Tag: Rocinha

  • Em memória e renovação, Vanessa Campos lança canção “Folha Seca” com voz de Felipe Silva Zion

    Em memória e renovação, Vanessa Campos lança canção “Folha Seca” com voz de Felipe Silva Zion

    Single póstumo de Felipe Silva Zion ganha vida com inteligência artificial e produção colaborativa, destacando a conexão profunda entre ciclos da natureza e o legado do reggae

    A cantora brasiliense Vanessa Campos, inspirada por influências do reggae e MPB, acaba de lançar seu segundo single, “Folha Seca”, uma canção inédita criada em parceria com Felipe Silva Zion, ícone do reggae brasileiro, falecido em 2019. Com produção musical de Miguel Bittencourt, e direção do DJ Fábio ACM, a música utilizou inteligência artificial para isolar e tratar a voz de Felipe, proporcionando uma conexão póstuma que amplia o legado do cantor.

    Assista ao videoclipe "Reflexões que ainda me tiram o sono".

    Para Vanessa, que tem uma forte ligação com a cena musical de Brasília e integrou o grupo cultural Batalá, “Folha Seca” se tornou uma experiência profunda desde o primeiro contato. Ela conta que recebeu uma versão inicial da música em voz e violão pelos DJs Fábio ACM e Lázaro Peloggio, grandes amigos de Felipe Silva. “Recebi uma versão de ‘Folha Seca’ em voz e violão através dos DJs Fábio ACM e Lázaro Peloggio, grandes amigos do Felipe Silva. Desde a primeira vez que ouvi, a música ficou comigo. Eu cantava ‘Folha Seca’ o tempo todo — em casa, dirigindo… Foi então que o Fábio sugeriu lançá-la oficialmente. Nunca tive a chance de conhecer o Felipe, mas toda a sua obra, desde os tempos do Monte Zion, me encanta e está sempre nas minhas playlists. ‘Folha Seca’ traz uma mensagem
    profunda sobre os ciclos da vida e o poder da renovação.”

    O papel da inteligência artificial

    Inspirados pelo recente lançamento dos Beatles, “Now and Then”, que utilizou inteligência artificial para resgatar a voz de John Lennon, a equipe de produção decidiu aplicar a mesma tecnologia para recuperar e tratar a voz de Felipe Silva Zion. O resultado traz uma autenticidade que emociona os fãs e permite que a essência de Felipe seja sentida em cada nota. DJ Fábio ACM compartilhou sobre o processo: “Assim como os Beatles fizeram, usamos técnicas de inteligência artificial para isolar e tratar a voz do Felipe. Decidi confiar a produção musical ao Miguel Bittencourt, que foi produtor do Felipe na época de sua morte, com a certeza de que ele entregaria um resultado fiel ao que Felipe desejaria. Miguel integrou a voz do Felipe de forma brilhante nos novos arranjos, e o resultado ficou incrível. Também convidamos Bruno Ras para gravar guitarras, teclados e back-vocais. Bruno foi membro da banda Monte Zion, fundada por Felipe e André Jamaica no final dos anos 90, no Rio de Janeiro.”

    Folha Seca: uma poesia sobre os ciclos da vida

    “Folha Seca” é uma canção introspectiva que aborda temas como renovação e transformação. A composição de Felipe utiliza a metáfora da natureza para simbolizar os ciclos de vida e mudança. No refrão, “Vento leva a folha seca / Ele sopra e ela vai”, a folha seca simboliza aquilo que é deixado para trás, enquanto o vento, com sua força transformadora, carrega consigo a promessa de novos começos. A letra ressalta que, embora a folha seca represente o final de um ciclo, o vento também leva a semente, que será plantada em outro lugar, simbolizando acontinuidade e o potencial de renascimento.

    A primeira estrofe, que fala sobre a folha verde ainda firme em seu galho, representa resistência e vitalidade. A folha verde oferece sombra e cura, uma figura de proteção e conexão entre humanos e natureza. Esse ciclo de renovação é intensificado pelo verso “Viva a fotossíntese, eu te dou ar”, reforçando a importância vital da natureza.

