Maui: A jóia rara da Baixada fala sobre sua caminhada até aqui e sobre o show de lançamento do EP Rubi, de graça, em Caxias.

Vamos passar um final de semana em Parada Angélica?

Parada Angélica é um bairro localizado no 3º distrito do município de Duque de Caxias, região metropolitana do Rio de Janeiro. E se você ainda não conhece, irá conhecer através de Maui, a Jóia Rara da Baixada Fluminense.

Maui é um jovem, morador da Baixada, cantor e MC muito conhecido por misturar o Soul Music e o R&B com diversos gêneros da música urbana, como o rap, a música eletrônica, o reggae e todos os seus desdobramentos. Começou a cantar bem novo, na igreja, e depois na escola, mas sua carreira artística começou de fato no Slam (batalha de poesia falada) onde, além de competir, Maui organizava o Slam BXD (principal Slam da Baixada Fluminense).

Como organizador e poeta, logo percebeu que, apesar de amar a literatura, o seu sonho era ser músico, e foi aí que a partir de 2019 decidiu investir em sua carreira solo, com poucos, porém sempre certeiros lançamentos musicais, buscando ser objetivo e traduzir para as pessoas toda emoção de ser cria da Baixada, de ser favelado, de amar, curtir festas e de lidar com todas as questões emocionais do dia a dia.

No dia 13 de Janeiro de 2023 Maui lançou o EP Rubi em todas as plataformas de streaming e também no Youtube, com videoclipe de uma faixa literalmente ABSURDA!

Ao perguntar a Maui como surge a ideia do EP e como foi todo o processo, além de perceber a emoção em cada frase, é notável o quão focado ele está em seus objetivos:

“Por conta do mercado, eu entendi que o próximo passo, depois de lançar alguns singles, era lançar um EP, que é um projeto mais completo. E aí, se a pessoa gosta de uma música, ela vai lá e escuta as outras, eu comecei esse processo em 2019, mas com um escopo totalmente diferente do que foi o EP Rubi. O nome do EP seria Aquarianos, e eu tava muito focado nessa ideia do comercial, de acertar, porque era uma preocupação, né mano?! A gente quer mudar de vida.

Mas no meio do processo, eu não conseguia, estava tentando me prender nos ritmos tradicionais da época, o que bombava, só que eu estava conhecendo muita coisa nova, o R&Dril foi uma novidade, o Afrobeat era uma parada que eu estava mergulhando, e acabou que eu fui abrindo mão daquela estética que eu tinha construído inicialmente. Falei: eu vou falar de algo que realmente importa pra mim no meu primeiro projeto, eu quero falar das pessoas e do lugar de onde eu vim, eu quero falar de Parada Angélica, e aí assim nasceu Rubi.” 

A ideia do EP é passar a sensação de um fim de semana em Parada Angélica, começando pelo valor das pessoas, que são a base, a curtição no baile, a sensação de conhecer uma gatinha, de dançar e depois de ir pra trocação sincera com ela. Por último a “Segunda-feira”, que acaba sempre trazendo a realidade de que apesar da gente se ver como jóia, a sociedade não nos trata dessa forma!

No próximo domingo, 12 de fevereiro de 2023, Duque de Caxias irá parar para receber a festa Melodyne, que vai contar com o grande show de lançamento do EP Rubi, de Maui. O evento contará com a presença de Antconstantino, Afrodite, Joazz e Jaquelone, tudo isso 0800, na praça Humaitá, Jardim Vinte e Cinco de Agosto, à partir das 17h.

A festa Melodyne é um evento que busca unir o melhor da bass music com o soul, uma rave com melodia e rappers, MCs e DJs que se preocupam com a melodia, o intuito é criar essa festa equilibrada, perfeita para todos os públicos, e atender a Baixada Fluminense. A produção do evento é feita por Maui, responsável pela produção artística, Diogo Queiroz e Mirella Souza, importantes produtores independentes de Caxias, responsáveis por festas como waves, Exportação e baile da valente.

