sexta-feira, 29 março, 2024

Oração de MC, coração na BF e o pé na França

Tenho muito orgulho dos meus amigos e parceiros de trabalho do Movimento Enraizados, no Brasil e no mundo. Já realizamos muitos sonhos juntos e agradeço sempre a todos que colaboraram para que alguma ideia louca que tive fosse levada adiante.

O livro, o filme, os clipes… sempre dependi da ajuda de alguns muitos. A coordenação da “Escola de Hip Hop”. O dia a dia no Espaço Enraizados, ou melhor, o Espaço Enraizados. Os eventos, as reuniões, os aperrôs e as viagens.

As viagens estão muito fortes em minha mente. Nossa ida para França desta vez foi simplesmente sensacional. Tenho certeza que muitos amigos e parceiros ficaram aqui torcendo por nós.

A correria foi muito grande para que pudéssemos viajar. Eu particularmente corri muito escrevendo projeto para o edital de intercâmbio do Governo Federal, mas infelizmente desta fez ficamos na fila de espera. Então o Dumontt entrou na cena e conseguiu o recurso para que nós pudéssemos cumprir com os compromissos já assumidos em Nancy.

O Marcão Baixada corria contra o tempo para conseguir o seu passaporte, para poder viajar a primeira vez de avião. Sua primeira vez para fora do país.

Os objetivos de nossa viagem foram:

  1. Compartilhar com nossos parceiros a experiência da escola de hip hop Enraizados na Arte;
  2. Testar a eficiência universal do hip hop como ferramenta de complementação da educação formal e familiar;
  3. Criação de uma metodologia de aplicabilidade do hip hop como ferramenta de intercâmbio e experimentação cultural;
  4. Intercâmbio artístico do coletivo de rap #ComboIO com músicos franceses;
  5. Ampliar a rede de parceiros do Movimento Enraizados.

Em Nancy, a Rute de Souza, da MJC (Maison des Jeunes et de la Culture – Casa de Juventude e da Cultura) – um de nossos parceiros na França – fez uma correria para conseguir uma hospedagem para nós cinco, eu (Dudu de Morro Agudo), Luiz Carlos Dumontt, Bruno Thomassin, Marcão Baixada e Léo da XIII.

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Dumontt e DMA na varanda do apartamento do Haut Du Lievre

Conseguiu um apartamento muito legal no bairro Haut Du Lievre, no décimo segundo andar do prédio 15 Bis. Na MJC organizamos oficinas de SLAM (rimas) e MAO (DJ) com alunos de uma escola local e gravamos uma música em parceria com rappers da comunidade, a experiência foi tão boa, que o MC, produtor e videomaker Uzy Down, liderança do local, sugeriu fazermos também um videoclipe, que foi gravado nas ruas do bairro, com a participação da juventude do Haut Du Lievre.

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Enraizados com equipe da MJC
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Enraizados com galerinha da oficina de rap @ MJC
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Enraizados em oficina de DJ @ MJC
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DMA na gravação do videoclipe.

Nosso outro parceiro na França, a instituição L’ilo Aux Bombes organizou atividades quase que diárias, inclusive com seus parceiros. Realizamos encontros, que se desdobravam em bate-papos, shows e exibição de filmes, com crianças de quatro escolas (Jules Ferry, Pasteur, Geny e Paul Bert), além do Centro Social Jericho.

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Enraizados na escola Jules Ferry.
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Enraizados na escola Pasteur.
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Enraizados na escola Geny
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Enraizados na escola Paul Bert
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Enraizados no Centro Social Jericho

Organizaram ainda um festival de três dias intitulado L’ilo Aux Bombes Festival, dedicado a cultura brasileira, onde músicos franceses apresentaram músicas de diversos estilos brasileiros, como samba e MPB. Eu e Dumontt fizemos uma explanação, afim de explicar um pouco sobre o Movimento Enraizados para os presentes. Quem cuidou da tradução, sempre, foi o Bruno Thomassin. O coletivo de rap #ComboIO fez um show de uma hora apresentando as músicas do novo disco e fez algumas intervenções com grupos locais. Fizerem shows também nos evento anual Love Lay Festival e na casa de shows Le Quai’Son.

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Bruno Thomassin, Alias Poet, DMA, Dumontt e David Carabin, na abertura do festival L’ilo Aux Bombes Festival.
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Show do #ComboIO no festival L’ilo Aux Bombes.
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Final do festival L’ilo Aux Bombes
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Show do #ComboIO no Quai’Son
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Show do #ComboIO no evento Love Lay Festival

Ainda aconteceram intervenções culturais, como no evento Kwafe Slam, no bar Le Royal, onde os rappers do #ComboIO participaram recitando letras de suas músicas. No evento Broc-N-Roll, com uma intervenção musical com o músico Alias Poet e em uma outra intervenção com uma orquestra de rua. E por último no evento Underground Rugissements, no TOTEM, que era uma antiga fabrica de cerveja que foi ocupada pela Cia de Teatro Matéria Prima, e cedida a eles oficialmente pela prefeitura.

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DMA recitando sua letra.
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Intervenção com a orquestra de rua, durante evento no Broc-N-Roll

Além é claro, das festas, aperrôs, que nos foram oferecidas nas casas de nossos amigos Riojy Shirai, Alias Poet, David Carabin e David Fredembach.

Nossa presença na França ainda nos rendeu um reportagem para a TV francesa FR France 3, e para o jornal L’Est Républicain.

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DMA, Alias Poet e Leo da XIII gravando para a TV FR France 3.

Como resultado de nossa viagem, produzimos:
10 músicas;03 videoclipes;
02 documentários;
06 GB de fotografias;
50 vídeos de diário de bordo;

Sobre Dudu de Morro Agudo

Rapper, educador popular, produtor cultural, escritor, mestre e doutorando em Educação (UFF). Dudu de Morro Agudo lançou os discos "Rolo Compressor" (2010) e "O Dever Me Chama" (2018); é autor do livro "Enraizados: Os Híbridos Glocais"; Diretor dos documentários "Mães do Hip Hop" (2010) e "O Custo da Oportunidade" (2017). Atualmente atua como diretor geral do Instituto Enraizados; CEO da Hulle Brasil; coordenador do Curso Popular Enraizados.

Além disso, veja

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2 comentários

  1. Olà Dudu !
    Gostei muito do teu relatòrio. Pô, não sobrou tempo nem para piscar, hein ?
    Fico feliz que vocês conseguiram alcançar um objetivo satisfatòrio e, de quebra, o que você acha de realizarmos um nôvo projeto, mas… no outro sentido : França > Brasil ?

    Abraços para vocês e sucesso para o nôvo trabalho com o Àtomo !
    Rute

  2. Foi mesmo Rute, a viagem foi intensa.
    Ainda nem colocamos tudo o que fizemos, ainda falta o documentário e tal, as músicas, o videoclipe que o Uzy tá fazendo aí.
    Mas já estamos pensando nisso sim, queremos fazer novamente no ano que vem, mas a galera daí vindo para o Brasil para fazermos uma festa aqui na cidade e realizar uma troca cultural, com o Enraizados e outros grupos da Baixada Fluminense.
    Vai pensando nisso e veja o que podemos fazer em parceria com vocês aí. Não sei onde você está trabalhando, mas acho que seria legal envolver a MJC também, trazer os meninos que gravaram conosco para um intercâmbio aqui, daí a gente já começa a estudar francês pra poder recebe-los.
    rsrsrs

    Beijos e até logo.

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