    Na segunda parte da letra, o vento ganha um papel ativo e dinâmico: ele move as árvores, traz a chuva e renova a paisagem, simbolizando a força de transformação e equilíbrio na natureza. O tom final da canção se ilumina com uma nota de celebração à vida, falando de um novo ciclo de felicidade com o nascimento de uma criança. Vanessa comenta que “Folha Seca” transmite uma mensagem positiva sobre o poder dos ciclos e da renovação, convidando o ouvinte a refletir sobre o equilíbrio da natureza e as lições que podemos tirar dela.

    Produção musical e sonoridade

    A produção de “Folha Seca” é marcada pela presença do reggae, estilo que sempre acompanhou tanto Felipe Silva quanto Vanessa Campos. O produtor Miguel Bittencourt, que colaborou com Felipe em vida, conseguiu dar à canção uma base harmônica rica e envolvente, preservando a essência do reggae raiz e explorando arranjos contemplativos. Além disso, Bruno Ras, antigo integrante da banda Monte Zion, adiciona camadas instrumentais com guitarras, teclados e back-vocais que enriquecem a atmosfera poética da música. A direção musical de DJ Fábio ACM, combinada com a experiência de Bittencourt, cria uma estética sonora única que complementa a letra profundamente simbólica de Felipe.

    DJ Fabio ACM, Felipe SIlva Zion e Lazaro Peloggio

    O legado de Felipe Silva Zion

    Nascido na Rocinha, no Rio de Janeiro, Felipe Silva Zion foi um dos grandes nomes do reggae brasileiro, admirado por sua conexão espiritual com a música e pelo impacto social de suas letras. Inspirado por Bob Marley e pela filosofia Rastafari, Felipe via o reggae como uma ferramenta de conscientização e transformação. Ele colaborou com artistas de renome internacional, como Pato Banton e Andrew Tosh, e foi o fundador da banda Monte Zion, junto a André Jamaica, nos anos 90.

    A morte de Felipe, em 2019, foi um choque para a cena reggae, mas seu legado continua vivo graças a suas gravações e ao trabalho dedicado de seus amigos e familiares. Bittencourt, que preserva o acervo musical do cantor, garante que as futuras gerações, incluindo o filho de Felipe, Inti, possam usufruir desse tesouro artístico.

    Disponível nas plataformas digitais

    O single “Folha Seca” já está disponível nas principais plataformas de streaming. Vanessa Campos e a equipe de produção esperam que a canção, com sua mensagem atemporal e profundamente humana, toque os corações dos ouvintes e leve adiante o legado de Felipe Silva Zion. Para aqueles que desejam explorar mais o trabalho de Vanessa e revisitar a obra de Felipe, “Folha Seca” é uma oportunidade única de ouvir uma colaboração inédita que conecta a sensibilidade dos dois artistas.

    Escute “Folha Seca” nas plataformas digitais:

    ● Spotify:
    https://open.spotify.com/intl-pt/album/5bzjnpwZgmtLclUjEannww
    ● You Tube:
    https://www.youtube.com/watch?v=UECNlJLXLWE
    ● Deezer:
    https://www.deezer.com/br/album/654889931
    ● Apple Music:
    https://music.apple.com/br/album/folha-seca-single/1773305138
    ● Amazon Music:
    https://music.amazon.com/tracks/B0DJTG22CR?marketplaceId=ART4WZ8MWBX2Y&musicTerritory=BR&ref=dm_sh_iiZwOPuIT5mmztT7U56k7ms3F

    “Folha Seca” é um presente ao reggae e uma homenagem a Felipe Silva Zion, trazendo à tona sua essência artística e sua visão sobre vida, natureza e renovação, em uma jornada musical que resgata o passado e celebra a continuidade.

