Revolta na timeline. Mais apuração, #pfvr!

Tenha cautela ao compartilhar conteúdos de terceiros nas suas redes sociais. Há muita desinformação se passando por notícia e muita falácia se passando por verdade.

Na minha primeira coluna por aqui, há duas semanas atrás (leia aqui), falei do poder que temos ao portarmos equipamentos conectados, disparando informação aos quatro cantos em questão de segundos. Na ocasião, destaquei que não utilizamos essas ferramentas da melhor forma que poderíamos.

Muito bem. Nas últimas semanas, principalmente nos últimos dias, há uma enfervescente  e gravíssima onda de desinformações na internet. Em um dos casos, a imprudência de quem legitimou – compartilhando nas redes sociais – uma informação falsa, aliada à falta de civilidade – ou falta de humanidade  – de um grupo de indivíduos ensandecidos, foi responsável pela morte brutal de uma mulher inocente.

A vítima foi a dona de casa Fabiane Maria de Jesus, 33 anos, que morreu no dia 5 deste mês, no litoral de São Paulo, dois dias após ser brutalmente espancada, depois que uma página do Facebook compartilhou o retrato falado de uma mulher que, supostamente, realizava rituais de magia negra com crianças sequestradas. O retrato teria sido divulgado pela polícia do Rio de Janeiro em 2012, mas uma página de notícias de Guarujá, fez o desserviço de compartilhar como notícia factual, e pior, fez com que milhares de seguidores replicassem a imagem, posteriormente relacionada à vítima. Uma mãe de família foi assassinada – diretamente – por dezenas, mas podemos acrescentar ao processo, outros milhares de homicidas culposos pelo ocorrido, a saber: todos os que compartilharam a imagem.

Outro caso – ainda sem desfechos trágicos – é a tal TV Revolta, que dissemina ódio seletivo e políticas reacionárias de direita, disfarçadas entre imagens sobre animais, filosofia, amor e outras coisas bonitinhas de se ver e compartilhar na timeline.

Em sua página no Facebook, o canal conta com 3,5 milhões de seguidores, boa parte deles conquistados na última semana. Um crescimento maior do que a página da Fifa ou até mesmo a do jogador celebridade Neymar Jr, segundo análise da ferramenta SocialBakers.

Mas, o que há de errado com a TV Revolta? Eu não sou fã do termo ERRADO. É muita arrogância minha dizer que algo está certo ou errado. Mas é o seguinte… Na minha opinião, a TV Revolta tem prestado um desserviço à sociedade por compartilhar, muitas vezes, informações inverídicas, principalmente no que diz respeito a assuntos políticos. Entretanto, eu nem pretendo percorrer por esse caminho. Se você quiser entrar no mérito político, fique à vontade nos comentários.

Em um dos vídeos compartilhados pela página, por exemplo, a legenda diz  que “pastor ensina como roubar fiéis”, mas na real, o pastor que aparece nas imagens está criticando um modo de evangelização – com ênfase no sucesso financeiro – utilizado por igrejas evangélicas que não a dele. A maioria dos que replicaram o conteúdo, tenho absoluta certeza, não assistiu ao vídeo, mas o compartilhou porque o título é convincente e a personagem em questão representa um estereótipo bem debatido nos meios sociais. O sujeito do vídeo, na minha concepção análoga ao que ocorreu no Guarujá, é uma potencial vítima de grupos ignorantes e violentos.

Em entrevista ao site Youpix, o criador da TV Revolta, conhecido como “João Revolta”, diz que a página faz campanha contra Dilma e que é apoiada por 99,9% dos seus seguidores. Diz ainda que não conta com apoio de outros partidos e que não recebe nenhum centavo pela administração da página. Por outro lado, confessa que os conteúdos não são “totalmente baseados em fatos reais”. Ou seja… Conclua você mesmo, queridx leitorx.

Abaixo, cito algumas novidades polêmicas das timelines. Não possuo total opinião formada sobre nenhum dos tais. Peço que pesquise-os e, quem sabe, me dê um feedback aqui nos comentários. Muitas pessoas já compartilham e enaltecem seus conteúdos. Fique ligado.

No Facebook, contrapondo a TV Revolta, surgiu a TV Relexa, “o canal da camomila”, como diz a descrição da página. Apesar do título e descrição “camomilados”, há várias indiretas ácidas em relação à TV Revolta. Se alguma postagem aparecer na sua timeline, leia, pesquise, apure e, só então, compartilhe.

No Twitter, surgiram três perfis satíricos para tratar de assuntos como homofobia, racismo e xenofobia. São eles:

  1. @aminhaempregada tem a seguinte descrição: A chibatada é serventia da casa. (contém ironia e tristeza na batalha contra o preconceito).
  2. @NaoSouHomofobico tem como descrição: Não sou homofóbico, tenho até amigos gays, mas…
  3. @NaoSouRacista possui a descrição: #NãoSomosRacistas mas até temos amigos que são. (RT não é endosso).

O que você acha disso tudo? Compartilha conteúdos sem apurar a fonte? Alguma coisa vai mudar no seu comportamento nas redes sociais depois deste artigo? Ou seria eu apenas um babaca arrogante fazendo uma coluna pro #PortalEnraizados?
#FazBarulho nos comentários, aliás, #FazBarulho é a campanha do meu videoclipe. Já assistiu? Tem tudo a ver como a temática de mídias digitais. Olha só:

Sobre @PetterMC

Rapper, jornalista, pesquisador e videomaker. Head na Agência #TudoNosso e tutor de projetos de comunicação na Agência de Redes para Juventude. Escreve sua coluna no #PortalEnraizados todas as quartas.

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