tinha público também. A gente era limitado, mas bastante criativos. Aqui na Baixada Fluminense, por exemplo, era um celeiro de rappers e grupos de rap. Um diferente de outro. Lembro que tinha o Fator Baixada, o Ultimato a Salvação, o Kappela, o Pêvirguladez, o Slow da BF, o Bob X, o Vozes do Gueto e muitos outros. Cada um com sua singuralidade.

    Nosso sonho era gravar um CD. Poucos de nós conseguiu. Mas depois disso, também não tínhamos planos. Normalmente ficávamos com um milheiro de discos encalhados dentro de casa. Muitos de nós vendeu carro, terrenos e outros bens para realizar esse sonho, que logo se tornou um pesadelo de frustrações.

    Mas o tempo passou, houve o barateamento tecnológico e a gente teve acesso a vários equipamentos de áudio, muitos de nós montou seu próprio homestudio, aprendeu a usar uns softwares e começou a produzir suas próprias bases e gravar as próprias músicas no quarto de casa. Logo depois as câmeras de fotografia e vídeo ficaram mais acessíveis e os videoclipes explodiram.

    A forma de distribuição musical mudou, chegou o Spotify e o Youtube. Eles estão estão aí, são realidades, mas a gente continua com o mesmo modus operandi.

    Minha crítica não é musical, pois isso é muito subjetivo, a música que agrada um, desagrada outro. A minha crítica é sobre a forma como nós, artistas, administramos nossas carreiras.

    Quantos de nós tem um site, uma rede social bem administrada, um telefone de contato, um email, um release, um mapa de palco e um business rider?

    Quantos de nós entende minimamente sobre direitos autorais e direitos conexos, quantos sabem dizer o que é ISRC, quantos sabem dizer a diferença de uma agregadora para uma associação de gestão coletiva? Quantos de nós registra a própria música?

    Quantos de nós tem um show decente para apresentar para os fãs? Sim, nós temos fãs. Às vezes a nossa base de fã é pequena, mas merece tanto respeito quanto se fossem milhares de pessoas. Nossos poucos fãs merecem assistir a uma apresentação de qualidade, nossos fãs merecem receber o nosso melhor. Para isso a gente precisa se dedicar, a gente precisa ser profissional. A gente precisa cuidar e administrar essa base de fãs, entender que são eles.

    Lembro que no ano de 2010 tinha uma escolinha de hip hop no Enraizados. Muitas pessoas me criticavam dizendo que hip hop não se ensina (e não se aprende), que a gente nasce com o dom e etc. Nem discuto porque realmente tem gente que acredita nisso daí, da mesma forma que tem gente que acredita que futebol não se aprende em escolinha. Enquanto isso a classe média tá tomando o espaço da favela nos times de futebol do Brasil inteiro.

    Mas a minha questão é: Que tipo de artista você quer ser?

    Vi vários meninos e meninas chegarem no Enraizados sem saberem como se portar no palco. Vários que gaguejavam na frente de uma câmera durante uma entrevista. Mas que com o tempo, a partir de muita prática, muito treino, foram se desenvolvendo. Eu vi esse desenvolvimento em muitos deles. Sem contar que suas rimas e suas poesias ficavam cada vez melhores. Não era um “projeto social” para crianças carentes, era um espaço onde todos nós podíamos nos desenvolver artisticamente.

    Infelizmente tivemos que parar com a Escola de Hip Hop Enraizados na Arte, e alguns desses artistas, formados ali, tenho orgulho de dizer que sou fã da arte que produzem até hoje. Inclusive já contratei alguns para se apresentarem nos eventos que produzo. Contratei porque eram bons artistas e tinham o que entregar, não porque eram meus amigos e amigas.

    Mas esse barateamento tecnológico, ao mesmo tempo que foi muito bom para a nossa liberdade e desenvolvimento enquanto artistas, nos dando independência pra produzir e gravar a nossa própria música, também formou um monte de artistas que só funcionam dentro de estúdio, que estão produzindo em escala industrial, sem nenhum planejamento. E alguns deles não fazem ideia de como se portar em cima de um palco. Me parece que a única coisa que importa é colocar as os videoclipes no youtube e seguir gravando músicas e mais músicas.

    A pergunta é: Pra que? Pra quem?