  • A revolução sonora da Rocinha: A história da equipe Status Disco Dance e os bailes que transformaram uma geração

    A revolução sonora da Rocinha: A história da equipe Status Disco Dance e os bailes que transformaram uma geração

    Introdução

    Na vastidão da Rocinha, maior favela da América Latina, uma revolução cultural e musical teve início em 1978, impulsionada pelo som que ecoava das caixas de som da Status Disco Dance.

    Fundada por Ricardo Pereira e seu parceiro Paulo Roberto, conhecido como Beto, a Status Disco Dance não só embalou a vida de milhares de jovens da comunidade, mas também deixou uma marca permanente na história dos bailes populares cariocas. Essa matéria busca resgatar a memória de uma época em que a música, os encontros e a comunidade se uniram para criar um legado que perdura até hoje.

    Rocinha em 1979

    O Início da Jornada

    A história da Status Disco Dance começa com a visão de Ricardo Pereira, que aos 20 anos decidiu criar uma equipe de som que pudesse trazer para a Rocinha o mesmo tipo de som que fazia sucesso nos bailes do Rio de Janeiro. “A Status Disco Dance foi criada em 1978,
    para ser mais exato. Começamos devagar, fazendo as coisas bonitinho. Inicialmente, chamava-se Status Discoteque, mas depois trocamos para Status Disco Dance”, relembra Ricardo.

    O objetivo era claro: levar para a favela o que de melhor havia na música, criando uma alternativa de lazer para os jovens que enfrentavam a dura realidade de viver em uma das áreas mais carentes do Rio de Janeiro.

    Status disco dance 3 Junho de 1984

    Status disco dance – Paulo Roberto (O Beto) em maio de 1981. Salão de Festas no Alto da Boa Vista

    A Criação da Equipe

    O contexto em que a Status Disco Dance nasceu não poderia ser mais desafiador. A Rocinha, conhecida por sua densidade populacional e pela falta de infraestrutura, era também um caldeirão de cultura e resistência.

    “A ideia de criar uma equipe partiu de mim e de um amigo que tenho até hoje, o Paulo Roberto, que a gente chama de Beto. Ele sugeriu: ‘Vamos fazer a nossa equipe, porque o som que está tocando aqui não é o som que toca nos bailes lá fora’. Foi aí que começou a mudança”, explica Ricardo.

    A partir dessa decisão, a dupla começou a construir o que se tornaria uma das mais icônicas equipes de som da história da favela.

    24 de junho de 1986 no antigo barracão do Império da Gávea

    Julho de 1986 – Colégio Paula Brito

    Julho de 1986

    Os Primeiros Passos e os Desafios

    Construir uma equipe de som de sucesso não era uma tarefa fácil. Ricardo e Beto enfrentaram inúmeros desafios, desde a compra de equipamentos até a criação de uma identidade sonora que se destacasse. “Meu único parceiro no desenvolvimento da equipe foi o Beto. Fizemos tudo sozinhos: criamos, compramos materiais, e organizamos os bailes”, conta Ricardo.

    Para garantir que os bailes da Status se diferenciassem, a dupla frequentava regularmente o malódromo, um ponto de encontro icônico no centro do Rio de Janeiro, conhecido por ser o lugar onde os maiores DJs e donos de equipes de som do país adquiriam seus discos importados.

    O Malódromo: O Coração da Música Importada

    Nos anos 80, o malódromo, localizado nas proximidades do Largo da Carioca, no Rio de Janeiro, era o epicentro do comércio de discos importados no Rio de Janeiro. Ali, vendedores como Machado, mais conhecido como DJ Nazz, operavam verdadeiras lojas a céu aberto, vendendo discos diretamente do chão para quem chegasse primeiro.

    Ricardo relembra a intensidade dessas visitas: “Eu corria muito atrás dos discos. Trabalhava numa empresa e, no meu horário de almoço, ia para as lojas pesquisar”, destaca. Esses discos, que vinham de lugares como Miami e Nova Iorque, eram essenciais para manter a qualidade e a inovação musical dos bailes da Status.