“Eu sempre gostei muito de barulho, sempre gostei muito de Rock, heavy metal, trash metal, mas eu também amo Soul, amo música instrumental, melodia, arranjos, amo a Black Music e todos os seus desdobramentos, e em todo evento que eu ia era sempre muito um, ou muito outro. Por exemplo uma parada de R&B, onde às vezes ficava até meio chato, por ficar repetitivo, ou uma parada muito underground de Grime, de pulação e muito barulho. Eu gosto dos dois eventos, mas queria ter um lugar onde eu pudesse uni los, um lugar  para juntar as pessoas que gostam dos gêneros musicais mais enérgicos, que são dançantes, que são pulantes, mas com um recorte de trabalhar com artistas que têm esse cuidado com a melodia, um cuidado com a construção harmônica. Isso não quer dizer que “só vai gente que canta”, mas rappers e DJs que tem essa preocupação na hora de construir as suas musicalidades, e é assim que nasceu a Melodyne. 

Eu sou fruto de Duque de Caxias, tudo que eu sou, tudo que eu construo é da Baixada Fluminense e não só eu, meus amigos também, tudo que a gente sabe fazer, tanto tecnicamente quanto artisticamente é nesse contexto, eu acho que o Rio de Janeiro tem a sua cultura, é valorosa, é boemia, mas a cultura na baixada tem um outro valor para quem consome, ela é é valiosa, ela é preciosa, é o nosso momento, é o ápice, sabe? 

Tu ir num baile charme, tu ir num baile funk, não é uma coisa constante aqui, no Rio tu tem evento direto, na baixada é sábado, é domingo, é aquele  momento, que acaba sendo escasso, já que o estado dificulta, então apesar do evento ser itinerante, a prioridade é fazer em Caxias, porque eu tenho que retribuir tudo que a cidade me dá e eu sei a importância de ter um evento desse tipo pra quem mora, pra quem vive ali, eu acho que não tem sentido ficar levando isso para outros lugares, principalmente lugares que tem tanto acesso. Não é sempre que o evento vai ser gratuito, mas a gente sempre que pode faz e esse foi o caso, a primeira edição tinha um ingresso super acessível, mas nessa edição a produtora Mirella Souza conseguiu a liberação da praça e não perdemos a oportunidade.

-Maui sobre Melodyne- 

Para finalizar, Maui deixou um recado para os fãs:

“Cara, os fãs podem esperar muito, mas muito lançamento, tanto de projetos, porque eu gosto muito de fazer EP e fazer mixtape, mas também de singles. Muitas parcerias, gosto de agregar, sou muito família, gosto de colaborar com as pessoas que estão ao meu redor.

Vai ter muita novidade, mas não fiquem esperando de mim R&Drill, não espere que eu seja a cara do R&Drill, eu não me proponho a ser a cara de nada. Posso ser a cara do Soul moderno, o Soul de hoje em dia, e vou usar todas as batidas rítmicas e gêneros que tiver na minha frente pra fazer isso, meus crias e meus fãs já me conhecem, eles sabem que podem esperar qualidade de mim,  independente do contexto e surpresa sempre, sou músico, sou artista e vou utilizar de todas as ferramentas pra entregar o que quero, além de entretenimento também, junto a minha equipe vamos gerar uns conteúdos pras redes sociais, para o Youtube também, devo lançar um programa esse ano convidando outros Artistas e tamo aí, ativão nas redes e também na pista, e tu (aqui ele fala para o público em geral) vai me ver toda hora.

Sobre Dorgo Dj

Dorgo é um jovem de 28 anos, morador de Morro Agudo, Nova Iguaçu, Baixada Fluminense. Dentre seu rol de profissões, Dorgo exerce as de DJ, produtor cultural, mestre de cerimônia, escritor, poeta, arte educador, cineasta, entre outros. Como todo artista independente, Dorgo iniciou sua carreira como DJ, mas se viu obrigado a seguir tantas outras para manter o sonho vivo, porém em meio a isso nascem novas paixões, como a pela escrita.

Deixe um comentário