    Durante a pandemia, fui contratado para fazer uma apresentação em uma cidade vizinha. Chamei alguns MCs para me acompanhar nesse show. Antes, propus um ensaio. Me espantou que parte dos artistas não sabia a própria música, cantavam olhando a letra no celular, outros chegaram com o beat no telefone, outros cantavam olhando pro chão. Uma decepção pra mim. Tenho certeza que se tivessem participado da escolinha de hip hop do Enraizados, não se portariam de tal forma.

    Outro jovem MC, num outro momento, havia gravado um CD, na época estava na moda gravar EPs. Lembro que três meses depois ele já estava preparando outro disco. Ninguém ainda tinha ouvido o disco de lançamento, a não ser o círculo de amigos, o que nós chamamos hoje de “nossa bolha”. Levei ele pra se apresentar em Realengo, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, e ele ficou maravilhado.

    Para não ficar apenas nas críticas e provocações, que nem é o meu objetivo com esse texto, trago também sugestões, pois minha ideia aqui é que possamos praticar reflexões a partir da nossa própria vivência enquanto artistas. Esse texto não é para todo mundo, mas para nós artistas que ainda não estão “hypados”, contudo seguem na luta por um lugar ao sol, desejando trabalhar de forma organizada, pensando suas carreiras e investindo nela.

    Importante dizer também que quando falo em investimento não estou falando somente de dinheiro, mas de tempo, de dedicação, de olhar com mais seriedade e respeito para o seu próprio “trabalho” artístico. Há cinco anos, o WSO, junto com vários amigos lançou o melhor videoclipe que já vi por esses lados de cá. O que faltou pra esse clipe explodir? São essas perguntas que devemos tentar responder.

    Mano Brown disse que todos os dias trabalha oito horas no seu projeto artístico, ou seja, na sua carreira. É disso que estou falando. Investimento.

    Minhas propostas são (e não serve somente para Baixada Fluminense, isso, no meu ponto de vista, serve para qualquer região do Brasil que esteja disposta a se organizar):

    • Fomentar uma rede dinâmica e de ajuda mútua: Definir um raio geográfico e estabeler parcerias com artistas dessa região, formando um coletivo horizontal, uma espécie de observatório para mapear produtores musicais, beatmakers, proprietários de estúdios, curadores, produtores culturais, fotógrafos, jornalistas, influenciadores, videomakers, cineastas, comunicadores, roteiristas, etc…
    • Criar um protocolo que sirva como farol para “todos” os artistas da rede:
      • Ter uma rede social organizada para interação com fãs;
      • Administração da base de fãs;
      • Um email profissional;
      • Um telefone de contato;
      • Um release produzido por um jornalista ou alguém que saiba o que está fazendo;
      • Fotografias profissionais para disponibilizar para os contratantes.
    • Desenvolver uma protótipo de uma “Produtora Cooperativa”: Centralizar todo o “comercial” (venda de shows, produtos, etc) num só lugar. Administrar um calendário com todos os eventos que acontecem na região (não somente de rap, mas saraus e outros), para que os artistas possam se revezar apresentando seus shows.

    Olha que interessante.

    Lembrando que, para o desenvolvimento do coletivo, também é importante desenvolver o individual, para a máquina funcionar, é necessário que cada engrenagem esteja funcionando bem, por isso digo que o desenvolvimento individual é tão importante quanto o coletivo.

    Cada artista precisa desenvolver sua identidade musical, buscar uma música única, a tal batida perfeita que o Marcelo D2 tanto disse. Isso requer um mergulho pra dentro de si. (Mas talvez isso seja um assunto para uma outra coluna).

    Quem sabe percorrendo este caminho, a gente não crie uma nova cena musical com uma linha que conecte todos os artistas envolvidos, seja no beat, no flow ou no tema a ser desenvolvido?

    Sei lá, é uma proposta.

    Aceito críticas e sugestões nos comentários.

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  • O “Amanhecer” e o “Esperançar”, juntos na música de Rodrigo Caê

    O “Amanhecer” e o “Esperançar”, juntos na música de Rodrigo Caê

    Sexta-feira, 27 de janeiro, acordei às 06 horas da manhã, porque no dia anterior resenhei com dois amigos que não via há tempos. Como de costume sento-me no sofá para despertar, enquanto isso olho minhas redes sociais e confiro quem me mandou mensagem no Whatsapp.

    Dentre as mensagem havia uma mensagem do Rodrigo Caê, onde dizia: “Bom dia! É hoje! Você pode ouvir “Amanhecer” em todas as plataformas!”.