    Esquema de auto-falantes e carimbos da Status Disco Dance.

    O Impacto dos Bailes na Comunidade

    Os bailes da Status Disco Dance rapidamente se tornaram o ponto de encontro preferido dos jovens da Rocinha. Naquela época, a violência e a falta de opções de lazer faziam dos bailes uma válvula de escape crucial. “Naquela época, a Rocinha passava por muita violência e não havia muito o que fazer. A única opção era ir ao baile.

    Os bailes da Rocinha eram tão bons que até hoje encontro pessoas que dizem estar casadas graças ao baile da Status Disco Dance”, diz Ricardo com orgulho.

    Status disco dance

    “Sabe quando uma criança conhece um parque de diversões pela primeira vez? Era assim que eu me sentia na Status Disco Dance”. Ricardo Pereira

    Ricardo Pereira de camisa verde e o DJ Piu, na época o melhor DJ da Rocinha

    Artistas e DJs: A Alma dos Bailes

    O sucesso dos bailes também se deve aos artistas e DJs que passaram pela Status Disco Dance. Além de Ricardo, que comandava as pick-ups, a equipe contava com o talento de DJs como Piu, que era considerado um dos melhores do Rio na época.

    “Além de mim, tinha o DJ Piu, que era praticamente o número 3 dos DJs do Rio de Janeiro na época. Convidamos também o Corello DJ, que fez um show maravilhoso para a gente, além de William DJ (Willian de Oliveira) e DJ Marcão”, lembra Ricardo.

    Os bailes também foram palco para apresentações de artistas consagrados como Paralamas do Sucesso, Silvinho Bláu Bláu, Biquini Cavadão, João Penca e Seus Miquinhos Amestrados, entre outros que ajudaram a consolidar a Status como um dos principais centros culturais da Rocinha.

    Dj Piu e seu irmão Kinkas da Rua 2 e DJ Wiliam

    DJ Marcão

    Dj Piu

     

     DJ Willian com a camisa da Status

    Quem conhece Willian de Oliveira, conhece também o Willian DJ. Aos sábados e domingos, ao anoitecer, ele se transformava em carregador de caixas e equipamentos de som da equipe Status Disco Dance. Foi essa dedicação que o permitiu entrar para a equipe e, se
    tornar um DJ, passando a comandar os eventos com maestria. Hoje, Willian é uma grande liderança na Rocinha, respeitado por sua trajetória e contribuição à comunidade.

    A Transição Musical

    Ao longo dos anos, a música nos bailes da Status Disco Dance também evoluiu, acompanhando as mudanças na cena musical internacional. “A transição foi muito boa. Começamos com o som do James Brown nos anos 70, passamos pela discoteque, depois para o funk soul, e finalmente, nos anos 80, para o miami bass”, explica Ricardo.

    Essa transição foi importante para manter a relevância da Status e atrair novos públicos, mostrando a capacidade da equipe de se adaptar às novas tendências e manter a animação dos bailes.

    Rádio Imprensa: O Pulso da Cultura Funk

    A expansão da influência da Status Disco Dance não se limitou aos bailes. A partir de 1984, a equipe conquistou as ondas do rádio com dois programas na Rádio Imprensa, uma das emissoras pioneiras no Brasil a dar espaço ao funk carioca. A Rádio Imprensa, que operava na frequência 102,1 MHz, era uma das FMs mais influentes da época, conhecida por ter sido a primeira emissora em frequência modulada instalada na América Latina.

    “Tínhamos dois programas na Rádio Imprensa, de 1984 a 1988. Um era dedicado às músicas dos bailes da Status, das 22h às 23h, e o outro era um programa de flashback, que ia até meia-noite”, conta Ricardo.

    A Rádio Imprensa, fundada em 1955, desempenhou um papel crucial na popularização do funk e de outras vertentes musicais na cidade, abrindo suas portas para locatários como a Status Disco Dance e a própria Furacão 2000.

