terça-feira, 5 novembro, 2024

Entrevista exclusiva com Gil BV, do grupo de rap Flagrante, do Piauí

Ele é integrante do grupo de rap Flagrante, colocou na rua a um ano o disco Honra Nordestina, com treze faixas, sendo que sete produzidas pelo DJ Duke, do grupo de rap francês Assassin, que conheceu durante uma de suas visitas ao sul da França. Agora você vai conhecer a história de um dos grupos de rap mais militantes do Brasil e de um cara ativista chamado Gil BV.

Quanto tempo que tem o grupo Flagrante?
O Flagrante está desde 1999 na estrada, vamos partir pra quase dez anos de correria em Teresina e em alguns estados do Nordeste, e agora estamos começando essa divulgação aqui por baixo, no Rio, São Paulo e na região Centro Oeste.

Qual a formação do grupo Flagrante?
O grupo já chegou a ter sete pessoas, lá em Teresina tem isso, é uma espécie de Wu Tan Clan do Nordeste, era aquele monte de gente em cima do palco, mas só que lá em Teresina é complicado estar sobrevivendo do hip hop, muitas pessoas foram saindo para trabalhar, viajaram, foram seguindo seus caminhos pois viram que o rap não era aquilo, e ficamos somente dois eu (Gil BV) e o DJ Petecão, mas sempre que a gente está tocando tem um pessoal que apóia, porque a gente faz um show mais diferenciado, usamos percussão, usamos berimbau, usa bateria, porque tem uns parceiros que participam dos grupos afro de lá que fortalecem a gente.

Como foi o processo de produção do disco de vocês?
Foi um processo longo de produção, pois começamos a produzir em 2005 na França, quando estivemos no sul da França e tivemos a oportunidade de conhecer o DJ Duke, do Assassin, um dos produtores de ponta por lá.
Eles gostaram do nosso som, das timbragens mais nordestinas de usar pandeiro, berimbau, percussão, foi uma troca de experiência, mas pra nós foi mais válido porque a gente viu toda a tecnologia dos caras, o caras produzindo e gravando a gente na hora com um laptop e uma mesa de som, no meio da rua.
O DJ Duck assinou sete faixa e o DJ Petecão assinou mais seis feitas em Teresina, finalizamos o álbum e lançamos em SMD no ano passado.

O disco saiu do jeito que vocês estavam esperando?
Saiu o que a gente estava esperando, a produção pesada do rap francês que tem uma batida muito forte, do estilo do Assassin, ao mesmo tempo colocamos nosso tempero nordestino, base com brega, base com samba, base com embolada, base com coco, a gente fez essa mistura toda lá.

E a vendagem?
A gente só fez mil cópias do CD, o disco já esgotou, agente vendeu tudo. Agora agente está com a idéia de colocar o disco na internet, para estar sendo divulgado e pra trabalhar com aquele lance de contribuição voluntária, o cara baixa e paga o que quer.

Vocês aprovaram um projeto na Petrobrás pra colocar o disco na internet, como funciona isso?
No Petrobrás Cultural tem uma linha para participar do edital que é para colocar o CD na internet onde você pode criar uma coisa totalmente nova ou então você pode pegar um Cd que já está feito, a gente já tem um disco que é bom pra caralho e era o que a gente estava querendo fazer, então a gente fez o projeto e fomos aprovados, então até outubro o site do Flagrante vai estar no ar, onde o pessoal vai poder acessar, baixar e contribuir com o que quiser, se quiser dar um real ou dez, ou então não dar nada baixa e leva a música pra casa.

Os componentes do Flagrantes vivem de rap?
Lá tem um show por mês que é a prefeitura que faz que tem um cachê variado, que vai de R$500,00 a R$1000,00, mas toda semana a gente está organizando nossas próprias coisas, nossos bailes, nossos shows, nossos eventos e a partir disso aí dá pra gente viver lá. Eu também tenho um bar que toca reggae e as vezes toca hip hop, tem outros parceiros que tem outros locais e através desses circuitos de coisas alternativas pessoal vai tocando e vai ganhando dinheiro, não fica parado em casa esperando as coisas caírem do céu.

Como faz pra contratar o Flagrante?
Isso varia de lugar pra lugar, se o evento for militante é uma coisa, mas se for festival é outra, não tenho valor fixo.

Contatos
www.myspace.com/flagrantepiaui
(86)3214-2037

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O Instituto Enraizados é uma organização de hip hop, nossa "rede" integra hoje 17 organizações que compartilham conhecimento, capacitação e articulação para militância cultural nas periferias dos grandes centros. Lutamos pelo acesso a produção, a expressão e a valorização das diferentes manifestações culturais, fortalecendo o ativismo cultural e o protagonismo juvenil. O hip hop, o audiovisual, as rádios comunitárias e a produção de mídias são elementos que formam e fortalecem a ajuda mútua dos jovens envolvidos.

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3 comentários

  1. Maneiro, eu vi esse mano lá no espaço Enraizados e pensei: “Esse cara deve ser rapper” rsrs Dito e feito.
    Vou dar uma conferida no space do Flagrante.

    PAZ

    Peter MC

  2. meu brother correria, tamo junto , muita fé

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