    Amanhecer!!!

    O título dessa música me fez pensar que todo amanhecer é esperançoso, todos os dias a gente espera um dia melhor, a gente espera que o dia seguinte traga novos ares, apesar de nem sempre a gente se esforçar pra isso. Mas mesmo assim a gente espera um dia de sol, uma proposta de emprego, que um amor não correspondido enfim corresponda. A gente espera, mas como diria Paulo Freire, a gente deveria esperar agindo, na esperança do verbo esperançar.

    Quanto coloquei a música pra tocar, percebi que ela começa com um som de pássarros, com algo que lembra um sintetizador, mas tudo bem suave. Parece que assim como eu, a música está tentando despertar. Logo depois entra uma bateria marcando como um tarol, mas ainda assim suave, naquele nosso processo do despertar. Em seguida entram o bumbo, a caixa, o hihat e por incrível que pareça, a única frase da música: “Dias melhores, eu quero dias melhores”. Enfim a ela “desperta” e nos convida pra dançar em busca de dias melhores.

    Talvez ela esteja tentano nos dizer que hoje será o nosso melhor dia, basta nós acreditarmos e esperançarmos. Basta chegarmos o sofá para o lado e dançarmos olhando a vida por outra perspectiva, como por exemplo, a do “copo meio cheio”.

    Obrigado por essa obra Rodrigo Caê!!!

    SAIBA MAIS:

    Voz, synth, beats, produção musical: Rodrigo Caê
    Mixagem: DJ Demmer
    Masterização: Rick Barcelos
    Video: Rodrigo Caê
    Selo: Quarto Escuro Sounds

    Contato: rodrigocaemusic@gmail.com

  • Festival Caleidoscópio leva representatividade racial e de gênero para o rap nacional

    Festival Caleidoscópio leva representatividade racial e de gênero para o rap nacional

    O Festival Caleidoscópio, um dos maiores eventos da Cultura Hip Hop Carioca, realizado na Baixada Fluminense há sete edições, será online novamente, e maior do que nunca: A programação que começou no sábado, dia 17 de abril, e irá até 05 de junho (Dia Mundial do Meio Ambiente), trazendo “Representatividade” como tema.

    O festival é diverso na frente e por trás das câmeras também, contando com cerca de 60% de mulheres como convidadas e membros da equipe, 81% de negros, e 26% de LGBTQI+. O Caleidoscópio contará com Master Classes, que começam na próxima segunda-feira, 19. Ainda estão previstos pockets shows; exposição de artes; feira criativa; painel de graffiti; apresentações de DJs; batalhas de MCs; e plantio de espécies nativas da Mata Atlântica na Serra do Vulcão, em Nova Iguaçu.

    “Analisamos a quantidade de mulheres, negros e LGBT na sociedade e trouxemos para dentro do festival. É um espaço importante que a gente não vê nos espaços de poder brasileiros. A gente vai para uma universidade pública e dependendo do curso, você nem vê pessoas negras. Você olha para o Senado e não vê, olha para o judiciário e não. Só nos vemos em trabalhos braçais, presídios e escolas de periferias. Queremos criar uma resistência”, aponta DMA, que além de rapper, é fundador do Instituto Enraizados, escritor, graduado em Sistema de Informação, mestre e doutorando em Educação pela Universidade Federal Fluminense.

    A programação inteira está bem diversa, começando pelas Master Classes: Na segunda-feira, a MC/rapper Lisa Castro recebe Yvie (produtora executiva, artística e mãe) e Naitha (produtora cultural, empreendedora, artista e mãe), para um bate-papo sobre Maternidade e Arte Independente.

    Na terça, 20, o tema será Racismo e Internet, debatendo sobre as diversas facetas de como o crime de racismo migra do presencial para o mundo virtual. A mesa contará com as presenças de Sil Bahia (co-diretora executiva do Olabi e coordenadora da PretaLab); Duda Vieira (gerente do Nós, hub focado em diversidade, do estúdio de criação Play9). O encontro será mediado por DMA.

    No dia 21, quarta, a mesa será composta por Thiago Peniche (homem trans, criador de conteúdo sobre transgeneridade e bissexualidade. Ele é professor de Inglês e jornalista e fundador do projeto social Curso Es(trans)geiros); Quitta Pinheiro (produtora e fundadora da Baphos Periféricos); e contará com a mediação de Valentine(mulher trans, escritora, poeta, cantora, atriz, e slammer), o trio discutirá Pluralidades de Vivências Trans.