    O impacto desses programas foi significativo, atraindo patrocínios e consolidando ainda mais a reputação da equipe na Rocinha. “Esses
    programas ajudaram a divulgar os bailes e a fortalecer a marca da Status Disco Dance. Comerciantes locais até queriam que a gente fizesse propaganda para eles”, relembra Ricardo.

    O Fim de uma Era

    Em 1992, Ricardo tomou a difícil decisão de vender a Status Disco Dance, marcando o fim de uma era na Rocinha. “Decidi vender a equipe em 1992. Tinha família e nunca dependi da Status para sustentar meus filhos. Fazia o som como hobby, mas estava vendo meus filhos
    crescerem sem a figura do pai. Por isso, decidi vender tudo”, explica.

    Apesar disso, o legado da Status Disco Dance na Rocinha, continuou a viver através das memórias de quem participou dos bailes. “Até hoje, quando eu vou na Rocinha, encontro pessoas que dizem que conheceram suas esposas nos nossos bailes e estão casadas até hoje”, comenta Ricardo.

    Reflexões Finais

    Olhando para trás, Ricardo Pereira se emociona ao relembrar os momentos vividos com a Status Disco Dance. “Sabe quando uma criança conhece um parque de diversões pela primeira vez? Era assim que eu me sentia na Status Disco Dance”, diz ele.

    A história da Status é um testemunho do poder transformador da música e da cultura popular, especialmente em comunidades como a Rocinha, onde o acesso a espaços de lazer e cultura sempre foi limitado. Hoje, ao revisitar essa trajetória, é possível entender a importância desses movimentos culturais para a formação da identidade de gerações inteiras.

    A história da Status Disco Dance é, acima de tudo, uma história de resistência, criatividade e amor pela música. Ricardo Pereira e Paulo Roberto, com sua visão e determinação, criaram mais do que uma equipe de som; eles criaram um movimento que ressoou por toda a Rocinha e deixou uma marca profunda na cultura popular carioca.

    Para os jovens de hoje, especialmente aqueles que fazem parte da cena do funk e do hip hop, essa é uma história que merece ser conhecida e celebrada, pois é parte fundamental das raízes culturais que ainda sustentam a música nas periferias do Brasil.

    O legado da Status Disco Dance continua vivo, não apenas nas lembranças dos que viveram aquela época, mas também na inspiração que oferece às novas gerações que buscam, através da música, um caminho para transformar suas realidades.

  • Guilherme Rimas lança videoclipe da música ‘RimaDores’

    Guilherme Rimas lança videoclipe da música ‘RimaDores’

    O rapper Guilherme Rimas é nascido e criado na favela da Rocinha, no Rio de Janeiro, e acaba de lançar o videoclipe da música RimaDores, 100% filmado na comunidade.

    O rapper mais uma vez trás a realidade da periferia para a discussão de forma inteligente e sensível, fazendo do rap sua linguagem e da vida da favela sua voz sem apelação, sem sensacionalismo, mas simplesmente falando a realidade como ela é.

  • MC Oz participa da Cypher Moustrack 05 com Gordo (Soldados da Pista) e Drope Comando Selva

    MC Oz participa da Cypher Moustrack 05 com Gordo (Soldados da Pista) e Drope Comando Selva

    Pra quem curte um som de qualidade, esse vídeo cai com uma luva, com letras bem boladas, ritmo bom e criatividade.

  • Parabéns, você foi promovido a favela!

    Parabéns, você foi promovido a favela!

    “Eu queria morar numa favela, o meu sonho é morar numa favela…” Há duas décadas, Gabriel o Pensador, rapper brasileiro, deu voz a um personagem morador de rua que sonhava em morar numa favela. Na música, o jovem Gabriel, ainda aspirante ao sucesso chamava a atenção da sociedade para os moradores de rua, o tratando como um problema de todos.

