quinta-feira, 28 março, 2024

Como o Rio de Janeiro vai votar?

Esse foi o tema discutido no Rio de Encontros, na última terça-feira (27). A equipe conseguiu reunir três convidados distintos para discutir com os jovens sobre “Como o Rio vota? Política, representação e redes sociais”. Como provocadores do debate, o cientista político José Eisenberg, o antropólogo Cláudio Gama, diretor do Instituto Mapear, e o jornalista político Alexandre Rodrigues, do jornal O Globo foram essenciais para esquentar essa troca de ideias numa terça-feira fria.

A princípio de conversa, cá entre nós, me diga quantos jovens estão realmente interessados em falar sobre política neste atual momento que o Brasil passa? Estamos prestes à completar 1 ano dos protestos de Junho de 2013, um fenômeno que ainda não consegue ser entendido por boa parte dos cientistas sociais; e, às vésperas da Copa do Mundo, grande evento que acontecerá em nosso país, com ou sem protestos, onde os olhos de todo o mundo estão voltados para cá.

Curtindo e compartilhando

Alexandre Rodrigues abriu o bate-papo falando sobre a necessidade da sociedade em se comunicar com os candidatos, incentivar a participação e a interação; e que redes sociais como o Facebook são são ótimas para tal coisa, mas fica claro de que ainda existe a falta de entendimento de boa parte dos políticos para com essa questão.

“As pessoas confiam no amigo do Facebook, o que abre a possibilidade de credibilidade. Por outro lado, há o risco da informação errada compartilhada desordenadamente”, afirma.

Um bom exemplo dessa informação errada e ‘desordenada’ é o fato de muitas vezes, os políticos terem uma equipe que fica responsável por suas publicações nas redes e por falta de conhecimento de determinada coisa, acabam reduzindo essa credibilidade à zero. Isso me faz lembrar de uma foto compartilhada na página do Senador Lindberg Farias, em comemoração ao dia da Baixada Fluminense (30 de Abril), sendo que a foto em questão, tinha a igreja da Penha como plano de fundo… What a fuck? Após algumas pessoas que acompanham a página do Senador terem informado sobre o erro, o post foi deletado, mas você pode vê-lo clicando aqui, porque a zoeira não tem limites.

Mudança de perfis

Cláudio Gama se preocupa com o vazio dentro das discussões políticas entre a classe média que reside na Zona Sul, e ressalta que ainda não há interesse em saber o que está sendo feito e o que não está; mas na hora de criticar algo, há apenas uma retórica em criticar por criticar. Cláudio afirma com convicção de que essa ideia de que ‘formador de opinião’ é um grupo formado apenas por intelectuais de classes mais altas já foi por água abaixo. A prova viva é que os jovens que participam do Rio de Encontros, são formadores de opinião e, em sua grande maioria, são moradores da periferia do Rio de Janeiro.

Papo reto

Se tinha alguém dormindo durante o debate, tenho certeza de que acordou ao escutar José Eisenberg falar. Foi um choque de realidade em todos que participavam do encontro. Fazendo menção à Junho de 2013, José deixa claro, que o perfil das pessoas que participaram daquelas manifestações é formado por jovens universitários, em sua maioria; ficou claro que hoje o ensino superior está muito mais acessível do que há anos atrás para as classes não altas; mas no Brasil, maior grau de escolaridade ainda não é sinônimo de aumento de renda:
“O prêmio salarial vem caindo e o acesso à educação não leva à mobilidade social através do mercado de trabalho Assim, de um lado, há a expectativa frustrada dos pais. Do outro, a frustração dos filhos”, afirma o cientista político.


Beijinho no ombro

José ainda afirma que o “Rio é recalcado”; e trás consigo um sentimento de que foi ‘abandonado’ quando deixou de ser a capital do país; e que não há uma ‘grande maioria’ que gosta de partidos no Rio, as pessoas se identificam com este ou aquele candidato; e José também ressalta as manifestações pelas ruas. Será que elas têm a função de distanciar a sociedade da política ou de distanciar a sociedade do modelo político vigente? Fica essa dúvida no ar.

riodeencontros
Eu tirando uma fotinho da hora pra postar no Insta.

Mas e a Baixada?

Senti que o debate focou muito no município do Rio; e a Baixada Fluminense traz consigo uma forte expressão eleitoral; e que na maioria das vezes é uma das regiões, que decide boa parte das eleições. Tive a oportunidade de falar e afirmei que existe sim uma política de comabate ao tráfico de drogas nas comunidades, mas não existe uma pauta de políticas de segurança pública para o combate às milícias.
Hoje milícias atuam em diversas regiões da Baixada Fluminense, trazendo consigo o retorno do ‘voto de cabresto’ e que, infelizmente o Estado parece não se preocupar e/ou não se importar; a não ser quando começa a doer no calo de alguém que esteja no poder, ponto.

Em minha humilde opinião o debate foi esclarecedor e de extrema importância para refletir acerca do meu exercício de cidadania; além de me ajudar a pensar em quem irei votar.

Concorda, discorda, ou disconcorda? Não deixe de comentar!

Boa sexta,

@marcaobaixada

Sobre Marcão Baixada

Rapper, compositor e produtor | Gestor de Conteúdo | Consultor de Comunicação e Plataformas

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01 comentário

  1. Eu fico com a fala mais política de todas: “Eu não concordo, nem discordo, muito pelo contrário!””

    De fato, a crise da representatividde, como está sendo chamada essa onda de “ninguém me representa”, já vem sendo trabalhado a muito tempo pelos movimentos sociais militantes de base, acontece que ela só chegou agora nas ruas e pegou a “sociedade” elitista brasileira de surpresa.

    Isso se parece muito com aquele artista que disponta na mídia e parce que ele chegou agora e já fez sucesso, só que ele já estava no submundo da arte, trampando à vera, à uma pá de anos, e ninguém conhecia ele antes de aparecer na TV.

    I sso só acontece porque o nosso povo, infelizmente, ainda é muito manipulado pela “TV aberta” e a “imprensa”que é contralada por 5 famílias.

    O próximo passo é pluralizar a busca por informações e não ficar sugando essa informação comprada e formatada para a opressão que vem dos veículos oficiais de imprensa. De certa forma as redes sociais me parece que pode ser um grande aliado para ganharmos autonomia de conhecimento e informação, mas ainda precisamos filtrar as informações por nós mesmos e não ficar esperando alguém vir nos dizer o que é ou não é confiável pra gente sugar sem contestação.

    O fato é que só vamos entender isso que está acontecendo hoje daqui à algumas décadas quando olharmos pra trás e ALGUÉM nos disser o que aconteceu. [se é que me entende]

    Parabéns pela coluna.

    Sigamos.

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