    Finalizando a série de Master Classes, no dia 22, o tema será O Rap de Ontem, de Hoje e de Amanhã, e contará com as contribuições de Léo da XIII (rapper e produtor musical desde 2003, ex-campeão mundial de Hip Hop em Miami, nos Estados Unidos, e que hoje se destaca nos vagões dos transportes públicos, levando alegria e energia positiva para o público); Edd Wheeler (integrante do primeiro grupo de rap feminino no RJ a ter um trabalho fonográfico, o “Damas do Rap”, que surgiu nos anos 1990 nos bailes charmes do subúrbio do Rio). O encontro será mediado por Kall FBX (Fundador do Fator Baixada, grupo de rap que fundou quandoainda era um adolescente, no fim do ano de 1995,um dos primeiros grupos de rap da Baixada Fluminense).

    Esta edição do Festival Caleidoscópio conta com patrocínio da Secretaria de Estado da Cultura e Economia Criativa do Estado do Rio de Janeiro, com recursos da Lei Aldir Blanc.

    SOBRE O FESTIVAL CALEIDOSCÓPIO

    É um festival colaborativo e multicultural que mescla arte e ativismo, cujo objetivo é gerar uma reflexão na sociedade sobre as desigualdades  que assolam o país, prinicpalmente as periferias. A ideia é promover espaços para encontros e expressões de jovens artistas negros de regiões tidas como marginalizadas. O festival sempre aconteceu em bairros periféricos da Baixada Fluminense, tendo como seu principal palco a Praça Armando Pires, em Morro Agudo, Nova Iguaçu, sempre revenriando a arte com o intuito de questionar o estigma violento do local.

    Adolescentes e jovens curtindo o caleidoscópio na Praça de Morro Agudo
    Adolescentes e jovens curtindo o caleidoscópio na Praça de Morro Agudo

    Em suas edições anteriores, o festival levantou bandeiras importantes, lutando contra o “Extermínio da juventude negra; o mosquito Aedes aegypti; fez campanha pedindo PAZ na Baixada Fluminense; e chamou a sociedade para refletir sobre a importância da Qualidade de Vida na região, convidando jovens para aderirem a práticas esportivas”.

    SERVIÇO
    O Festival Caleidoscópio acontece do dia 17 de abril até 05 de junho.
    Confira a programação completa em: festivalcaleidoscopio.com.br.

    Instagram: www.instagram.com/InstitutoEnraizados
    Twitter: www.twitter.com/Enraizados

    Inscrição Master Class: https://bit.ly/MasterClassFC80
    Inscrição Batalha de MCs: https://bit.ly/Batalha_Caleidoscopio

  • Conheça o multifacetado ‘Serjão Prole Preta’: Psicólogo, teólogo, professor e autor da incrível música ‘Geléia Geral’.

    Conheça o multifacetado ‘Serjão Prole Preta’: Psicólogo, teólogo, professor e autor da incrível música ‘Geléia Geral’.

    Serjão Prole Preta, nascido em Niterói, tem ascendência cabo-verdiana. Prole Preta ganhou o concurso da Rádio Globo em 2017, com a música Papo Reto, de sua autoria. Com muito suingue, alegria e sempre falando de amor e críticas sociais em suas composições, Prole Preta atualmente segue em carreira independente, como cantor e compositor, preparando-se para gravar o seu primeiro EP.

    A música Geléia Geral foi feita numa pegada vibrante pra comunicar a alegria do povo brasileiro, valorizando o trabalhador humilde que está no “corre” da luta diária, assim como os moradores das comunidades que fazem arte de tudo que é jeito e estão firmados numa conduta positiva.

    Serjão Prole Preta tem uma formação múltipla e curiosa. É psicólogo clínico com pós-graduação em Terapia de Família; é bacharel em Teologia, formado pelo Seminário Presbiteriano do Sul, na cidade de Campinas, SP; é professor de Sociologia e Religião de Ensino Médio do Estado do Rio de Janeiro.

    Autor dos livros “Cotidiano Poético” e do livro infantil “Aninha Neguinha dos Olhos Azuis”.

    Prole Preta é muito mais que um simples nome artístico: É um conceito que envolve luta por justiça social e valorização do povo negro.