    Hoje – vinte anos depois – eu sonho em morar numa favela! Não entendeu? Não, eu não sou moradora de rua, e não estou aqui me igualando ao personagem sabiamente roteirizado por Gabriel. Hoje, em meio a alguns dos mesmos problemas, surgem novas inquietações. Hoje, tem mais gente querendo, sonhando e desejando morar numa favela! Ou você já viu a Baixada Fluminense ilustrando cartão postal?

    Na capital do nosso Rio de Janeiro os investimentos públicos e privados tornam as favelas um celeiro de jovens talentos promissores em variadas áreas de representatividade mundial. Querendo ou não, demonstrando interesse ou não, na favela se dança, se canta, se atua, se joga e se cria. E no final, é claro, se viaja: Nova Iorque, Bélgica, Austrália, França, Berlim… São muitas as possibilidade e muitos os interessados em ver e ouvir o que os “ favelados”  têm a dizer. Aí eu pergunto: o que seria a Baixada Fluminense se não uma grande – enooorme – favela?!

    Aqui tem tráfico nas esquinas, tem fuzil na mão.
    Tem criança com fome de pé no chão.
    Falta saneamento básico em bairros inteiros.
    Falta acesso a cultura até pro funkeiro.

    O esporte e o lazer estão na TV, no bar da esquina.
    Também tem gente grande aliciando menina.
    Tem vida e tem morte de braços dados.
    Tem desejos e sonhos amargurados.

    E tem muita inveja da capital.
    Dos seus gringos e de seu safari social.

    Nossa, como eu queria ver um jeep cheio de gringos circulando na minha quebrada!

    Até quando estaremos à margem desse contexto?! Até quando seremos vistos como marginais acéfalos desprovidos de talentos para o bem?! Será que em meio a tantos milhões de habitantes nenhuma criança se destaca no futebol?! Nenhum prodigioso ator mirim?! Nenhuma formosa bailarina?!

    Confesso que esse confronto com a nossa realidade me entristece… Quase desisto de continuar escrevendo sobre este assunto… Quase desisto.

    É frustrante saber que ONGs da Baixada – com trabalhos seríssimos e importantíssimos para inúmeras crianças e jovens – vivem à míngua, enquanto na capital, até mesmo os jovens que claramente e declaradamente não “querem nada” são “obrigados” a permanecerem em projetos inflados de apoio e visibilidade. Enfim.

    Uma promessa de que uma Unidade de Policia Pacificadora (UPP) será erguida no meu bairro – Comendador Soares, vulgo Morro Agudo, em Nova iguaçu – nos traz esperança… Quem sabe o comandante não traz consigo um certificado com os dizeres: Parabéns, você acaba de ser promovido a Favela!

  • Meu Depoimento pra Revista Européia

    Meu Depoimento pra Revista Européia

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    A Eurocom Magazine,  é uma edição especial da Objectif Grand Paris Nouveau Magazine, foi lançada na MIPIM 2014 (Le marché international des professionnels de l’immobilier), um evento de investidores do mercado imobiliário que acontece todo a ano e atrai empresários de todo o mundo. A Eurocom Magazine trouxe uma série de matérias especiais sobre as 25 maiores cidades do mundo, incluindo o Rio de Janeiro, onde eu dou um depoimento sobre a Cidade Maravilhosa na página 33. Apesar da revista ser bastante técnica, tem sempre um depoimento de algum morador que eles consideram interessante sobre a sua Cidade.

    Quem quiser curtir o documento original, que infelizmente não foi vendido no Brasil, clipei a parte do Rio de Janeiro no meu Blog (http://dumontt.com/clipping/), é só ir lá e conferir.

    Abaixo segue uma versão quase original em português:

    Grande abraço.

    —x—

    O Rio de Janeiro, continua sendo uma Cidade Maravilhosa, cidade que já foi descrita de várias formas, pra vários gostos distintos, retratada e escrita em versos e prosas, mas o que me chama mais atenção sobre essa bela cidade são suas contradições, e é disso que trata essas linhas.

    Terra de rara beleza, cartão postal do Brasil, capital cultural da América Latina, hoje também é a terra dos grandes eventos esportivos e das Manifestações Juvenis. Onde uma das maiores florestas urbanas do Mundo convive pacificamente com a Rocinha, a maior favela da América Latina.

    É hoje uma das Cidades mais caras para se viver, morar e passear, mas que também tem uma rede hoteleira com uma altíssima taxa de ocupação. Onde o Governo promove construções gigantescas para esconder as favelas que estão entre o Aeroporto Internacional do Galeão e o Centro da Cidade, Favelas essas ocupadas constantemente pelas Polícias Militar e Civil do Estado, umas das polícias mais letais do mundo, a PMERJ e a Civil, como são chamadas, por ano, matam mais do que o somatório de todas as polícias de todos os Estados dos USA juntas. Mas a maquiagem do Rio é boa e consegue passar uma imagem de segurança e tranqüilidade para os turistas, graças as Unidades de Polícia Pacificadoras, as chamadas UPPs que empurrou o tráfico de drogas para as periferias, dando ao Rio um ar de limpa e higienizada em relação a segurança pública, a ponto de transformar a favela em atração turística – hoje tem teleférico no Pão de Açucar e na Favela do Alemão, tem visita guiada no morro com direito a baile funk pra turistas.

    A Cidade do Rio de Janeiro consegue assumir um papel singular no imaginário e no coração de cada visitante, cada morador e de cada pessoa que interaja com ela, seja pelo motivo que for: trabalho, lazer, turismo, esporte; Onde o feio e o belo se misturam, com passeatas, ruas históricas e monumentos. Cidade da música, da boemia, do samba e da maior festa popular do mundo, o carnaval. Onde o maior reveillon do mundo é feito nas ruas, na praia, no encontro de todas as raças, todos os credos, todas as cores, todas as riquezas, todas as culturas que se aliam para formar uma outra cultura, uma cultura carioca, com swing e sotaques próprios, de fala chiada e gingado no corpo suado e avermelhado do sol.

    O Rio tem vocação para ser amada, com todas as suas contradições, pois consegue ser cosmopolita sem perder o que tem de mais local, ser grande, conservando as suas diversas culturas, seus grupos informais, seu ar de feriado, mesmo em dia de trabalho. Seu povo contente, risonho, barulhento e feliz, sim, feliz por morar em uma das mais belas cidades do mundo.

  • Original Break Jam, dia 14 na Arena Jovelina

    Original Break Jam, dia 14 na Arena Jovelina

    O Grupo de Breaking Consciente da Rocinha (GBCR) está organizando a 4ª edição do “Original Breaking Jam”, um evento de Breaking que valoriza acima tudo o conhecimento. O evento acontecerá na Arena Carioca Jovelina Pérola Negra, na Pavuna, onde haverá também a apresentação do vídeo-documentário sobre a vida do mestre James Brown, pai do funk, músico da maior importância para todo o Hip Hop!

    A Arena Carioca Jovelina Pérola Negra fica na Pavuna, próximo ao Metrô da Pavuna. O evento começa às 14 horas e os ingressos antecimentos custam 10 reais, no dia os ingressos ficam por 20 reais, lembrando que estudantes, idosos, professores de escola pública e deficientes pagam meia.

    Pra chegar é fácil, basta perguntar onde é a 2ª rua depois de “1ª Igreja Batista da Pavuna”, Arena Carioca ou a Praça Ênio.
    Se se perder ligue para os telefones de emergência (21)8766.6519 ou (21)8901.3218, fale com a Cíntia ou com o Barnabé, ambos são da Arena Carioca.

    20130409-OriginalBreakingJam

     

  • #ComboIO se apresenta no Caps da Rocinha.

    #ComboIO se apresenta no Caps da Rocinha.

    O coletivo #ComboIO, formado pelos MCs Dudu de Morro Agudo, Marcão Baixada, Léo da XIII e o DJ Léo Ribeiro, apesar do pouco tempo de existência, tem se apresentado em lugares diversos desde de a sua fundação, lugares estes que vão desde um evento na Rio+20 até um Workshop em uma universidade federal. A última empreitada do coletivo foi no CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), da Rocinha.

    O convite partiu do B.Boy Luck, morador da Rocinha e liderança do GBCR (Grupo de Break Consciente da Rocinha), que também faz um trabalho com hip hop no CAPS. Muitos B.Boys estiveram presentes, inclusive a B.Girl Amanda, que esteve fazendo uma visita a escola de hip hop Enraizados na Arte a alguns meses atrás. Além do #ComboIO, se apresentaram o rapper Weelf e o grupo Meninas do Rio. Nas pickups estavam DJ Machintal e DJ Marcelinho MG.

    GALERIA

  • “Rocinha é o império”, diz Weelf em videoclipe

    “Rocinha é o império”, diz Weelf em videoclipe

    Um dos rappers mais contundentes do cenário hip hop carioca disponibilizou a algum tempo o video-clipe da música “Rocinha é o império”. Eu tive acesso graças ao Luck, também morador da Rocinha, que me enviou o link. Eu particularmente gostei muito da fotografia e de como o Weelf retratou vários pontos da favela.

    O refrão da música pega e apesar de a letra ser dura, tenho que concordar que essa não é uma das mais pesadas do rapper, que não tem pudor em falar a verdade, doa a quem doer. Vale a pena ver esse clipe e curtir esse som.

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  • A segunda edição do Mixtureba fez jus ao nome

    A segunda edição do Mixtureba fez jus ao nome

    Na segunda-feira (23), aconteceu no Teatro Sérgio Porto, no Humaitá, Zona Sul do Rio de Janeiro, a segunda edição do “Mixtureba Enraizados”, um evento multicultural, no formato de programa de auditório, de mostra e articulação do Movimento Enraizados com outras organizações culturais e artistas. Nesta edição participaram o cantor “Dida Nascimento” e o escritor paulistano “Alessandro Buzo”, além do grupo teatral CTI (Comunidade Teatral de Irajá) e a “Cia de Dança Espaço Aberto da Rocinha”, com a dança Afro que encantou os presentes. Houve também uma batalha de freestyle com os MCs Fael, Suco e Kelson, do grupo Malicia Urbana, que ainda fizeram um pocket show para alegria da platéia. A discotecagem ficou por conta do DJ Fábio ACM, da banda Antizona.

    Gil Torres e Luiz Carlos Dumontt

    O convite para ocupar o teatro Sérgio Porto surgiu a partir de uma conversa do rapper Dudu de Morro Agudo com a diretora do teatro, Daniela Amorin, para articular o lançamento do seu livro “Enraizados: os híbridos glocais”, porém a parceria cresceu e o Movimento Enraizados conseguiu entrar na programação do teatro toda a quarta “segunda-feira” do mês, até o mês de novembro. Como já é característica da organização de Morro Agudo, decidiram fazer um evento que contemplasse o maior número de expressões artísticas, para isso convidaram cerca de 15 pessoas, dentre artistas, produtores culturais, lideranças, entre outros, e foram definindo o conceito e formato do evento, que também é um piloto de programa de TV, apresentado por Dudu de Morro Agudo e Slow da BF.

    A interação com a platéia é total – inclusive sai um ônibus de Morro Agudo direto para o Teatro Sérgio Porto no dia do evento – com quadros como o “Fala Tu”, “Tá na Mídia”, “Momento Jabá” e “Calouro dá Seu Jeito”. A próxima edição será no dia 28 de junho, das 18h às 22h, a entrada é gratuita. Os interessados e as interessadas em conseguir uma vaga no ônibus ou dar sugestões, já podem ligar para (21)2768-2207 ou enviar um email para mixtureba.enraizados@gmail.com.

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